SIGNOS DE IDENTIDADE NACIONAL NOS
QUARTETOS DE CORDAS DE HEITOR
VILLA-LOBOS: O DIÁLOGO ENTRE
TRADIÇÕES BRASILEIRAS E EUROPEIAS
PAULO DE TARSO SALLES
SIGNOS DE IDENTIDADE NACIONAL NOS QUARTETOS DE CORDAS DE VILLA-LOBOS
MÁRIO DE ANDRADE: ENSAIO SOBRE A MÚSICA BRASILEIRA (1928)
MÚSICA SOCIALIZADA
MÚSICA INDIVIDUALIZADA
Canto infantil
Estribilhos (solistas ou corais)
Cantos de trabalho
Toadas
Danças
Martelos, Desafios e Chulas
Danças dramáticas
Lundus e Modinhas
Canto religioso
Pregões
Cantigas militares
SIGNOS DE IDENTIDADE NACIONAL NOS QUARTETOS DE CORDAS DE VILLA-LOBOS
RENATO ALMEIDA (1948)
Sentimentais: Modinhas, toadas.
Lírico-narrativas: Romances, xácaras, modas de viola.
Brejeiras: Lundus, emboladas, chulas.
Religiosas: Católicas: Litúrgicas: Ladainhas, Benditos, etc.
Populares: Cantigas de São Gonçalo, de Folias do Divino, cantos de peregrinos, rezas para chamar chuva.
Fetichistas: Cantos de candomblé, linhas de catimbó.
Satíricas: Desafios, martelos.
De ofício: Pregões, cantos de trabalho, aboios.
De diversão: Cantigas de bebidas, como brindes, coretos.
Militares: Cantigas de recrutas, de quartéis.
Desportistas: Capoeira e de jogo.
SIGNOS DE IDENTIDADE NACIONAL NOS QUARTETOS DE CORDAS DE VILLA-LOBOS
LEONARD RATNER, THE CLASSIC STYLE (1980)
▸ Tópicos: “From its contacts with worship, poetry, drama, entertainment, dance, ceremony, the military, the
hunt, and the life of the lower classes, music in the early 18th century developed a thesaurus of
characteristics figures, which formed a rich legacy for classic composers. Some of these figures were associated with various feelings and affections: others has a picturesque flavor” (p. 9).
▸ Tipos: peças plenamente desenvolvidas. Danças.
▸ Dignidade social:
▸ alto
▸ médio
▸ baixo
▸ Estilos: figuras e progressões dentro de uma peça.
▸ Militar, Caça, Cantante, Brilhante, Abertura francesa, Musette & Pastorale, Música turca, Sturm und Drang, Sensibilidade, Estilo erudito ou estrito, Fantasia.
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OPOSIÇÕES: O QUADRADO GREIMASIANO
SER
PARECER
NÃO PARECER
NÃO SER
verdade
falsidade
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ROBERT HATTEN (1994): OPOSIÇÕES ESTILÍSTICAS E ESTRUTURAIS
ALTO MÉDIO
BAIXO
HATTEN: TEORIA DA “MARCAÇÃO" (MARKEDNESS)
ALTO MÉDIO BAIXO MAIOR MENOR Trágico Cômico (não trágico)SIGNOS DE IDENTIDADE NACIONAL NOS QUARTETOS DE CORDAS DE VILLA-LOBOS
marcado
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HIERARQUIZAÇÃO E FLUXO ENTRE CATEGORIAS
Piedade: “o brejeiro na musicalidade brasileira se manifesta
no gingado da capoeira: o corpo faz gestos surpreendentes,
o oponente toma uma rasteira e cai”.
Segundo a classificação aqui proposta: uma tópica (o
gingado) dentro de um tipo estilístico (a capoeira) sendo
interpretada como um gênero expressivo (brejeiro).
O efeito dessa rede de ações, gestos e expectativas, na
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GÊNEROS EXPRESSIVOS
Cerimonial
ritualístico, sério, grave
Saudoso
profundo, melancólico, elegíaco,
terno, ingênuo, lamento, nostáligico
Rústico
rude, cordial, cantos de trabalho,
selvagem
Carnavalesco
festivo, grandioso
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ESTILOS
TIPOS
SÍMBOLOS/TÓPICOS
AFRO-BRASILEIRO
xangô, maracatu, macumba, candomblé, congado, capoeira canto de xangô, berimbau, batucadaAMERÍNDIO
dança, lenda, Nheengatudança ritual, motivo indígena, canto de pássaro, pentatonismo, natureza: acordes em 4ªs/5ªs; harmônicos; glissandos;
pictorialismo
CAIPIRA
toada, cateretê, moda de viola, ponteio, quadrilha viola caipira, rabeca, canto em 3ªsCARIOCA
choro, samba, modinha, lundu, maxixe, bossa nova cavaquinho, tamborim, violão 7 cordas, síncope (paradigma do Estácio), carinhoso, chão de estrelasINFANTIL
ciranda, canção de roda, parlenda, trava-língua, acalanto algazarra, onomatopeia, citaçãoNACIONALISTA
hino/banda, exaltação, populista sabiá, palmeira, feijoada, militar, caipirinha, pictorialismoOPOSIÇÕES ESTRUTURAIS ENTRE GÊNEROS EXPRESSIVOS
SIGNOS DE IDENTIDADE NACIONAL NOS QUARTETOS DE CORDAS DE VILLA-LOBOS
gêneros opostos
oposição estrutural
cerimonial
saudoso
carnavalesco
picaresco
CROMA x PENTA/DIA
saudoso
carnavalesco
rústico
ADAPTANDO O ESQUEMA DE HATTEN AO CASO BRASILEIRO
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ALGUNS EXEMPLOS:
SIGNOS DE IDENTIDADE NACIONAL NOS QUARTETOS DE CORDAS DE VILLA-LOBOS
TÓPICA
EUROPA
MÚSICA POPULAR
VILLA-LOBOS
QUARTETOS VL
dança ritual Le Sacre (Stravinsky) Choros nº 10 QC17, IV
berimbau - “Domingo no parque” (Gilberto Gil) QC11, I
toada - “O mineiro e o italiano” (Tião Carreiro e Pardinho) Bachianas nº1, II QC10, III
tamborim - “Timoneiro” (Paulinho da Viola) QC7, II
sabiá cuco (Mahler, Sinfonia nº 1) “Águas de Março” (Tom Jobim), versão de João Gilberto
Bachianas nº 5, II,
REFERÊNCIAS
Almeida, Renato. 1948. Compêndio de História da Música Brasileira. Rio de Janeiro: Briguiet & Cia. Editores. Andrade, Mário de. 2006 [1928]. Ensaio sobre a música brasileira. 4th ed. Belo Horizonte: Itatiaia.
Estrella, Arnaldo. 1970. Os Quartetos de Cordas de Heitor Villa-Lobos. Rio de Janeiro: MEC/Museu Villa-Lobos. Greimas, Algirdas Julien e Courtés, Jean. 2008. Dicionário de Semiótica, São Paulo: Contexto.
Hatten, Robert. 1994. Musical Meaning in Beethoven: Markedness, Correlation, and Interpretation. Bloomington: Indiana University Press.
Moreira, Gabriel. 2010. O Elemento Indígena na Obra de Villa-Lobos: observações músico-analíticas e considerações históricas. Florianópolis: Mestrado, UDESC.
Piedade, Acácio. 2013a. “Rhetoricity in the music of Villa Lobos: musical topics in Brazilian early 20th-century music.” In: Panos, N.,
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Ratner, Leonard. 1980. Classic Music: Expression, Form, and Style. New York: Schirmer Books.
Salles, Paulo de Tarso. 2010a. “Análise do material harmônico nos compassos iniciais do Noneto de Villa-Lobos”. Anais do XX Congresso da ANPPOM. Florianópolis: UDESC, pp. 1600-1607.
REFERÊNCIAS (CONT.)
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Salles, Paulo de Tarso. 2012b. “Quarteto de Cordas no. 2 de Villa-Lobos: Diálogo com a Forma Cíclica de Franck, Debussy e Ravel”. Música Hodie, v.12 n. 1. Goiânia: UFG, pp. 25-43.
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Salles, Paulo de Tarso. 2013a. “National identity, modernity and other intertextual relations in the Ninth String Quartet of Villa-Lobos.” In: Pawlowska, Malgorzata e Malecka, Teresa. Music: Function and Value: Proceedings of the 11th International
Congress on Musical Signification, 27 IX - 2 X 2010, Kraków, Poland, Volume 1: 684-697.
Salles, Paulo de Tarso. 2013b. “Villa-Lobos and Nationality Representation by Means of Pictorialism: Some Thoughts on
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Music and Dance Semiotics.
Salles, Paulo de Tarso. 2014. “A concisão modernista da Seresta no. 9 (Abril) de Villa-Lobos”. In: Revista do Instituto de Estudos
Brasileiros, n. 59, São Paulo: USP, pp. 79-96. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i59p79-96 .
Salles, Paulo de Tarso. 2015. “Teoria musical: analisando estrutura, estilo e contexto”. In: Nogueira, Ilza e Borém, Fausto (ed.). O
pensamento musical criativo: teoria, análise e os desafios interpretativos da atualidade. Salvador: UFBA, Congresso TeMA
(Associação Brasileira de Teoria e Análise Musical, v.1, pp. 176-190).
Salles, Paulo de Tarso e Dudeque, Norton (ed.). No prelo. Na trilha do Zé Piá: peripécias musicais de Villa-Lobos e novas aventuras analíticas. Curitiba: Editora da UFPR.