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MÚSICA, SOCIEDADE E MÍDIA

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Academic year: 2021

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MÚSICA, SOCIEDADE E MÍDIA

Raiana Alves Maciel Leal do Carmo Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

Resumo: O mundo contemporâneo tem nos apresentado uma grande quantidade de informações oriundas dos mais variados meios de comunicação. A música, por sua forte e significativa relação com a sociedade tem se apresentado como um forte campo de exploração midiática sendo comercializada, de forma crescente, pelos meios de comunicação de massa, que muitas vezes determinam grande parte do universo musical veiculado em nossa sociedade. Paralelo a esse “mundo musical” outras possibilidades de acesso a música continuam existindo e, através dos distintos significados e contextos que a música ocupa, se apresentam como meios significativos de contato com o fenômeno musical. Esse trabalho tem como base uma pesquisa que vem sendo realizada na cidade de Montes Claros-MG desde janeiro de 2004 com o objetivo de apontar os principais meios de contato dos moradores dessa cidade com a música. A metodologia desse trabalho contemplou, além de uma pesquisa bibliográfica, dados empíricos coletados em Montes Claros, a partir de observações participantes, aplicação de questionários e a realização de entrevistas junto aos moradores da cidade. Após a análise dos dados coletadas nesse contexto é possível afirmar que essa cidade oferece múltiplos meios de contato com a música. Porém, de forma avassaladora os meios de comunicação de massa (televisão e rádio) continuam sendo as principais referências de contato dos moradores de Montes Claros com a música.

A relação entre música, sociedade e mídia tem sido foco de discussões e estudos contemporâneos tanto no campo da música como em outras áreas do conhecimento, como a antropologia, a sociologia, a história, a filosofia e etc.

A música por sua forte e determinante relação com a cultura, sendo responsável pela caracterização identitária de particularidades dentro de cada contexto social, tem estado em constantes processos de (re)definição, incorporando mudanças oriundas dos distintos fatores que têm atingido a sociedade na atualidade. Nessa perspectiva, percebemos que as novas tecnologias e a força exacerbada que os meios de comunicação de massa vêm exercendo em nossa cultura, têm modificado consideravelmente as formas de fazer, apreciar, e perceber música.

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Nesse trabalho realizamos um estudo específico da música na sociedade de Montes Claros – cidade localizada no norte de Minas Gerais –, buscando compreender as relações entre o fenômeno musical e o contexto sócio-cultural dessa cidade, refletindo principalmente sobre o papel da mídia nas formas de contato dos seus moradores com a música.

Assim, esse trabalho teve como objetivo central verificar como os moradores de Montes Claros têm estabelecido seus contatos, de forma direta, com a música e quais os principais gêneros, estilos e espaços que têm feito parte dos universos musicais dessas pessoas.

Para apresentar os resultados desse estudo estruturamos esse trabalho em quatro partes. Na primeira parte discutimos a relação entre música e cultura, a partir de um estudo bibliográfico que contemplou produções atuais da área de etnomusicologia e demais áreas afins.

Na segunda parte, enfocamos aspectos da transmissão musical em distintos contextos sócio-culturais, refletindo sobre a importância dos processos de ensino e aprendizagem da música na caracterização da manifestação musical em uma determinada cultura.

Ainda com base na pesquisa bibliográfica, realizamos na terceira parte uma revisão da literatura que compreende aspectos sobre o impacto da mídia e dos meios de comunicação de massa, na determinação das expressões musicais no mundo contemporâneo.

Na última parte, apresentamos os resultados da pesquisa de campo realizada junto à sociedade de Montes Claros, refletindo sobre características particulares dos meios de contato dos moradores dessa cidade com os distintos universos musicais de seu contexto cultural, entendidos a partir da relação entre música, sociedade, e mídia.

1. Música e cultura

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significativas expressões culturais, estando presente em manifestações diversas do homem em seus múltiplos e variados contextos.

Entendendo que a definição de cultura vai muito além do âmbito restritivo das concepções acadêmicas e da chamada “classe artística e intelectual”, percebemos que o seu sentido se estende por um conjunto de significados comuns a um grupo social. Significados estes, constituídos a partir das interações sociais e determinantes dos valores, costumes, conceitos, comportamentos, e demais características que configuram uma cultura (GEERTZ, 1989, p. 15).

Compreender o que seria cultura tem sido, nos últimos dois séculos, um dos principais anseios dos antropólogos, e de outros estudiosos das relações entre o homem e suas expressões sócio-culturais. A busca de uma definição do termo cultura vem desde Tylor (1832-1917), que a caracterizou como um “todo complexo” que inclui conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade e hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade (LANGNESS, 1987; LARAYA, 2002; MELLO, 2001). O conceito de cultura tem sofrido ao longo do tempo diversas conotações, adaptadas às distintas correntes antropológicas que foram se constituindo ao longo da nossa história.

Se pensarmos numa definição mínima de cultura como conceitos e comportamentos aprendidos e se a entendermos como um grande código, comum a um determinado grupo e/ou contexto, podemos afirmar que ela é o fator determinante para a concretização de todo processo que envolva relações sociais. Nesta perspectiva, tratamos nesse estudo de um dos aspectos comuns a todo e qualquer contexto cultural - a música - buscando entender como ela se configura a partir das relações culturais de uma dada realidade.

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ser a linguagem musical de cada cultura adequada ao seu sistema singular de códigos (QUEIROZ, 2004).

2. Transmissão musical

As formas de transmissão musical são determinantes para refletir sobre as dimensões estéticas da música em uma cultura. Assim, compreender as diferentes perspectivas de contato com a musica, nos permite analisar e compreender concepções mais amplas da música em uma determinada sociedade.

Concordamos com Nettl (1983, p. 81) na sua concepção de que os métodos de transmissão são determinantes dos rumos de uma cultura musical (NETTL, 1997, p. 81).

Temos consciência de que a música é transmitida quotidianamente em qualquer sociedade e, de forma mais ou menos intensiva, faz parte do mundo cultural de cada indivíduo.

A indústria dos produtos musicais, em suas diferentes ramificações, tem favorecido uma certa “padronização” das música apreciadas e comercializadas na nossa sociedade contemporânea. Assim, temos assistido à determinação industrial do que as pessoas, na grande maioria dos centros urbanos, ouvem, assistem e compram.

Essa pesquisa nos revelou dados significativos para refletir sobre as formas de transmissão de música na cidade de Montes Claros. Uma transmissão que não se configura como aspectos formais de um ensino de música, mas sim como formas de acesso ao fenômeno musical em suas distintas ramificações.

3. Música e tecnologia: Os meios de formação estético-musical na sociedade contemporânea

A ascensão tecnológica no mundo contemporâneo e a grande diversidade dos meios de comunicação têm proporcionando a toda população grande acesso às informações de distintas culturas, favorecendo processos de aculturação1, que fogem, atualmente, de qualquer controle social.

1 Aculturação, numa visão antropológica, é o processo pelo qual uma cultura se modifica a partir da

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O impacto dos meios tecnológicos na sociedade tem gerado mudanças significativas nas nossas formas de relacionar, sentir, ver, ouvir, apreciar e interagir com o mundo. Essa idéia tem sido amplamente discutida por autores como Domingues (1997), Lévy (1993), Parente (1999) e outros importantes estudiosos que têm se dedicado a discutir e analisar os reflexos das novas tecnologias na realidade atual.

O advento das mídias eletro-eletrônicas a partir do início do século XX, e a crescente profusão da informática a partir da década de 1970, geraram novas possibilidades de formação estético-social, ampliando os meios de acesso e as possibilidades de produção visual e sonora. O desenvolvimento tecnológico acentuou os efeitos trazidos pela revolução industrial, como também a multiplicação de fontes sonoras e o maior domínio territorial acústico. Dessa forma, a criação de aparelhos como o fonógrafo, o rádio, a televisão, dentre outros, afetaram consideravelmente a maneira de percepção, produção e difusão do som nas sociedades contemporâneas.

As novas tecnologias, emplacadas na produção musical, têm intensificado mudanças significativas no que diz respeito aos mecanismos de gravação e de reprodução, execução musical, recepção do produto musical, como também a criação de novos estilos e tendências. Recursos, como o da amplificação, possibilitaram a produção de uma maior intensidade sonora, ampliando as possibilidades de alcance para uma audiência cada vez mais numerosa.

A partir das novas técnicas de criação do som, que emergiram dos avanços tecnológicos do século XX, podemos afirmar que possibilidades variadas de ampliação sonora, como distorções controladas e alterações dos timbres, propuseram novas formas de compor e executar músicas, explorando a criação de sonoridades que ampliaram os padrões estético-musicais até então existentes.

Avaliando a música enquanto importante veículo de comunicação, é fundamental refletir sobre a caracterização da sensibilidade musical frente às inovações tecnológicas, entendendo que elas afetam diretamente o lugar e o papel da música para o indivíduo e para a sociedade. Nessa perspectiva, José Jorge Carvalho afirma que:

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mecanismos de interação desses produtos com seus consumidores (CARVALHO, 1999, p. 56).

A propagação dos meios de comunicação de massa, promoveu a ampliação do papel da música nas ações políticas, culturais, e sociais do mundo atual. A indústria fonográfica, representada, principalmente, pelo rádio e pela televisão destacou-se como veículo mobilizador, responsável por mudanças significativas dos padrões estético-musicais. Esses veículos de comunicação de massa, tornaram-se meios, de certa forma, homogeneizadores, com interesses, muitas vezes, voltados para fins mercadológicos, que tendem a condicionar e a determinar o acesso musical dos seus ouvintes.

A elaboração de novos estilos e tendências, criadas a partir da aplicação da eletrônica na produção musical, marcou processos inovadores, como a procura de sonoridades inusitadas, diferentes dos padrões convencionais estabelecidos no ocidente. Esse tipo de experiência sonora deu origem a concepções musicais como a música concreta, a música eletrônica, e a música eletroacústica, além de proporcionar a utilização de fontes sonoras diferenciadas nas distintas formas de composição e execução musicais da atualidade.

Em suma, é importante pensar a relação entre música e tecnologia como algo significativo e determinante para a manifestação musical como fenômeno social, tendo em vista que os meios de formação estético-musical na sociedade contemporânea, com a difusão dos meios eletrônicos, têm provocado mudanças significativas na produção, elaboração e apreciação da música. Em diferentes perspectivas, podemos afirmar que são notórios os benefícios das tecnologias contemporâneas para nossa sociedade. No entanto, é importante enfatizar que os adventos tecnológicos tem proporcionado problemas e manipulações sociais, determinantes para a caracterização e formação musical dos distintos contextos presentes em nossa cultura.

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4. A música na sociedade de Montes Claros

Montes Claros apresenta uma grande variedade de contextos e expressões musicais, abrangendo desde instituições formais de formação musical até manifestações de características específicas da cultura popular. Essa cidade conta há trinta e três anos com um conservatório público de música, o Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez que atualmente possui cerca de 4000 alunos, e há dezessete anos com o curso superior em artes, com habilitação em música, oferecido pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Essas duas instituições promovem, além de suas atividades de ensino regular, práticas que favorecem uma difusão artística/musical em diversos contextos da região do norte de Minas.

Montes Claros possui ainda uma grande variedade de manifestações culturais que têm a música como um dos principais meios de expressão. Assim, encontramos nessa cidade grupos como as Folias de Reis, que são atualmente em número de trinta grupos registrados2, o que representa um dado significativo para uma cidade que possui cerca de 306.000 habitantes. Outra importante manifestação musical dessa cidade são os grupos de Seresta. Atualmente a cidade possui cerca de dez grupos, sendo que alguns deles chegaram a alcançar projeção nacional - como a Seresta João Chaves, com mais de 30 anos de existência – ganhando concursos e participando de diversos festivais até a década de 1980. Montes Claros conta também com artistas locais que obtiveram fama pela sua música tipicamente regional, podendo ser mencionados, entre outros, os violeiros Zé Coco do Riachão – que chegou a ser apelidado de Beethoven do sertão – e Tião Carreiro, e os compositores Godofredo Guedes e João Chaves - que compuseram principalmente modinhas, toadas e marchas. Dentre essas diversas e significativas manifestações, destacam-se, ainda, os grupos de Congado que, entre os meses de maio e agosto, desfilam pelas ruas visitando casas e igrejas, devotando sua fé e suas crenças no poder divino.

Os exemplos citados anteriormente, mesmo não ilustrando toda a realidade do universo musical de Montes Claros, demonstram a forte diversidade e as múltiplas facetas do fenômeno musical nesse contexto.

2 Dados fornecidos pelo Sr. Alcides Dias Machado – presidente da Associação dos Foliões de Montes Claros.

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Com efeito, percebendo essa grande diversidade musical que constitui o universo cultural de Montes Claros, é possível perceber que a população dessa cidade tem um leque de possibilidades de contato com a música. Músicas de distintos contextos, significados, valores, usos e funções.

4.1. A pesquisa de campo

A metodologia do trabalho de campo teve como base a aplicação de questionários e a realização de entrevistas junto a moradores de Montes Claros. Foram realizadas também observações participantes de performances musicais, buscando compreender o perfil do público envolvido, bem como os conceitos e comportamentos determinados pela manifestação musical.

Como universo dessa pesquisa selecionamos bairros de distintas classes sociais da cidade, com intuito de compreender campos diferenciados, verificando se existem diferenças significativas nas suas relações com a música. Assim, foram selecionados os bairros São Luis, Ibituruna, Todos os Santos, Cândida Câmara, Santa Rita, Vila Guilhermina, Vilage do Lago II, Vargem Grande II, e Chiquinha Guimarães. Além desses bairros foram aplicados questionários, aleatoriamente, com moradores de outras regiões da cidade.

Foram aplicados trezentos questionários: trinta em cada bairro selecionado, e trinta aleatoriamente. Após a aplicação e análise dos questionários foram realizadas cem entrevistas: noventa com moradores dos bairros estudados – dez de cada bairro –, e dez com moradores de distintos contextos da cidade.

A observação participante foi realizada em eventos diferenciados com o intuito de verificar formas distintas de contato com a música, analisando o perfil do público envolvido na situação de performance e a função da música dentro de contextos musicais de diferentes características.

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4.2. Os meios para apreciação musical em Montes Claros

A partir dos resultados dessa pesquisa, ficou evidente que os meios de comunicação de massa constituem a principal forma de contato dos moradores dessa cidade com a música. Outras formas, como a apreciação musical de performance ao vivo, variam de acordo com o poder aquisitivo de cada região. Sendo que nos bairros de poder aquisitivo mais baixo o índice de pessoas que não freqüentam eventos dessa natureza é de 60%, diminuindo quando comparado com os bairros de poder aquisitivo mediano (25,5%), e principalmente se comparado com os bairros de poder aquisitivo mais alto (13,4%).

Esses índices são retratados em todas as outras alternativas apresentadas como formas diferenciadas de contato com a música, como a compra de CDs, o uso do computador (internet) e etc.

Em suma, as formas de contato com a música, em Montes Claros, estão diretamente relacionadas com o poder aquisitivo de cada região investigada, sendo possível concluir que os bairros de maior poder aquisitivo têm uma variedade maior de possibilidades de acesso a música, mesmo que os meios de comunicação de massa, mais especificamente o rádio, constituem a principal forma de acesso a essa manifestação.

4.3. Os espaços e contextos musicais

Analisando especificamente os espaços e contextos que os moradores de Montes Claros têm utilizado para apreciar e conhecer música, não encontramos diferenças significativas, exceto no número de pessoas que não participam desses eventos que nos bairros de menor poder aquisitivo é mais alto.

Fazendo uma descrição específica, de acordo com a realidade dos bairros podemos encontrar os seguintes resultados:

Bairros de poder aquisitivo mais baixo: 34,8% dos entrevistados não assiste a eventos musicais ao vivo; 22% assiste a apresentações musicais de artistas nacionalmente conhecidos em ginásios, estádios e parques; 15,2% assiste a shows oferecidos gratuitamente: 15,2% assiste a apresentações musicais em igrejas, grupo de jovens, etc.

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estádios e parques; 14,1% a apresentações musicais em clubes, bailes e festas; 12,5% não assiste a eventos musicais ao vivo.

Bairros de maior poder aquisitivo: 32,4% dos entrevistados assiste a apresentações de artistas nacionalmente conhecidos em ginásios, estádios e parques; 21,5% a apresentações musicais em clubes,bailes e festas; 21% assiste a apresentação musical em bares.

4.4. Apreciação musical: estilos e gêneros

A falta de alternativas, além da mídia, e a falta de utilização de meios diferenciados para conhecer e apreciar música, configura, de certa forma, uma base uniforme de gêneros e estilos musicais compartilhados pela sociedade de Montes Claros, tendo em vista que, mesmo havendo uma mudança em determinados gêneros, de acordo com o poder aquisitivo dos bairros, há uma repetição de preferências por determinados gêneros e estilos musicais.

Assim podemos encontrar os seguintes índices nos bairros investigados:

Nos bairros de baixo poder aquisitivo, o forró (22,8%) destaca-se como gênero mais apreciado, seguido pela música sertaneja (13,5%) e pelo pagode (13%).

Nos bairros de poder aquisitivo mediano, o forró (18,4%) e a música sertaneja (16,6%) continuam sendo os gêneros mais apreciados. Contudo, há a entrada significativa da MPB(14,9%),ocupando o terceiro lugar.

Nos bairros de maior poder aquisitivo, há uma mudança no perfil dos gêneros preferidos, sendo que a MPB (25%) passa a ser gênero de maior preferência, seguido do Rock (22,9%)e da música instrumental (10,1%).

4.5. O papel da mídia na formação musical da sociedade montesclarense

A música, por sua significativa relação com a sociedade, tem se apresentado como um forte campo de exploração midiática sendo comercializada, de forma crescente, pelos meios de comunicação de massa.

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meios de comunicação de massa, como a televisão e o rádio, continuam sendo as principais referências de contato dos moradores de Montes Claros com a música (Tab.1).

Tab.1- Principais meios utilizados para ter contato com a música

4.6. A música em distintos contextos sociais da cidade de Montes Claros

Não é preciso um trabalho sistemático de pesquisa para verificar a diversidade de contextos musicais na cidade de Montes Claros e para perceber que cada meio modela os seus processos de acordo com os seus ideais, significados e valores. No entanto, buscar uma compreensão sistemática das formas como as pessoas vêm vivenciando a música em contextos diferenciados pelas suas perspectivas econômicas, sociais e culturais, nos revelou dados significativos sobre as músicas que constituem o universo musical da cidade de Montes Claros na atualidade.

Uma questão que fica evidente em nosso trabalho, e que tem sido focalizada por estudos etnomusicológicos em muitos contextos urbanos, é que a música exerce um papel primordial na constituição cultural de cada grupos social, sendo que independentemente da forma de acesso, ela está presente no cotidiano das pessoas que constituem uma determinada

cultura.

O que é relevante pensar é que a definição do “gosto” musical está diretamente associada com os meios de acesso pelos quais as pessoas têm contato a música, e sem julgar se o “gosto” é bom ou ruim, o que é importante ressaltar é que quem têm um acesso unilateral do fenômeno musical, como só o que fornecido pelos meios de comunicação de massa, certamente não terá muitas opções para uma definição e ampliação estética da música que ouve, vive, aprecia e gosta.

5. Conclusão

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Claros, o poder aquisitivo é um fator definidor dos gêneros e estilos musicais apreciados e dos meios de contato utilizado pelas pessoas para vivenciar música.

A falta de diferentes contatos com a música e com os inúmeros espaços em que essa acontece, acaba gerando uma padronização de estilos e gêneros compartilhados pelos moradores dessa cidade, proporcionando uma visão restrita das distintas manifestações musicais existentes nesse contexto.

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Referências bibliográficas

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Referências

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