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DELTA vol.30 número1

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Academic year: 2018

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Brazil-paraíso: estereótipo e circulação

OBITUÁRIO

PROFESSOR ARYON RODRIGUES

A

Revista Delta lamenta profundamente o falecimento do

Pro-fessor Doutor Aryon Dall`Igna Rodrigues, dia 26/04/2014, aos 88 anos, em Brasília. Eminente pesquisador na área da linguística indígena, sua importância estende-se a toda a ciência linguística no Brasil. O primeiro brasileiro Doutor em Linguística, foi fundador do Labora-tório de Línguas Indígenas do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, tendo chegado ao Distrito Federal, em 1962, com um grupo de estudiosos, a convite de Darcy Ribeiro, para dar início à UnB, de lá se retirou em apoio a colegas demitidos e para onde retornou depois de abrilhantar outros importantes departamentos no Museu Nacional e na Universidade de Campinas. Aryon Rodrigues trabalhou até os 87 anos, deixou três fi lhos e importante herança, resultado de anos de trabalho: 17 obras, entre 1951 e 1992, um acervo com mais de 20 mil livros e revistas sobre línguas e culturas indígenas e muitos seguido-res. Professor emérito e doutor honoris causa, a linguística sofre uma enorme perda.

Leila Barbara e demais membros da DELTA e da comunidade linguística.

O Prof. Aryon Rodrigues deixou um legado inestimável para a linguística e notadamente para o estudo das línguas indígenas brasi-leiras. Com seu trabalho, contribuiu não só para o avanço da ciência, pelo tratamento original dos fenômenos analisados, pela documentação cuidadosa dessas línguas, pela formação de inúmeros linguistas, como também para a afi rmação dos povos indígenas, os quais habitam o

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ritório brasileiro desde sempre e nele ergueram o patrimônio precioso de sua cultura e das numerosas línguas que se transmitiram através das gerações. Ao Professor Aryon Rodrigues nosso respeito e agrade-cimento. Aos/às alunos/as e ex-alunos/as, parceiros/as de pesquisas, colaboradores/as nossa solidariedade.

Heloisa Salles (Universidade de Brasília), Paulo Salles e família.

Campinas, 1989. Eu estava no Brasil para estudar a fonologia do português brasileiro. Aryon e Daniele tinham me convidado para morar na sua casa, no campus da UNICAMP, onde coabitava com o que era provavelmente a mais completa biblioteca das línguas nativas da América do Sul. Em vez de aprender o português do Brasil, li as dissertações, as teses e os livros sobre os índios e suas línguas, uma oportunidade imprevista que mudou profundamente minha vida. Por esse fato, fi carei para sempre em dívida com Aryon e Daniele.

Com meus sinceros agradecimentos a um grande linguista. Leo Wetzels (LET. VU)

A linguística brasileira perde, nestes dias, um dos expoentes da linguística no país, deixando saudades em toda uma geração de linguís-tas. O professor Aryon, que foi uma autoridade nas línguas indígenas brasileiras, não só formou uma geração inteira de indigenistas, mas teve um papel ímpar na linguística brasileira, ajudando a formar alguns dos principais centros de pós-graduação no país (Brasília, Rio, Campinas) e trazendo Ph.Ds do exterior. Pessoalmente, tive a honra de tê-lo como membro da banca no meu primeiro concurso de titular na PUC de São Paulo, após o qual tive o prazer de ser sua colega na UNICAMP, antes dele se mudar para a Universidade de Brasília.

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Brazil-paraíso: estereótipo e circulação

Conheci o professor Aryon quando eu era um recém-graduado, nos Institutos Brasileiros de Linguística de 1969 e 1970. Mais tarde fomos colegas na UNICAMP, e também o encontrei em comissões da CAPES e em congressos e reuniões durante muitos anos. Uma coisa que sempre me impressionou no Aryon era sua atitude pé-na-terra, seu compromisso com fatos da língua (e das línguas que ele estudava); sempre o achei uma criatura realista em termos da disciplina, sem aqueles deslumbramentos teóricos que às vezes põem boas mentes a perder. Além disso, era uma verdadeira enciclopédia, e não apenas no que diz respeito a línguas indígenas. Meu relacionamento com ele foi sempre agradável, embora ele tivesse o hábito de, depois de oito ou dez anos sem me ver, chegar e ir dizendo (com seu sotaque inconfundível) “Bom dia, Perini”, como se tivesse me encontrado na véspera. Com seu falecimento desaparece um modelo de profi ssional da nossa área, e a linguística brasileira fi ca muito mais pobre.

Mário A. Perini

O professor Aryon Rodrigues morreu. Todos sabem o quanto eu gostava dele, e vou sempre gostar. Uma despedida muito triste para mim. Mas como um pai, fi cará em mim para sempre. Muitos de meus trabalhos e interesses são inspirados por ele: nasalização, hierarquia de pessoa, estudo sobre relacional e contiguidade do objeto-verbo. Não compartilhamos a mesma teoria, mas foi ele mesmo que me apresen-tou ao gerativismo e me disse para ir em frente quando era meu orienta-dor de iniciação científi ca na UNICAMP. O Aryon deu direcionamento para minha vida com grande apoio. Tem trabalhos do Aryon que eu li tantas vezes na minha vida e continuo lendo, e me impressionando, e continuo usando como orientação eterna. O mundo perde sem ele, mas tenho certeza de que ele permanecerá em mim e em muita gente. Meu pai Aryon, perco um pai mais uma vez. Obrigada Aryon.

Referências

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