• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO – FEAAC CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO – FEAAC CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA,

CONTABILIDADE E SECRETARIADO

FEAAC

CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LUCAS BARBOSA NOGUEIRA

O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO COMO POLÍTICA ECONÔMICA DE

PROTEÇÃO AO MERCADO NACIONAL

(2)

LUCAS BARBOSA NOGUEIRA

O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO COMO POLÍTICA ECONÔMICA DE

PROTEÇÃO AO MERCADO NACIONAL

Artigo apresentado à Faculdade de

Economia, Administração, Atuária,

Contabilidade e Secretariado Executivo,

como requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Ciências

Contábeis.

Orientadora: Profa. Jeanne Marguerite

Molina Moreira, Ms.

(3)

O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO COMO POLÍTICA ECONÔMICA DE PROTEÇÃO AO MERCADO NACIONAL

Lucas Barbosa Nogueira 1 Jeanne Marguerite Molina Moreira 2

RESUMO

O presente trabalho apresenta a importância da função extrafiscal do Imposto de Importação, suas características, assim como a importância protecionista para as empresas nacionais, com a intervenção estatal na economia do País, buscando resolver o questionamento sobre a real importância da política econômica deste tributo. Aborda as exclusões aos princípios constitucionais da legalidade e da anterioridade da lei, que não se configuram contradição com a Constituição Federal, mas sim uma medida de proteção ao mercado nacional. Através de uma metodologia descritiva e de uma pesquisa qualitativa foi realizado um estudo de caso em uma empresa exportadora de produtos da China para verificar os impactos econômicos da alteração do Imposto de Importação em suas vendas e por consequência em seus resultados. Através deste estudo de caso percebeu-se a diminuição das vendas, devido a elevação do preço dos carros, desta empresa da China. Por fim, verificou-se que o Imposto de Importação é fundamental para o Governo em relação às medidas protecionistas e para as empresas brasileiras, pois as torna mais competitivas e que o Brasil continuará adotando essas medidas para segurar e alavancar o seu comércio.

Palavras-chave: Imposto de Importação, Extrafiscalidade, Economia nacional.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil possui um relacionamento amistoso com outros países. Esta prática do comércio exterior faz com que fiquem dependentes uns dos outros, tanto na exportação de mercadorias quanto na importação e para cada atividade há incidência de tributos.

Estes tributos são importantes para o desenvolvimento econômico e social do País. O modelo liberal do Estado tornou-se social e o Brasil passou a intervir mais na sua economia.

O Imposto de Importação (II), apesar de sua arrecadação total ser pouco significativa em relação ao montante das receitas tributárias da União ou se comparado seu peso nos cofres brasileiros com os de outros tributos, é relevante no seu aspecto extrafiscal (MACHADO, 2007). Este tributo é utilizado como uma ferramenta de proteção para o mercado nacional, pois pode ser regulado de acordo com as necessidades da economia interna do País (CARRAZZA, 2007).

É um instrumento eficaz para a proteção da indústria nacional e para a garantia de que os produtos nacionais serão protegidos em face aos produtos vindos do exterior, pois possui função predominantemente extrafiscal e auxilia como regulador da economia do País.

O tema Imposto de Importação, que será explorado e explicado neste trabalho cientifico, está sendo bastante discutido, pois recentemente o Brasil alterou as alíquotas de pelo menos cem produtos, para que mercadorias nacionais não perdessem valor nem participassem de uma disputa injusta, em relação a produtos vindos de outros Países e vendidos abaixo do preço comum do mercado nacional.

1 Graduando do Curso de Ciências Contábeis - FEAAC - da Universidade Federal do Ceará (UFC). e-mail:

lucas_ibf_@hotmail.com

2Mestre em Ciências Contábeis

– Professora da Universidade Federal do Ceará (UFC / FEAAC). e-mail:

(4)

Logo, a abordagem deste tema terá por base o atual cenário político nacional em meio a mudanças com importações e exportações.

O trabalho se justifica na medida em que trata da importância do Imposto de Importação para o mercado nacional, pois este tributo pode acelerar ou desacelerar as importações e o consumo de produtos estrangeiros no Brasil e aumentam ou diminuem o consumo de produtos internos, caso seja elevado suas alíquotas. Além disso, este tema é de fundamental importância para investidores nacionais e estrangeiros com a finalidade de entender como funciona a dinâmica do imposto de importação, seus conceitos e sua verdadeira função na economia do País.

Para tanto, este artigo visa responder o seguinte questionamento: Qual a relevância da política econômica do Imposto de Importação para as empresas nacionais exportadoras?

Visando solucionar o problema sugerido, este estudo científico tem como objetivo geral analisar a política econômica do Imposto de Importação para a continuidade e competitividade das empresas brasileiras. Caso o Imposto de Importação de determinado produto esteja fora de um padrão ou reduzido, as entidades nacionais poderão perder mercado, contudo não se pode elevar demais este tributo para que os consumidores brasileiros percam o acesso às mercadorias estrangeiras.

Com o intuito de se alcançar as respostas para o problema proposto, objetivos específicos serão traçados, quais sejam: relatar os aspectos conceituais e legais do Imposto de Importação e identificar os efeitos causados nas empresas nacionais com as alterações legais do Imposto de Importação.

Será realizado um estudo de caso em uma empresa automotiva como parte final deste trabalho, para um entendimento mais aprofundado do tributo sugerido.

O presente artigo foi articulado em cinco seções, a primeira sendo esta introdução. Na segunda seção delimitou-se o referencial teórico com o conceito do Imposto de Importação e seus critérios de avaliação. A terceira seção apresenta a metodologia da pesquisa. Na quarta a realização de um estudo de caso para aprofundamento do tema, inferindo-se a quinta parte com as considerações finais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Imposto de Importação

Amora (2009, p.375) conceitua importação como “a ação ou efeito de importar, a entrada de produtos num Estado diferente do que seja procedente e o conjunto de mercadorias importadas.”

No período denominado das grandes navegações, Portugal e Espanha passaram a buscar novos métodos de comercializar seus produtos e enviaram embarcações para o oceano buscando encontrar as Índias (BUENO, 2011).

O autor ainda descreve que os portugueses ao chegarem ao Brasil em abril de 1500 não se interessaram pelo território, pois não encontraram nada de muito valioso e continuaram na busca das Índias. Porém, para não perder o Brasil para povos invasores, em 1530 a metrópole portuguesa intensificou e dominou o comércio com o novo País descoberto.

(5)

As necessidades da colônia eram supridas pelos bens portugueses através da importação das mercadorias do próprio País. Melo e Reis (1970) afirmam que a metrópole defendia seus interesses através do caráter protecionista do Imposto de Importação – no Brasil, este tributo já existe desde o período colonial – e captava recursos para a coroa portuguesa.

Segundo Bueno (2011), a abertura dos portos às nações amigas realizada por D. João VI em 1808, com a sua chegada ao Brasil, estendeu as possibilidades do comércio brasileiro e evidenciou a funcionalidade do Imposto de Importação. O autor afirma que este evento marcou o liberalismo econômico do Brasil e auxiliou sua elevação de colônia para Reino Unido de Portugal e Algarves.

O comercio internacional está sujeito a oscilações na conjuntura da economia mundial. O imposto de importação tem como finalidade regular este comércio e proteger o mercado de cada País. Hakada (2006, p.401) afirma que “devido a esta função reguladora, este tributo não atende ao principio da anterioridade da lei afim de que o poder do Governo seja flexível perante o imposto”.

Manfrinato (2006) caracteriza o Imposto de Importação como um tributo extrafiscal, pois sua importância está no controle estratégico de sua execução como política protecionista e seletora da economia brasileira.

Machado (2007) dá outras denominações para o Imposto de Importação: “tarifa aduaneira, tarifa das alfândegas, direitos aduaneiros” entre outros.

O Imposto de Importação não incide sozinho sobre as mercadorias, outros tributos estão imbutidos, tais como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) (TORRES, 2006).

2.1.1 O Imposto de Importação nas Constituições Brasileiras

O Brasil possui em sua história sete Constituições, a primeira fora outorgada ainda no Império em 1824 e a última e mais atual fora promulgada em 1988.

Apesar de ser um dos tributos mais antigos, existente desde os Direitos Régios, somente apareceu na segunda Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (BALEEIRO, 2003).

O art. 7º desta Constituição promulgada em 1891 trazia a seguinte competência para decretar o Imposto de Importação: “é da competência exclusiva da União decretar – 1º) impostos sobre a importação de procedência estrangeira(...)” (BRASIL, 2013).

A partir da avaliação desse artigo, verifica-se que desde o princípio este tributo era de competência da União que tinha como funções instituir, fiscalizar e arrecadar o aludido imposto.

Porém com base no § 3º do art. 9º desta mesma Constituição nota-se que o Estado tinha licitude para cobrar este imposto contanto que o revertesse posteriormente ao Tesouro Federal: “só é lícito a um Estado tributar a importação de mercadorias estrangeiras, quando destinadas ao consumo no seu território, revertendo, porém, o produto do imposto para o Tesouro Federal” (BRASIL, 2013).

(6)

Percebe-se que esta terceira Constituição trocou o termo “exclusiva” que estava presente na segunda Constituição pelo termo “privativa”, porem isto em nada interferiu na competência da União em relação a este tributo.

Na quarta Constituição brasileira promulgada em 1937, as disposições sobre o Imposto de Importação permaneceram inalteradas se comparadas a anterior de 1934 (BRASIL, 2013).

A quinta Constituição Federativa do Brasil que fora promulgada em 1946 abordava sobre o Imposto de Importação no art. 15, incisos I e III, dando “competência para a União apurar este tributo sobre qualquer mercadoria estrangeira que entrasse no Brasil, incluindo a importação de lubrificantes e de combustíveis líquidos ou gasosos de qualquer origem ou natureza” (BRASIL, 2013).

Nota-se que esta Constituição não utilizou os termos “exclusiva” ou “privativa” utilizados em constituições anteriores, porém entende-se – pelo fato de nenhum outro dispositivo prever algo sobre este tributo – que a competência do Imposto de Importação era exclusiva da União.

Quanto a sexta Constituição, promulgada em 1967, o art. 22, inciso I, abordava que “é de competência da União a arrecadação do Imposto de Importação” (BRASIL, 2013).

Contudo, esta Carta acrescentava dois incisos que também se relacionavam com este tributo os quais a União tinha competência: “(...)VIII - produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos; IX - produção, importação, distribuição ou consumo de energia elétrica” (BRASIL, 2013).

Esta foi a Constituição a qual abordou primeiramente que o Poder Executivo poderia alterar as alíquotas e as bases de cálculo do Imposto de Importação. Este tema encontra-se no § 2º do art. 22. Contudo, o Governo deveria obedecer aos limites estabelecidos pela Lei e se adequar conforme alguns setores da economia definidos (BRASIL, 2013).

A partir deste momento da história, começaram a surgir os blocos econômicos, os quais passaram a enfrentar e invadir os mercados internacionais. Nota-se a possibilidade de intervenção estatal com base no Imposto de Importação, utilizando este tributo como ferramenta de defesa do comércio nacional.

Finalmente, chega-se a mais atual Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988 – CF/88. Nesta Carta, o Imposto de Importação passa a ser tratado com uma maior complexidade de detalhes. O art. 153 da CF/88 adota o termo instituir quanto à competência da União: “Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros (...)” (BRASIL, 2013).

Entende-se que desde a CF/88, a União possui competência para decretar, instituir, cobrar e fiscalizar o Imposto de Importação representado o Estado brasileiro como um todo (MACHADO, 2007).

A função extrafiscal do Imposto de Importação encontra-se implícita no art. 149, § 2º, inciso II: “(...) § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.”

(7)

Outras fontes que regularizam o Imposto de Importação são: a Lei nº 5.172/66 denominada Código Tributário Nacional (CTN) que dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis a União, Estados e Municípios, o Decreto Lei nº 37 de novembro de 1966, que “dispõe sobre o imposto de importação, reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras providências”, o Regulamento Aduaneiro (RA) que foi criado pelo Decreto nº 4.543 de dezembro de 2002, que regulamenta “a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior”, e posteriormente aperfeiçoado e consolidado pelo Decreto nº 6.759/09 (BRASIL, 2013).

O General Agreement on Tarifs and Trade (GATT), mais conhecido como Acordo Geral de Tarifas e Comércio, que foi estabelecido em 1947 visava harmonizar as políticas aduaneiras entre os países e auxiliar a compreensão do Imposto de Importação. Este acordo foi celebrado por cerca de 20 Países, foi atualizado em 1994 e serve de apoio para a Organização Mundial de Comércio - OMC (BRASIL, 2013).

2.2 Avaliação do Imposto de Importação

O Imposto de Importação é avaliado com base em cinco critérios, quais sejam: Material, Temporal, Espacial, Quantitativo e Pessoal; este último subdividindo-se em Ativo e Passivo (BIZELLI; BARBOSA, 2002).

Para Manfrinato (2002) o critério temporal se relaciona com o espacial, pois são dependentes pelo fato de ser impossível conhecer o momento da entrada do produto em território nacional.

Para este trabalho, considera-se o estudo feito por Manfrinato (2002), adotando-se quatro critérios para avaliação do Imposto de Importação, quais sejam: Critério Material, Critério Temporal e Espacial, Critério Quantitativo e Critério Pessoal. Contudo, os critérios temporais e espaciais serão explicados primeiramente separados e depois relacionados.

2.2.1 Critério Material

O Imposto de Importação está previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no art. 153, inciso I e compete a União. Conforme o art. 19 do CTN, o fato gerador deste tributo “é a entrada de produtos estrangeiros em território nacional” (BRASIL, 2013).

Segundo Fabretti (2008), o Imposto de Importação não incide sobre todo tipo de mercadoria que entra em território brasileiro, há alguns produtos em que este tributo não incidirá – como produtos com defeito técnico, para reparo ou substituição. Desta forma este imposto só incidirá em mercadoria para consumo interno no Brasil e com caráter definitivo.

Torres (2006), também, inclui os seguintes produtos como fatos geradores para o Imposto de Importação: energia elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais.

Além das modalidades de produtos em que o Imposto de Importação não constitui fato gerador, Melo (2002, p. 372) afirma que “mercadorias enviadas em consignação e não vendidas no prazo autorizado, que precisaram ser devolvidas pelo País que a havia importado para modificações, por motivo de guerra ou calamidade ou por outros fatores alheios a vontade do exportador brasileiro” também não precisarão ter este tributo pago.

(8)

I - mercadoria estrangeira que, corretamente descrita nos documentos de transporte, chegar ao País por erro inequívoco ou comprovado de expedição, e que for redestinada ou devolvida para o exterior;

II - mercadoria estrangeira idêntica, em igual quantidade e valor, e que se destine a reposição de outra anteriormente importada que se tenha revelado, após o desembaraço aduaneiro, defeituosa ou imprestável para o fim a que se destinava, desde que observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda;

III - mercadoria estrangeira que tenha sido objeto da pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida;

IV - mercadoria estrangeira devolvida para o exterior antes do registro da declaração de importação, observada a regulamentação editada pelo Ministério da Fazenda; V - embarcações construídas no Brasil e transferidas por matriz de empresa brasileira de navegação para subsidiária integral no exterior, que retornem ao registro brasileiro, como propriedade da mesma empresa nacional de origem; VI - mercadoria estrangeira avariada ou que se revele imprestável para os fins a que se destinava, desde que seja destruída sob controle aduaneiro, antes do desembaraço aduaneiro, sem ônus para a Fazenda Nacional e

VII - mercadoria estrangeira em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente destruída (BRASIL, 2013).

O Imposto de Importação não incide sobre produtos obtidos de forma eletrônica (MELO, 2002).

Portanto, este critério material é julgado pela entrada do produto estrangeiro no território brasileiro devidamente regulamentado.

2.2.2 Critério Temporal e Espacial

Além do critério material, o momento em que há a ocorrência do fato gerador também está previsto no Regulamento Aduaneiro, art. 73, inciso I, o qual afirma que a data será a do Registro da Declaração de Importação.

Este entendimento da data correta, que em geral será a do Registro da Declaração de Importação, consagrou-se em regra geral e deve ser feito no SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior (MANFRINATO, 2002, p. 25).

Fabretti (2008) ressalta que o fato gerador do Imposto de Importação será a entrada da mercadoria e não a data do registro com base no art. 19 do CTN.

Manfrinato (2002) aborda três possíveis datas para a incidência do Imposto de Importação: a data do registro da declaração de importação, a data do vencimento do prazo de permanência da mercadoria ou a data do lançamento do imposto e afirma que este critério temporal é influenciado pelo espacial.

Portanto, entende-se que não há uma unanimidade para o critério temporal e que ele dependerá da entrada do produto no Brasil.

A partir desse pressuposto de que não há unanimidade para o critério temporal e que ele depende do critério espacial, este será abordado a seguir.

Conforme o art. 1º do Decreto nº 37/66, o critério espacial seria o “momento em que a mercadoria entra em território nacional”. Porém, para Folloni (2005), o art. 23 do mesmo decreto admite outra interpretação para o critério espacial, o qual seria o momento em que o bem é recebido pela repartição aduaneira.

(9)

Saber o momento em que alguma mercadoria adentrou o mercado nacional é impossível, portanto admite-se a solução legal do registro da declaração de importação (MANFRINATO, 2002).

Manfrinato (2002, p. 54), afirma ainda que “segundo o art. 4º do Regulamento Aduaneiro, as mercadorias devem passar por pontos alfandegários para o controle social e caso esse ingresso seja por outras áreas o produto passa a ser considerado clandestino.”

Fica estabelecido então que, o critério espacial é determinado pelo local do ingresso em território nacional, certificado pela autoridade aduaneira em pontos alfandegários – como aeroportos e portos.

2.2.3 Critério Quantitativo

Para Manfrinato (2002), este critério define a quantia que será paga a título deste tributo e é calculada com base em dois fatores: base de cálculo e alíquota. O autor caracteriza o Imposto de Importação como um tributo variável – sua alíquota pode ser alterada – e define que o valor da base de cálculo é em moeda e a alíquota se apresenta em forma percentual.

O art. VII do Acordo de Valoração Aduaneira do GATT (AVA-GATT) estabelece seis métodos – que deverão ser obrigatoriamente utilizados na ordem proposta – para determinação do valor aduaneiro:

Primeiro Método: valor de transação da mercadoria importada.

Segundo Método: valor de transação de mercadoria importada idêntica à mercadoria objeto de despacho.

Terceiro Método: valor de transação de mercadoria importada similar à mercadoria objeto do despacho.

Quarto Método: valor de revenda de mercado importado. Quinto Método: valor computado da mercadoria importada.

Sexto Método: valor baseado em critérios da razoabilidade, condizentes com os Princípios e disposições gerais do Acordo e com a ordem do próprio art. VII do

GATT, e em dados disponíveis no País (BRASIL, 2013).

Esse acordo determina que, sempre que não for possível a utilização do primeiro método de valoração, deve-se passar sucessivamente aos métodos seguintes, até que se chegue ao primeiro que permita determinar o valor aduaneiro.

O art. 20 do CTN prevê três modalidades para a base de cálculo do Imposto de Importação:

Art. 20. A base de cálculo é:

I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;

II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,

alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;

III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação (BRASIL, 2013).

Fabretti (2008) afirma com base neste artigo que as alíquotas podem ser especificas ou ad valorem de acordo com as Tabelas Aduaneiras. O autor cita que a tarifa aduaneira adotada pelo Brasil e por todo o MERCOSUL denomina-se TEC – Tarifa Externa Comum.

“A alíquota ad valorem é uma porcentagem que incide sobre o preço da mercadoria,

enquanto a alíquota específica incide sobre a quantidade de mercadorias expressa na unidade de medida indicada na legislação relativa à importação” (FABRETTI, 2008, p. 55).

(10)

O Decreto-Lei nº 1.455/76, que “dispõe sobre bagagem de passageiro procedente do exterior, disciplina o regime de entreposto aduaneiro, estabelece normas sobre mercadorias estrangeiras apreendidas e dá outras providências,” definiu a infração do item III de natureza grave, conceituada como dano ao erário, podendo o infrator da pena perder todos esses bens transacionados, inclusive o veículo transportador caso seja de propriedade dele.

Outros crimes ou infrações definidos pelo Decreto-Lei nº 1.455/76 em relação às importações e exportações são: contrabando, descaminho, contra a ordem tributária, extinção de punibilidade criminal, representação fiscal e perdimentos.

Com base no art. 21 do CTN, “o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do Imposto de Importação, a fim de ajustá-lo aos objetivos de política cambial e do comércio exterior” protegendo o mercado nacional das oscilações do mercado global e para atingir a meta da política cambial e do comercio exterior brasileira.

Contudo, a CF/88 veta qualquer alteração na base de cálculo deste tributo e limita em seu art. 135 as variações do Imposto de Importação.

Portanto, com o advento da CF/88 o Executivo poderá alterar apenas a alíquota e, não mais, a base de cálculo, como está previsto no art. 21 do CTN, atendidos os limites fixados em lei.

“A Organização Mundial do Comércio limitou as alíquotas de importação a, no máximo, 35%” (FABRETTI, 2008, p. 55).

Segundo Harada (2006), o Estado possui as funções de fiscalização, incentivo e planejamento e age no papel normativo e regulador da atividade econômica, por isso – com base no art. 173 do CF/88 – poderá alterar a alíquota deste tributo para que haja convergência com as políticas brasileiras e proteja o mercado nacional.

Machado (2007) relembra que o Princípio da Legalidade não se aplica em sua plenitude ao Imposto de Importação, pois o Governo pode alterar sua alíquota positiva ou negativamente.

Torres (2006) menciona que este tributo, também, não está sujeito ao Princípio da Anterioridade da Lei, isto explica a possibilidade de sua variação.

Manfrinato (2002) ressalta que as transações internacionais devem ter o Imposto de Importação convertido para moeda nacional com base em taxas cambiais prefixadas diariamente. O autor afirma que há duas possibilidades de data para conversão da moeda estrangeira para moeda nacional, que é a do registro da Declaração da Importação no SISCOMEX – de forma geral – e a do lançamento nos casos em que for preciso ser feita uma vistoria aduaneira.

Portanto, quanto ao critério quantitativo o Governo poderá utilizar alíquotas específicas ou ad valorem, podendo variar sempre que achar necessário. Contudo a base de cálculo já não poderá mais ser alterada.

2.2.4 Critério Pessoal

Machado (2007) subdivide este critério em sujeito ativo e sujeito passivo para uma melhor compreensão de cada um desses elementos.

Coelho (2003) considera mais plausível essa mesma subdivisão, pois a partir dela é possível discernir o responsável pela arrecadação do contribuinte que deverá pagar o tributo.

(11)

Segundo Coelho (2003, p.20), “o sujeito ativo da obrigação é a União e é esta que possui o direito de exigir o tributo, tendo a Receita Federal como responsável pela arrecadação.”

Conforme art. 153, inciso I, da CF/88 a competência do Imposto de Importação é única e exclusiva da União.

Machado (2007) justifica a União como sujeito ativo pelo fato dela estar em contato direto com o exterior e este relacionamento é de fundamental importância para a política de proteção do mercado nacional e não, apenas, como instrumento de arrecadação das suas receitas.

Portanto, verifica-se que a União, além de ser o sujeito ativo da obrigação, possui um papel fundamental na política econômica tomando por base o Imposto de Importação, pois condiciona a competitividade do comércio nacional em relação aos produtos estrangeiros, principalmente aqueles que chegam de países desenvolvidos - pois o custo de produção é menor e seu preço seria reduzido.

Coelho (2006) esclarece que, independente de pessoa física ou jurídica, o sujeito passivo é o contribuinte, pois este quem se responsabiliza pela entrada do produto estrangeiro no território brasileiro.

Conforme o art. 31 do Decreto Lei nº 37/66, redação dada pelo Decreto-Lei 2472/88, é contribuinte do imposto:

Art. 31. É contribuinte do imposto:

I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional;

II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente;

III - o adquirente de mercadoria entrepostada (BRASIL, 2013).

O art. 22 do CTN, inciso II, institui que o sujeito passivo, contribuinte ou responsável é o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, porém segundo Manfrinato (2002), este dispositivo tornou-se inaplicável, devido aos arts. 23 e 24 do Decreto-Lei nº 1.455/76 que tornaram esta infração como grave, pois é um dano ao erário.

Para o inciso II do art. 31 do Decreto-Lei nº 37/66, Manfrinato (2002) explica que a remessa postal internacional, enquanto não for entregue ao destinatário ou a pessoa física ou jurídica de direito, pertence ao remetente. O autor também relata que, caso o destinatário não aceite a encomenda, ele não se tornará contribuinte do Imposto de Importação.

Para Manfrinato (2002, p. 27) “o sujeito passivo é aquele a quem a lei ordena que pague o tributo uma vez ocorrido o fato gerador, este contribuinte também é denominado devedor.”

O próprio autor revela que o sujeito passivo pode ser expresso de duas formas, tais são: contribuinte, é aquele que tem relação direta com a situação constitutiva do fato, e responsável, quando sua obrigação decorra de expressa disposição legal (MANFRINATO, 2002).

O Decreto-Lei nº 37/66 no art. 32 definiu o responsável e no Parágrafo único o responsável solidário pelo Imposto de Importação:

Art.. 32. É responsável pelo imposto:

(12)

II - o depositário, assim considerada qualquer pessoa incubida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro.

Parágrafo único. É responsável solidário:

I - o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto;

II - o representante, no País, do transportador estrangeiro;

III - o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (BRASIL, 2013).

Melo (2002) ressalta que para mercadorias que entraram ilegalmente no País, seja por estar fora dos portos ou aeroportos alfandegários ou outro motivo, o importador não poderá providenciar o embaraço ou desembaraço aduaneiro, e esta mercadoria será, posteriormente, promovida a leilão.

Finalizando, verifica-se que o sujeito passivo é o contribuinte ou responsável, ou seja, é aquele a qual a lei ordena que pague o imposto e poderá ser pessoa física ou jurídica.

3. METODOLOGIA

A partir de uma análise dos diferentes tipos de pesquisa e do aprimoramento e atualidade do tema proposto, identificou-se que este trabalho científico foi desenvolvido através de um estudo descritivo da legislação tributária com foco no detalhamento e aprofundamento do Imposto de Importação. Portanto, quanto aos objetivos esta pesquisa é de cunho descritivo (GIL, 1991).

Esta pesquisa possui uma natureza qualitativa, pois teve por objetivos analisar a política econômica utilizada no Imposto de Importação e sua funcionalidade na proteção do mercado nacional, relatar os aspectos legais e conceituais deste tributo bem como identificar os efeitos de sua variação para as empresas nacionais. Esta qualificação foi realizada através da compreensão do significado deste tributo de âmbito Nacional por meio de leis, conceitos e da relevância que possui para a proteção do mercado e para a política econômica nacional.

Outro fator que caracteriza a natureza da pesquisa como qualitativa é o fato deste trabalho analisar os motivos que levam o Governo a variar as alíquotas para alguns produtos (CERVO; BERVIAN, 1996).

Quanto ao procedimento adotado para a realização da pesquisa – estudo de caso - foi elaborada uma análise para se compreender as intervenções do Governo brasileiro em sua própria política econômica ao utilizar o Imposto de Importação como ferramenta de regulação do mercado nacional. Atualmente o Brasil alterou a alíquota do Imposto de Importação de alguns produtos, este trabalho servirá para descrever e analisar esta realidade.

Dessa forma, esta pesquisa, classificou-se como estudo de caso em relação a sua realização (YIN, 2001), pois foi pesquisado um caso ilustrativo em uma empresa automotiva que sofreu efeitos com a elevação da alíquota do Imposto de Importação para este setor.

Esta pesquisa fora realizada em uma empresa automotiva exportadora que atua no Estado do Ceará com base nos dados fornecidos pelo COMEX. Foi esperada uma resposta positiva dos gestores dessa empresa para que a pesquisa tenha credibilidade e fique o mais próximo possível da realidade do Brasil.

(13)

livros para se obter material suficiente para a realização da pesquisa e confiabilidade do tema proposto.

Estes dados também foram coletados através da internet, principalmente nos sites governamentais, para se obter conceitos, medidas de intervenção tomadas pelo Governo em relação ao Imposto de Importação e projeções para a política econômica Nacional.

Através desta unidade de análise, ou seja, uma empresa automotiva que atua no Estado do Ceará, foi realizado um trabalho para que a conclusão da pesquisa possa ser aplicada a um universo mais amplo de empresas e esta pesquisa possa ser utilizada como exemplo para pesquisas futuras na área, pois a tendência é que o Imposto de Importação continue sendo alterado e utilizado como fator econômico responsável pela proteção do mercado nacional. Com base nessas conclusões pode se entender melhor o funcionamento deste tributo da União e sua extrafiscalidade.

Por fim, esta pesquisa – quanto à técnica de análise de dados aplicada – foi realizada através de uma análise de conteúdo, pois visou identificar e analisar tudo sobre o Imposto de Importação e o que se fala sobre este tributo (VERGARA, 2005). Através dos dados coletados buscou-se explicar a relevância do Imposto de Importação para a economia brasileira e para as empresas nacionais.

4. ESTUDO DE CASO

Esta seção apresenta a empresa objeto de estudo, descrevendo um breve histórico de sua origem na China, passando a sua instalação no Brasil e posteriormente no Estado do Ceará.

Na sequência será descrita as estratégias da empresa para entrar no mercado brasileiro e, por fim, a ocorrência da alteração do Imposto de Importação nas receitas juntamente com uma análise conclusiva nos fatos ocorridos referentes ao estudo de caso realizado.

4.1 Apresentação da empresa

É relevante ressaltar que a denominação principal da empresa analisada fora modificada em razão da não exposição da marca e a pedido dos diretores da mesma, sendo chamada, para fins deste trabalho, Carros Importados Ltda.

A Carros Importados Ltda. foi fundada em 1997, na cidade de Wuhu, é a maior montadora independente da China e única em seu País a receber cinco estrelas nos testes de colisão feitos pelo China New Car Assessment Program – C-NCAP. Esta empresa está presente em 80 Países, possui 16 unidades produtivas e emprega aproximadamente 25 mil funcionários por todo o mundo, conforme dados do entrevistado.

Com apenas 16 anos de existência, a Carros Importados Ltda. é considerada por muitos profissionais de marketing como o futuro do setor automotivo. Esta empresa é líder em crescimento e campeã de vendas internas, destacando-se, também, como campeã nacional de exportações por nove anos consecutivos.

A Carros Importados Ltda. iniciou suas atividades no Brasil em abril de 2009 com o intuito de oferecer ao brasileiro uma melhor relação custo e benefício do mercado. Oito modelos são comercializados no território brasileiro – Carros SUV, compactos, hatch e sedan, e outros modelos devem chegar em breve.

(14)

A Premium é a única concessionária da empresa Carros Importados Ltda no Ceará e busca aprimorar o relacionamento desta empresa com o povo cearense. Além disso, ela trabalha para ampliar a abertura do mercado local para os carros chineses. No Ceará, foi instalada em julho de 2009 e possui uma ampla estrutura moderna que oferece uma variedade de serviços para satisfazer as necessidades de seus clientes.

A coleta de informações foi realizada em sites internacionais e nacionais da empresa e através de visitas às instalações da Carros Importados Ltda no Estado do Ceará realizando entrevistas com os diretores e gerentes da concessionária local.

4.2 Estratégias da empresa para entrar no mercado

A Carros Importados Ltda., por ser relativamente nova no mercado do Brasil, priorizou o atendimento, a inovação e os preços abaixo do padrão nacional para se infiltrar e ser preferência do brasileiro.

A forma de atendimento desta empresa é um diferencial para as empresas nacionais, pois o cliente tem prioridade tanto pessoal quanto virtualmente. O bom relacionamento com as pessoas foi primordial para a marca consolidar-se num ambiente diferente do seu de origem, onde teria que enfrentar a resistência dos consumidores e a preferência em uma marca nova no País.

Os produtos comercializados por esta empresa possuem uma estética de modelos inovadores e futuristas, tudo dentro da proposta dos veículos asiáticos. Não é difícil identificar os carros desta marca, pois são únicos e bem diferentes dos modelos que já existiam no Brasil. Dentre os oito modelos que circulam no território nacional há um modelo SUV que é um utilitário esportivo que reúne o melhor custo x benefício do Brasil, porém ainda não é o carro preferido dos brasileiros.

Quatro modelos dividem-se em hatch e sedan. São os mais parecidos com os carros que já eram comercializados no Brasil, porém diferenciam-se devidos aos traços inovadores chineses em sua estética.

As principais inovações para o mercado nacional estão nos três modelos compactos restantes e são os mais vendidos por unirem comodidade urbana e modernidade. Dois tipos compactos cada vez mais são comercializados no Brasil. Eles estão dentro da proposta futurista chinesa, servem para minimizar os engarrafamentos no trânsito e devem ser mais adotados pelos brasileiros.

O modelo mais negociado no País e mais fácil de se ver nas ruas possui várias cores e o principal motivo dessa comercialização é seu baixo preço. Este é o carro mais popular da empresa e o mais vendido na China. Possui um estilo mini e esta marca espera torná-lo o compacto mais vendido também no Brasil.

A principal estratégia utilizada pela empresa Carros Importados Ltda. e que alavancou a marca no mercado brasileiro foi fixar preços bem abaixo do padrão nacional, com essa tática a empresa ganhou a simpatia dos prováveis clientes e passou a ser observada atentamente pelo Governo brasileiro.

Ao chegar ao Brasil, a empresa conseguiu benefícios tributários, o que possibilitou fixar preços menores do que os praticados no território nacional. Além desses benefícios, o Imposto de Importação estava com uma alíquota baixa para carros oriundos de outro país.

(15)

Outras marcas de carros passaram a questionar os preços praticados pela empresa, pois estavam perdendo mercado e clientes para a chinesa. Enquanto isso, a nova marca ia consolidando-se e crescendo no Brasil, a ponto de iniciar a construção de uma unidade fabril em São Paulo.

Porém esse cenário de favorecimento à empresa chinesa modificou-se com a alteração do Imposto de Importação, o que dificultou o aumento das vendas e crescimento da marca no território brasileiro.

4.3 Influência da alteração do Imposto de Importação na empresa Carros Importados Ltda.

Com o crescimento da marca chinesa e de outras novas empresas estrangeiras, os carros que eram produzidos no Brasil foram perdendo espaço no mercado nacional devido a busca do consumidor pela inovação e preço baixo.

No final do ano de 2011 a Carros Importados Ltda. já possuía 2% do mercado nacional, um índice considerado alto pelo pouco tempo da marca no Brasil e pela concorrência que havia com outras empresas mais conhecidas e conceituadas.

A empresa diminui seu índice de vendas no Brasil, pois a sua principal estratégia para se infiltrar no mercado brasileiro perderia sua força. A marca chinesa perdeu cerca de 20% do número de vendas que havia atingido nos três primeiros anos no território nacional logo após o aumento do Imposto de Importação e teve que repensar sua estratégia e seus investimentos no local.

Em relação aos anos anteriores, a empresa obteve um decréscimo em seu lucro de 8%. Entre 2009 e 2011 o lucro da empresa estava crescendo aproximadamente 12% de ano para ano, atingindo sua meta anual. Porém, comparando-se o ano de 2011 e 2012 a empresa não atingiu sua meta, apesar de ter conseguido lucrar.

A Carros Importados Ltda. buscou aumentar o quadro de funcionários e dar novas chances de emprego para os brasileiros, porém no ano de 2012 este aumento de trabalhadores foi minimizado devido ao baixo lucro conseguido.

A expectativa para o ano de 2013 é retomar o crescimento nas vendas para que a meta anual de lucros seja atingida e a empresa gere mais empregos para os brasileiros.

Esse recuo no mercado brasileiro atrasou o objetivo da Carros Importados Ltda. que era de ser a maior montadora estrangeira no Brasil. A empresa mudou sua estratégia e agora possui uma unidade fabril sendo construída no território brasileiro para diminuir custos e voltar a ser tão competitiva quanto as nacionais.

O Governo brasileiro agiu em prol das empresas nacionais ou que já estavam instaladas no Brasil, alterou o Imposto de Importação para empresas estrangeiras. Com essa intervenção, o cenário benéfico para a marca chinesa começou a inverter e a empresa estagnou seu crescimento.

A medida nacional afetou mais de cem produtos, inclusive os carros e as peças para automóveis. O Estado buscou essa alteração para fortalecer as empresas no Brasil e elevar a competitividade do mercado, pois as empresas estrangeiras aplicavam preços abaixo do padrão brasileiro.

(16)

O primeiro ato do Governo brasileiro foi elevar o IPI, através do Decreto nº 7.567/11, dos produtos estrangeiros em 30 pontos percentuais, tornando os produtos vindos do exterior mais caros e protegendo as empresas brasileiras.

A outra medida protecionista adotada pelo Brasil foi elevar para 25% (antes a alíquota era 16%) o Imposto sobre Importação para algumas peças de veículos, ou seja, veículos que fossem 65% internacionalizados ou mais e fossem comercializados no Brasil teriam uma taxa tributária maior e com isso os preços de seus produtos seriam elevados.

A empresa Carros Importados Ltda. teve que alterar suas estratégias para permanecer no mercado brasileiro, os preços baixos antes praticados por ela estavam diminuindo a competitividade de outras marcas já existentes, após as intervenções estatais na elevação do Imposto de Importação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por todo o exposto e através do estudo realizado, verificou-se que o Imposto de Importação é um instrumento a serviço do bem comum, e que, além de ser responsável por uma parte da arrecadação para viabilizar os projetos governamentais, possui uma importante função regulatória da economia nacional e da balança comercial, função essa chamada de extrafiscalidade.

Os impostos, em geral, devem obedecer aos princípios expostos na Constituição Federal, porém ao Imposto de Importação não cabe a incidência dos Princípios da Legalidade e da Anterioridade da lei. Contudo, não consiste de maneira alguma em ilegalidade ou contradiz a CF, pois faz parte da natureza da figura tributária. Caso essa característica não existisse o Poder Executivo não teria como agir com firmeza e de modo legal quando necessário e em tempo viável.

Para o comércio internacional o Poder Executivo age de forma direta, não podendo se limitar a provocar o legislativo para a elaboração de leis novas devido às necessidades do setor.

Portanto, as características do Imposto de Importação são perfeitamente condizentes com as necessidades do Brasil e da visão brasileira para o comércio exterior.

Através do estudo de caso pode-se responder à questão problema e constatar que o Imposto de Importação é muito importante para a continuidade das empresas locais.

O Imposto de Importação é visto pelo governo brasileiro como um instrumento regulatório extrafiscal capaz de evitar prejuízos e o decréscimo da economia local.

As intervenções do governo no Imposto de Importação são ações prioritariamente defensivas, pois possuem a intenção de tornar as empresas nacionais mais competitivas e dar a elas a oportunidade de se espelharem nas empresas internacionais e elevarem a qualidade de seus produtos.

No caso da empresa estudada, constatou-se que, apesar da empresa estrangeira ter saído prejudicada nessa negociação, a atitude protecionista governamental foi correta e deu resultados positivos para o Brasil.

O estudo conseguiu analisar a política econômica na qual o Imposto de Importação está inserido e compreender os seus efeitos, através do entendimento de seus aspectos legais.

(17)

REFERÊNCIAS

AMORA, Soares. Minidicionário da Língua Portuguesa. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário brasileiro. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. BIZELLI, João dos Santos; BARBOSA, Ricardo. Noções básicas de importação. 9 ed. São Paulo: Aduaneiras, 2002.

BRASIL. Código Tributário Nacional. De 25 de outubro de 1966. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm>. Acesso em 18 de Janeiro de 2013.

______. Comércio Exterior. Disponível em

<http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/imposto-de-importacao---ii.htm>. Acesso em 15 de Janeiro de 2013.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Publicado no Diário Oficial da União em 05 de outubro de 1988. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%A7ao.htm>. Acesso em 18 de Janeiro de 2013.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao67.htm>. Acesso em 19 de Janeiro de 2013.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao91.htm>. Acesso em 19 de Janeiro de 2013.

______. Decreto nº 4.543. Trata das atividades aduaneiras. De 26 de dezembro de 2002. Disponível em <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/Decretos/2002/dec4543.htm>. Acesso em 16 de Maio de 2013.

______. Decreto nº 6.759. Trata da consolidação das atividades aduaneiras. De 5 de fevereiro de 2009. Disponível em

<http://planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6759.htm#art820>. Acesso em 18 de Janeiro de 2013.

______. Decreto-Lei nº 37. Trata do Imposto de Importação. De 18 de novembro de 1966. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0037.htm>. Acesso em 19 de Janeiro de 2013.

______. Receita Federal. Disponível em

<http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/TabTarfExt.htm>. Acesso em 15 de Janeiro de 2013.

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história.12 ed. São Paulo: Saraiva. 2011.

CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 23 ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

CERVO, Amando Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. São Paulo: Makron Books, 1996.

(18)

FABRETTI, Láudio Camargo. Código Tributário Nacional comentado. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

______. Contabilidade Tributária. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2005.

FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior. São Paulo: Dialética, 2005.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas. 1991 HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2006. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 28 ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

MANFRINATO, Paulino. Imposto de Importação: uma análise do lançamento e fundamentos. São Paulo: Aduaneiras, 2002.

MELO, Ruy de; REIS, Raul. Manual do imposto de importação e regime cambial correlato. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1970.

MOTA JUNIOR, Carlos A. de Carvalho. Imposto de Importações: características básicas. Disponível em <http://www.direitonet.com.br/art.s/exibir/3633/Imposto-de-Importacao-caracteristicas-basicas.htm>. Acesso em 22 de Janeiro de 2013.

SCHAPPO, Alexandre; MORAES, Suzana. Imposto de Importação. Disponível em

<http://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj033561.pdf>. Acesso em 03 de Janeiro de 2013. SIQUEIRA, Juliana da Silva. O caráter extrafiscal do Imposto de Importação. Disponível em <http://www.slideshare.net/ju83/mono-6450634#btnPrevious.htm>. Acesso em 05 de Janeiro de 2013.

TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 13 ed. atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Referências

Documentos relacionados

O presente artigo foi elaborado considerando que a obtenção de conhecimentos em educação financeira e finanças pessoais permite aos membros da família uma maior capacidade

Portanto, tal fato justifica uma análise por parte da empresa pagadora dos rendimentos sobre a melhor alternativa de remuneração de seus sócios ou acionistas, uma vez

semanalmente ao cliente os produtos da empresa, seja novidade ou não, além de quer se houver algum problema o representante estará ali para solucnonar e ampresa será

À Universidade Federal do Ceará, especialmente, à Faculdade de Economia, Administração Atuárias, Contabilidade e Secretariado (FEAAC), por me proporcionar um

Tendo em vista que os investidores representam uma das fontes de recursos no financiamento de ações sociais é necessário um feedback por parte das empresas

O objetivo geral da pesquisa é identificar o nível de evidenciação de informações de natureza social e ambiental das empresas do setor de Tecnologia da Informação

A Lei de Orçamento Anual (LOA) é a peça principal da contabilidade aplicada ao setor público. Durante a execução desse orçamento pode surgir a necessidade

Para responder a tal questionamento tem-se como objetivo geral analisar a evolução das receitas municipais da Região Metropolitana de Fortaleza por intermédio de