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CRÉDITO:1º a 05 de fevereiro

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CRÉDITO:1º a 05 de fevereiro

O IRPJ e o inseguro regime do lucro real

Fonte: Consultor Jurídico

Por: KiyoshiHarada

Data: 30/01/2020

A legislação do Imposto de Renda contempla três regimes tributários para contribuintes pessoas jurídicas do imposto de renda: tributação pelo lucro real; tributação por lucro presumido; e tributação por lucro arbitrado, mediante incidência de 15%. Além disso, prevê regime do Simples, pelo qual podem optar os micro e pequenos empresários com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, excetos aqueles vedados por lei.O regime do lucro real é impositivo para determinadas empresas, como aquelas com receita anual superior a R$ 78 milhões e aquelas que operam no

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setor financeiro ou as que tiveram ganhos procedentes do exterior, entre outras. Porém, outras empresas também podem optar por esse regime, desde que não estejam obrigadas a adotar o regime de lucro real.

Nesse regime, o imposto é calculado sobre a base de cálculo consistente no lucro real apurado em balanço regular. O lucro real é o lucro líquido ajustado pelas adições, exclusões e compensações prescritas em lei ou autorizadas pelo regulamento do Imposto de Renda. O lucro líquido do período de apuração, por sua vez, é a soma algébrica do lucro operacional, das receitas e despesas, e das antecipações, que deverá ser determinado com a observância de preceitos da lei comercial. Incide o adicional de 10% sobre a parcela do lucro real que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20 mil pelo número de meses do respectivo período de apuração.O contribuinte paga o imposto na exata medida do lucro efetivamente apurado. Se der prejuízo no período apurado, nada terá de pagar podendo esse prejuízo ser compensado no período posterior de apuração até o equivalente a 30%. É o regime que vai ao encontro do princípio da justiça fiscal, porém exige um trabalho laborioso.

O outro regime é o do lucro presumido, em que, como o próprio nome está a indicar, a legislação presume o lucro a ser tributado, aplicando-se um determinado percentual sobre a receita do período. Os percentuais variam de 1,6% até 32%. O menor percentual aplica-se às empresas revendedoras de combustíveis. A regra geral é de 8% aplicável às empresas em geral. O setor de prestação de serviços em geral, intermediação de negócios e administração, locação ou cessão de bens móveis, imóveis ou direitos foi contemplado com a alíquota de 32% para a apuração da base de cálculo. Sobre essa base de cálculo incidirá o imposto à razão de 15%, sem prejuízo da incidência da CSLL de 9%. É o regime simplificado do IRPJ, bastando aplicar a alíquota sobre o total das receitas do período para encontrar a base de cálculo do imposto. Pode ser operado por um cidadão comum sem necessidade de concurso de contador ou advogado, como ocorre na apuração do imposto pelo lucro real.

Finalmente, temos o regime do lucro arbitrado, em que o Fisco apura a base de cálculo do imposto na omissão do contribuinte no cumprimento de suas obrigações. Excepcionalmente o lucro pode ser arbitrado por iniciativa do contribuinte desde que seja conhecida a sua receita bruta do período.O regime do lucro real oferece oportunidades para reduzir a carga tributária, podendo chegar à desoneração do imposto por ter apurado prejuízo no período. Porém, esse regime tributário é muito complexo e de difícil operacionalização sem o concurso de técnicos especializados, só existentes nas grandes corporações. É dos mais inseguros juridicamente por conta de uma legislação dinâmica e caótica que vai de leis, decretos, instruções normativas, atos declaratórios interpretativos e outros instrumentos de menor hierarquia que infernizam a vida dos contribuintes.

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Os valores que podem ser deduzidos ou compensados variam periodicamente, e qualquer descuido do contribuinte pode ensejar a lavratura do auto de infração com imposição de pesadas multas que nem sempre guardam proporção com a gravidade da infração cometida, muitas vezes, por conta de normas burocráticas sem respaldo da lei, obrigando o contribuinte a valer-se de morosos processos judiciais para se livrar a indevida autuação.

Ao longo do exercício profissional constatamos casos de autuações milionárias, não por sonegação do imposto, mas por erro na contabilização de receitas de diferentes naturezas. Normalmente as empresas que sofrem autuações da espécie não dispõem de um departamento de contabilidade ou jurídico, valendo-se de contabilistas que prestam serviços a diversas empresas na condição de trabalhadores autônomos e que, por essa razão, não conhecem em pormenor as atividades por elas desenvolvidas, cometendo equívocos na classificação das receitas.

Daí a preferência dos contribuintes em geral pelo regime do lucro presumido, que é infinitamente mais oneroso para os contribuintes, mas compensado pela segurança jurídica que oferece. Isso explica a existência de cerca de 900 mil contribuintes que optaram por esse regime.Concluindo, em um país de epidemia de normas, que rouba do contribuinte as preciosas 2,6 mil horas de trabalho por ano para cumprimento de obrigações fiscais, nada melhor do que buscar um porto seguro, ainda que a custos elevados.

KiyoshiHarada é presidente do Instituto Brasileiro de Estudos de Direito Administrativo, Financeiro e Tributário (IBEDAFT), sócio do Harada Advogados e especialista em Direito Tributário pela USP.

https://www.conjur.com.br/2021-jan-30/kiyoshi-harada-irpj-inseguro-regime-lucro-real

Recuperação de crédito é tema de estudo da AMB e da FGV

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 30/01/2020

O Centro de Pesquisas Judiciais da Associação dos Magistrados Brasileiros (CPJ/AMB) e do Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da Fundação Getúlio Vargas (CIAPJ/FGV) deram início a um trabalho com o objetivo de entender as causas, as consequências e a estrutura do fenômeno da recuperação judicial e da insolvência — quando há mais passivos do

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que ativos, isto é, mais dívidas do que dinheiro para pagar — para reinventar as formas de resolução destes conflitos.

A pesquisa "Métricas de qualidade e efetividade da justiça brasileira: o tempo e o custo de um processo de recuperação de crédito" conta com a participação de juízes, desembargadores e ministros das cortes superiores, que têm até segunda-feira (1º/2) para colaborarem preenchendo o formulário disponível neste link.De acordo com a presidente da AMB, Renata Gil, a falência é um tema que fomenta amplo debate, principalmente no atual contexto da pandemia e da na nova Lei de Falências (Lei nº 14.112/2020), em vigor desde o último sábado (23/1). "A pesquisa dará subsídios para qualificar a atuação do Sistema de Justiça já com base na nova legislação, que é um dos pilares para a análise do cenário macro, identificado e avaliado pela pesquisa", ressaltou.

O estudo é coordenado pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e diretor do CPJ, Luis Felipe Salomão, e visa não só avaliar o gasto e o tempo de duração de ações de recuperação judicial, bem como identificar os gargalos do processo. "A análise vai servir de estímulo aos investimentos. Queremos fazer com que os investidores entendam o sistema financeiro brasileiro", enfatizou.Além dos magistrados, representantes do Banco Mundial, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), dos tribunais de justiça, advogados especializados e empresas recuperandas integram o estudo que analisará, também, elementos que possam ter contribuído para uma melhor avaliação de outros países no ranking do Doing Business. Cada um deles responderá um formulário específico.

O trabalho é realizado em parceria com o Fórum Nacional de Juízes de Competência Empresarial (Fonajem), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), com apoio do Instituto Recupera Brasil (IRB). A previsão é que o trabalho seja concluído até o fim do primeiro semestre de 2021.

https://www.conjur.com.br/2021-jan-30/recuperacao-credito-tema-estudo-amb-fgv

TRF-4 mantém público acórdão que denegou HC a líder

cooperativista de SC

Fonte: Consultor Jurídico

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Salvo casos excepcionais, deve prevalecer a regra de que as ações penais são públicas. Por isso, o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, rejeitou pedido de sigilo processual sobre acórdão que denegou Habeas Corpus impetrado pela defesa do presidente da SicoobCredisulca (Cooperativa de Crédito Rural Sul Catarinense), RomanimDagostin, de Turvo (SC).O HC, impetrado originalmente na 1ª Vara Federal de Criciúma (SC), visa a trancar inquérito aberto pela Polícia Federal para apurar irregularidades cometidas por Dagostin e seus familiares por fatos ocorridos entre os anos de 2010 e 2012. A defesa alega excesso de prazo para a conclusão das investigações e ausência de justa causa para a persecução penal.

Na petição, a defesa do cooperativista reclama que, apesar de baixado desde 16 de setembro de 2020, o acórdão do agravo regimental em Habeas Corpus 5021584-88.2020.4.04.0000/SC, que denegou a ordem, continua disponível para livre consulta no site do TRF-4, permitindo que seja utilizado de "maneira ardilosa" por pessoas de má índole. Tudo com o único objetivo, garante, de denegrir a imagem da família Dagostin.

Proteção à intimidade

Thompson Flores Lenz, que relatou o acórdão de agravo, não viu motivos para impor segredo de justiça, já que o julgamento não expôs elementos que viessem a prejudicar o direito constitucional de proteção à intimidade do paciente. Ainda: a hipótese concreta não se amolda às situações excepcionais que justificam a mitigação da publicidade dos atos processuais.

"Ademais, verifica-se que o feito se encontra na fase de Inquérito Policial, de modo que o momento é de investigação dos fatos, não tendo havido qualquer abordagem no voto que expusesse aspecto da vida privada e da intimidade do paciente, ou mesmo a exposição de qualquer documento acobertado por sigilo, que pudesse justificar o resguardo de acesso ao respectivo conteúdo", complementou no despacho, proferido no dia 25 de janeiro.

As acusações contra Dagostin e sua família

O dirigente e líder cooperativista RomanimDagostin é alvo de inquérito policial instaurado por requisição do Ministério Público Federal de Santa Catarina (MPF-SC) para apurar eventual prática de crime previsto no artigo 5º da Lei 7.492/86 (Lei de Crimes Financeiros) — "Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no artigo 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio".

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As investigações da Polícia Federal tiveram início após o envio de representação anônima, que narrou diversas irregularidades, em tese, que teriam sido cometidas pelo presidente RomanimDagostin, pela gerente administrativa Eveline Marcon Francisco Dagostin e por outros dirigentes da instituição financeira de crédito cooperativo.

5021584-88.2020.4.04.0000/SC

https://www.conjur.com.br/2021-jan-31/trf-mantem-publico-acordao-denegou-hc-cooperativista

Banco deve indenizar por indicar conta de terceiro para

penhora online

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 31/01/2020

Banco que indica conta de cliente que não tem relação com a dívida de terceiro para penhora online comete falha na prestação do serviço. Com esse entendimento, a 36ª Vara Cível do Rio de Janeiro condenou o Bradesco a pagar indenização por danos materiais e morais a uma mulher. A decisão é de 18 de novembro de 2020 e transitou em julgado em 21 de janeiro de 2021.

Ela mantinha conta corrente no Bradesco, sendo representada por sua mãe quando criança. Quando completou 18 anos, solicitou a migração de sua conta de movimentação por representação para uma movimentação isolada. No entanto, o banco não regularizou a questão e vinculou os ativos de sua conta ao CPF de sua mãe, que respondia a uma ação judicial em fase de execução. Uma tentativa de penhora online nesse processo bloqueou e transferiu todos os ativos da conta da mulher, zerando o saldo então existente.

Em razão da falha do serviço, a mulher ajuizou ação indenizatória contra o banco. O advogado Marcus Vinicius Reis, sócio do escritório Reis Advogados e que representou a cliente no processo, disse que não há como confundir a natureza de cada parte na relação jurídica. "Os ativos que lá se encontram são e sempre foram única e exclusivamente da autora. Ora, os genitores, tutores e curadores não são titulares dos ativos dos seus representados. Ou seja, não há que se confundir a natureza jurídica de uma representação de uma titularidade. E, no caso dos autos, a mãe da autora nunca foi a titular do dinheiro que lá estava", diz.

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Em contestação, o Bradesco sustentou que a autora não comprovou que o notificou sobre o fim da representação da conta corrente. E disse que ela não buscou solucionar o conflito administrativamente.O juiz Rossidelio Lopes da Fonte apontou que a conta da autora não poderia ter sofrido constrição judicial relacionada à dívida de terceiro. Segundo o julgador, a medida representa falha na prestação do serviço.Dessa maneira, o juiz condenou o Bradesco a pagar indenização por danos materiais (de R$ 5.875,24, valor que estava na conta no momento da penhora) e por danos morais (de R$ 5 mil).

https://www.conjur.com.br/2021-jan-31/banco-indenizar-indicar-conta-terceiro-penhora

CNJ e Receita Federal unem esforços para estudar

contencioso tributário

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 31/01/2020

O Conselho Nacional de Justiça e a Receita Federal se uniram para montar uma radiografia do contencioso tributário no país. A ideia é que o comitê identifique os principais gargalos no sistema processual tributário administrativo e judicial e apresente estudos e pareceres técnicos sobre os temas.O grupo também pretende identificar o tempo médio de um processo tributário e as principais consequências do não aproveitamento dos atos praticados no contencioso administrativo pelo contencioso judicial, para maior eficácia e efetividade da justiça tributária.

O comitê deverá indicar melhorias nas áreas estudadas para não só garantir uniformidade e celeridade na resolução dos litígios, mas também para diminuir o volume de processos em tramitação, "extirpar a litigância frívola na seara fiscal e conferir maior eficiência ao sistema de justiça tributária".Foram instituídos três subcomitês: Geral, Administrativo Tributário e Judicial Tributário. Dentre os convidados estão procuradores da Fazenda, secretários da Receita, a presidente do Carf e membros do Judiciário.

Para representar a OAB foram chamados os advogados Luiz Gustavo Bichara, Mattheus Reis e Montenegro, Eduardo Maneira, e Fabio Artigas Grillo. A portaria prevê que podem ser convidados outros membros, como representantes de instituições de pesquisa e membros do

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Conselho Federal de Contabilidade.Os resultados deverão ser apresentados ao Conselho Nacional de Justiça, à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil e à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.A portaria é assinada por José Barroso Tostes Neto, secretário especial da Receita Federal, e Marcus Livio Gomes, secretário especial de Programas, Projetos e Gestão Estratégica (CNJ).

Mais diálogo

Em nota, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) reforçou necessidade de audiências públicas para complementar as discussões sobre o tema. Para o auditor fiscal Mauro Silva, presidente da Unafisco, a iniciativa não pode gerar "apenas mais um relatório". Ele defende que se torne "um instrumento para exigir mudanças das autoridades do governo e parlamento".

"É preciso cuidado para que tenhamos preservados os interesses da sociedade fazendo valer o Código Tributário Nacional, sem abrir espaço para interferências externas, que caminhem para a arbitragem ou não respeitem a atividade administrativa plenamente vinculada exercida pelos Auditores Fiscais da Receita Federal", disse.

https://www.conjur.com.br/2021-jan-31/cnj-receita-federal-unem-estudar-contencioso-tributario

Vetos à nova Lei de Falências terão efeitos retroativos se

derrubados?

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Luiz Antonio Sampaio Gouveia e Maria Edith Camargo Ramos Salgretti

Data: 02/02/2020

O presidente Jair Bolsonaro, em 24 de dezembro passado, sancionou e promulgou a Lei nº 14.112, que altera dispositivos da Lei de Falências e de Recuperação Judicial (Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005). Entre outros pontos, essa lei (14.112/20) permite ao empresário melhores condições para operacionalização de sua recuperação judicial, incentivando financiamentos de terceiros para as sociedades empresárias, na fase em que elas estejam se recuperando, e

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disciplina o parcelamento de dívidas tributárias delas, de índole federal, prevendo ainda a apresentação de plano de recuperação judicial pelos credores, inviabilizado aquele apresentado pela recuperanda, primeiramente, e regrando a falência e a recuperação transnacionais.

O presidente vetou, contudo, importantes ajustes para o processo falimentar e recuperacional de empresas, advindos do Congresso e contributivos com a livre negociação de acervos empresariais das sociedades recuperandas e das falidas, necessários à recuperação das primeiras e à liquidação ótima das segundas, o que vem preocupando os que atuam em prol da preservação e bom funcionamento da economia brasileira, por via da recuperação de empresas economicamente viáveis e necessárias ao desenvolvimento e à preservação de empregos nacionais.

Questão que preocupa os advogados e demais operadores jurídicos e administrativos da área de falências e de recuperações judiciais é se, caso os vetos sejam derrubados pelo Congresso, as disposições anteriormente vetadas terão validade e eficácia. Sem dúvida que no processo legislativo constitucional, em atenção ao princípio da separação dos poderes, como no sistema de freios e contrapesos, que equilibra a República, o presidente tem o poder de sanção, promulgação e veto dos projetos legislativos emanados do Congresso Nacional, e se a Presidência sanciona e promulga uma lei e a veta no todo ou em parte, a palavra final, quanto ao que foi vetado, para viger ou não no ordenamento jurídico, estará com o Poder Legislativo, que pode acatar ou rejeitar o veto do Executivo nos termos do artigo 66 da Constituição da República Federativa do Brasil, e quando há veto parcial o processo legislativo é desmembrado. A parte não vetada e, pois, sancionada e promulgada pelo presidente, segue para publicação, após o que ela ganha eficácia, consumando o processo de feitura da lei quanto ao publicado, ao passo que a parte vetada retorna ao Congresso Nacional para nova apreciação pelos parlamentares.

Há entendimento doutrinário de que o decreto do Legislativo que derruba o veto e vem a inserir os dispositivos dele antes vetados no ordenamento jurídico corporificará uma nova lei, depois de promulgada/publicada, e, nesse sentido, constitucionalmente, não teria efeito retroativo para viger desde o mesmo dia 21 de janeiro de 2021 em que a Lei 14.112/20, entrou em vigor. O que seria um prejuízo para o sistema de recuperação de empresas e preservação de acervos de empresas falidas, notadamente em vista da protelação de importantes tópicos dela, que, não sendo possíveis de se concretizarem desde 21 de janeiro, terão desnaturado o espírito da lei.

A preocupação dos operadores do Direito da área é justificada ao avaliar se os dispositivos vetados, quando em vigor, poderão ter efeito retroativo, já que beneficiam e favorecem a continuidade da empresa recuperanda ou a melhor liquidação da falida, também porque o Congresso Nacional somente retomou os seus trabalhos nesta segunda-feira (1º/2) e a se ter que o

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prazo para o Congresso votar esses vetos é de 30 dias, derrubando-os ou não. Vindo, ademais, após essa votação, a transcorrerem os prazos para promulgação e publicação dos vetos derrubados, que aumentarão certamente o período de ineficácia dos dispositivos por ele vetados em face das disposições constitucionais. Por tudo isso, aumentando a intranquilidade que aflige os jurisdicionados e os operadores do Direito.

É que a função social das empresas constitui a ratio essendi da Lei de Falências, à luz da Constituição da República Federativa do Brasil, cuja mens legis não nos leva a outra saída que não seja a retroatividade legal, para que sejam aplicadas retroativamente as novas disposições da Lei de Falência e de Recuperação Judicial cujos vetos vierem a ser derrubados, para entrar em pleno vigor.

O espírito da lei falimentar nos leva a um único caminho, a buscar no princípio da lex mitior, que ora se empresta do Direito Penal para garantir isonomia dos jurisdicionados e os ditames do artigo 47 da Lei de Falências e Recuperação Judicial, principalmente enquanto vetor dos direitos sociais e trabalhistas, da erradicação da pobreza, da continuidade de prestações de serviços e para o fornecimento de produtos necessários à economia e em prol do desenvolvimento brasileiro, ainda aprimorando a tão necessária e justa e equânime distribuição de riquezas, para estimular a atividade econômica empresarial, assegurando empregos e riquezas à sociedade como um todo.

A mens legis é irretorquível e revela a importância social e econômica das empresas se recuperarem: "Artigo 47 — A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica".

Assim, devem ser aplicados retroativamente os dispositivos vetados pela Presidência da República, se o Congresso Nacional cassar os vetos que os inibem de viger, já que auxiliam a recuperação de empresas viáveis e a boa liquidação das falidas, a resultar em benefício da própria sociedade, porque a atividade econômica empresarial tem função social relevante e vetorial, notadamente por ser fonte de empregos, além de adequar os fatores de produção para criação ou circulação de bens e serviços, em benefício coletivo.

Destarte e em consonância com o artigo 47 da Lei de Falências, podemos destacar o próprio preâmbulo de nossa Constituição da República Federativa do Brasil: "Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça (…)".

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Sendo fundamento da República, conforme artigo 1º, inciso IV, da Constituição da República Federativa do Brasil, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o que se frisa, igualmente, no artigo 6º nela constituído e que trata dos direitos sociais e no artigo 170 dessa carta, a enfocar a ordem econômica e financeira, com especial atenção para seu artigo 193, que dispõe sobre o primado do trabalho, em nossa ordem social, objetivando bem-estar e justiça social para todos.

Logo, o ponto de partida e o ponto final de todo e qualquer dispositivo legal atinente a temas de recuperação judicial e falência deve ser, sempre e impreterivelmente, a ótima preservação da atividade empresarial e da função social da empresa, enquanto nortes principiológicos da ordem econômica constitucional. Por derradeiro, uma forma segura garantir a vigência dos dispositivos vetados de forma retroativa, se suprimidos pelas Câmaras Legislativas, em prol do Direito Empresarial moderno e constitucional, será, mais uma vez, a jurisprudência que vai garantir e assegurar a concretização dos valores constitucionais fundantes da ordem econômica brasileira. Como no passado já se decidiu no STF que os dispositivos vetados, derrubados os vetos pelo Congresso Nacional, vigem a partir da mesma data em que passou a viger a lei, em cujo texto eles foram lançados pelo presidente da República.

A própria occasio legis, que consiste nas circunstâncias do momento da entrada em vigor da lei, deve ser considerada, haja vista que, no atual contexto caótico de pandemia, em uma das maiores crises econômicas, sociais e humanas que o mundo e notadamente o Brasil vivem, dispositivos que beneficiem a atividade econômica empresarial, especialmente de empresas que estão tentando se recuperar e sejam essenciais à regularidade de seus mercados, são cruciais e devem, sim, ter efeito retroativo, se aprovados pelo Poder Legislativo, em consequência da supressão de vetos presidenciais, para garantir e preservar a ordem econômica constitucional e, conseguintemente, a dignidade da pessoa humana, em senso individual, coletivo e social, portanto.

Luiz Antonio Sampaio Gouveia é advogado, sócio de Sampaio Gouveia Advogados Associados, conselheiro do IASP e do Con-sea/FIESP, mestre em Direito Constitucional pela PUC-SP, especialista em Administração Contábil e Financeira pela Escola de Administração de Empresas da FGV, especialista em Direito Penal Econômico pela GVlaw e ex-conselheiro da OAB-SP e da AASP.

Maria Edith Camargo Ramos Salgretti é advogada, sócia da Sampaio Gouveia Advogados Associados, pós-graduada em Direito Penal Eco-nômico pelo Instituto de Direito Penal Econômico e Europeu da Universidade de Coimbra e especialista em Direito Penal e Processual Penal pelas Faculdades Metropolitanas Unidas.

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Desvio de verba do Fundo de Investimentos da Amazônia é

crime tributário

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 02/02/2020

O mal-uso dos recursos oriundos do Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam) e administrados pela Superintendência Desenvolvimento Amazônia (Sudam) não se amolda ao crime de estelionato majorado, previsto no parágrafo 3º do artigo 171 do Código Penal. Com esse entendimento, o ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça, concedeu a ordem em Habeas Corpus para reclassificar a conduta de um réu para a prevista no artigo 2º, inciso IV da Lei 8.137/1990, que define crimes contra a ordem tributária.

O réu, defendido no caso pelo advogado João Camargo Saoncella, fora condenado por estelionato pelas instâncias ordinárias. A justificativa mantida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região foi de que, além de os recursos do Finam serem mal aplicados, foram desviados para benefício particular dos réus. A decisão atacada via HC indicou que os réus aplicavam pequena parte do dinheiro nas obras planejadas e revertiam o resto em pagamentos a pessoas física e jurídicas variadas, que não guardam relação direta com o empreendimento.

Relator, o ministro Nefi Cordeiro apontou que a jurisprudência pacífica do STJ indica que a malversação dos recursos oriundos do Finam e administrados pela Sudam se amoldam ao tipo penal previsto no artigo 2º, inciso IV da Lei 8.137/1990. A readequação levou à extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, já que o réu cometeu os crimes entre março de 1999 e setembro de 2000, mas a denúncia só foi oferecida em abril de 2007, mais de quatro anos depois.

Até então, a condenação era de quatro anos e dois meses de reclusão, no regime semiaberto, além de 533 dias-multa.

HC 616.810

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Banco que não segue regras do BC sobre abertura de conta é

responsável por fraude

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 03/02/2020

O juízo da 22ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o Itaú Unibanco a indenizar no valor de R$ 68,5 mil um homem que teve uma conta corrente aberta por um estelionatário. O autor da ação sustenta que a abertura da conta corrente não obedeceu às disposições dos artigos 1º e 3º da Resolução 2.025/93 do Banco Central. Ao analisar a matéria, o relator, desembargador Roberto Mac Cracken, apontou que a regulação bancária prevê especificamente os procedimentos de abertura de contas correntes, sendo obrigação das instituições financeiras acatá-las, com o fim de impedir a prática de ilícitos por meio de sua estrutura.

Para o relator, não resta dúvida de que o banco tem "responsabilidade pela abertura de conta corrente fraudulenta, que possibilitou a atuação de terceiro estelionatário no acometimento de prejuízo à parte requerente".

O magistrado ainda afastou a alegação do banco ter sido vítima de estelionato. "Em primeiro lugar porque, insista-se, não foram observadas as imprescindíveis cautelas dos artigos 1º e 3º da Resolução 2.025/93, do Banco Central do Brasil. Em segundo lugar porque, nos termos da Súmula 479, do Colendo Superior Tribunal de Justiça: 'As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias'", pontuou. O entendimento do desembargador foi seguido por unanimidade.

Regras necessárias

A obediência aos artigos 1º e 3º da Resolução 2.025/93 se tornou ainda mais necessária após o vazamento dos dados de milhões de brasileiros. A falha foi descoberta pela empresa especializada em segurança digital Psafe, com listagem de 223 milhões de CPFs, além de dados cadastrais e informações econômicas, fiscais, previdenciárias, perfis em redes sociais, escore de crédito e fotografia pessoal.

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As regras da resolução do Banco Central elencam os documentos a serem apresentados pelo consumidor e o procedimento a ser seguido pelas instituições financeiras quando da abertura de uma conta corrente. Seu artigo 3º, por exemplo, disciplina que as informações constantes da ficha-proposta, bem como os elementos de identificação e localização do proponente, devem ser conferidos à vista de documentação competente, observada a responsabilidade da instituição pela verificação acerca da exatidão das informações prestadas. Caso sejam seguidas à risca pelos bancos, diminuem as chances de que estelionatários abram contas em nomes de pessoas cujos dados foram vazados.

1002311-18.2018.8.26.0615

https://www.conjur.com.br/2021-fev-03/banco-nao-obedece-resolucao-bacen-responsabilidade-fraude

O fim da exigência do adicional de 1% do Cofins-Importação

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Luis Carlos Fay Manfra

Data: 03/02/2020

O adicional da Cofins-Importação, exação implementada pela primeira vez no ano de 2011, por meio da MP nº 540/2011 (à época, no patamar de 1,5%), sofreu diversas modificações, perdas de vigência e reinstituições com o passar dos anos. A sua última instituição se deu por meio da Lei nº 13.670/2018, que previu a incidência do adicional de 1% apenas até a data de 31/12/2020. Portanto, não tendo havido prorrogação, desde o dia 1º de janeiro o adicional não possui mais base legal para ser exigido pela União.

Essa exação foi implementada como uma contrapartida à desoneração da folha de pagamentos, de modo que, até então, a desoneração e o adicional sempre caminharam juntos. No último ano, a MP 936/2020, posteriormente convertida na Lei nº 14.020/2020, ao tratar do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, não previu nem a desoneração, nem o adicional. No entanto, o Congresso Nacional acabou incluindo previsão para a prorrogação das duas medidas durante a tramitação da conversão da MP em lei.

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O Poder Executivo vetou ambas as inclusões, mas o veto sobre a desoneração da folha foi derrubado pelo Congresso, de modo a prorrogá-la. Já o veto sobre o adicional de 1% foi mantido, e o adicional seguiu sem prorrogação, perdendo eficácia em 31 de dezembro. Esse descasamento entre adicional da Cofins-Importação e desoneração da folha poderá levar a União a pretender reinstituir o primeiro. Todavia, a anterioridade nonagesimal deverá ser respeitada, pois não se estará diante de (simples) prorrogação, mas de nova instituição da exação. Na prática, caso o governo venha a instituir novamente o adicional por meio de medida provisória, e o faça sem respeitar a noventena, os contribuintes terão argumento sólido para questionar a constitucionalidade da exigência nos primeiros 90 dias.

Em 2017, situação similar ocorreu quando o governo editou a MP 774/2017, revogando o §8º do artigo 21 da Lei nº 10.865/04, que previa o adicional, e alguns meses depois editou a MP 794/2017, revogando a anterior MP e, com isso, reinstituindo, de imediato, o adicional de 1%. Na oportunidade, os TRFs e o próprio STJ proferiram diversas decisões em favor dos contribuintes, no sentido de que a anterioridade nonagesimal deveria ter sido observada.

Portanto, caso isso ocorra novamente — isto é, caso haja nova instituição de adicional de Cofins-Importação com exigência de imediato —, os contribuintes impactados podem propor discussão judicial visando à observância da anterioridade nonagesimal.

Luis Carlos Fay Manfra é advogado no escritório Pimentel & Rohenkohl Advogados Associados.

https://www.conjur.com.br/2021-fev-03/manfra-fim-exigencia-adicional-cofins-importacao

Entenda os caminhos da reforma tributária

Fonte: Consultor Jurídico

Data: 03/02/2020

As reformas tributárias devem ser uma prioridade do Congresso neste ano. Nesta terça-feira (2/2), o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, declarou que o parecer da reforma tributária deverá unificar aspectos de todas as propostas legislativas sobre o assunto. Para quem busca entender o confuso cenário das reformas propostas, a ConJur Editorial

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acaba de lançar o livro "Reformas Constitucionais Tributárias e Financeiras em Tempos de Covid-19", do tributarista e professor da USP Fernando Facury Scaff.

Colunista da ConJur, Scaff analisa com profundidade os impactos dos diferentes tipos de reforma possíveis e, muitas vezes, necessárias. Segundo o advogado, as reformas tributária e financeira estão em aberto desde o início da Nova República, o que demonstra a necessidade de ajustes no sistema tributário contemporâneo.

Ainda assim, o professor entende que é necessário cautela nas modificações, para evitar o desgaste das cadeias produtivas. Ele também aponta que reformas tributárias estruturais não devem ser prioridade durante a crise sanitária, que exige a preservação da saúde, da vida, dos empregos e das empresas. Em seu novo e-book, à venda por R$ 19,90 na Amazon, Scaff reúne suas análises sobre o tema, publicadas na ConJur nos últimos dois anos, em uma coletânea temática.

https://www.conjur.com.br/2021-fev-03/entenda-caminhos-reforma-tributaria

Amortização fiscal do ágio em caso de assimetria entre 'laudo

fiscal' e 'contábil'

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Carlos Augusto Daniel Neto e Lucas Martini de Aguiar

Data: 03/02/2020

Em nossa primeira coluna de 2021, gostaríamos de retomar o controverso tema da amortização fiscal do ágio, com ênfase em uma questão específica, ainda pouco explorada nos acórdãos do Carf, mas que potencialmente afeta centenas de operações de reestruturação societária que ocorreram durante a vigência do Regime Tributário de Transição (RTT): o impacto fiscal de eventuais assimetrias existentes entre os laudos (que dão suporte à operação societária, evidenciando sua perspectiva econômica) “fiscais”[2] (elaborados indicar o fundamento econômico do ágio pago) e “contábeis” (destinado à mensuração da mais ou menos valia líquida dos ativos e passivos da empresa adquirida).

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Apenas para situar devidamente a problemática endereçada, convém rememorar que o art. 20 do Decreto-lei nº 1.598/77 estabelecia que o ágio tivesse caráter residual em relação ao valor de patrimônio líquido (PL) equivalente à participação adquirida, devendo o seu registro contábil indicar o seu fundamento econômico[3], com base em demonstração arquivada como comprovante da escrituração (o mencionado “laudo fiscal”). Essa classificação do fundamento do ágio pago se torna absolutamente relevante, para fins fiscais, a partir da Lei nº 9.532/97, que autoriza a amortização do ágio decorrente de expectativa de rentabilidade futura, após ocorrência de confusão patrimonial entre a investidora e a investida.

Com a Lei nº 12.973/14, houve a adaptação definitiva da legislação do imposto de renda aos novos padrões de contabilidade, que foram introduzidos no Brasil a partir da Lei nº 11.638/07. Nesse ínterim, entretanto, a partir de 2008 esteve em vigência o RTT, estabelecido pela MP nº 449/08 (convertida na Lei nº 11.941/09), que visava neutralizar os efeitos fiscais das novas regras contábeis sobre a apuração do Lucro Real da pessoa jurídica, mantendo-se assim os métodos e critérios vigentes em 31/12/2007.

Nesse contexto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou o Pronunciamento CPC 15 – Combinação de Negócios, em 2011, que substituiu os parâmetros de registro contábil do sobrepreço pago pela participação social, passando a exigir a mensuração do valor justo de ativos e passivos da investida, para fins de alocação de parte do custo de aquisição (“Purchase Price Allocation” - PPA), sendo o goodwill apenas a parcela que ultrapassasse a soma desse montante e do PL.

Eis, pois, a assimetria que dá origem à controvérsia: se por um lado a legislação fiscal exigia que o documento expusesse as motivações econômicas do ágio pago, em relação ao PL, de outro, o PPA demandava uma avaliação mais objetiva de intangíveis e da mais ou menos-valia de ativos e passivos adquiridos, para só após a alocação do preço nesses elementos patrimoniais, fosse mensurado o goodwill, em caráter residual.

Nesse sentido, o entendimento da Receita Federal, exarado na Solução de Consulta Cosit nº 03/2016, foi no sentido de que não haveria margem de subjetividade na identificação do fundamento econômico do ágio, devendo o mesmo ser enquadrado nas hipóteses legais, com base no demonstrativo arquivado. Ocorre que, na prática, muitos contribuintes elaboravam uma documentação fiscal (“laudo fiscal”), baseado na motivação econômica do sobrepreço pago, e uma documentação contábil (“laudo contábil”), com base nos critérios de PPA, do Pronunciamento CPC 15, adotando o primeiro como parâmetro para a mensuração do goodwill fiscalmente amortizável.

Assim, para fins tributários, o contribuinte entendia que durante o RTT deveria prevalecer um critério mais subjetivo de mensuração do ágio (o que não se confunde com arbitrariedade,

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tendo em vista que demanda demonstração), reconhecendo o goodwill nos casos em que a capacidade de geração de riqueza futura da investida representasse a motivação econômica para a celebração do negócio em valor superior ao PL.

Por outro lado, em relação a essa mesma operação, o contribuinte desdobrava o custo de aquisição do investimento de acordo com as regras de PPA, para fins de conformidade às normas contábeis. Nesse contexto, a assimetria entre a documentação providenciada pelo contribuinte — para fins de adimplemento às respectivas normas contábeis e fiscais vigentes — tem se demonstrado como ponto de controvérsia para que o Fisco pretenda a requalificação da fundamentação econômica indicada ao ágio para fins tributários e, especialmente, para o cálculo do valor passível de amortização fiscal.

O tema foi analisado no âmbito do Carf em quatro oportunidades, a partir de 2019, todos por um mesmo colegiado, e a questão ainda não foi especificamente enfrentada pela 1ª CSRF. Em todos eles, o fundamento da autuação era a necessidade da apuração do goodwill se dar de forma residual, após a alocação do sobrepreço nos outros fundamentos, mesmo para período anterior à Lei nº 12.973/14.

No Acórdão nº 1201-003.201[4], julgado pelo voto de qualidade, o contribuinte possuía um laudo fiscal, com base no fluxo de caixa descontado, utilizando como fundamento do ágio a expectativa de rentabilidade futura, e um laudo contábil, de acordo com as regras do CPC 15. Sobre o caso, o relator aponta que a mensuração de ativos pode se dar de diversas formas, tanto pelos valores de entrada (custo histórico; custo histórico corrigido; custo corrente ou de reposição; custo de reposição corrigido; ou custo de reposição futuro), quanto pelos valores de saída (valor realizado; valor corrente de venda; valor realizável líquido; valor de liquidação; valor de realização futuro; ou valor presente do fluxo de caixa futuro), concluindo que sob o ponto de vista econômico, um mesmo ativo poderia ter um valor realizável líquido e um valor de rentabilidade futura da sua utilização, e que ambos poderiam ser fundamento econômico para o pagamento do sobrepreço, sem qualquer ordem de escolha específica. Após tecer considerações explicativas sobre CPC 15, o relator conclui pela inexistência de obrigatoriedade de uma alocação residual do ágio no goodwill, para fins fiscais.

O voto vencedor, entretanto, foi no sentido de que a alocação seria vinculada, em conformidade com a natureza jurídica da perda de capital da amortização fiscal do ágio decorrente de incorporações, conforme o art. 34 do DL nº 1.598/77[5]. O redator afirmou que a regra que tratava da dedutibilidade, como perda de capital, do resíduo devedor entre o valor da participação societária na empresa extinta e do seu acervo líquido avaliado a mercado na incorporação, juntamente ao artigo 7º da Lei nº 9.532/97, que determinava o reconhecimento de intangíveis

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identificados na investida, dimensionava de forma mais adequada esse valor residual que seria, efetivamente, o ágio decorrente da rentabilidade futura. Nesse sentido, conclui que a Lei nº 12.973/14, ao tratar o goodwill como valor residual após a identificação do PL e dos ativos líquidos a valor justo, apenas tornou claro entendimento que já decorreria da legislação vigente.

Ademais, também é digna de nota a erudita declaração de voto da Conselheira Bárbara Melo Carneiro, na qual explicita as razões pelas quais discorda da premissa assumida pela fiscalização de que o resultado do laudo fiscal e do laudo contábil deveria ser sempre o mesmo. O mesmo entendimento foi mantido nas demais discussões sobre esse tema, havidas nos Acórdãos nº 1201-003.202[6], 1201-003.581[7]e 1201-003.582[8].

Trata-se de um tema relevante e eminentemente técnico, mas cujo debate, para o futuro, deve ser objeto de manifestações dos demais colegiados, mormente em razão das novas regras estabelecidas pela legislação para a resolução de empates nos julgamentos, tendo em vista a circunstância dos julgamentos terem se dado pelo voto de qualidade.

Carlos Augusto Daniel Neto é sócio do escritório Daniel & Diniz Advocacia Tributária, doutor em Direito Tributário pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Direito Tributário pela PUC-SP, ex-conselheiro titular da 1ª e 3ª Seções do Carf e professor em cursos de pós-graduação. Lucas Martini de Aguiar Advogado no escritório Huck Otranto Camargo Advogados, mestrando em Direito Tributário pela USP e pós-graduando no Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT).

https://www.conjur.com.br/2021-fev-03/direto-carf-amortizacao-fiscal-agio-assimetria

O uso de criptomoedas para integralização do capital social

de empresas

Fonte: Consultor Jurídico

Por: Gabriel Magalhães Comegno

Data: 04/02/2020

No dia 20 de outubro de 2020, através do Ofício Circular nº 4.081/2020, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo informou

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que, a partir de agora, há a possibilidade de utilização de criptomoedas para a integralização do capital social de empresas. O ofício foi expedido após consulta formal realizada pela Junta Comercial do Estado de São Paulo questionando a natureza jurídica das criptomoedas e a possibilidade de utilizá-las na integralização do capital social, bem como as formalidades necessárias para a realização de seu registro.

Inicialmente, para melhor compreensão do tema, faz-se necessário discorrer acerca da natureza jurídica do capital social bem como o conceito de criptomoedas, para posterior análise da legislação vigente. O capital social é o montante bruto inicial e essencial para o início das atividades e que deve estar previsto no estatuto social da empresa, isto é, são os valores ou bens disponibilizados pelos sócios no momento da criação do negócio.

Na definição de José Luiz Bulhões Pedreira e Alfredo Lamy Filho, capital social é a cifra, fixada no estatuto social, do montante das contribuições prometidas pelos sócios para formação da companhia que a lei submete a regime cogente, cujo fim é proteger os credores sociais, ato este, também conhecido no direito inglês por "doctrine of capital maintenance" [1] e assenta-se na ideia da limitação da responsabilidade dos sócios [2].

Ou ainda, nas palavras de Marlon Tomazette (2017), "nas sociedades em geral, o capital social é formado pela soma das contribuições dos sócios, que são destinadas à realização do objeto social e representa aquele patrimônio inicial, indispensável para o início das atividades sociais. O capital cumpriria três funções básicas: a função de produtividade, a função de garantia e a função de determinação da posição do sócio" [3].

Por sua vez, as criptomoedas (ou criptoativos) são ativos virtuais, protegidos por criptografia, não residindo em qualquer registro digital de nenhuma instituição financeira, mas, sim, presentes exclusivamente em registros digitais, cujas operações são executadas e armazenadas em uma rede de computadores. Entre os maiores exemplos, temos Bitcoin, Ethereum e Tether. Esses ativos surgiram com a intenção de permitir que indivíduos ou empresas efetuem pagamentos ou transferências financeiras eletrônicas diretamente a outros indivíduos ou empresas, sem a necessidade da intermediação de uma instituição financeira. Tal propósito serviria — inclusive — para pagamentos ou transferências internacionais [4]. A Lei de Sociedades Anônimas (Lei 6.404/1976), em seu artigo 7º, dispõe que o capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.

De mesmo modo, prevê o artigo 997, inciso III, do Código Civil brasileiro que o capital da sociedade, expresso em moeda corrente, pode compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária. Assim, tendo em vista que os criptoativos são passíveis de avaliação em dinheiro, isto é, é possível mensurá-los e precificá-los em valores reais,

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compreende-se a possibilidade de utilizá-los na integralização do capital social de uma empresa nos termos da lei.

Entretanto, há de se atentar que a Lei de Sociedades Anônimas impôs restrições na utilização de bens para a integralização do capital social, ao excluir bens estranhos ao objeto social da empresa. "Não se pode, com efeito, conceber a conferência de bens que não tenham uma função de produtividade e, portanto, de instrumento de realização dos fins empresariais da companhia, enunciados em seu objeto social. Daí decorre que não se pode admitir a entrada de qualquer bem para a conta de capital que não tenha uma utilidade efetiva e concreta para a empresa. (...) Desse modo, a formação do capital com contribuições em bens não relacionados com a realização do objeto social não pode ser admitida" [5].

Superada essa questão, eis que surge outra preocupação, qual seja, a alta volatilidade característica dos criptoativos. Ainda que a volatilidade seja resultado da relação "oferta e demanda", assim como ocorre no mercado acionário, de acordo com seu histórico, não se pode comparar com variação de preço presente no mercado de criptomoedas, que se mostra muito maior, trazendo maior insegurança no que diz respeito principalmente à sua reserva de valor e, consequentemente, à sua precificação.

Para Renan Luiz da Silva, administrador do escritório-geral da Jucesp na Associação Comercial de São Paulo, a integralização tem gerado reflexões sobre o principal ponto, que é a forma como elas (criptomoedas) são voláteis, pois no decorrer do tempo pode gerar algum tipo de conflito entre sócios e terceiros [6].

Sendo assim, é de grande valia que se encontre uma forma de avaliar os criptoativos de modo mais seguro, a fim de evitar uma distorção no valor real da empresa. Uma opção já cogitada seria simplesmente realizar a venda do ativo (criptomoeda) e, posteriormente, utilizar o montante obtido para compor o capital social. Entretanto, os órgãos competentes não buscam por meios alternativos aos criptoativos, mas, sim, formas de utilizá-los na composição do ato constitutivo.

Portanto, temos que a utilização dessa modalidade de ativos para a integralização de capital social de uma empresa é totalmente possível, desde que respeitadas algumas condições impostas pela legislação. Assim, estamos diante de mais uma alternativa de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro, abrindo maior possibilidade de constituição de uma empresa.

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Rede pede que STF declare o sistema tributário brasileiro

como inconstitucional

Segundo o partido, o sistema tributário atual não respeita a Constituição porque gera desigualdades sociais

Fonte: JOTA

Data: 29/01/2020

Por meio de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), com pedido de liminar, o partido Rede Sustentabilidade pede que o Supremo Tribunal Federal (STF) considere todo o sistema tributário brasileiro como inconstitucional. Segundo o partido, o sistema tributário atual não respeita a Constituição Federal porque gera desigualdades sociais e econômicas, uma vez que o modelo é regressivo, isto é, quem ganha menos paga mais tributos. A petição foi protocolada na última segunda-feira (25/1), e o processo tem como relator o ministro Alexandre de Moraes.

O texto da petição inicial do partido é muito similar ao de uma ação proposta pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) em março do ano passado. No entanto, o caso mais antigo não foi conhecido pela ministra Cármen Lúcia, que entendeu que a Fenafisco não tinha legitimidade para entrar com a ação no STF. Fontes confirmaram para o JOTA que a ação da Rede foi feita com o auxílio da Fenafisco.A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 786 requer que seja declarado que a regressividade do sistema tributário brasileiro viola o preceito fundamental de redução das desigualdades sociais. “Essa arguição não questiona apenas uma norma ou um ato. Propõe o enfrentamento de todo um sistema tributário que cria como resultado o aumento da desigualdade, isto é, diversos atos de Poderes Públicos que privilegiam os mais ricos em detrimento dos mais pobres através da tributação, quando a Constituição exige observância à capacidade econômica do contribuinte”.

O partido pede que a Corte determine ao Executivo e ao Congresso Nacional a elaboração, no prazo de seis meses, de uma “proposta de reforma tributária com vistas a corrigir a regressividade do sistema tributário brasileiro”. E vai além: propõe a realização de audiências

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públicas no âmbito da Câmara dos Deputados, do Senado e do Executivo “para acolher contribuições de toda a sociedade sobre diferentes propostas para se atingir o objetivo de corrigir a regressividade do sistema tributário brasileiro”.

Segundo o texto da petição inicial, a pandemia da Covid-19 acentuou a desigualdade social, e o sistema tributário não pode contribuir para as distorções.“Para enfrentar ambas facetas da desigualdade relacionada à pandemia de Covid-19, a reforma tributária é central. De uma parte, na atividade arrecadatória, o sistema tributário não pode acentuar desigualdades; de outra, é preciso que o Estado tenha recomposta sua capacidade de financiamento social. Ambas questões estão no âmbito desta arguição de descumprimento de preceito fundamental”.

Na petição inicial da ADPF, a Rede afirma que tanto a PEC 45/2019 quanto a PEC 110/2019 reformam a tributação sobre o consumo, mas ignoram a necessidade de redistribuir a carga tributária da tributação sobre o consumo para a tributação sobre a renda e o patrimônio. A PEC 45 unifica IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS para criar um imposto sobre consumo no modelo de IVA. Na unificação da PEC 110, além dos cinco tributos são unificados Cide, IOF e salário educação.O partido pede também a reavaliação, pelo Senado Federal, de todos os gastos tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios em seis meses. “tendo como parâmetros impacto extrafiscal almejado e a regressividade do sistema tributário brasileiro, com a emissão de respectivo relatório indicando quais devem ser mantidas e quais devem ser extintas”.

https://www.jota.info/tributos-e-empresas/tributario/rede-pede-que-stf-declare-o-sistema-tributario-

brasileiro-como-inconstitucional-29012021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__29012021&utm_medium=em ail&utm_source=RD+Station

Governo prorroga data de vencimento do Simples Nacional

Vencimento foi prorrogado para 26 de fevereiro. Alteração atende empresas que fizeram opção pelo Simples recentemente

Fonte: JOTA

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O Comitê Gestor do Simples Nacional prorrogou por seis dias a data de vencimento do Simples Nacional relativo ao mês de janeiro. A ação foi publicada nesta sexta-feira (29/1) no Diário Oficial da União (DOU) e entra em vigor imediatamente.Com a resolução, as datas de vencimento foram prorrogadas para 26 de fevereiro de 2021. A data original de vencimento, sem o adiamento, seria 20/2. A resolução busca atender os contribuintes que fizerem a opção pelo Simples Nacional recentemente, gerando tempo para que possam regularizar pendências e terem a opção aprovada, informou o comitê.

Segundo nota do comitê, “2020 foi um ano atípico decorrente da pandemia de Coronavírus, o que resultou na redução da atividade econômica em geral e no resultado operacional das empresas. Nesse cenário, espera-se que haja um aumento no número de novos optantes pelo Simples Nacional”.

O adiamento do vencimento do Simples Nacional é adotado pelo comitê desde o início da pandemia causada pela Covid-19. Em março de 2020, por exemplo, uma portaria publicada no DOU adiou o vencimento das parcelas de maio, junho e julho para o último dia útil de agosto, outubro e dezembro, respectivamente.

https://www.jota.info/tributos-e-empresas/tributario/simples-goveno-nacional-29012021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__29012021&utm_medium=em ail&utm_source=RD+Station

Relator do PLP de autonomia do BC espera votar projeto no

começo do ano

PLP 19/2019 foi aprovado no Senado em novembro e prevê redução de viés político no Banco Central

Fonte: JOTA

Data: 29/01/2020

O deputado Celso Maldaner (MDB-SC), relator do projeto de lei de autonomia do Banco Central, PLP 19/2019, tem a expectativa de que a matéria seja votada na Câmara dos Deputados no começo do ano. “O tema é de grande importância para a sociedade, a matéria já tem o aval do governo e esperamos poder contar com a maioria do plenário, para que seja uma das prioridades

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de votação da Casa logo no início do ano legislativo”, disse ao JOTA Maldaner.O texto foi aprovado em novembro no Senado, onde foi adicionada uma emenda do senador Eduardo Braga (MDB-AM) que estabelece como meta do Banco Central, além de assegurar a estabilidade de preços, “fomentar o pleno emprego”.

O tema é tratado no Congresso desde a década de 80. O objetivo principal é garantir que as decisões e nomeação de cargos dos Banco Central obedeça a critérios estritamente técnicos e não políticos. Pelas regras vigentes, o presidente e os diretores são escolhidos pelo presidente da República e depois sabatinados pelo Senado. No entanto, as demissões e trocas ficam a cargo somente do Executivo, o que deixa a alta cúpula do Banco Central sujeita a decisões políticas.

No formato atual, o PLP 19/2019 os mandatos do presidente do Banco Central e do presidente da República não serão coincidentes. O Executivo poderá nomear um novo nome para ficar à frente da autoridade monetária no terceiro ano de governo. Os nove diretores terão mandatos variados, com nomeações por parte do presidente nos quatro anos à frente do Palácio do Planalto. Além disso, não apenas as admissões, mas também as demissões, vão passar pelo crivo do Senado.“Acho que essa segurança que o investidor terá com autonomia do Banco Central vai ser boa para o país, vai gerar novos empregos”, avalia o senador Plínio Valério (PSDB-AM), autor do PLP 19/2019.

A defesa de autonomia das autoridades monetárias é defendida pelo Fundo Monetário Internacional desde o começo da década de 90. Países com o padrão sugerido pelo fundo têm mais abertura e facilidade de negociar recursos com o FMI em momento de dificuldade. Há autonomia do Banco Central, por exemplo, nos Estados Unidos, Reino Unido, e em países da América Latina, como Chile, Colômbia, Peru e México.Aqui no Brasil, há uma imagem de autonomia do Banco Central, mas certos aspectos da estrutura atual impedem uma isenção total. “O ministro da Economia tem um assento no Banco Central. Não tem como a gente dizer hoje em dia que é completamente isenta a atuação do Banco Central das políticas de governo”, lembra Ana Carolina de Barros Carvalho, advogada. especialista em mercado de capitais pela FGV, com LLM em Banking andFinance Law na Queen Mary Universityof London.

A advogada também entende que não faz sentido manter no projeto de lei o “pleno emprego” como um dos objetivos do Banco Central. “Em tese, ter a promoção do pleno emprego como um dos objetivos não desnaturaria a qualificação do Banco Central como autônomo desde que a estabilidade de preços seja mantida como prioridade absoluta”, explica. “O problema da promoção do pleno emprego é que é um objetivo que flerta com política monetária”.

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Na teoria, estabilidade da moeda e pleno emprego são conceitos que se contrapõem. O controle inflacionário requer moderação na circulação de recursos para evitar a corrosão do valor real da moeda com pressão inflacionária. Por outro lado, a geração de empregos exige acelerar a economia com estímulos, o que pode gerar inflação.Se a Câmara preservar integralmente o conteúdo aprovado pelos senadores, o Banco Central do Brasil passa a ter prerrogativa semelhante ao Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, que tem entre suas atribuições o pleno emprego.

A desejada autonomia é assegurada na redação do PLP 19/2019 por meio dos dispositivos que transformam o Banco Central em uma autarquia de natureza especial sem vinculação a nenhum ministério. Hoje o BC faz parte da estrutura do Ministério da Economia. O JOTA conversou com o relator do projeto de lei na Câmara, Celso Maldaner (MDB-SC), para saber se o deputado pretende fazer alguma alteração no texto que veio do Senado:

O PLP 19/2019 (autonomia do Banco Central) foi aprovado em novembro no Senado. O senhor já começou a trabalhar na relatoria da matéria considerando que ela será apensada aos textos que já tratam do tema na Câmara?

Este tema vem sendo discutido no Brasil desde 1989. Em uma forma importante de elencar o assunto, o Senado Federal teve a ousadia de aprovar o PLP 19/2019. Nós trabalhamos com hipóteses e no momento, a expectativa de que o PLP 19 seja discutido e votado na Câmara é boa, visto pela importância e urgência da sua aprovação, mas há na casa outras matérias do mesmo teor, portanto, desde quando fui designado relator do PLP 200/1989, estou trabalhando e discutindo tudo que envolve a autonomia do Banco Central.

O senhor pretende fazer alguma alteração no texto principal? Se sim, quais?

Visando a celeridade da tramitação do processo, estudamos a possibilidade de fazer pequenos ajustes para que a matéria possa ser aprovada e sancionada, contudo, vale ressaltar que o PLP 19 ainda está em análise de discussão com os líderes.

Há expectativa de entrega do parecer ou isso dependerá de nova negociação de líderes para definição da pauta?

A entrega do parecer, como de qualquer outra proposição legislativa, somente pode ocorrer enquanto estiver funcionando as sessões e as atividades legislativas. De qualquer forma, devemos aguardar o início do ano legislativo para fazer o protocolo formal da matéria, além disso, uma nova presidência da Casa será eleita a qual deverá ser submetida a análise desse texto.

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Quando podemos pensar em votação do tema pelo plenário da Câmara?

O tema é de grande importância para a sociedade, a matéria já tem o aval do governo e esperamos poder contar com a maioria do plenário, para que seja uma das prioridades de votação da Casa logo no início do novo ano legislativo.

Quais os principais benefícios que a matéria vai trazer caso seja aprovada?

Em um país que sofre com a pandemia e que foi gravemente afetado em sua economia pela perda de capital, desempregos e baixa renda, a autonomia do BC é o instrumento ideal para a retomada econômica, justamente por trazer confiança do mercado externo, atraindo investidores e gerando fluxo de capital para o país, ou seja, uma medida necessária para que a circulação da moeda possa aumentar, afinal, investimento é sinônimo de emprego e renda para a população, que poderá ter acesso à recursos e poder de compra.

https://www.jota.info/legislativo/relator-do-plp-de-autonomia-do-bc-espera-votar-projeto-no-comeco-

do-ano-29012021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__29012021&utm_medium=em ail&utm_source=RD+Station

CVM pede rigor na indicação de valores relacionados à

exclusão do ICMS do PIS/Cofins

Segundo a CVM, ‘informações distorcidas’ das companhias nos balanços geram impacto negativo ao mercado

Fonte: JOTA

Data: 1º/02/2020

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou, nesta sexta-feira (29/1), uma nota de orientação alertando o mercado a mensurar “de forma rigorosa e confiável” os valores indicados em balanços financeiros referentes à decisão do STF de excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins.O objetivo da nota é evitar um “efeito danoso” ao mercado e garantir segurança na entrada de recursos econômicos às companhias. Mesmo com a decisão do STF transitada em

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julgado, as discussões remanescentes sobre modulação e sobre qual ICMS deve ser retirado da base de cálculo ainda podem fazer, segundo a CVM, com que companhias não informem de maneira satisfatória os valores nas demonstrações financeiras.Por meio da nota, a CVM pretende orientar as companhias sobre como indicar o crédito fiscal em disputa no Judiciário nas demonstrações financeiras de forma confiável para o mercado. Isso porque, após a decisão do STF de excluir o ICMS da base do PIS e da Cofins, contribuintes foram à Justiça buscar a restituição do que foi pago indevidamente nos últimos anos.

Segundo Paulo Ferreira, superintendente de normas contábeis e de auditoria da CVM, o principal objetivo da nota é que as empresas tenham cuidado e analisem o “caso a caso” nos pedidos de crédito fiscal. “Uma informação distorcida pode ter impacto no preço de ações, pode gerar a distribuição de resultado indevido. Se faltar rigor na mensuração, pode haver um efeito danoso ao mercado”, explicou Ferreira. Segundo o órgão, os contribuintes devem buscar o direito ao crédito gerado pela decisão da Corte quando “o valor em referência for passível de mensuração com razoável confiabilidade (ausência de incertezas significativas com relação à definição do valor)”.

Para o caso das companhias que tenham decisões judiciais não transitadas em julgado ou ainda não entraram com ações judiciais, as áreas técnicas da CVM orientam que não existem ainda “elementos que possibilitem o reconhecimento do referido ativo ou baixa do respectivo passivo”. Além disso, a nota orienta o mercado para que divulgue em nota explicativa, com detalhes, todas as premissas que “subsidiaram a decisão sobre o reconhecimento dos créditos fiscais, destacando eventuais valores que, a critério e julgamento da administração, foram reconhecidos nas demonstrações contábeis”.

A nota da CVM ainda trata de um dos temas que podem ser resolvidos pelo STF por meio de embargos de declaração no RE 574.706: a discussão sobre qual ICMS deve ser retirado da base de cálculo do PIS e da Cofins – o destacado na nota fiscal ou o efetivamente pago pela empresa. “A PGFN tem inscrito na dívida ativa da União uma parte daquilo que os contribuintes consideraram como crédito a que fazem jus: a diferença entre o ICMS destacado na nota fiscal e o ICMS que foi efetivamente recolhido pelo contribuinte”, escreve a área técnica do órgão na nota.

Para a CVM, as incertezas na discussão sobre qual ICMS deve ser retirado da base de cálculo do PIS e da Cofins reforçam o entendimento das áreas técnicas do órgão de que “à administração cabe avaliar criteriosamente a situação específica de sua companhia e utilizar os melhores julgamentos, com base nas normas contábeis aplicáveis, para o adequado tratamento contábil dos evento”. Para advogados, por meio da nota a CVM tenta padronizar a forma como o

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mercado informará em seus balanços os valores do crédito fiscal, tentando fazer com que as empresas reconheçam em seus balanços apenas valores “acima de qualquer dúvida”.

Para o tributarista Francisco Lisboa Moreira, sócio do Bocater, Camargo, Costa e Silva, Rodrigues Advogados, a discussão sobre a modulação dos efeitos da decisão do STF e as diferentes posturas das empresas diante do caso julgado pode representar um risco para os créditos fiscais de cada contribuinte. Para ele, a CVM tenta orientar o mercado para alertar contra esse tipo de risco.“Há uma infinidade de posturas das empresas. Algumas não contabilizaram [o crédito], outras somente com base no valor destacado e outras obtiveram postura intermediária e contabilizaram o ICMS efetivamente pago”, explicou.

Segundo Matheus Bueno, sócio do Bueno e Castro TaxLawyers, a mensagem da CVM é para que “só reconheçam valores no seu balanço quando estes estiverem acima de qualquer dúvida”.A exclusão do ICMS da base do PIS/ Cofins é a maior discussão tributária do país, com impacto de 229 bilhões aos cofres públicos de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020. Pendem de julgamento pelo STF embargos de declaração, por meio da qual será definida eventual modulação dos efeitos da decisão e qual ICMS será retirado da base do PIS e da Cofins.

Insumos

A nota também traz orientações às companhias sobre como informar valores referentes à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que reconheceu o conceito de insumo, para fins de cálculo dos créditos de PIS e Cofins, com base nos critérios da essencialidade e da relevância. O caso foi julgado por meio do REsp 1.221.170/PR em fevereiro de 2018, com efeito repetitivo.

Segundo a CVM, as empresas devem indicar nos balanços somente “aqueles créditos que sejam dotados de certeza e que não dependam de atos de terceiros para a entidade controlar os benefícios econômicos a serem por ele originados”.A nota conclui que a indicação de forma confiável dos valores é uma “condição necessária para o reconhecimento de qualquer ativo ou baixa de um passivo”.

https://www.jota.info/tributos-e-empresas/tributario/cvm-icms-pis-cofins-01022021?utm_campaign=jota_info__ultimas_noticias__destaques__01022021&utm_medium=em ail&utm_source=RD+Station

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