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PDF PT Jornal Brasileiro de Pneumologia 5 3 portugues

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Academic year: 2018

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ISSN 1806-3713 © 2016 Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562016000000296

Randomização: mais do que o lançamento

de uma moeda

Juliana Carvalho Ferreira

1,2

, Cecilia Maria Patino

1,3

1. Methods in Epidemiologic, Clinical and Operations Research–MECOR–program, American Thoracic Society/Asociación Latinoamericana del Tórax. 2. Divisão de Pneumologia, Instituto do Coração – InCor – Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. 3. Department of Preventive Medicine, Keck School of Medicine, University of Southern California, Los Angeles, CA, USA.

INTRODUÇÃO

A randomização é uma estratégia de pesquisa utilizada para aumentar a validade de ensaios clínicos que avaliam o efeito de intervenções (por ex., drogas ou exercício). O processo envolve a alocação aleatória dos participantes em grupo intervenção ou grupo controle e requer que os participantes tenham igual chance de serem alocados em qualquer um dos grupos. Quando implementada adequadamente, a randomização evita o viés de seleção e produz grupos de estudo comparáveis quanto a fatores de risco basais conhecidos e desconhecidos. Para que a randomização funcione, os investigadores e os participantes devem ser incapazes de prever em qual grupo cada um dos participantes será alocado — isso se chama sigilo de alocação; além disso, os investigadores devem ser incapazes de alterar a alocação de qualquer participante após a randomização.

ESTRATÉGIAS DE RANDOMIZAÇÃO COMUMENTE UTILIZADAS

A randomização simples é equivalente ao lançamento de uma moeda: um novo participante tem igual chance de ser alocado para grupo intervenção ou grupo controle, independentemente de alocações anteriores. Em vez de lançar uma moeda, entretanto, uma lista de randomização é gerada por computador e utilizada para preparar envelopes selados e sequencialmente numerados, ou, preferencialmente, essa lista é administrada por uma central telefônica ou site na internet. As vantagens da randomização simples são o baixo custo e a facilidade de implementação. As desvantagens incluem o risco de gerar desequilíbrios no número de participantes nos grupos, assim como na distribuição de fatores de risco basais, em estudos com amostras pequenas (N < 100; Figura 1).

Na randomização em bloco, a lista de randomização é uma sequência aleatória de blocos de participantes em vez de participantes individuais. Os blocos têm um tamanho pré-determinado; por exemplo, quatro participantes em um bloco, com seis possíveis sequências de intervenção e controle. Essa estratégia garante que grupo intervenção e grupo controle sejam equilibrados quanto ao número de participantes (Figura 1). Para garantir o sigilo de alocação, deve-se utilizar variação aleatória dos tamanhos dos blocos (quatro a oito participantes por bloco).

A randomização estratiicada é uma alternativa quando se deseja equilíbrio para fatores de risco chave basais. Cada novo participante é primeiramente classiicado em estratos de acordo com características basais (por ex., idade ou gravidade da doença), e cada estrato tem uma

lista separada de randomização. Depois disso, uma vez categorizados em seus estratos, os participantes são aleatorizados para grupo intervenção ou grupo controle. A estratiicação deve ser realizada utilizando-se poucos estratos relevantes para que funcione bem. Estratégias de randomização estratiicada e em bloco podem ser combinadas para que pacientes sejam primeiramente categorizados em um estrato e então aleatorizados em blocos.

A randomização adaptativa utiliza algoritmos de computador que levam em consideração fatores de risco basais e a alocação dos participantes anteriores para alocar o próximo participante. A vantagem desse método é que ele acomoda mais fatores de risco basais do que a estratiicação e, ao mesmo tempo, otimiza o equilíbrio dos grupos. Entretanto, é mais complexa e requer suporte de internet.

COMO ESCOLHER

A randomização simples é de fácil implementação e de baixo custo, e pode ser uma boa opção para grandes ensaios (N > 200). A randomização em bloco é uma boa opção quando se deseja equilíbrio no número de participantes em cada grupo. A estratiicação é uma boa opção para proporcionar equilíbrio de covariáveis importantes. Os métodos de randomização adaptativa podem ser uma boa opção quando a estrutura do ensaio inclui estatísticos e suporte de tecnologia da informação. Para todos os métodos, a implementação adequada é fundamental para garantir o sigilo de alocação e para evitar manipulações e viés de seleção.

Figura 1. A) Randomização simples de 12 participantes (preto para intervenção, branco para controle). Esta sequência aleatória resultou em 7 indivíduos alocados para o grupo intervenção e 5 para grupo controle. B) Randomização em blocos de quatro de 12 participantes, resultando em 6 participantes em cada grupo.

A

B

REFERÊNCIAS

1. Kang M, Ragan BG, Park JH. Issues in outcomes research: an overview of randomization techniques for clinical trials. J Athlc Train. 2008;43(2):215-21. http://dx.doi.org/10.4085/1062-6050-43.2.215

2. Vickers AJ. How to randomize. J Soc Integr Oncol. 2006;4(4):194-8. http://dx.doi.org/10.2310/7200.2006.023

J Bras Pneumol. 2016;42(5):310-310

310

Imagem

Figura 1. A) Randomização simples de 12 participantes  (preto para intervenção, branco para controle)

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