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Educação Terapêutica numa Perspectiva Comunitária em Saúde Mental

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Academic year: 2023

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RESUMO:

Estetrabalhopretendeserumaanáliserefle- xivadasintervençõesdeenfermagemrelativa- menteàadesãoterapêuticanaUnidadeFun- cionalComunitáriadaEquipadaAmadora,do ServiçodePsiquiatriadoHospitalProf.Doutor FernandoFonseca.

Emprimeirolugariremosfazerumarevisão teóricaacercadosváriosconceitosrelaciona- doscomotema,tendoemvistaamelhorcom- preensãodofenómenodaadesãoemtodasas suasdimensões.

Éfeitaumaanálisequantitativarelativamen- teàevoluçãodosutentesquebeneficiamda supervisão terapêutica; é realizada uma ca- racterizaçãodestapopulaçãoreferenteàfaixa etária,género,diagnósticoserelaçãoentreo iníciodasupervisãoterapêuticaeocorrências hospitalaresemtrêsutentes.

Aeducaçãoterapêuticanareabilitaçãocomu- nitáriatemsidoumobjectivoprimordialnas nossas intervenções e verificamos que o nú- mero de utentes com supervisão terapêutica temvindoaaumentar;osbenefíciosquedaí advêm vão de encontro a um decréscimo de internamentos e episódios de urgência, me- lhorando de forma significativa a qualidade devidadosutentesesuasfamílias,reforçando aaliançaterapêuticacomaequipa.

Palavras-Chave: Enfermagem Psiquiátrica;

EducaçãoTerapêutica;ConsultaComunitária.

ABSTRACT:

This work aims to be a reflexive analysis about the nursing interventions regarding adherence Functional Unit in the Commu- nity Team Fan, the Department of Psychia- try, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonse- ca. Firstly we do a literature review on the various concepts related to the subject in order to increase understanding of mem- bership in all its dimensions. We made a quantitative analysis on the evolution of us- ers benefiting from the therapy supervision, and we performed a characterization of this population regarding age, gender, diagno- ses and relation between the start of thera- py and monitoring events in three hospital patients.

Education in community rehabilitation therapy has been a primary objective in our department and we have documented a rise in the number of users with therapy super- vision. Therapy supervision contributed to a decrease in hospitalization and emergency department visits, thereby improving signif- icantly the quality of life of users and their

Educação Terapêutica numa Perspectiva Comunitária em Saúde Mental

Therapeutic Education in a Community Mental Health Perspective

CláudiaCampos*,JoséGalante*†

*ServiçodePsiquiatriadoHospitalProf.DoutorFernandoFonseca,EPE.campos.claudia@hotmail.com

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families, strengthening the therapeutic alli- ance with the team.

Key-Words: Psychiatric Nursing; Therapeu- tic Education; Community Consultation.

INTRODUÇÃO

Duranteosúltimosanos,váriosestudostêm demonstradoqueofenómenodaadesãotera- pêuticaserevestedamaiorimportânciapara a reabilitação e equilíbrio da saúde mental doindivíduo.Noentanto,acompreensãodos factores que levam as pessoas a aderir ou nãoàsrecomendaçõesdostécnicosdesaúde écomplexa.

Oconceitodeadesãonãosecircunscreveape- nasadesviosnoplanodetratamento,masa comportamentos como faltar às consultas, esquecer‑se de tomar a medicação prescrita, tomarmedicaçãoemexcesso,ingeri‑laforado tempocerto,nãoconheceronomedosfárma- cosatomar,terminarotratamentoantesdo prazorecomendado,entreoutrosaspectos1. Prevê‑se que o impacto económico mundial das doenças crónicas continue a crescer até 2020,alturaemquecorresponderáa65%das despesasdesaúdeemtodoomundo².

NosEstadosUnidoseInglaterraapenascerca deumterçodototaldenovasprescriçõesem cadaanosãoparcialmentecumpridas,ounão osãodetodo3.Cercade20%dosutentescom altahospitalarnãoadquiremosmedicamen- tosprescritos.Dosqueofazem,entre40a60%

nãocumpreaposologiaindicada,diminuindo ou aumentando a dose, tomando‑os fora de horasoudeixandodeostomarantesdeobte- remosresultadosbenéficosesperados3.

Emsituaçõesagudas,aadesãoaotratamen- to relativo ao alívio de sintomas varia entre 70‑80%,baixandopara60%quandosetrata deumregimedeprevenção,confirmando‑se que as drogas que aliviam rapidamente os sintomastêmmaioradesãodoqueasterapias preventivas3.

Aevoluçãodestesconceitosaolongodotempo temtidoumagrandeimportânciaparaacom- preensãodestefenómeno.

Adesão por compliance (concordância ou complacência)édefinidacomoasituaçãoem queocomportamentodoutentecorresponde àsinstruçõesclínicasfornecidas3.

SegundoHaynesetal3,aadesãoéamedidaem queocomportamentodoutente(emtermos de tomar a medicação, ou outras mudanças noestilodevida)coincidecomosconselhos médicosoudesaúde.

Estasegundaconceptualizaçãoveiomostrar aimportâncianãosódasdoenças,mastam- bémdassituaçõesdesaúde,ondesetornou fundamental os “conselhos médicos ou de saúde”eperdeurelevânciaa“instruçãoclí- nica”.

Concordância(compliance)éconotadacom umcomportamentopassivo,associadoaopa- peltradicionaldedoente,deseguirosconse- lhoseorientaçõesdoprofissionaldesaúde,ou seja,obediênciaemseguirasprescriçõesque sãoindicadas,emboranãosejaesteosentido emqueéutilizadonamaioriadascomunica- ções.

Adesão (adherence) implica, pelo contrá- rio,umaatitudeactiva,comenvolvimento voluntário e colaborativo do utente e do profissional de saúde, num processo con- junto para a mudança de comportamento

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do primeiro. Neste caso o utente adere ao tratamento,tendoporbaseumacordocon- junto que tem a sua participação, o que o leva a reconhecer a importância de deter- minadasacçõesprescritas3.Osautorescla- rificam o conceito de adesão, afirmando queostermoscomplianceeadherencetêm aparecido associados mas revestem‑se de significadosbastantediferentes.

Estanovaperspectivainscreve‑seclaramente nomodelobiopsicossocial,queseopõeaomo- delo biomédico, reducionista do conceito de saúde,ondeodoenteeratidoapenascomoum receptáculopassivodeprescriçõesefectuadas.

A adesão é, nesta nova perspectiva, colocada na“interface entre o paciente, a família e o profissionaldesaúde”3.

MODELOS / TEORIAS COGNITIvAS Vários modelos ou teorias explicativas têm procuradooferecerconceptualizaçõescapazes deexplicarestecomportamentoeidentificar os factores que determinam a tendência dos indivíduos para aderirem às recomendações dostécnicosdesaúde.

Referimo‑nosaalgumas:

Teorias da Acção Racional (TAR)‑opa- ciente avalia os benefícios e obstáculos da adesãoquantoàsuaprobabilidadedeocor- rência;reconheceaimportânciadasinfluên- cias sociais no indivíduo, nomeadamente percepções acerca das expectativas dos gru- posdereferência,normassubjectivasegrau demotivaçãodoindivíduoparaaderiraelas1. Modelo de Crenças de Saúde (MCS) con- sideraqueainteracçãoentrediferentesti- posdecrençasentresiinfluenciaaadesão,

bemcomooscomportamentosprotectores/

preventivos ou promotores da saúde1; as pessoascommaiorprobabilidadedeaderir sãoasquesepercebemasiprópriascomo sendo vulneráveis a uma determinada doençaeacreditamqueestatempotenciais consequênciasgravesparaasaúdeoufun- cionamento diário. O indivíduo avalia os benefícios em relação à probabilidade de prevençãodadoença,cura,controlo,oualí- viodossintomas1.

Este modelo (MCS), originalmente proposto paraexplicarcomportamentosdesaúdepre- ventivos,foidepoisexpandidoparaexplicaro papeldecomportamentosdedoençaeadesão aos regimes terapêuticos. Assim, começou a emergirumaperspectivaalternativaqueenca- raanão‑adesãocomoumprocessodetomada dedecisãoracional.Amaiorpartedasteorias tem localizado as fontes de baixa adesão na interacçãomédico‑paciente,noconhecimento oucrençasdopacienteacercadotratamento etambém,emboraemmenorgrau,nanatu- rezadoregimeoudadoença.Poroutrolado, a maior parte dos estudos acerca da adesão tem subjacente a noção de que os pacientes deveriam aderir (essa é a sua obrigação) e, quandotalnãoacontece,aresponsabilidade éemgrandepartedeles.Váriosestudossuge- remqueospacienteshojeemdia,pretendem obtermaisinformaçãoemaisoportunidades desetornaremactivosnasuainteracçãocom oprofissionaldesaúde1.

Outromodelo explicativo éodahipótese cognitiva da adesão3.Trata‑sedeummo- delo de comunicação que dá relevo à com- preensão,àmemóriaeàsatisfaçãodoutente faceàinformaçãoquelheéoferecidanacon-

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sulta.Oautordefendequeaadesãodoutente aosprotocolosterapêuticossepodeprevera partir da combinação de três variáveis que são:asatisfação,acompreensãodainforma- çãoeacapacidademnésica.

Relativamente à variável satisfação do uten- te, esta resulta de vários componentes: os aspectos afectivos, os comportamentais e a competênciaquelhesugereaintervençãodo técnicodesaúde.Quantoaosaspectosafecti- vosconsidera‑sequeestãorelacionadoscom acompreensãoqueédemonstradaaoutente, bemcomocomoapoioemocionalquelheé dispensado;osaspectoscomportamentaisre- lacionam‑secomasexplicaçõesfornecidasaos utentesacercadasprescriçõesefectuadas;re- lativamenteàcompetênciadoprofissionalde saúde,estasurgedeumaavaliaçãosubjectiva porpartedoutenteàintervençãodotécnico.

Relativamente à variável compreensão da informaçãodadaacercadadoença,revelou‑

setambémestadeumaimportânciacrucial paraumapotencialadesãoaoprojectotera- pêutico.

Aadesãoéaindainfluenciadapelacapacidade derecordarasinformaçõesfornecidasdurante aconsulta.Ley3,consideraqueacapacidade mnésica neste caso não é influenciada pela idade do utente, mas por muitos outros fac- tores como por exemplo a ansiedade, os co- nhecimentos médicos, o nível intelectual, a importânciadasafirmaçõesfeitaspelotécnico desaúde,osefeitosdeprimaziaeonúmerode afirmações.

A partir deste modelo, pode promover‑se a adesãodoutenteaosprotocolosterapêuticos a partir da comunicação que com ele se es- tabelece.

COMPREENDER A NÃO-ADESÃO / PRO- MOvER A ADESÃO

Stimson1, considera que para compreender a não‑adesão é importante considerar um grupodefactoresmuitasvezesignoradosnos estudosequesãoosmodelosourepresenta- çõesindividuaisdedoençaeascrençasdos pacientesacercadosfármacosqueinfluen- ciam o uso que fazem deles. Segundo Die- fenbacheLeventhal1,asrespostasdecoping emrelaçãoàdoença,quandoconsideradas comoocomportamentodeadesãoterapêu- tica, são em grande medida influenciadas pelasrepresentaçõesqueosindivíduoscons- troem acerca da sua doença, quanto aos cincocomponentesqueconstituemarepre- sentação da mesma (identidade, duração, causas,consequências,cura/controlo).Com basenestaperspectiva,ocomportamentode não‑adesão pode ser encarado como uma resposta coerente do indivíduo à falta de emparelhamentoentreassuasideiaseasdo médico,emrelaçãoaoseuproblemaoutra- tamento1.Estasafirmaçõesvãodeencontro aos aspectos anteriormente referidos rela- tivamenteaosmodelosexplicativosdospa- cientes³.Poroutrolado,asideiasoucrenças que as pessoas desenvolvem relativamente aos fármacos em geral, são susceptíveis de influenciarassuasprópriasdecisõesacerca de quais os tratamentos apropriados para umadoençaespecífica1.

Compreender a adesão é aceitar que, par- tilhando a opinião de Ribeiro, citado por Camarneiro3,“aacçãodoindivíduoédeci- sivaparaapromoçãoouprotecçãodasua saúde,paraaprevençãooutratamentodas

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suas doenças. Portanto, os que prescrevem têmdesedebatercomodilemadeofazerde talmodoquetenhamacertezaqueaproba- bilidadedeaprescriçãonãoserseguidaseja diminuta”. Actualmente, há autores que acreditamqueaparticipaçãodoutentena adesãodependedasuavinculação,talcomo aconceptualizouBowlby.Assim,indivíduos com uma vinculação segura teriam uma maior adesão aos cuidados continuados3. Estes autores acrescentam que o estilo de vinculação de cada um se sobrepõe à im- portânciadeestabelecerumacomunicação funcional.

Segundo estas perspectivas, parece poder concluir‑se que os pacientes avaliam as ac- ções dos técnicos de saúde e os fármacos prescritos,conformeoqueelesprópriossa- bemepensamacercadadoençaedamedi- cação. Assim, a decisão de deixar de tomar medicamentos é um método empírico‑ra- cional que os utentes usam para testar as suas perspectivas relativamente à eficácia dosfármacos,ouseja,aopçãodeaderirou nãoàsprescriçõesmédicaséumaformade osutentesexpressaremassuastentativasde lidarcomadoença.Portodosestesaspectos, Conrad4,propôsotermoauto‑regulaçãopara substituirodeadesão,poisteriaumcarác- termaisadequado.Apartirdestaperspectiva centradanopaciente,aadesãopassaentãoa serencaradacomoumprocessodeauto‑re- gulação, que permite às pessoas exercer al- gumcontrolosobreasuadoençanamedida emquesevãoajustandoaossignificadosque osmedicamentosassumemnassuasvidas,e

nãosócomoumactodeobedeceràsinstru- çõesmédicas.

Combasenestasevidências,parecefazersen- tidoconsiderarqueachaveparamelhoraros níveisdeadesão,passapelodesenvolvimento deinteracçõestécnico‑pacientemaisabertase cooperativas.

Esta breve revisão teórica, permitir‑nos‑á desenvolvermelhorescompetênciasanível doscuidadosprestadoseconsequentemen- te fortalecer a aliança terapêutica com os nossosutentes,minimizandooriscodere- caídaseassimcontribuirparaumamelhor estabilização clínica e qualidade de vida destes.

Após este enquadramento teórico, é impor- tantefazerumaabordagemaníveldanossa práticadecuidadosrelativamenteaestama- téria.Assim,osobjectivosgeraisdasupervi- sãoterapêuticanaequipasão:

•Avaliarregularmenteoutente;

•Favorecerestabilização/reabilitação;

•Prevenirprecocementerecaídas.

40 30 20 10

0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Utentes

Anos ter.diária ter.semanal

Figura 1:Evoluçãononúmeroutentescomsupervi- sãoterapêutica.

(6)

14 12 10 8 6 4 2

0 diária semanal

Janeiro

14 12 10 8 6 4 2 0

Fevereiro

diária semanal

14 12 10 8 6 4 2 0

Março

diária semanal

Figura 2:Nºdeutentescomsupervisãoterapêutica(1ºtrimestre2009).

Através dos gráficos acima mencionados po- demosverificarqueonúmerodeutentescom necessidadedesupervisãoterapêuticatemau- mentado ao longo dos anos (2001 a 2008) e queosutentesquetêmsupervisãoterapêutica semanalsãoemmaiornúmero.Estadiferença deve‑seàdificuldadededeslocaçãodoutenteao CentrodeSaúdeetambémàactividadelaboral.

Outrosutentestêmmaiorregularidadenaade- são,nãotendoporissonecessidadedefazera tomaassistidanoCentrodeSaúdetodososdias.

Assim,opapelpedagógicodoenfermeirotem contribuído para a concretização destes ob- jectivos,peloquesalientamosalgumasestra- tégiaspossíveisquesãoutilizadasporestena equipanodesenvolvimentodascompetências relacionaiscomoutentecomdificuldadena adesãoaoprojectoterapêutico:

•Avaliar potenciais dificuldades ao cumpri- mentodaprescriçãoterapêutica:

‑Deveserperguntadoaoutentequaisosme- dicamentosquelheforamprescritos,oquêe quando os toma, com que frequência, se es- quecedeostomareporquê;

‑ Saber se há antecedentes de fraca adesão, seoutentevivesobtensãoemocional,setem horáriosirregularesoucomplexosemregimes farmacoterapêuticoslongos.

•Conheceravidaquotidianadoutenteeaju- dara:

‑Ajustaroregimeterapêuticoàrotinadiária paraqueopacientenãosesinta“aprisionado”

quandotemváriosmedicamentosatomar;

‑ Simplificar a prescrição elaborando uma guiaderegistodemedicamentoseonúmero detomas;

‑ Ajudar a desenvolver estratégias para lhe recordarastomasdemedicamentosnasho- rascertas,comoporexemplo,usarumreló- giodealarme,ouprogramaressastomasnos horáriosdeprogramastelevisivosfavoritos.

•Promoveraauto‑monitorização:

‑Afamíliapodeserenvolvidanoensino,mas apenasseoutenteodesejar.Muitospreferem administraregeriroseuprópriotratamento, nãodesejandoenvolverafamílianoplanote- rapêutico;

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‑ Ajudar o utente a monitorizar o seu trata- mento através de uma caixa de medicação semanal;

‑Explicaraoutenteoqueéqueeledevefazer nocasodeperderdosesequaloriscoassocia- do,queràperda,queraoexcesso.

•Reforçarproximidadecomaequipaepro- moveraliançaterapêutica:

‑ Acompanhar de forma contínua o utente, nosentidodeproporcionarmosdisponibilida- deparaqueoutentepossaverbalizarosseus sentimentos,reforçandoassimaproximidade comaequipa;

‑Fazervisitadomiciliáriaparaavaliaraadmi- nistraçãoterapêuticaeadaptaçãoàsuarotina diáriaeincluirafamíliaoupessoassignifica- tivasnotratamento,quandonecessário.

20‑30 31‑40 41‑50 51‑65 >65 20

15

10

5

0

Caracterizaçãodosutentes:idade

17,27%

46,73%

Feminino Masculino

n=63 Caracterizaçãodosutentes:género

Figura 3:Caracterizaçãodosutentescomsupervisãoterapêuticaemidadeegénero.

Dadosreferentesaoperíodo2001‑2008.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

35 30 25 20

15 10

5 0

1‑esquizofrenia 2 - pert. bipolar 3‑debilidade 4‑pert.delirante 5‑poc

6‑psic.alu.cron.‑etil.crónico 7‑depressãomajor 8‑pert.bipolar‑sind.dem 9‑pert.bipolar‑demência 10‑depressão‑demência 11‑pert.bipolar‑dep.álcool 12‑pert.antisocialdaperson 13‑depressão

14‑depressão‑sint.psicótica 15‑pert.personalidade 16‑alcoolismo

Figura 4:Diagnósticosdosutentescomsupervisãoterapêutica.Dadosreferentesaoperíodo2001‑2008.

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Podemos verificar, através das tabelas acima referidas,queomaiornúmerodeutentesem estudoestáincluídonafaixaetáriaentreos41 e50anosenafaixaetáriaacimados65anos.

Relativamenteaogénero,46,73%sãodosexo femininoe17,27%sãodosexomasculino;Os diagnósticos preponderantes são a perturba- çãobipolareesquizofrenia.

PRINCIPAIS CAUSAS NA FALTA DE ADE- SÃO AO TRATAMENTO

É importante reflectirmos e saber quais as causas que levam o utente a não aderir ao projectoterapêuticoouasuspendê‑lo.

Podemos identificar algumas, nomeada- mente:

•Escassos recursos económicos, situação estaqueéarticuladacomaassistenteso- cialdaequipademodoapoderfazerface à resolução do problema, com apoio na aquisiçãodamedicação,ououtros;

•Déficenosuportefamiliar,emquemuitas vezesafamíliaoupessoasignificativanão estápresente,ounãosenteanecessidade deapoiaroutentenoseutratamento.Isto podeacontecerporfaltadeconhecimen- tos,pordescrençarelativamenteaotrata- mento,entreoutrascausas;

•Esquecimento ou dificuldade na gestão da terapêutica diária, pelo que os enfer- meirosdaequipafazemumaorientação aos utentes na gestão da sua medicação semanaloudiariamente;

•O utente não reconhece que está doente ou não fica convencido da necessidade detomaramedicação(sente‑semelhore achaquejánãoprecisadamedicação);

•Os efeitos secundários da medicação de- vemseravaliadoscontinuamente,defor- ma a proporcionar ao utente um maior bem‑estar;

•Ossintomasnegativosreduzemointeres- senotratamento.

30 25 20 15 10 5 0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 idaurgência internamento

E.C.

7 6 5 4 3 2 1 0

2003 2004 20052006 2007 2008 idaurgência internamento

D.S.

3

2

1

0

idaurgência internamento

A.O.

2003 2004 20052006 2007 2008

Figura 5:Relaçãoentreoiníciodasupervisãoterapêuticaeocorrênciashospitalaresem3utentescom supervisãoterapêuticasemanal.Oiníciodasupervisãoestáassinaladocomumaseta.

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Podemosverificarnestesgráficosque,relati- vamenteaos3utentesemestudo,apartirdo momentoemqueiniciamsupervisãonages- tão da sua terapêutica pela equipa de enfer- magem,severificaumdecréscimononúmero deinternamentoseepisódiosdeurgência.As situaçõesdecriseforammanejadasemambu- latório,comsucessivosreajustesnoplanote- rapêutico,evitandoassimasidasaoserviçode urgência.Assimsendo,constata‑seumamaior proximidadeealiançaterapêuticacomaequi- padetratamento,minimizandoosofrimento dosutentesesuasfamílias.

CONSIDERAÇõES FINAIS

Em conclusão, podemos afirmar que esta abordagemtemtidoresultadospositivoseque queremosmelhorarcadavezmaisnosentido de podermos continuar a prestar cuidados de enfermagem de elevada qualidade, con- tribuindo para o fortalecimento da rede de serviços de saúde mental no nosso país, res- pondendoadequadamenteàsnecessidadesdas pessoascomdoençasmentaisgraves.

SegundoMarçal5,aadesãoterapêuticasigni- fica“tornarodoentemaisautónomonoseu auto‑cuidado”.É“compreendendoodoentee asuafamília”queosenfermeirospodem,dia- riamente,renovaravontadedossujeitosemse auto‑cuidaremEparaissoénecessárioencon- trarrespostasdinâmicaseavançarcommuita perseverança.

Éimportantereconhecerenãosubestimaras capacidadesdetomadadedecisãodosutentes, tentarcompreenderassuascrençasecolabo- rarnodesenvolvimentodeterapêuticasapro-

priadasàssuascaracterísticas.Apromoçãona motivaçãodoutenteeoreforçonoprocesso relacional permitem alcançar o sucesso do tratamentoproposto.

Édesalientartambémaimportâncianaedu- caçãoterapêuticadasfamíliasquesãooscui- dadores informais, com quem devemos criar alianças, para que a reabilitação dos nossos utentes seja equilibrada e harmoniosa nos seusdiversoscontextos(social,profissionale familiar).

Oaspectocentralnãoéaadesãoemsi,mas omodocomoosprofissionaisdesaúdecom- preendemeparticipamnasdecisõesqueospa- cientestomamrelativamenteaosseusregimes terapêuticos.

Em suma, os enfermeiros ao colocarem em prática as suas competências comunicacio- nais sustentadas por modelos teóricos que possuem, e através do seu papel pedagógico, contribuirãodemaneiraímparparaosucesso daadesãoaosprotocolosterapêuticos.

Conflitos de Interesse / Conflicting Interests:

Osautoresdeclaramnãoternenhumconflitode interessesrelativamenteaopresenteartigo.

The authors have declared no competing inter- ests exist.

Fontes de Financiamento / Funding:

Não existiram fontes externas de financiamento paraarealizaçãodesteartigo.

The author have declared no external funding was received for this study.

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BIBLIOGRAFIA / REFERENCES

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Referências

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