VI NUTRIÇÃO EM CIRURGIA Alexandre Wagner e Silva Dantas
Matheus Oliveira da Silva
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, segundo o IBRANUTRI, observa-se que a desnutrição está presente em 48.1% dos pacientes internados, sendo 12.5% desnu- trição grave. Associado a isso, a terapia nutricional ainda é pouco pres- crita girando em torno de 7.3% dos pacientes (6.1% nutrição enteral e 1.2% nutrição parenteral).
A desnutrição está associada a maiores taxas de infecção de sítio ci- rúrgico, retardo de cicatrização da ferida operatória, diminuição da força tênsil de suturas, aumento na incidência de úlceras de pressão e deiscên- cias, e prolongamento do tempo de internação hospitalar.
Dessa forma, a prevenção, reconhecimento e tratamento da desnutri- ção podem prevenir complicações no pós-operatório imediato ou tardio.
Após o estudo do IBRANUTRI, o Ministério da Saúde recomen- dou que as instituições devessem possuir Equipes Multidisciplinares em Terapia Nutricional (EMTN). Desde então, vários protocolos tem sido estabelecidos para acompanhamento nutricional hospitalar dos pacien- tes internados.
A Terapia Nutricional Enteral (TNE) compreende um conjunto de procedimentos terapêuticos para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente, por meio da ingestão controlada de nu- trientes.
A terapia nutricional enteral (TNE) é a primeira opção quando a alimentação pela via oral não é possível porém, frequentemente, resulta
em oferta insufi ciente de energia, visto que inúmeros fatores podem le- var a interrupção no fornecimento da fórmula enteral, tais como intole- rância gastrointestinal (distensão abdominal, vômitos, diarreia) e jejuns para exames e procedimentos.
2. TRIAGEM E AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
A importância da triagem e avaliação nutricional é reconhecida pelo Ministério da Saúde do Brasil, que tornou obrigatória a implantação de protocolos para pacientes internados do Sistema Único de Saúde (SUS) como condicionante para remuneração de terapia nutricional enteral e parenteral.
2.1. Triagem de pacientes
A triagem nutricional tem o objetivo de reconhecer uma condição outrora não detectada, o risco nutricional, para que sejam instituídas medidas de intervenção nutricional precocemente.
Conforme recomendações da Sociedade Europeia de Nutrição Pa- renteral e Enteral (ESPEN), devemos avaliar o risco nutricional obser- vando os seguintes aspectos:
Perda Ponderal > 10% em seis meses ou > 5% em um mês ou 20% abaixo do peso ideal;
Alteração na consistência e horários de dieta (dieta enteral, pa- renteral, limitações impostas por doenças cirúrgicas);
Ingestão nutricional inadequada (impossibilidade de ingerir ou absorver a alimentação adequadamente por mais de sete dias).
2.2. Avaliação nutricional
Os pacientes identifi cados como em risco pela triagem nutricional
devem ser submetidos à avaliação nutricional para classifi car seu estado nutricional e, posteriormente, planejar a Terapia Nutricional (TN).
Avaliação Global Subjetiva (ASG): diagnostica e classifi ca a desnutrição crônica ou já instalada, avalia o percentual de perda de peso nos últimos seis meses, modifi cação na consistência dos alimentos ingeridos, sintomatologia gastrointestinal persistente por mais de duas semanas, presença de perda de gordura sub- cutânea e de edema. A perda de peso de 5% em um mês ou 10%
em seis meses pode ser utilizada como critério para diagnóstico de desnutrição.
Exame físico nutricional: oferece uma perspectiva única da evolução do estado nutricional. O exame físico pode fornecer evidências das defi ciências nutricionais ou piora funcional, que podem afetar o estado nutricional.
História dietética: os inquéritos dietéticos podem fornecer informações, tanto qualitativas como quantitativas, a respeito da ingestão alimentar. Dentre os métodos mais utilizados para estimar a dieta, pode-se destacar o questionário de frequência alimentar (QFA) e o recordatório de 24h (R24h).
Parâmetros Bioquímicos: (albumina, transferrina, pré-albumi- na, proteína transportadora de retinol, contagem total de linfó- citos, balanço nitrogenado). A albumina sérica é preditora de morbimortalidade (infecção nosocomial; disfunção cardiopul- monar, renal, hepática, neurológica). Albumina < 2.2 g/dL é um marcador de estado catabólico e preditor de má evolução. Uma limitação da albumina é sua meia vida de 21 dias. Já a transfer- rina tem meia-vida de nove dias, porém só deve ser considerada indicador do status proteico com o ferro sérico normal.
3. NECESSIDADES CALÓRICAS
3.1. Cálculo pela Equação de Harris-Benedict
Informa o Gasto Energético Basal (GMB), o qual deve ser multi- plicado pelo Fator de Atividade (FA), Fator de Injúria (FI) e pelo Fator Térmico (FT), a fi m de obter o Gasto Energético Total (GET).
GEB (Kcal)
Para mulheres: 655,1 + 9,5 x Peso (Kg) +1,8 x Altura (cm) – 4,7 x idade (anos);
Para homens: 66,5 + 13,8 x Peso (Kg) + 5 x Altura (cm) – 6,8 x Idade (anos).
Fator de Atividade
Acamado: 1,2;
Acamado + Móvel: 1,25;
Deambulando: 1,3.
Fator de Injúria
Paciente não complicado: 1;
Pós-operatório oncológico: 1,1;
Fratura de ossos longos: 1,2;
Sepse moderada: 1,3;
Peritonite: 1,4;
Politrauma sem reabilitação: 1,5;
Politrauma + Sepse: 1,6;
Queimadura: 30 a 50%: 1,7;
Queimadura 50 a 70%: 1,8
Queimadura 70% a 90%:2.
Fator térmico
38ºC: 1,1;
39ºC:1,2;
40ºC: 1,3;
41ºC: 1,4.
3.2. Regra Prática de Bolso
25 a 35 Kcal/Kg/dia;
Operações de médio e grande porte: 30-35 Kcal/Kg/dia;
Pacientes em estresse importante (SIRS moderada a grave, sepse): 20-25Kcal/Kg/dia.
3.3. Distribuição das calorias em macronutrientes
1g de glicose = 4 Kcal;
1g de lipídeos = 9 Kcal;
1g de proteína = 4 Kcal.
Carboidratos: Em torno de 50% do GET (com cuidado em diabéti- cos, pneumopatas).
Lipídeos: 30 a 40% do GET.
Proteínas:
Sem stress: 0,8 – 1,0 g/kg/dia.
Stress moderado: 1 a 1,5 g/kg/dia.
Stress grave: 1,5 – 2 g/kg/dia.
Renal crônico: <0,8g/kg/dia.
Pacientes submetidos a operações de médio e grande porte: 1,0 a 1,5g de proteínas/Kg de peso/dia.
Pacientes em estresse importante (SIRS moderada a grave, sepse): 1,2 a 2,0g de proteínas/Kg de peso/dia.
4. DIETA VIA ORAL NORMAL
DIETAS INDICAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Geral ou normal
Paciente cuja clínica não exige modifi cação em nutrientes e consistência da dieta
Sem nenhuma restrição, deve preencher todos os requisitos de uma dieta equilibrada
Branda
Pacientes com problemas me- cânicos de ingestão e digestão que impeçam a utilização da dieta geral. É usada como transição para dieta geral
É restrita em frituras e alimen- tos crus, exceto os de textura macia. O tecido conectivo e a celulose estão abrandados por cocção ou ação mecânica, facili- tando a mastigação e digestão
Pastosa
Pacientes com difi culdade de mastigação e deglutição, em alguns pós-operatórios, casos neurológicos, insufi ciência respiratória, diarréias
Os alimentos devem estar em forma de purê, mingau, batidos ou triturados, exigindo pouca mastigação e facilitando a deglutição
Leve
Pacientes com difi culdade de mastigação e deglutição, em casos de afecções do trato digestório, em determinados preparos de exames, em pré e pós-operatórios
Líquida
Pacientes com difi culdade de mastigação e deglutição, em casos de afecções do trato digestório, em determinados preparos de exames, em pré e pós-operatórios
Utiliza alimentos de consistên- cia líquida na temperatura am- biente, que produzem poucos resíduos e são de fácil digestão
5. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (VIA ORAL OU SONDAS)
Se o intestino funcionar, use-o.
5.1. Indicações
Pacientes em pré-operatório com risco nutricional grave candi- dato a cirurgias eletivas de médio e grande porte: Terapia nutri-
cional por 7 a 14 dias;
Risco nutricional:
Perda de peso > 10% em 6 meses;
IMC < 18,5 Kg/m2;
Avaliação subjetiva global = C;
Albumina sérica < 3mg/dL (sem evidência de disfunção hepá- tica e renal).
Pacientes desnutridos submetidos a operações para tratamento de câncer do aparelho digestivo e de cabeça e pescoço: Terapia nutricional por 7 a 14 dias (deve ser continuada no pós-opera- tório por 5 a 7 dias;
Operações de grande porte para ressecção de câncer, mesmo não havendo desnutrição grave: Terapia nutricional por 5 a 7 dias (deve ser continuada no pós-operatório;
Ingesta oral comprometida (<60% das necessidades diárias por 7 a 10 dias);
Intubação orotraqueal;
Sequelas de Doença Encéfalo-Vascular associado à disfagia.
5.2. Vias de acesso
Oral
Por Sonda:
Naso/Orogástrica;
Naso/Oroenteral: duodeno ou jejuno;
Ostomias:
Esofagostomia Cervical;
Gastrostomia: Endoscópica Percutânea, convencional (à Stamm ou Witzel). No caso de necessidade de acesso enteral por mais de seis se- manas;
Gastrostomia com avanço ao jejuno;
Jejunostomia.
Fluxograma 1: Vias de Acesso ao Suporte Nutricional Enteral
5.3. Prescrição
Dietas Poliméricas: nutrientes íntegros, com ou sem lactose, baixas osmolaridade, menor custo, hiperproteicas, hipercalóri- cas suplementadas com fi bra;
Dietas Oligoméricas: hidrólise enzimática das proteínas, suple- mentação de aminoácidos cristalinos, osmolaridade mais alta, digestão facilitada, absorção intestinal alta. Essas são utilizadas em situações em que o TGI está comprometido e em cirurgias do TGI de grande porte como: enterectomias, gastrectomias;
Dietas Especiais: formulações específi cas para atender as neces- sidades nutricionais diferenciadas de acordo com a patologia de base (diabetes, hepatopatia);
Módulos: nutrientes isolados que são utilizados para comple- mentar as dietas;
Imunonutrição: forma de alimentação artifi cial que objetiva a renovação das células para resposta imune:
Nutrientes imunomoduladores: arginina, glutamina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos;
Diminui complicações infecciosas e reduz internação em pacientes com neoplasias digestivas que se apresentam ou não desnutridos. Utilizada no pré-operatório pode dimi- nuir morbidade, incluindo fístula anastomótica.
5.4. Complicações
5.4.1. Gastrointestinais
Diarreia: três ou mais evacuações com alterações da consistên- cia durante 48h. Deve-se suspender ou diminuir a velocidade
de infusão e investigar a causa. Contaminação da dieta é rara.
Parasitoses intestinais e Colite pseudomembranosa devem ser levadas em consideração;
Regurgitação: suspender infusão. Avaliar necessidade de pró- cinéticos ou passagem pós-pilórica;
Estase gástrica: resíduo gástrico maior que 250mL duas vezes ou 500mL uma vez. Contraindica a TNE por via gástrica. Avaliar necessi- dade de pró-cinéticos ou passagem pós-pilórica.
5.4.2. Metabólicas
Hiperidratação/desidratação;
Hiperglicemia/Hipoglicemia;
Alterações eletrolíticas: hipofosfatemia, hipomagnesemia.
5.4.3. Mecânicas
Erosão nasal/necrose;
Faringite/esofagite;
Ruptura de varizes esofágicas;
Obstrução do cateter;
Saída ou migração acidental do cateter.
5.4.4. Psicológicas
Ansiedade;
Depressão;
Monotonia Alimentar.
6. NUTRIÇÃO PARENTERAL
6.1. Indicações
Fístulas digestivas de alto débito;
Íleo paralítico prolongado;
Pancreatite fase aguda;
Síndrome do intestino curto descompensado ou fase adaptativa inicial;
Paralelamente à NE quando essa for incapaz de fornecer o aporte nutricional necessário (TNE insufi ciente por 5 dias).
6.2. Vias de administração
Periférica: não utilizamos em nosso serviço. Suporta soluções de no máximo 800mOsm/L, resultando em um aporte protei- co-calórico insufi ciente para indivíduos maiores de 45Kg. Uti- lizam-se as veias antecubitais ou cefálica, com via exclusiva para nutrição, examinando diariamente e trocando a cada 72h o local de acesso;
Central: cateterização de veia jugular interna ou veia subclávia ou dissecção venosa periférica, sendo o gotejamento da dieta na veia cava superior. Suporta soluções de alta osmolaridade pelo alto fl uxo sanguíneo.
6.3. Cuidados especiais
Distúrbios hidroeletrolíticos: hipofosfatemia (96%), hipo- magnesemia (51%), hipocalcemia (26%), hiponatremia (11%).
Deve-se monitorizar e corrigir as alterações a fi m de prevenir complicações maiores como falência respiratória, colapso car- diovascular, rabdomiólise, convulsão, delirium;
Monitorização: balanço hídrico, eletrólitos (sódio, potássio, magnésio, cálcio, fósforo), glicemia, colesterol total e frações, triglicerídeos, ALT, AST, bilirrubina total e frações, pelo menos
uma vez por semana;
Glicemia: HGT 6/6 h. Nos casos de hiperglicemia optar por controle com insulina regular e/ ou diminuição da velocidade de infusão. Avaliar junto à Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional a modifi cação da composição da dieta;
Febre: nos casos de T ≥ 37.8oC e/ou ascensão inexplicada da leucometria: suspender a dieta parenteral, retirar o cateter cen- tral, realizar cultura da ponta do cateter e hemoculturas;
Suspensão da dieta: ao suspender a NP, deve-se iniciar infusão de Soro Glicosado a 10% na mesma velocidade de infusão an- terior a fi m de evitar hipoglicemias indesejáveis;
Troca do cateter venoso: preconizado quando da presença de sinais locais ou sistêmicos de infecção.
Fluxograma 12: Passos para iniciar NPT
1°) Contactar o especialista em suporte nutricional parenteral para avaliação e elaboração de fórmula personalizada;
2°) Laudo Médico para Solicitação de Recursos e Condições Especiais (LMSRCE):
Preencher o LMSRCE, disponível no programa MV 2000, e imprimir uma via.
3°) Encaminhamento à Direção Geral e autorização pela Comissão de Suporte Nutricional Parental e Enteral:
Encaminhar o LMSRCE, devidamente preenchido, juntamente com a Fórmula da Nutrição Parenteral para a Direção Geral do HUOL a fim de ser autorizado pela
Comissão de Suporte Nutricional Parenteral e Enteral.
LEITURA COMPLEMENTAR
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