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Gestão democrática na Escola Básica

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Academic year: 2022

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Graduado em História Natural pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1968), em Pedagogia pelo Centro Universitário Faculdades Integradas de Osasco (1977) e em Direito pela Universidade de São Paulo (1982).

Mestre em Ciências Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1972) e em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1989). Doutor em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996). Livre-Docente pelo Instituto de Artes da UNESP. É professor titular da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, no campus do Instituto de Artes (IAU-SP), no qual é titular da Disciplina “Sociedade, Estado e Educação” (graduação) e docente-pesquisador do Programa de Pós-Graduação, responsável pelas disciplinas de Metodologia da Pesquisa para Ciências Humanas e de Políticas Curriculares para Educação Básica no Campo das Artes: Currículo e Formação de Professores. Membro da Comissão de Avaliação do SINAES do Ministério da Educação e da Comissão Especial do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Membro Titular da Cadeira nº 32 da Academia Paulista de Educação. Vice-Presidente do Conselho Estadual de Educação (2012-2014). Secretário Adjunto de Educação do Estado de São Paulo (2011/2013). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas:

formação de professores (ensino fundamental), política educacional (contexto legislação educacional) e arte/educação.

com o Prof. Dr.

João Cardoso Palma Filho

Gestão democrática na Escola Básica

ENTREVISTA

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Dialogia: Tendo em vista que as instituições escolares estão orientadas pelo principio da gestão democrática da educação, conforme art.

206 da Constituição Federal de 1988 e inciso VIII do art. 3 da Lei de Diretrizes e Bases de 1996, o que inclui a participação dos profissio- nais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes, pergunta-se:

Que análise você faz, nos dias atuais, sobre os limites e possibili- dades do exercício da gestão democrática na escola pública básica brasileira?

JCPF: O principal obstáculo reside na tradição centralizadora na figura do Diretor da Escola e pouca participação dos Conselhos de Escola. As possibilidades para se conseguir um começo de gestão democrática localizam-se na necessidade de dar maior autonomia às escolas, com ampliação da participação de pais e estudantes nos mesmos. Importante também fortalecer os grêmios estudantis.

Como você conceituaria a autonomia da unidade escolar, nas dimensões administrativa, jurídica, financeira e pedagógica, considerando as condições internas e externas que impactam os sistemas de ensino?

JCPF. As escolas não estão aparelhadas, dada a falta de pessoal especializado para atuar na área jurídica e financeira. Quanto às questões de natureza administra- tiva, os gestores têm competência técnica para tal, todavia, devido à centralização excessiva da Pasta da Educação no nível central e intermediário, pouco sobra para os gestores decidirem. Quase sempre tudo vem na forma de Resoluções publicadas no Diário Oficial do Estado. Quanto ao exercício da autonomia pedagógica, cada vez mais é reduzido o espaço de atuação da escola, uma vez que quase tudo vem pronto na forma de “pacotes pedagógicos” originados nos órgãos centrais e, atualmente, até em empresas privadas.

Na sua avaliação, quais princípios e ações têm sido adotados pelas escolas para ampliar e fortalecer a participação dos profissionais de educação, da família e da comunidade local, na perspectiva da gestão democrática?

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JCPF. Não há uma política estabelecida para tal. Na rede estadual que melhor conheço, há ações isoladas e um bom programa, no caso estou me referindo à Escola da Família. Algumas escolas usam de modo competente a atuação das Associações de Pais e Mestres e, em outras situações, o Conselho de Escola.

Como você compreende o papel político-pedagógico da equipe gestora (diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico), dos professores e funcionários da escola? Adicionalmente, eleições diretas, entre os membros da equipe pedagógica escolar, para escolha de seus gestores, seria uma opção pedagógica política e administrativamente eficaz?

JCPF. Do meu ponto de vista o papel político-pedagógico da equipe gestora reside em criar condições para que professores e funcionários possam livremente participar das principais decisões que se relacionam com a Proposta Pedagógica da Escola, bem como com as condições necessárias para o desenvolvimento do referido projeto. Com base em experiências que conheço não considero um bom caminho a escolha da equipe gestora por eleições diretas.

Tendo em vista as inúmeras funções que se confere à escola básica pública contemporaneamente e que estão para além de suas atribuições específicas de formação (campanhas de saúde pública, vestibulares, distribuição de merenda etc.), quiçá de seu orçamento, entende que a escola consegue cumprir tais funções sem prejuízo da função ensino?

JCPF. A escola, com a estrutura que tem atualmente, não consegue dar conta de modo eficiente do conjunto de funções relacionadas na pergunta. Entendo também que o principal papel da escola é fortalecer o processo de acesso dos estudantes ao conhecimento científico, geralmente gerado fora da escola. Nesse sentido, a escola atua como mediadora. Para tanto, precisa contar com infraestrutura adequada e profissionais competentes e compromissados com o aprendizados de crianças e adolescentes sob sua responsabilidade.

Pensando as inúmeras dificuldades para o exercício das funções docentes e de gestão (carreira docente, trabalho em mais de um escola para completar salário, encargos burocráticos, atenção à família e ao

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estudante que apresente eventuais problemas de aprendizagem, ausência de infraestrutura para as atividades de ensino, condições de formação inicial e continuada etc.) na escola pública, entende que a escola conseguirá cumprir o papel formador que lhe é atribuído contemporaneamente?

JCPF. Atualmente, não está cumprindo. Para que isso ocorra é necessário que professores e gestores tenham tempo integral e uma única escola. Há casos de professores e mesmo de gestores trabalhando em até três escolas. É preciso respeitar a Lei do Piso que estabelece no máximo uma jornada de 2/3 em sala de aula, reservando o restante da carga horária semanal para as demais atividades de natureza pedagógica (preparo de aulas, orientação individualizada para os estudantes, participação em reuniões pedagógicas e também administrativas etc.), pois é necessário romper com a dicotomia entre o administrativo e o peda- gógico, entre outras atividades essenciais para o bom desenvolvimento do projeto pedagógico no interior da cada unidade escolar.

Parece que, nos dias de hoje, as mudanças na cultura social se dão a passo acelerado, o que traz impactos nas práticas escolares e na conformação da cultura da escola. Quais estratégias seriam mais adequadas para que a escola as consiga acompanhar, ainda que numa visada crítica?

JCPF. Primeiro, uma constatação: a escola, pelos entraves já apontados nas ques- tões anteriores, não está conseguindo acompanhar o ritmo das mudanças que se dão principalmente no campo das comunicações sociais, onde o virtual cada vez mais se transforma no real. Uma estratégia que considero válida para superar a realidade presente relaciona-se com a necessidade de propiciar tempo e opor- tunidades aos atores sociais que compõem a escola de formação contínua, uma vez que mesmo nos cursos de graduação, ou seja, de formação inicial, os futuros docentes e gestores não têm a chance de se atualizarem com as mudanças. É preciso também que as escolas tenham infraestrutura adequada para o uso de diferentes mídias interativas com as quais os estudantes já estão bem familiari- zados e professores e gestores, muitas vezes, não.

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E os professores, estão aptos e têm as condições necessárias para apro- ximar, dialogicamente, essas culturas – a social e a escolar.

JCPF. Como disse na questão anterior e em outras, não estão. Há que se considerar também que o ritmo de entrada de inovações na educação é mais lento do que em outras áreas sociais.

Como vê o papel dos cursos da formação continuada – mestrados e doutorados incluídos – no aprofundamento e qualificação da gestão democrática da escola básica pública?

JCPF. Os cursos de formação continuada em nível de mestrado, principalmente os profissionalizantes, e doutorados são essenciais para aprofundar o conheci- mento que docentes e gestores trazem da formação inicial, bem como são um importante instrumento de atualização profissional, que devem ser permanentes, e não acessados de forma esporádica e descontínua como vem acontecendo. É fundamental ter uma política de formação permanente, com foco na educação escolar. Em resumo e ao cabo das questões respondidas: Urge realizar uma verdadeira revolução no campo educacional, que só acontecerá se tivermos uma política educacional preocupada em mudar profundamente o estado de coisas que perdura no campo educacional e que provocando um verdadeiro desencanto por parte dos estudantes, principalmente os adolescentes, com a educação escolar.

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