História da Educação II
Reflexão
Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações;
Naquela roça grande tem café maduro e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.
O café vai ser torrado, pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado Negro da cor do contratado!
Antonio Jacinto ( 1924-1991) poeta angolano
Aula do dia 19-08-10
A sociedade e a educação Brasileira no período imperial:
. Chegada da Família Real Portuguesa no Brasil- 1808.
. Independência do Brasil de 1822.
. 1ª Constituição do Brasil de 1824.
. Ato Adicional de 1834.
. Educação no período imperial.
Fórum: Atividade para reflexão
Juquinha (Jacques Prévert)
Diz não com a cabeça diz sim com o coração diz sim ao que ama diz não a professor
está de pé sendo arguido
e todas as perguntas lhe são feitas de repente morre de rir
e apaga tudo
Fórum: Atividade para reflexão
os números e as palavras as datas e os nomes
as frases e as armadilhas
e apesar das ameaças do professor debaixo da vaia do meninos prodígios no quadro-negro da desgraça
com giz de todas as cores
desenha o rosto da felicidade.
Quais são as características da escola
Revisão: Brasil colônia
“Se vamos à essência da nossa formação,
veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros;
mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto.”
Caio Prado Junior
Economia colonial
Latifúndio Monocultura
Trabalho escravo
Revisão: Educação na colônia
Jesuítas -210 anos de atividade missionária . catequese dos índios;
. educação dos filhos dos colonos e da elite colonial;
. formação de novos sacerdotes Marquês de Pombal
. expulsão dos jesuítas supressão dos colégios e escolas;
. criação das aulas régias ou avulsas;
. as aulas régias eram autônomas, isoladas e sem articulação com as outras;
. implantação do imposto denominado Subsídio
Quilombo dos palmares ( 1630-1694) .
Os escravos fugitivos se reuniam e seorganizavam em núcleos fortificados do sertão:
os quilombos
. Os moradores dos quilombos eram chamados de quilombolas e de dedicavam ao trabalho agrícola por meio do trabalho livre.
. Palmares foi o maior quilombo formado no Brasil e localizava-se em Alagoas.
1694-
destruição de Palmares:Morte de Zumbi Filme: Quilombo - 1984Brasil Império ( 1822-1889)
1808- Chegada da Família Real Portuguesa 1822- Independência do Brasil
D. Pedro I é coroado Imperador 1824- Primeira Constituição do Brasil 1831- D. Pedro I abdicou ao trono 1834- Ato Adicional
1840- Golpe da maioridade
Pedro II é coroado Imperador
Brasil Império ( 1822-1889)
1850- Proibição do tráfico de escravos 1864- Guerra do Paraguai
1871- Lei do Ventre Livre 1885- Lei do Sexagenário
1888- Abolição da escravatura
1889- Proclamação da República
Segunda metade do século XIX
. o Brasil tornou-se o o maior produtor mundial de café;
. o cultivo do café se expande em São Paulo;
. Processo de substituição mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado do imigrantes a partir de 1870.
Da Colônia ao Império
Principais medidas de D.João VI no Brasil 1808
. Abertura dos portos: o comércio do Brasil foi aberto a outros países, sem a intermediação de Portugal.
. Revogação do alvará que proibia a instalação de manufaturas no Brasil.
1815
O Brasil é elevado à categoria de Reino Unido a Portugal.
Da Colônia ao Império
Chegada da Família Real Portuguesa no Brasil em 1808 e as principais inovações no campo cultural:
. Criação da Imprensa Régia . Biblioteca Nacional
. Jardim Botânico . Museu Real
. Banco do Brasil
Independência do Brasil 1822
A mudança política não altera a estrutura econômica e social:
. Latifúndio . Monocultura
. Agroexportação . Escravismo
. Dependência econômica
A independência do Brasil foi dirigida pelas elites
Independência dos EUA ( 1776)
Declaração de Independência dos EUA
(04/07/1776)
. por fazer cessar nosso comércio com todas as partes do mundo;
. pelo lançamento de taxas sem nosso consentimento;
. por privar-nos, em muitos casos, dos benefícios do julgamento pelo júri;
. por transportar-nos para além-mar para julgamento por pretensas ofensas;
. por tirar-nos nossas cartas, abolindo nossas
leis mais valiosas e alterando fundamentalmente
Independência dos EUA ( 1776)
. Saqueou nossos mares, devastou nossas
costas, incendiou nossas cidades e destruiu a vida de nosso povo.
. Está, agora mesmo, transportando grandes exércitos de mercenários estrangeiros para
completar a obra da morte, desolação e tirania, já iniciada em circunstâncias de crueldade e
perfídia raramente igualadas nas idades mais
bárbaras e totalmente indignas do chefe de uma nação civilizada.
Independência dos EUA ( 1776)
“Publicamos e declaramos solenemente: que
estas colônias unidas são e de direito têm de ser Estados livres e independentes, que estão
desoneradas de qualquer vassalagem para com a Coroa Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e deve ficar totalmente dissolvido; e que, como Estados livres e independentes, têm inteiro poder para declarar guerra, concluir paz, contratar alianças, estabelecer comércio e praticar todos os atos e ações a que têm direito os estados
independentes.”
Constituição brasileira de 1824
- o Brasil seria governado por um Imperador;
- o poder real passava de pai para filho;
- as eleições eram censitárias;
- a religião oficial do país era a Católica Apostólica Romana;
- os escravos, indígenas e os pobres não eram considerados cidadãos;
- os "cidadãos" elegiam os deputados, e o
Senado era composto por membros vitalícios.
- Criação do Poder moderador
Constituição brasileira de 1824
Eleições censitárias: para votar e ser votado apontava requisitos quanto a renda. Isto
denotava um caráter excludente na sociedade imperial, já que grande parte da população era composta por homens livres e pobres e por
escravos.
Poder moderador:A marca mais característica desta Constituição foi a instituição de um quarto poder, o Moderador, ao lado do Executivo,
Legislativo e Judiciário. Este quarto poder era exclusivo do monarca e, por ele, o imperador controlava a organização política do Império do
Constituição brasileira de 1824
A Constituição de 1824 defendia os interesses dos grandes proprietários de terras e
comerciantes. Esses eram os "cidadãos" da época.
Educação no Império
“ a educação teria de arrastar-se, através de todo o século XIX, inorganizada, anárquica, incessantemente desagregada. Entre o ensino primário e o secundário não há pontes ou
articulações: são dois mundos que se orientam, cada um na sua direção”.
Fernando de Azevedo
“A cultura Brasileira”
Educação no Império
“Sem a exigência de conclusão do curso primário para o acesso a outros níveis, a elite educa seus filhos em casa, com preceptores. Para os demais segmentos sociais, o que resta é oferta de
pouquíssimas escolas cuja atividade se acha restrita à instrução elementar: ler, escrever e contar. Em 1867, apenas 10% da população em idade escolar se acha matriculada nas escolas primárias.”
História da Educação ( Maria Lucia de A. Aranha)
Educação no Império
A lei e a realidade- Brasil legal X Brasil real
1824- Garantia de instrução primária gratuita a todos os cidadãos
1827- Lei que determina a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e
lugarejos.
Estas leis nunca foram efetivamente implantadas
Educação no Império:
descentralização do ensino
Ato Adicional de 1834
.Províncias (futuros Estados) – o ensino das
primeiras letras e os cursos de formação de seus professores.
.Governos central - o controle da governo central o ensino superior e as aulas da própria capital do país
A educação no Império: o ensino secundário
1837- Criação de Colégio Pedro II, na corte, Rio de Janeiro : acesso direto ao ensino superior
. Os colégios de ensino secundário das
províncias não davam acesso direto aos cursos superiores, obrigando os alunos deles a fazerem exames de ingresso aos cursos superiores
Educação no Império: a preferência pelo ensino superior
Assim que chegou ao Brasil, D.João VI determinou criar escolas de nível superior:
. 1808 Academia Real da Marinha Academia Real Militar
. 1810 Cursos médicos- cirúrgicos
. 1827 Cursos jurídicos Direito:São Paulo e Recife
. Apesar da criação de Faculdades não há a formação de Universidades.
Educação no Império
Ensino secundário
. Propedêutico: destinado a preparar os jovens para a faculdade.
. São os parâmetros do ensino superior que
determinam as disciplinas do ensino secundário
Educação no Império
Caráter elitista e aristocrático da educação brasileira e que tem acesso os nobres, os proprietários de terras e de escravos e uma camada média intermediária, necessidade de quadros para a administração pública.
Conto de escola- Machado de Assis
A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia - uma segunda-feira, do mês de maio - deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o
morro de S. Diogo e o Campo de Sant'Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou
menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o
problema. De repente disse comigo que o
melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui
Conto de escola- Machado de Assis
Com franqueza, estava arrependido de ter vindo.
Agora que ficava preso, ardia por andar lá fora, e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o
Américo, o Carlos das Escadinhas, a fina flor do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de
desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do morro do
Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma coisa soberba. E eu na
escola, sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos
Conto de escola- Machado de Assis
Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais severo para o filho, buscava-o muitas vezes com os olhos, para trazê-lo mais aperreado. Mas nós também éramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos a ler. Afinal cansou e tomou as folhas do dia, três ou quatro, que ele lia
devagar, mastigando as idéias e as paixões. Não esqueçam que estávamos então no fim da
Regência, e que era grande a agitação pública.
Policarpo tinha decerto algum partido, mas
nunca pude averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para nós, era a palmatória.
Conto de escola- Machado de Assis
E essa lá estava, pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do costume, que não era pouca. E daí, pode ser que alguma vez as paixões
políticas dominassem nele a ponto de poupar- nos uma ou outra correção. Naquele dia, ao
menos, pareceu-me que lia as folhas com muito interesse; levantava os olhos de quando em
quando, ou tomava uma pitada, mas tornava logo aos jornais, e lia a valer.
Constituições do Brasil
1. Constituição de 1824
2. Constituição de 1891
3. Constituição de 1934
4. Constituição de 1937
5. Constituição de 1946
6. Constituição de 1967
7. Constituição de 1988
Leis educacionais do Império
· A Constituição de 1824, dizia, no seu artigo 179, que a instrução primária era gratuita a
todos os cidadãos
· 1827- criados os cursos de Direito de São Paulo e Olinda.
· Uma Lei Geral , de 15 de outubro, dispõe sobre as escolas de primeiras letras, fixando-lhes o
currículo, institui o ensino primário para o sexo feminino e manda criar escolas de primeiras
letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império.
Leis educacionais do Império
· O Ato Adicional de 1834 (reforma constitucional) dizia que a educação
primária e secundária ficaria a cargo das províncias, restando a administração
nacional o ensino superior.
1872- O Brasil contava com uma
população de 10 milhões de habitantes e apenas 150.000 alunos matriculados em escolas primárias. O índice de
analfabetismo era de 66,4%.
Próxima aula
Educação e sociedade no período da República
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!
Mário Quintana (1912-1994)