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PROJETO DE INTERVENÇÃO DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL : RELATO DE EXPERIÊNCIA COMO AUXILIAR DE SALAEM EDUCAÇÃO INFANTIL

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Academic year: 2022

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PROJETO DE INTERVENÇÃO “DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL”: RELATO DE EXPERIÊNCIA COMO AUXILIAR

DE SALAEM EDUCAÇÃO INFANTIL

Joanne Oliveira Dias- UESB

Resumo

O presente trabalho diz respeito a um relato de experiência como Auxiliar de sala em Educação infantil, realizado em um centro de Educação Infantil(creche), localizada em Itapetinga, Bahia, que recebe diariamente 140 crianças com idade entre dois e quatro anos. A observação sistemática do cotidiano escolar dessa aluna foi realizado no período de quatro meses. Discutindo a respeito do projeto de intervenção étnico-racial denominado “Diversidade étnico-racial na educação infantil” que tem como objetivo central atuar na prática de discriminação racial de uma criança pequena de apenas três anos.

Palavras-chaves: Educação infantil, relações etnicorraciais, intervenção.

Introdução

Este trabalho teve por objetivo observar o cotidiano de uma criança específica na Educação infantil.A história do Brasil é marcada pela imposição da cultura europeia inserida pelos colonizadores e regida desde então pela segregação intrínseca na divisão das classes socais, formadas pelas diferentes raças e etnias que compõem a sociedade brasileira. Na sociedade em que vivemos torna-se de fundamental importância discutir a cerca de temas envolvendo a educação étnico-racial, uma vez que questões como racismo, preconceito e discriminação permeiam o nosso cotidiano, porém muitas vezes essas temáticas são mascaradas, veladas e tratadas apenas como “brincadeiras”

estigmatizando e estereotipando o negro.

O Brasil ainda persiste numa grande separação entre as classes sociais, oriunda principalmente de fatores como a herança do regime escravocrata, a má distribuição de renda e precariedade da formação educacional de massa, que excluem a maioria da população do acesso à cidadania plena e da possibilidade de mobilidade e ascensão social, o que vemos é um genocídio contra a juventude negra e as representações em papeis ora de subalternidade ou inferioridade.

É preciso perceber que mesmo em um país de pluralidade cultural como o Brasil, e apesar da conquista da garantia legal dos princípios de igualdade e liberdade para todos conforme a constituição de 1988, esta sociedade ainda permanece voltada para os estereótipo historicamente formados acerca da diversidade étnico-racial, sendo

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assim, é imprescindível, então que a diversidade seja contemplada nas práticas

pedagógicas desde

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a Educação Infantil, numa perspectiva valorativa de si e do outro, para a promoção de uma educação igualitária e compromissada com o desenvolvimento do futuro cidadão.

Esta postura de “europeização” da cultura advinda do período de colonização étambém difundida pela educação a partir da Educação Infantil onde as atividades de leitura são praticamente unânimes pelos contos de fadas, que enfatizam as características físicas dos príncipes e princesas que em muito diferem da maioria das crianças brasileiras. Nos livros analisados, frequentemente, os personagens negros aparecem como escravos humildes, empregados domésticos e pobres.

Com isso, diante das observações como Auxiliar em Educação Infantil, percebeu-se em uma criança em particular, algumas atitudes que demarcam a percepção do diferente. Vale ressaltar que a diferença é algo natural e comum nessa fase, o que vai contar é em como a escola vai tratar este assunto em sala de aula.

Nesse sentido, buscou-se através de um projeto de intervenção pedagógica intitulado como:“Diversidade étnico-racial na educação infantil”.

Metodologia

O interesse pelo estudo da diversidade étnico-racial na educação infantil surgiu durante o trabalho como Auxiliar de Educação Infantil em uma escola municipalizada no município de Itapetinga, Bahia. A creche recebe diariamente 130 crianças com idade entre dois e quatro anos. No que tange a metodologia, pode-se afirmar que a pesquisa é de caráter exploratório e descritiva. A observação sistemática do cotidiano escolar foi realizado no período de quatro meses no primeiro semestre de 2015.

Estar inserida há quatro anos em creches, atuando como discente do curso de pedagogia, mãe, negra e ter sentido na pele práticas de discriminações raciais na infância me possibilitou identificar melhor os problemas.

Inicialmente à investigação da problemática em questão foi imprescindível o uso daobservação in loco, buscando compreender como se configuram as relações interpessoais entre crianças com características étnico-raciais distintas, desde as brincadeiras à outras formas de expressão. Através da análise dos fatores observados foi possível constatar a existência, entre uma criança em especifico, a não aceitação das diferenças, pautadas em atitudes de preconceito étnico-racial.

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Fundamentação Teórica

Na chamada nova modernidade, nos deparamos com problemas complexos de convívio entre os cidadãos. Pois o que prevalece é o individualismo, esse que desencadeia várias problemáticas a partir de vários âmbitos. E algumas dessas problemáticas estão nas práticas de discriminações raciais. E assim como afirma Lopes (2000) há a necessidade de um olhar sobre a realidade, pois a visão que se tem no Brasil é que o racismo, o preconceito e a discriminação não existem dar-se à entender que isso ficou no passado. Esta percepção pode estar ligada à estratégia da democracia racial brasileira que nega a existência do problema. Em meados do século XX o sociólogo Florestan Fernandes, aprofunda a trama de discursos sobre as relações raciais, principal referência da chamada “sociologia das relações raciais”

Não se entende a situação do negro e do mulato fazendo-se tábula rasa do período escravista e do que ocorreu ao longo da instauração da ordem social competitiva.

[...] Do ponto de vista sociológico, o que interessa, nesse pano de fundo, é o fato de que os estoques negro e mulato da população brasileira ainda não atingiram um patamar que favoreça sua rápida integração às estruturas ocupacionais, sociais e culturais do capitalismo (2006, p. 272)

Nesse sentido, a escola possui um papel fundamental na construção de um novo olhar, pois a proposta pedagógica deve se voltar para um trabalho de valorização do outro, em um combate a ideias preconceituosas, de modo que todos os envolvidos no processo de construção do saber, possam entender que a diferença entre pessoas é algo inerente ao ser humano

A educação escolar deve ajudar professor e alunos a compreenderem que a diferença entre pessoas, povos e nações é saudável e enriquecedora; que é preciso valorizá-las para garantir a democracia que, entre outros, significa respeito pelas pessoas e nações tais como são[...]. ( LOPES, 2000, p. 188).

Portanto, a criança negra não encontra na escola modelos de estética que afirmem (ou legitimem) a cor de sua pele de forma positiva; a cultura negra tem sido silenciada na escola; os processos de branquitude e branqueamento agem de forma perversa em relação às crianças negras. Estudos têm mostrado que os alunos negros enfrentam dificuldades para permanecerem na escola, sendo os que mais apresentam as maiores taxas de evasão e repetência (ABRAMOWICZ, OLIVEIRA e RODRIGUES, 2010).

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Resultados e Discussão

Partindo desse pressuposto no projeto intervenção em educação infantil, por meio de observações, conversas e brincadeiras observadas entre as crianças, viu-se a necessidade de trabalhar com a diversidade por meio da brincadeira, na perspectiva da valorização pessoal e social de questões envolvendo a diversidade étnico-racial.

Portanto, diante das observações realizadas durante o meu quarto ano como auxiliar de educação infantil, surge a proposta de trabalhar com questões relacionadas ao racismo, preconceito e discriminação, tendo como eixo fundamental a brincadeira para entender o ser criança e suas possibilidades de aprender por meio da ação coletiva e intencional.

O projeto de intervenção intitulado “Discutindo a diversidade étnico-racial na educação infantil”, foi desenvolvido em um centro municipal de Educação Infantil de Itapetinga, Bahia, em uma turma da modalidade Infantil I, com crianças na faixa etária de 3 anos que veio com o objetivo de estimular o respeito às diferenças entre os/as alunos/as. A temática abordada surgiu durante as observações na turma educação infantil onde percebeu-se através de um comportamento em especial de uma criança em apresentar “repulsa” em não se sentar próxima a colegas da cor negra, não dar às mãos nas brincadeiras e manter-se afastada. Nesse sentido, o projeto foi realizado em 5 dias (uma semana) tendo como objetivo refletir a cerca das perspectivas de ensinar e aprender por meio das múltiplas linguagens, consideradas subsídios indispensáveis para a formação da criança e percepção e valorização da diferença.

Para tanto foram propostas atividades permanentes como: acolhida, oração, músicas, leitura, calendário e chamada. A rotina na creche permaneceu, mas estas atividades foram trabalhadas de maneiras diferenciadas ao decorrer das sessões.

Foi então proposto a criação de uma boneca na cor preta o que desagradou muitas das crianças, dizendo ser feia, mas conforme os dias iam passando, criaram um carinho pelo brinquedo. Nos dois primeiros dias, a aluna em especial, não quis tocar a boneca, dizendo não gostar do cabelo, pois disse achar “bonito o liso”, depois de muito diálogo, ela passou a brincar com a boneca apelidada de Maria.

No primeiro dia do projeto, as crianças foram convidadas a ouvir a leitura do livro

“Menina bonita do laço de fita” de Ana Maria Machado. O livro conta a estória de um

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coelhinho branquinho que faz de tudo para ficar pretinho como aquela menina do laço de fita que achava linda, mas o coelho não sabia como a menina herdou aquela cor.

Nas sessões, trabalhou-se também confecção de massa de modelar caseira, história dos nomes, construção de fantoches, mistura de tintas, construção do painel, caixa dos sentidos, espelho, desenho livre, cantinho da beleza, momentos de recreação com músicas, danças e brincadeiras e a culminância do projeto com o dia da fantasia.

Após a abordagem sobre a diversidade encontrada na sala de aula em questão, foram apresentadas aos alunos/as fotos de crianças com características diversas, para que pudessem observar semelhanças, diferenças nas imagens e questionar se são todas iguais ou apenas parecem iguais. Depois de observadas, as fotos foram coladas pelas crianças em um cartaz então intitulado: Mural da Pluralidade. Esta atividade foi muito satisfatória, pois a cada imagem eles comparavam entre si.

A culminância do projeto foi executando uma atividade motivadora para a aceitação do “eu” e das “diferenças”, através de uma dinâmica de grupo. A dinâmica utilizada no Projeto “A diversidade étnico-racial na educação infantil” foi a dinâmica do espelho, por ser esta entre várias dinâmicas analisadas, a que melhor se enquadra aos objetivos propostos no projeto, por tratar-se de uma dinâmica grupal que leva a apreciação da autoimagem e instiga a compreensão da diversidade existente na sala de aula. A aluna em questão já se mostrou bastante envolvida e aceitou dividir este momento com uma coleguinha da cor negra e cabelos crespos.

As atividades descritas neste projeto apontam para possíveis meios de uma abordagem pedagógica enfatizando as relações étnicorraciais e que decorrentemente auxiliando as crianças para uma transformação social e uma educação inclusiva.

Conclusão

Somente através da observação, estudo e discussão nós da equipe deste centro infantil, nos dispomos a compreender a realidade das relações étnico-raciais na escola o que tornou possível constatar uma situação problema e agir sobre a mesma em busca de modificá-la, e enquanto educadores tentar transformar e auxiliar no desenvolvimento das crianças. De acordo com Celso Antunes (2003), “podemos pensar em criar uma escola que faça do reconhecimento das diversidades uma estratégia para uma nova aprendizagem”. Isto significa dizer que “igualdade étnico-racial” também se aprende na escola.Cabe argumentar que as questões envolvendo as diferenças e construções de identidade levam tempo, e precisam ser reforçadas no dia a dia escolar. Considera-se

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que este projeto de intervenção tenha atingido o seu objetivo e contribuiu para reforçar a importância e a necessidade de trabalhar a diversidade étnico-racial na Educação infantil, por meio da ludicidade. Deste modo é possível reconhecer quando será necessário e quais intervenções podem ser realizadas no decorrer do ano letivo para que os conflitos decorrentes da diversidade étnico-racial possam ser trabalhos de forma positiva.

Referências Bibliográficas:

ABRAMOWICZ, Anete; OLIVEIRA, Fabiana. de; RODRIGUES, Tatiane. C. A criança negra, uma criança negra. In: ABRAMOWICZ, A; GOMES, N. L. (Orgs.).

Educação e raça: perspectivas políticas, pedagógicas e estéticas. Belo Horizonte:

Autêntica, 2010.

ANTUNES, Celso. Antiguidades modernas: Crônicas do cotidiano escolar/Celso Antunes. – Porto Alegre: Artmed, 2003.

FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Global, 2007.

GOMES, J. V. “Relações família e escola – continuidade /descontinuidade do processo educativo”. São Paulo,IDÉIAS (nº.16), 1993.

LOPES, Véra Neusa. Superando o racismo na escola IN: Racismo, preconceito e discriminação. 2 impressão Org. KabengeleMunanga- Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental. 2000

Anexos

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Referências

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