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LIÇÃO 12 4º TRIMESTRE 2021 A CONDUTA DO CRISTÃO NO RELACIONAMENTO FAMILIAR

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LIÇÃO 12 – 4º TRIMESTRE 2021

A CONDUTA DO CRISTÃO NO RELACIONAMENTO FAMILIAR

TEXTO ÁUREO: Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; Ef 6.2.

INTRODUÇÃO

Até este ponto estudamos a conduta do cristão de modo abrangente, tocando em todas as dimensões de sua vida cotidiana. Mas a partir do verso 22 do capítulo 5, até o verso 4 do capítulo 6 observamos que Paulo afunilou suas exortações conduzindo as pessoas a pensarem na intimidade doméstica e responsabilidade de cada um no lar.

SUBMISSÃO, AMOR e HONRA são os tópicos desta lição. Quem extrair os ensinamentos e aplica-los em sua vida pessoal e familiar estará apto a receber aprovação divina e caminhar por esta terra com leveza e serenidade, debaixo da cobertura do sangue de Cristo, na unção do Espírito Santo, vivendo para a glória de Deus.

O amor e a honra são ilimitados e incondicionais, precisam ser exercidos à semelhança de Cristo, a submissão respeita limites e precisa existir debaixo das condições postas pelas Escrituras, mas em todas elas prevalece os princípios sagrados da Palavra de Deus. A submissão é remédio, amor e honra é o caráter aprovado. Como é precioso, edificante e libertador entender a conduta do cristão no relacionamento familiar a partir destes referenciais!!!

Meditemos em alguns versículos bíblicos que nos introduzem na dinâmica desta reflexão para forrar o solo que pisaremos a partir deste momento:

Ec 10.4 - Levantando-se contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar, porque a submissão é um remédio que aplaca grandes ofensas.

2Co 9.13 - Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão, que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de vossos dons para com eles, e para com todos.

Tg 4.7ª - Sujeitai-vos, pois, a Deus.

A união submissa a Deus se revela no modo como cada um constrói seu próprio lar/casa/família: Mt 7.24,25 - Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

Ef 3.17-19 - Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.

1Co 13.7 – [o amor] Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Ml 4.6 - E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.

Ex 20.12 - Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

Et 8.16 - E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra.

Pv 3.35 - Os sábios herdarão honra, mas os loucos tomam sobre si vergonha.

Pv 15.33 - O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.

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Pv 25.2 - A glória de Deus está nas coisas encobertas; mas a honra dos reis, está em descobri-las.

No descobrir das coisas encobertas do coração de Deus o estudioso da Palavra prossegue, de glória em glória, alimentando-se do maná escondido, vivendo na ante sala do céu, assentado com Cristo nas regiões celestes já, agora, mas ainda não, pois aguarda o dia em que receberá um corpo glorificado e estará para sempre com o Senhor, Ef 1.3.

1. A SUBMISSÃO E A OBEDIÊNCIA A DEUS

Não se trata aqui da submissão exigida aos homens, aos líderes, aos ministérios, apesar de sua importância e centralidade na vida cristã. Paulo está instruindo aos crentes de Éfeso a refletirem sobre a submissão e obediência que é devida a Deus porque partindo disto, todo o resto será consequência.

Quem primeiro não é submisso e obediente a Deus não será a pessoas e a diretrizes propostas pelas lideranças. Ainda que mascare um comportamento aparentemente servil ao final as verdadeiras intensões do coração são reveladas e o elemento desobediente, rebelde, incrédulo há de se manifestar, mostrando que muito do que parecia submissão, era na verdade hipocrisia.

Nada nos desnuda mais e nos mostra como somos, realmente, do que a intimidade do lar. É no lar que se forja o caráter e que se recebe o aprendizado para o crescimento e amadurecimento para a vida. Famílias precisam ser abrigadas em “lares” e não somente em “casas”. Famílias precisam se desenvolver de conformidade com o ideal divino e a sadia instrução da Palavra de Deus. É da reunião de famílias que uma igreja é constituída por isto mesmo a igreja é entendida como a grande família de Deus, conforme se lê em Ef 2.19 - Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus. É com base neste conceito de igreja como família que Paulo parte para esta instrução a respeito da conduta do cristão no relacionamento familiar.

Pela instrumentalidade do Espírito Santo Paulo, então, de posse dessa figura abrangente e fundamental passa a instruir os cristãos daquela localidade quanto aos seus deveres diferentes relacionamentos interpessoais familiares, partindo exatamente do tema da submissão.

1,1. A submissão como um princípio

Segundo escreveu o comentarista: “Deus trabalha com princípios e propósitos. Os princípios representam um conjunto de normas que devem ser seguidas para que se alcance um determinado propósito. Alguns princípios bíblicos estabelecidos por Deus em Sua Palavra ainda são desconhecidos ou mal entendidos por muitas pessoas que contraem o casamento”.

Um destes princípios bíblicos severamente mal interpretados e mal aplicados é o da submissão. A experiência tem demonstrado que nenhum outro sofreu mais abuso do que este, uma vez que “por alguma razão, a espécie humana demonstra uma aptidão extraordinária para empregar o melhor dos ensinamentos nos piores fins”1.

A aversão ao conceito de submissão está por todo lado. Seu emprego insidioso (que parece benigno, mas pode ser ou tornar-se grave e perigoso ), principalmente por parte da religião, provocou uma verdadeira ojeriza2, tanto ao termo quanto a prática equivalente. “Nada é mais eficaz em aprisionar uma pessoa que a religião, e nada na religião contribuiu mais para manipular e destruir

1 FOSTER, Richard. Celebração da disciplina.: o caminho do crescimento espiritual. 2. edição. São Paulo: Editora Vida, 2007, p. 161.

2 Ojeriza: o mesmo que sentimento de má vontade, aversão, antipatia gerado pela intuição, por uma percepção, um ressentimento. Segundo o dicionário da língua portuguesa.

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pessoas que os ensinos equivocados a respeito da submissão”3. É muito comum de se ver, ainda em nossos dias, sendo ministrado em nossos púlpitos um ensinamento sobre submissão que é antibíblico e anticristão. A necessidade de falar sobre isto, debater sobre o assunto, estudar a questão até ter um referencial adequado a respeito dela é porque precisamos de discernimento em meio à confusão imposta pelo momento histórico complicado que estamos vivendo, encontrando um bom caminho na Palavra de Deus e seguir por ele com a garantia de que estamos ministrando vida e não a morte.

Antes de partir para uma exposição à respeito da submissão da mulher em relação ao homem, Paulo introduz o assunto nos seguintes termos:

Ef 5.21 - Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.

No contexto familiar esta visão de submissão ou de assumir juntamente a missão do outro, colocar os ombros sob a missão do outro de livre vontade, repousa sobre o princípio da mutualidade.

Biblicamente os papéis estão claramente definidos, a exigência, é para ambos, a renúncia é para ambos, o esforço é para ambos. Submeter-se (sujeitar-se) é andar junto com outro, levar a ele os seus questionamentos, suas angústias, seus projetos e ter do outro uma palavra de peso, que possa servir de norte nas suas decisões. É estar ao lado do outro e continuar ali mesmo quando todo o mundo já foi embora. Submissão é partilha. É partilhar os mesmos planos é ser parte integrante do plano de vida do outro. É viver para agradar, servir, motivar. Não existe submissão plena sem diálogo, sem ajustes, sem concórdia, sem aprovação de ambos. A exigência e imposição da submissão a esvazia de sentido e significado.

Ef 5.22 - Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;

Cl 3.18 - Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor.

E o que convém, no Senhor? O que o Senhor espera de uma relação santa que se baseia na submissão? “A filosofia secular desconhece totalmente ou não leva em conta o propósito pelo qual Deus uniu o homem e a mulher”. Afirma o comentarista. Por isto mesmo aberrações tem sido produzidas em larga escala para desmerecer a tradição judaica cristã com seus princípios norteadores da vida e do bom proceder.

A submissão, segundo a Bíblia, nos torna livres e isto não é nenhuma contradição. A liberdade da submissão reside no fato de que somos cooperadores de Deus, lavoura de Deus, edifício de Deus, 1Co 3.9, somos seu corpo, mas nossa cabeça está no céu, Ef 4.15, 5.23. E a Ele, somente a Ele nos submeteremos integral e incondicionalmente. De posse deste ensinamento vital podemos afirmar que a submissão exigida da parte da mulher é para aquele homem que assume seu papel de esposo na relação conjugal, e nessa posição ama sua esposa e está disposto dar a própria vida, se necessário for, para defendê-la, para protegê-la, cuidando dela como cuida de si mesmo.

Ef 5.23 - Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.

Quando estamos em uma relação de submissão, obediência, entrega, a liberdade que corresponde a submissão é a capacidade de tirar das nossas costas o fardo terrível de sempre precisar fazer as coisas do nosso jeito. Há um modo de fazer todas as coisas biblicamente ordenado. A Bíblia fala de esferas de poder e quer que entendamos isto a fim de minimizar nosso sofrimento em relação àquilo que sai do nosso âmbito de atuação e nos coloca debaixo do “jugo” da autoridade servil. O maior homem que já viveu neste planeta, que tinha toda autoridade no céu e na terra se fez servo de todos, submetendo-se à vontade do Pai.

3 FOSTRER, Richard, op. cit., p.

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Fp 2.6-8 - Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

Vejam como Foster explica esta questão: “A obsessão de exigir que tudo funcione conforme desejamos é a pior escravidão que existe hoje na sociedade humana. Há quem passe semanas, meses e até mesmo anos em constante aflição porque algo não aconteceu como desejado. Ficam alvoroçados e se enfurecem Chegam a perder a razão por este motivo. Agem como se a própria vida dependesse disso”4. Mas veja que bálsamo, ao praticar a disciplina da submissão ficamos livres para nos desprender da questão e esquecê-la. O fato é que precisamos ter um olhar mais refinado e um coração mais sensível para o que importa, o que é essencial. As vezes àquilo que estamos dando uma importância muito grande, nem é de fato. A vida não irá terminar se isto ou aquilo não acontecer, ou se o que aconteceu feriu nossos interesses e foi na contramão dos nossos planos. Aliás, a vida há de continuar até mesmo em um campo de guerra.

Quando as coisas não correm de acordo com o que planejamos ou desejamos e precisamos nos submeter a novos fatos, pessoas e eventos, além da frustração que pode ser muito angustiante, suportar a idéia de ceder é avassalador. Somente pela prática da submissão bíblica seremos capazes de levar esse estado da alma ao ponto de não sermos mais controlados pelo nosso “eu” ofendido. Isto é muito importante de se pensar. Apenas a submissão que é segundo a Bíblia amplia nossa visão nos dando liberdade suficiente para distinguirmos entre assuntos legítimos, nos quais precisamos nos empenhar em defender, seriamente, e aqueles que foram frutos de nossa vontade obstinada, no qual despendemos mais energia do que o necessário.

Por não se importar com os princípios divinos e, “por falta de conhecimento, a sociedade vive chafurdando no pecado e no engano a cada dia”, mas por nos submetermos a Palavra de Deus vivemos uma vida que vale a pena ser vivida, aprovada e santa que haverá de receber uma recompensa celestial. O Evangelho de Cristo converte os indivíduos de dentro para fora e antes de se tornar uma atitude externa já efetuou sua grande obra no íntimo e por isto mesmo a conduta cristã, com seu diferencial que tem a submissão como um princípio basilar.

1.2. Uma submissão com consciência

Voltando aos versículos anteriormente citados:

Ef 5.22 - Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;

Cl 3.18 - Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor.

“A sujeição da qual Paulo se refere é uma atitude espontânea, porque é uma sujeição baseada no amor e no temor do Senhor, ela não é cega, é totalmente consciente”.

“Quando marido e mulher estão sob o senhorio de Cristo, o resultado será sempre harmonia e consistência”.

Ec 4.9-12 - Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.

4 Idem, p. 162.

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A submissão plena passa pelo caminho do amor incondicional. Na prática da submissão nos tornamos livres para valorizar e amar quem está à frente, colocados pelo Senhor em posição de autoridade e por amá-los abrimos mão do nosso direito de exigir que retribuam nosso amor. Não temos mais a sensação de que precisamos ser tratados de determinada maneira, ou que a pessoa está nos devendo algo, pelo modo como nos comportamos com ela. Submeter-se é fazer o que precisa ser feito, na direção de quem está no comando, com excelência e segundo a graça de Deus.

Entendemos que, primariamente, submissão não é escravidão, subalternidade, redução a uma segunda categoria. Ela é um mandato divino. Como afirmou Shedd, citado no comentário para o professor: “Como submissão significa colocar-se debaixo da missão de outra pessoa, há uma importância prioritária dada àquele com quem se casa (e não é permitido outro tipo de casamento ao crente), deve-se entender , antes de se comprometer que essa obediência não tem nada a ver com escravatura. É semelhante ao conceito que Cristo desenvolvem em Jo 15.15”.

Jo 15.15 - Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho- vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

A esposa que consagra sua vida ao esposo e apoia o marido em tudo, dentro da missão dele, está investindo na própria vida, está cultivando uma amizade única e singular, está trabalhando por um relacionamento de resultados e está promovendo o Reino de Deus, porque a relação do casal é o espelho da relação de Cristo com a Igreja. Se o marido representa Deus na frente da família, no nível humano, a mulher representa a Igreja, trazida à existência por Cristo, para ser o local de sua atuação e manifestação para mundo.

Submissão é um princípio sagrado e é libertador abrir mão dos próprios direitos, voluntariamente, em favor de um bem maior e o estabelecimento da paz. A pedra de toque da submissão, conforme define Foster5, pode ser encontrada na afirmativa de Jesus em Mc 8.34: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Isto é totalmente inadmissível em nossos dias em que se prega a “autossatisfação” e a “realização pessoal” como o único estilo de vida que realmente vale a pena. A autonegação chega a ser considerada uma aberração e a Bíblia, neste sentido, é vista como completamente desatualizada e fora de contexto, insuficiente para atender as demandas dos novos tempos. Uma “carta morta” que precisa ser atualizada.

Negar-se a si mesmo em nosso tempo traz consigo a imagem de rebaixamento, então, por instinto rejeitamos esta palavra. Porém, o ensino bíblico a respeito de submissão diz respeito ao

“espírito” [o estado de ânimo] com que vemos nosso semelhante e nos relacionamentos com ele.

Somos chamados pela Palavra de Deus a estabelecer uma atitude interna de subordinação mútua. Isto será possível apenas se aplicarmos os ensinamentos de Jesus, neste caso, a autonegação é o meio de chegar a compreensão de que não precisamos trilhar um caminho próprio sempre e que nossa felicidade não depende de conseguirmos o que queremos o tempo todo. Por outro lado, ela nunca significou desprezar por si mesmo, na verdade, mostra o nosso valor.

Autonegação não significa perder a identidade. Para o “eu” se afirmar ele não precisa somente fazer o que quer. Sem identidade não poderíamos nem mesmo nos sujeitar uns aos outros. Por isto mesmo podemos encontrar a própria identidade exatamente neste ato de autonegação. Ela significa a liberdade de priorizar o semelhante e de investir no bem comum. Para Jesus, salvar a vida significa perde-la e perder a vida por causa de Cristo, certamente é salvá-la Mc 8.35. Precisamos estar convencidos disto antes de entrar em qualquer discussão a respeito de submissão.

5 Idem, p. 164.

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Não somos coitadinhos, somos filhos amados do Pai, comprados pelo sangue de Cristo, de grande valor para Deus. Deus tem planos excelentes para nós, mas nem sempre as coisas vão acontecer como queremos. As vamos precisar ceder, abrir mão, estar debaixo de autoridade e fazer o que precisa ser feito não o que queremos.

Fp 2.3-5 - Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,

1.3. A submissão como propósito divino

Ef 5.23 - Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.

“O Deus que criou todas as coisas sabe exatamente como elas devem funcionar”. Este é pensamento básico de toda mente racional. O comentarista expõe a razão da esposa ao marido que é baseada no fato de que o marido é o cabeça da esposa do mesmo modo que Cristo é o cabeça da igreja. “Toda instituição tem uma autoridade principal e, no caso da família, o chefe é o marido, e sua obrigação e autoridade foi delegada por Deus, e não pode ser substituída ou eliminada por nada ou ninguém”.

Eu acrescentaria: a não ser por ele mesmo, pois se a sujeição da mulher ao marido tem um sentido espiritual, e isto é um fato incontestável, ela deve ser vista como uma bênção e nunca como sacrifício. O marido contribuirá em maior parte para que isto seja assim. Na medida que desempenha seu papel com hombridade e honradez, com grandeza de caráter, equilíbrio, na qualidade de “cabeça”

na sua casa, assumirá sua posição de modo digno, com toda sabedoria, dedicação, gentileza, e o amor incondicional, fazendo o que Jesus Cristo espera que ele faça na qualidade de “cabeça” no seu lar.

Sendo assim não há por que não se submeter. E a mulher sábia fará isto com todo amor, em ações de graças.

EF 5.24,25 - De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.

A submissão como propósito divino tem a ver com seguir Jesus. Seguir os ensinamentos de Jesus implica em adotar uma subordinação voluntária que também é revolucionária em muitos sentidos. Jesus radicalizou o conceito de grandeza, de força e poder em sua época. Com ele aprendemos que a verdadeira liderança nos faz servos de todos, por isto não teremos problemas, se precisar abaixar para lavar os pés de quem quer que seja, e, a cruz é o símbolo mais notável desta servidão radical.

Quando pensamos que Jesus não apenas morreu uma “morte de cruz”, mas também viveu uma

“vida de cruz”, encontramos sentido em nossos próprios sofrimentos e provações. Jesus viveu a vida de cruz em submissão plena, sendo servo de todos. Ao rejeitar os mecanismo culturais do seu tempo, reinvindicações de posições e de status, construiu, diante de todos, uma ordem de liderança inteiramente nova. Sua “vida de cruz”, jogou por terra todas as ordens sociais baseadas no poder e no interesse próprio, até mesmo aquelas que as pessoas se ufanavam de estarem praticando por eleição divina. E Ele também chamou seus seguidores à vida de cruz, imortalizando o princípio desta vida

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no ato de lavar os pés dos discípulos: Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz, Jo 13.156.

A subordinação bíblica voluntária proposta por Cristo nos Evangelhos, desenvolvida nas Epístolas, tanto Paulinas quanto Gerais, com a mesma ênfase é revolucionária, porque destoa de tudo que era adotado como visão de mundo da época de Cristo. A submissão como propósito divino implica em ordem, decência, respeito, ética, moral, consideração e amor. Ela tanto é um princípio bíblico fundamental como também é regida por princípio bíblicos elementares. Isto significa que ela tem limites claros a partir das Escrituras. O exemplo e o chamado de Jesus para seguirmos pelo caminho da cruz é a base para o ensino a respeito da submissão. Sua proposta inovadora no Sermão do Monte nos oferece o referencial, os conceitos primários do Reino de Deus, que nos permitem enxerga a submissão a partir de outro viés.

“Os limites da submissão encontram-se nos pontos em que ela se torna destrutiva”7. Caso isto venha acontecer, dos limites serem ultrapassados e a pessoa que se encontra em posição de submissão esteja sendo oprimida, vitimada, ultrajada, acontecer o ato de se submeter indevidamente torna-se a negação da lei do amor, tal como é ensinada por Jesus e representa uma afronta à submissão bíblica genuína.

Mt 22.37-39 - E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Rm 13.10 - O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.

Exemplos bíblicos como de Paulo e Pedro nos mostram que, ao mesmo tempo que ensinaram a submissão radical ao estado, por compreender a vida de cruz, também ensinaram que dependendo das circunstâncias haveria a necessidade de obedecer a Deus e não aos homens, de pedir satisfação e insistir que os danos fossem reparados. Isto porque entendiam que a submissão chega ao fim do seu curso quando se torna destrutiva8. Não se aplicaria este mesmo princípio à relação conjugal?

At 4.19,20 - Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.

At 5.29 - Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.

Rm 13.1 - Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.

At 16.37 - Mas Paulo replicou: Açoitaram-nos publicamente e, sem sermos condenados, sendo homens romanos, nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? Não será assim;

mas venham eles mesmos e tirem-nos para fora.

Estas questões não são simples nem fáceis, as vezes os limites da submissão são claros, como o atentado à vida, maus tratos, à indução de práticas ilegais, entre outros, mas muitas vezes é extremamente difícil de se definir os seus limites. É exatamente aqui que a religião pode entrar como promotora da desgraça alheia, promovendo a opressão e convencendo pessoas a se submeterem a situações potencialmente destrutivas.

Ef 4.20 - Mas vós não aprendestes assim a Cristo.

Somos profundamente dependentes do Espírito Santo e da Palavra de Deus para definir os limites da submissão e assim adequá-la aos propósitos divinos. É Ele que discerne com precisão os

6 FOSTER, Richard, op. cit., p. 167-168.

7 Idem, p. 173.

8 Idem, p. 173.

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pensamentos e intenções do coração, instruindo-nos acerca do que fazer quando não soubermos o que fazer.

1Co 2.15 - Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.

Hb 4.12 - Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.

Podemos não ser doutores em alguma área do conhecimento ou em Bíblia, mas de uma coisa estamos certos, a palavra de Deus que exige a submissão (sujeição) da mulher ao homem, decreta ao homem a obrigatoriedade de amar a sua mulher, incondicionalmente. Uma coisa está atrelada à outra.

Atitudes de altivez, arrogância, soberba, assédio, violação de direitos, procedimentos abusivos e violência expõe os limites da submissão e chama para pensar qual deve ser o comportamento aprovado por Deus nestas circunstâncias. O que Deus aprovaria, seria com certeza, a prática de vida que está fundamentada na lei do amor (próximo tópico). Temos um chamado bíblico para sermos submissos e submissas, não para sermos tolos, ineptos e condescendentes com o erro.

2. AMANDO COMO CRISTO AMOU A IGREJA

Ef 5.25 - Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,

No tópico anterior, partindo da instrução dada por Paulo quanto a submissão da mulher, verificamos a discussão sobre submissão de modo mais abrangente. O mesmo acontece neste tópico que trataremos sobre o amor. Se a submissão não é algo exclusivo para a mulher, o amor também não é exclusivo para o homem. O que está na natureza destes dois termos, submissão e amor, aplica-se ao homem e à mulher de igual forma.

Então por que submissão para a mulher e amor para o homem? Penso que a explicação para isto se encontra no princípio de todas as coisas. A queda afetou a bases do casamento e da família.

Por causa do pecado o homem e a mulher se distanciam e já no jardim se acusam e se escondem de Deus, embora continuem a ouvir sua voz, Gn 3.8. A mulher antes vista como companheira, agora é

“causa de problema”, Gn 3.12. O homem deixa de ser o companheiro que a acolheu e amou, Gn 2.23, e se transforma num ser acusador, incapaz de assumir sua própria responsabilidade.

A diferenciação sexual, que tornava possível a complementaridade, que os aproximava, que permitia o reconhecimento e enriquecimento mútuos, que os fazia acima de tudo um casal agora os separa, dissocia e desiquilibra. A mulher fica dividida entre duas direções: uma que a atrai a seu marido (Gn 3.16) e outra que a atrai para sua autonomia. O homem, por sua vez, responde desequilibradamente, tira vantagem da situação e explora a mulher, dominando-a.

ele agora a vê de forma diferente. Até muda-lhe o nome: já não é mais “Ishah”

(companheira/varoa), termo que destaca sua identidade (Gn 2.23), mas Eva (mãe de todos os viventes), vocábulo que ressalta sua função (Gn 3.20). A “utilidade” suplanta a “idoneidade”.

A mulher passa a ser um meio para atingir um fim. A sexualidade é reduzida a sexo. O sujeito passa a ser objeto, e isso permeia toda a história9.

Então submeter-se e amar são imperativos divinos decretados para quem estava incapaz de agir desta maneira, naturalmente.

9 MALDONADO, Jorge. Editor. Casamento e Família: uma abordagem bíblica e teológica. 2ª Edição. Viçosa, MG:

Editora Ultimato, 2003, p. 35-36.

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2.1. Um amor sacrificial

Diz o comentarista que “o relacionamento do marido com a esposa é descrito aqui em um espaço muito mais amplo, talvez precisamente por causa de sua maior responsabilidade”.

A felicidade tão almejada pelo casal só será possível se antes de tudo eles se amarem. Amor este que existe em uma esfera muito mais elevada do que atração física. O verdadeiro amor está inserido dentro da gratidão, da consideração, da honra e do respeito. Ele gera o desejo de agradar, o senso de pertencer e o respeito. Vindo do altar de Deus, só este amor pode dar ao casal as condições necessárias para atravessarem os momento difíceis e as adversidades, que vão se abater sobre os eles em diferentes momentos. É necessário que as esposas amem seus maridos, isto é tão verdadeiro quando à sua necessidade de submissão. O amor é o substrato (a base) e também o ingrediente essencial de um relacionamento intimo aprovado. Mas, para o marido, o amor é uma ordenança, segundo a Bíblia.

O conceito de família na atualidade, nada tem a ver com a família instituída por Deus. Na pós- modernidade a família é entendida como “uma rede fraterna, sem hierarquia nem autoridade, e na qual cada um se sente autônomo ou funcionando”10. Isso contrapõe frontalmente ao modelo bíblico de família natural. A compreensão apropriada da vontade de Deus nos faz entender que o padrão com o qual devemos nos medir é o padrão revelado em Cristo e na doutrina dos apóstolos, no Novo Testamento, não aquilo que a sociedade apregoa. Um texto bíblico importante para pensarmos na questão dos padrões para a nossa vida encontra-se em:

2Co 10.12-15 - Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento. Porém, não nos gloriaremos fora da medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós; Porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvéssemos de chegar até vós, pois já chegamos também até vós no evangelho de Cristo, Não nos gloriando fora da medida nos trabalhos alheios; antes tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra.

Ainda que completamente estranho à cultura prevalecente, o amor sacrificial ainda é o padrão para os homens e tal amor não é invenção do Novo Testamento. Por toda Bíblia encontramos as diferentes faces do amor divino que sendo derramado nos corações produzirá homens de valor e amorosos na mesma medida, “que busca o bem da esposa e se ocupa em cuidar dela e agradá-la”.

A posição de esposo (marido) foi estabelecida por Deus no Jardim do Éden (Gn 2.23-25). A Palavra de Deus mostra a importância do relacionamento do casal, dando como exemplo a Igreja e Jesus Cristo (Ef 5.25). Entendemos como um padrão de Deus para os esposos a garantia de seus direitos em perfeita harmonia com o cumprimento dos deveres, nas várias áreas de sua vida pessoal/conjugal. A autoridade marital não se impõe pela força, mas é conquistada pelo amor. Amor que se dá, que entrega a própria vida pelo bem de sua amada.

O amor de Deus é a origem e o exemplo das outras manifestações bíblicas de amar. O Deus que nos ama comunica esse amor de muitas formas e também zela, sustenta, protege e supre nossas necessidades emocionais, físicas e espirituais. Assim também, os cônjuges precisam dessa disposição para fazer o mesmo um para com o outro.

10 ROUDINESCO, E. A família em desordem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003, apud ZANETTI, Sandra Aparecida Serra e GOMES, Isabel Cristina. A ausência do princípio de autoridade na família contemporânea brasileira.

PSICO, Porto Alegre, PUCRS, v. 40, n. 2, pp. 194-201, abr./jun. 2009. Disponível em:

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/viewFile/3726/4532. Acessado em: 25/08/2013.

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Ct 8.6 - Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas.

Mt 7.12 - Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.

1Co 13.4-7 - O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

1Jo 3.16 - Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.

Mais do que um sentimento o amor é uma atitude. Amar é uma ordem. Quando Jesus deu essa ordem aos discípulos (Jo 15.12), ele estava estabelecendo um alto padrão de relacionamento para toda a humanidade. Esse padrão é ainda mais relevante no relacionamento conjugal, que tem um grau de intimidade e compromisso muito mais elevado. No entanto, antes de ordenar que os discípulos amassem uns aos outros, Jesus disse que eles deveriam “permanecer no amor dele” (Jo 15.9).

Qualquer um que permanecer no amor de Deus, manifestado em Cristo e implantado no íntimo pelo Espírito Santo amará, naturalmente, se permitirá ser instrumento de Deus na sua família, cumprindo à altura o papel que recebeu do Senhor. Permanecer é decidir, diariamente, continuar amando, e isso torna a vida mais equilibrada, sensata e agradável de ser vivida.

Jo 15.9,12 - Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.

2.2. Um amor protetor e purificador 2.3. Um amor sem limitações

Ef 5.25-29 - Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra. Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos.

Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja;

Para falar sobre a extensão do amor do marido para com sua esposa e os filhos comentaremos estes dois itens conjuntamente. As ações de Cristo em favor da sua igreja ilustram o tipo de amor que um esposo precisa dedicar à sua esposa. Segundo escreveu o comentarista “Para ilustrar o tipo de amor que o marido deve demonstrar por sua esposa, o apóstolo nos apresenta s ações empreendidas por Cristo como um sinal de Seu amor pela igreja. Ele a amou, se entregou, a santificou e a purificou para que pudesse apresentar pra Si mesmo”. Seriam estas as evidências da plenitude do amor verdadeiro. “O amor verdadeiro é aquele que cuida, protege e conduz sempre à melhor e ao crescimento”.

Se o esposo tiver em mente sempre aquele amor dispensado por Jesus para com a sua Igreja, ele amará cada vez mais sua esposa, com um amor que é mais que amor natural, é fruto do Espírito Santo. Assim como lemos na Bíblia que Jesus tem conduzido a sua Igreja à santificação, o esposo também fará tudo para que a esposa se santifique, não sendo pedra de tropeço para ela em nenhum momento de sua vida.

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Sl 128.2 - Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem.

O salmo traça nesse versículo um ideal de Deus para a família - a de um homem que trabalha para o seu sustento e de sua casa. Por sua natureza e missão, ele é contemplado fora da casa, não que ele necessite trabalhar fora de casa para que isto seja igualmente verdadeiro, mas é o exemplo bíblico para nos ajudar a entender esta questão. Este desempenhando seu trabalho tem a condição necessária para agir como uma força, ou um muro de proteção para sua família.

Esta condição de provedor / guardião / protetor tem assustado muitos homens nesta geração, principalmente, aqueles que tem assistido, boquiabertos, a evolução da mulher em áreas até então, majoritariamente masculina, e se sentem fragilizados por toda essa transformação, acuados, invadidos e até mesmo revoltados com tantas mudanças. Todavia, o homem que escolhe para si uma companheira idônea não tem o que temer quanto ao seu papel de provedor / guardião / protetor do seu lar, porque essa não é uma tarefa unicamente sua. A adjutora é aquela que no exercício do seu papel irá, de livre e espontânea vontade colocar o próprio ombro sob a missão do esposo e ajudar em tudo. É uma relação de partilha, de ajuda e de crescimento mútuo.

Mas, o que se coloca como pano de fundo desta instrução é que o marido preciso amar, segundo Deus, para cumprir com fidedignidade a parte que lhe cabe na relação conjugal. Este amor precisa transbordar em ações cotidianas, mais do que em atos para os outros verem. Aliás a necessidade de ficar falando publicamente do próprio amor pela esposa e pelos filhos pode significar a falta dele na intimidade do lar, ou a sua oferta incipiente. Amar incondicionalmente e viver este amor no dia a dia resultará em casa cuidada e protegida. É a provisão, o achego, a cobertura espiritual, a defesa e o cuidado que não faltam. Como diz o comentário da lição a prática do amor no casamento é investimento da maior importância que redunda em grandeza para o esposo e o coloca na rota proposta por Deus para sua vida e seu papel de “cabeça” em sua casa

Veja que um provedor é aquele que cuida da sua esposa e do sustento de sua casa em diferentes dimensões, inclusive, cuidando para que ela tenha a cobertura espiritual necessária. Cristo se entregou por sua igreja para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, v.25, e espera que os maridos ajam de igual modo com suas esposas. Sabemos que de nada adianta não deixar faltar comida, nem outros gêneros de primeira necessidade, quando deixa faltar a si mesmo, quando não é um esposo e um pai presente, quando não procura manter o equilíbrio nas relações familiares e o vínculo familiar essencial, quando não tem voz ativa e não está preocupado com isto. E pior, quando não cobre espiritualmente sua casa, deixando-a à mercê do inimigo.

A partir da leitura de Gn 2.15 - E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar, vamos tomando ciência do mandato divino para o homem, que desde o início foi posto em posição de autoridade com papel definido. O que se percebe na atualidade é que nem todos estão aptos a discernir os princípios bíblicos, justamente porque vivemos em uma geração onde nunca se teve tanta Bíblia à disposição do povo, no entanto, o que vigora é um absurdo desconhecimento em relação ao conteúdo das Escrituras.

É bastante significativa a mensagem do Salmo 128, pois, o primeiro aspecto destacado no Salmo é “temer ao Senhor”, depois vem trabalho – do trabalho da sua mão comerás. Feliz serás e te irá bem, depois vem casa, mulher e filhos. Bem-aventurado aquele que busca construir uma família sendo temente a Deus, como fruto de saber que o Senhor instituiu a família, revelando Seus propósitos e princípios que devem nortear o relacionamento familiar e o papel de cada um. Ao estabelecerem, no lar, padrões verdadeiramente cristãos os cônjuges e pais, além de orientarem suas vidas no temor ao Senhor e na aplicação ao trabalho, também estarão fornecendo aos filhos as diretrizes para toda a

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vida, em todas as áreas: trabalho, estudo, família, criação de filhos, respeito aos semelhantes, espiritualidade verdadeira, etc...

Não existe igreja perfeita como também não existe casamento perfeito, mas o amor sacrificial de Cristo pela igreja e do marido pela esposa devem manter a relação cristã/conjugal/familiar em alto nível. É no amor de Cristo, abundante, pleno, completo, eficaz que os esposos vão se espelhando e adquirindo condições de amar também com a mesma intensidade e vigor suas esposas e suas famílias.

Mas para isto é preciso conhecer a Palavra de Deus e aplica-la na vida. Sem este conhecimento sobra o espelho da sociedade, distorcido, embaçado, incapaz de fornecer um referencial digno.

No cumprimento da submissão e do amor incondicional como ordenanças para esposa e esposo, o casal tem dois grandes meios que lhes permite executar sua obra com excelência: o poder do Espírito Santo e o exemplo de Cristo. É o Espírito Santo que ajuda a esposa a submeter-se, segundo o conceito bíblico de submissão, e é Cristo que orienta o papel do marido no casamento, sendo Ele mesmo o exemplo eficaz e perfeito.

Ef 5.33 - Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.

3. O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS

Estudamos sobre submissão no primeiro tópico e amor no segundo. Partindo agora para o capítulo 6 o assunto agora é a honra que é devida aos pais.

Ef 6.1-4 - Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa. Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.

No relacionamento e educação dos filhos é preciso haver equilíbrio entre: amor incondicional.

alimento espiritual e disciplina (Ef 6.4) em um contexto de discipulado e crescimento cristão (2Pe 3.18). Educar os filhos segundo os padrões bíblicos exige que os pais entendam que seus filhos não são apenas desobedientes, mas que também são pecadores e desobedecem por causa do pecado.

Diante disso o que os filhos mais necessitam é de salvação, e não apenas de disciplina dos pais11. Criá-los para que se tornem pessoas de bem é apenas uma parte do processo, a outra é incutir neles o conhecimento de Deus, o amor redentor do Senhor Jesus Cristo e a direção do Espírito Santo para suas vidas.

No estudo do padrão divino para os filhos parte-se do mandamento expresso também em Cl 3.20 - Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor. Com isso entende-se que o relacionamento de um filho para com Cristo se desenvolve em proporção direta à obediência que ele presta aos pais. Jesus tem comunhão com o filho que é obediente, e opera na sua vida, fazendo com que ele seja uma pessoa feliz. O filho que conhece os limites de sua liberdade de ação fica aliviado de um grande peso. Haverá ocasiões em que a velha natureza da criança entrará em choque com a autoridade dos pais. Todavia, quando a autoridade é exercida com amor, bem cedo a criança a aceitará como sendo o que é certo”12.

11 KÖSTENBERGER, Andreas J. Deus, casamento e família: Reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 152.

12 CHRISTENSON, Larry. A família do cristão. Venda Nova, MG: Editora Betânia. 1979.

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Diz o comentarista: “Paulo agora direciona sua palavra para exortar os filhos a obedecerem aos pais no Senhor e honrá-los”. De modo genérico podemos chamar atenção para algumas particularidades nas Escrituras, que são os princípios divinos envolvendo os filhos:

1) Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3)

2) Os filhos devem guardar a Palavra de Deus para não pecarem (Sl 119.9-11)

3) Os filhos devem obedecer e honrar pai e mãe (mesmo que não sejam crentes), para serem felizes na terra; Ef 6.1-3; Cl 3.20; Exemplo dos filhos dos recabitas (Jr 35.1-6)

4) Os filhos devem ser sujeitos aos mais velhos (1Pe 1.5a)

5) Os filhos devem ser sujeitos uns aos outros (evitar briga entre irmãos) (1Pe 5.5b)

6) Os filhos devem ser humildes (Deus resiste aos soberbos): 1Pe 5.6; pois, no tempo certo, Deus exalta (1Pe 5.6b)

7) Os filhos devem lançar sobre o Senhor suas ansiedades (1Pe 5.7; Sl 55.22; Sl 37.5);

8) Os filhos devem ser sóbrios (simples, modestos, não exagerados): 1Pe 5.8a

A desobediência a esses princípios resulta em conflitos desnecessários, tornando-nos culpados diante de Deus.

3.1. A obediência, o dever dos filhos

“Os filhos devem prestar obediência a seus pais, porque, além de lógico e apropriado é justo diante de Deus [Pv 4.10; Ef 6.1]”.

Pv 4.10 - Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, e se multiplicarão os anos da tua vida.

Ef 6.1 - Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.

Acrescenta o comentarista que “Esse padrão foi estabelecido por Deus para ordenar a família e dar continuidade com o princípio de submissão que deve operar por todo o escalão familiar”. Com isto vemos que o princípio da submissão discutido no primeiro tópico não diz respeito apenas à mulher na sua relação com seu esposo. Mas se uma casa precisa ter um líder e este líder é investido de autoridade espiritual e pessoal para liderar, de maneira aprovada e justa, de conformidade com as Escrituras, necessitará de contar submissão dos demais membros da família. Então estamos falando de submissão em sentido amplo. O mesmo vale para o mandamento do amor, que precisa ser incondicional por parte do marido mas que não deve faltar em nenhum membro da casa.

Obediência, respeito, honra, cuidado e amparo devem sobressair de modo virtuoso no comportamento dos filhos em relação a seus pais. Pessoas entregues a sentimentos reprováveis (perversos, depravados) fazem coisas que não convém e a desobediência aos pais é uma delas: Rm 1.30 - Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães. Em tempos de insubmissão, falência na disciplina, sentimentos perversos, Paulo recomenda que os filhos sejam obedientes porque isto é justo, Ef 6.1. Isto tanto valeu para os crentes de Éfeso, como continua valendo para nós, em nossos dias.

Champlin13 enumerou os motivos pelos quais a Palavra afirma que é justo obedecer aos pais:

1. A obediência dos filhos aos pais é algo moralmente justo porque segue a ordenança divina.

2. Tal obediência também é socialmente correta por refletir um arranjo conveniente e correto na sociedade humana.

13 CHAMPLIN, Russell Norman. O novo testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Milenium, 1987, v.4, p.636.

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3. Também é beneficentemente correta devido aos seus bons resultados.

4. Também é biblicamente correta, pois concorda tanto com o Antigo como com o Novo Testamento, em suas respectivas revelações.

5. Também é legalmente correta, pois foi ordenada nas Escrituras Sagradas, escritas por inspiração divina.

6. Também é naturalmente correta, pois segue as leis naturais.

7. Essa obediência dos filhos aos seus pais é justa de acordo com os ditames do bom senso, pois é óbvio que uma pessoa mais velha, de forma geral, sabe mais o que deve ser feito nesta ou naquela oportunidade, do que os jovens inexperientes.

8. Portanto, tal obediência também é racionalmente correta, isto é, apropriada par as relações entre pais e filhos, pois seria uma “incoerência” (Champlin diz monstruosidade) que os filhos ditassem as ordens e os pais obedecessem.

9. Finalmente a obediência dos filhos aos pais é humanamente correta, pois todas as culturas humanas reconhecem quão prudente é que assim seja.

Obedecer implica em ser instruído, ouvir conselhos, dar atenção, mas as vezes a incompatibilidade entre pais e filhos criam barreiras que podem se tornar instransponíveis. Tanto que o último versículo do Antigo Testamento fala do profeta que haveria de vir: E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição. Ml 4.6. E no primeiro capítulo do Evangelho de Lucas esta mesma profecia reaparece falando de João Batista, o profeta que iria adiante do Senhor no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, Lc 1.17ª. Então o Antigo Testamento se fecha e o Novo se abre tratando deste assunto elementar, do relacionamento dos pais com seus filhos.

Por mais que os filhos sejam inteligentes, ativos, espertos, desenvoltos, a maturidade e a experiência dos pais muitas vezes falam mais alto, por mais simples que sejam. Mesmo porque cada pai e cada mãe recebe o filho como um presente do céu e o próprio Deus é que ajuda os pais na criação e encaminhamento dos filhos na vida. Então se faltar recursos ou ensino secular aos pais o próprio Deus complementa, abre as janelas do céu e dá o necessário para que cumpram sua missão. O filho pródigo, por exemplo, se achando muita coisa, não ouvindo os conselhos de seu pai enfrentou muitas dificuldades, perigos de morte e teve de voltar abatido e envergonhado para a casa do pai, Lc 15.20,21.

Biblicamente o livro de Provérbios é o que contém um maior número de referências diretas sobre esse assunto. As sentenças, claras, vivas, facilmente memorizadas e reproduzidas, ainda hoje, mesmo com todo avanço científico-tecnológico são largamente utilizadas. “Provérbios” é muito mais do que uma coleção de máximas e princípios humanos: é a sabedoria divina intencionada em orientar nossa vida diária. É perigoso negligenciá-la.

Um olhar para o passado distante nos permitirá perceber que a preocupação com o ensino das gerações futuras sempre se fez presente em todas as culturas, em todos os lugares. Muitos povos registraram, através de escritos e imagens, o modo como conduziram seu processo educativo e hoje temos acesso a um vasto material grafado, rico em ensinamentos das mais diversas ordens e para todas as circunstâncias consideradas relevantes no contexto próprio. Temos diante de nós a sabedoria dos séculos, com alto conteúdo ético, moral e espiritual, testado e aprovado. Não devem ser lidos superficialmente, mas de forma contemplativa e sistemática.

Pv 17.6 - A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais.

Pv 1.8 - Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe, Pv 4.10 - Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, e se multiplicarão os anos da tua vida.

Pv 13.1 - O filho sábio atende à instrução do pai; mas o escarnecedor não ouve a repreensão.

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Pv 12.15 - O caminho do insensato é reto aos seus próprios olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.

Pv 19.20 - Ouve o conselho, e recebe a correção, para que no fim sejas sábio.

Pv 23.19 - Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho o teu coração.

3.2. A honra aos pais

“Honrar os pais é, acima e tudo, respeitá-los, reconhecendo usa autoridade como dada por Deus, pelo qual devemos não apenas obedecê-los, mas também devemos dar-lhes nosso amor e respeito e fazer por eles tudo que estiver ao nosso alcance para lhes dar o melhor”.

Respeitar envolve ter consideração, obedecer, prestar reverência. É um sinônimo de honrar.

No âmbito familiar, o respeito é fundamental e uma das formas de respeitar os familiares é expressar e demonstrar amor por eles. Há filhos não respeitam seus pais, para eles, desrespeitá-los tem sabor de vingança. Mas a ordenança divina é que os respeitemos. Eis alguns itens que podem ajudar os filhos a estabelecerem relacionamento saudável com seus pais, conforme a vontade de Deus:

Agir movidos pela graça de Deus: isso significa valorizar o relacionamento com eles não porque mereçam, mas porque esta é a vontade de Deus. O desafio é agir como o Cristo age conosco: ele nos ama, apesar de não merecermos.

Valorizar os pontos positivos: pense em tantas coisas agradáveis que eles já fizeram com você, seja em momentos de lazer, passeios, período de férias ou mesmo através de bate- papos descontraídos. Os pontos negativos sempre existiram, mas quando valorizamos mais os positivos somos mais felizes

Valorizar os sacrifícios: provavelmente, seus pais abriram mão de várias coisas por você ou trabalharam duro pelo sustento da família. Valorize seus esforços.

Tenha compaixão: olhe para seus pais como Cristo olha para nós: com amor e compaixão.

Perdoe: Pais também erram e muitas vezes erram feio querendo acertar. Perdoe seus pais como Cristo perdoou você. Tenha sempre um coração disposto a perdoar.

Ajude outras pessoas: quando os filhos têm disposição para ajudar os outros, os pais sentem-se felizes e orgulhosos.

Peça conselhos: os pais se alegram quando os filhos pedem sua opinião. Isso mostra respeito e consideração.

Ore por eles: peça a Deus pela vida e pelo trabalho de seus pais.

Estude a Palavra de Deus: Ler a Bíblia e procurar viver segundo os seus princípios alegra o coração dos pais cristãos.

Considere o comportamento dos seus pais: espelhe-se neles, por exemplo, na escolha do cônjuge. Quando os pais têm um casamento feliz e amoroso, os filhos devem procurar o mesmo para si.

Mostre afeto: demonstre amor através de abraços, beijos e afirmações verbais.

Ajude em casa: ajudar voluntariamente nas tarefas domésticas é uma demonstração de amor e gratidão. O auto cuidado e o cuidado com o ambiente onde se vive dignifica a pessoa e alegra todos à sua volta

Fale sempre a verdade: Seja honesto não minta para seus pais.

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Para respeitar os pais ou qualquer outra pessoa é preciso atribuir-lhes valor. A maior atribuição de valor pessoal que recebemos vem do nosso Deus. Ele nos amou e nos aceitou como somos. E é ele quem nos fortalece para amar e respeitar as outras pessoas.

Honrar os pais não é escolha, é ordenança. A palavra honra inclui também a idéia de reverência. O mandamento aqui aludido é aquele que figura em Ex 20.12 e Dt 5.16. Tal mandamento era tão importante no Antigo Testamento que mereceu o adorno de uma promessa para encorajar a sua observância14. A punição prevista na lei para quem desonrasse seus pais era severíssima:

Ex 21.15 - O que ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto.

v.17 - E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto.

Em Mt 15.5 lemos algo acerca da lei que aponta para o cuidado dos pais pelos filhos e nos desvios de conduta por parte daqueles que usam da lei em benefício próprio - Mas vós dizeis:

Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe.

A palavra corbã significa oferenda. Como ela é usada em Mt 15.5 e Mc 7.11 diz respeito a algo dedicado a propósitos religiosos - um voto proferido a respeito de alguma oferta, que era tão forte que quem fizesse tal voto era proibido de usar a coisa “votada” [oferecida através de voto], qualquer que ela fosse, para outra finalidade. Jesus chama atenção aqui que os hipócritas, com uma piedade fingida, haviam descoberto um meio de não honrar pai e mãe no sentido de cuidar deles. Um filho que quisesse evitar cuidar de seus idosos genitores, para que pudesse usar do dinheiro para si mesmo, poderia declarar esse dinheiro “um corbã”, isto é, uma oferta pertencente ao templo, e não a entregar como era de se esperar. Também havia quem realmente entregava o dinheiro no templo, visando a promoção da religião judaica; e isso significava que seus pais perdiam aquilo que lhes pertencia. Jesus condenou essa prática em qualquer de suas variedades.

Só honrando e obedecendo aos seus pais os filhos estarão a salvo de enveredarem-se pelos incontáveis caminhos da necedade (de néscio, o mesmo que estupidez), da ignorância e da perversidade15.

Pv 19.26 - O que aflige o seu pai, ou manda embora sua mãe, é filho que traz vergonha e desonra.

Êx 20.12 - Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.

Dt 5.16 - Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor, teu Deus, te ordenou, para que se prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que te dá o Senhor, teu Deus.

3.3. A responsabilidade dos pais diante dos filhos

“Na época de Paulo, a lei romana dava poder absoluto ao pai. Ele poderia vender seus filhos como escravos, fazê-los trabalhar em seus campos acorrentados, podia, até mesmo submetê-los à pena de morte. Esta exortação de Paulo traz um ingrediente importante para os relacionamentos entre pais e filhos”:

Ef 6.4 - E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.

Mais uma vez a palavra de Deus dá um salto mostrando a excelência da cultura do Reino que respeita, ama, protege e dá qualidade de vida para os membros da família. Todavia a malignidade do

14 CHAMPLIN, Russell Norman. O novo testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Milenium, 1987, v.4, p.636.

15 CHRISTENSON, Larry. A família do cristão. Venda Nova, MG: Editora Betânia, 1979, p. 57.

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coração humano fez perpetuar um dos problemas seríssimos em nossos dias que são os maus tratos cometidos no ambiente familiar.

“Um tratamento abusivo e negligente por parte do pai [dos pais] confunde o filho, causa problemas emocionais e desperta ressentimentos, trazendo consequências infelizes para a família e para a Igreja”. E muito mais para a pessoa que é vítima do pecado de outras pessoas contra ela, pessoas malignas, não convertidas, com o coração pesado de toda sorte de males. Abuso e negligência são mazelas terríveis com consequências desastrosas

A responsabilidade dos pais diante dos filhos inclui a disciplina, mas desde sempre este foi um assunto muito polêmico. Falar em disciplina na atual conjuntura é algo muito complicado e recheado de teorias modernas, nem sempre compatíveis com o ideal bíblico de criação de filhos. Mas a correção / disciplina é algo que não pode ser desprezada, sob pena de comprometer toda a existência de uma pessoa, negativamente.

Disciplinar significa instruir, educar, ensinar de acordo com padrões aprovados, treinar ou discipular. Esta é a tarefa principal dos pais, e a recompensa deles está expressa no versículo de Pv 29.17 – (NVI) Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma. Toda pessoa precisa ser instruído e estar sob controle desde que nasce, sem disciplina isto não será possível16.

Mas as filosofias modernas sobre criação de filhos trazem novas abordagens e sugerem práticas diferentes, estimulam a tolerância, a maior compreensão, renegando a disciplina como opressiva, afrouxando os limites e derrubando barreiras antigas. Não que sejam, de todo problemáticas, pois estas filosofias modernas conseguiram resgatar o lado humano da disciplina, chamar a atenção para o que é realmente importante no processo de formação da personalidade infantil e evoluíram na aproximação afetiva entre pais e filhos. Por outro lado muito dos ensinos modernos sobre criação de filhos, inclusive leis que vão sendo criadas para cercear (limitar) a atuação dos pais sobre a vida dos filhos, tem mostrado o seu pior lado: o da permissividade desestruturadora.

Rejeitar a opressão é nosso dever, mas enquadrar todo tipo de disciplina como opressiva é uma distorção.

Segundo escreveu James Dobson, o termo disciplina não é limitado ao contexto de confrontação. As crianças precisam também que lhes ensinem autodisciplina e comportamento responsável. Elas precisam de ajuda para aprender como enfrentar dos desafios e obrigações da vida.

Precisam aprender a arte de autocontrole. Elas devem ser equiparas com a força pessoal necessária para enfrentas as exigências que lhes são impostas pela escola, pelo grupo de companheiros, e, mais tarde, pelas responsabilidades adultas17.

A severidade, tanto paterna quanto materna são responsáveis por desvios de comportamentos severos e doenças, como os transtornos mentais de toda ordem. Pais que são frios e severos com seus filhos, invariavelmente os deixarão marcados por toda vida. Dobson continua chamando atenção para o seguinte fato:

As crianças são incrivelmente vulneráveis à rejeição, à ridicularização, às críticas e a ira no lar, e merecem crescer num ambiente de segurança, aceitação e calor. O extremo oposto é também prejudicial às crianças, na ausência de liderança adulta, a criança é senhora de si mesma desde a mais tenra idade. Ela acha que o mundo gira em torno de seu império intoxicante, e com frequência tem absoluto desprezo e desrespeito pelas pessoas que lhe são mais chegadas. [...] Creio que se for desejável as crianças serem bondosas, reconhecidas e agradáveis, devemos ensinar essas qualidades – não ficar só na esperança. Se quisermos ver

16 CRUZ, Elaine. A difícil arte de criar filhos. Rio de Janeiro: Editora Betel, 1997, p. 84.

17 DOBSON, James. Ouse disciplinar. 2ª Edição. São Paulo: Vida, 1994, p. 14-17.

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18 honestidade, veracidade e altruísmo em nossa prole, essas características devem ser os objetivos conscientes do começo de nosso processo de instrução. Se for importante produzir jovens cidadãos respeitosos, responsáveis, devemos nos propor a molda-los de acordo. O ponto principal é obvio: a criança aprende o que lhes ensinam, não podemos esperar que o comportamento desejado apareça magicamente se não tivermos feito nossas primeiras tarefas de casa18.

Pensemos ainda nesta seríssima questão da responsabilidade dos pais para com seus filhos Pv 6.23 - Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida,

Pv 8.10 - Aceitai a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido.

Pv 15.10 - Correção severa há para o que deixa a vereda, e o que odeia a repreensão morrerá.

Pv 22.15 - A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela.

Hb 12.11 - E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.

Não se pode esperar por aquilo que não se dá e se a função paterna não operar os seus efeitos, colocando limites, educando, ensinando e introduzindo os filhos no campo da moral e da ética, os resultados podem ser os piores. Sem o essencial não veremos estes filhos se desenvolverem normalmente19.

A educação começa com a mãe, com o pai, com a família. Família educa, escola ensina. Não importa quais sejam as propostas dos novos tempos é preciso colocar limites. Se os pais, desde cedo, não exercerem sua função, e, consequentemente, os filhos não tiverem os seus impulsos mais primitivos colocado sob controle, dentro do esperado e do que é digno e salutar, então pode-se esperar que a sociedade seja caótica, pois as pessoas não se constituirão como sujeitos normais e agirão de forma criminosa, fazendo sofrer os outros e a si mesmos.

Desde muito pequenas e ao longo do crescimento, as crianças necessitam de limites, contenção, equilíbrio, proteção e segurança tanto por parte dos pais quanto dos educadores em geral.

Mas, segundo as Escrituras, no mais decente e aprazível ambiente de amor cristão, generosidade, amor, afeto, empatia, decência, zelo com entendimento, com iluminação da mente e do coração. Pais cristãos precisam zelar pela educação dos seus filhos e nisto ninguém deve substituí-los.

CONCLUSÃO

SUBMISSÃO, AMOR E HONRA. Segundo Paulo estes são os ingredientes essenciais para que a conduta do cristão no relacionamento familiar cumpra os propósitos de Deus para a família. O entendimento do princípio divino da submissão aliado às qualidades do amor sacrificial formam a matriz do casamento segundo Deus. A obediência e a honra vem somar e completar esta instituição divina, que mesmo abalada na modernidade, fustigada por ventos contrários, permanece viva e sustentada sobrenaturalmente pelo Senhor. A família é o bem mais valioso que possuímos nesta terra e do Senhor vem as diretrizes para que ela sobreviva a qualquer adversidade.

18 Idem, p. 17.

19 CHAVES, Messias Eustáquio. A importância dos pais na educação dos filhos. Disponível em:

http://3ciapmrn.blogspot.com.br/2009/12/importancia-dos-pais-na-educacao-dos.html

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