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RECUPERAÇÃO DE METAIS DE SUCATAS DE PILHAS E BATERIAS PÓS- CONSUMO UTILIZANDO PROCESSAMENTO HIDROMETALÚRGICO. K. P. Souza*, J. A. S.

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RECUPERAÇÃO DE METAIS DE SUCATAS DE PILHAS E BATERIAS PÓS- CONSUMO UTILIZANDO PROCESSAMENTO HIDROMETALÚRGICO

K. P. Souza*, J. A. S. Tenório

Av. Prof. Mello Morais, 2463 - 05508-030 - São Paulo - SP *kprovazi@gmail.com Escola Politécnica de Metalurgia e Materiais da Universidade de São Paulo

RESUMO

O objetivo do trabalho é estudar um método para a recuperação de metais em um lote contendo uma mistura de vários tipos de pilhas e baterias descartadas após o uso. O lote foi identificado, moído, homogeneizado, reduzido em forno elétrico, submetido à separação magnética, lixiviado em meio sulfúrico e submetido à precipitação seletiva em hidróxido de sódio com e sem peróxido de hidrogênio. As análises das soluções antes e após as precipitações foram feitas por Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma indutivamente Acoplado (ICP/OES) e dos precipitados por Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectrometria de Energia Dispersiva de Raios-X (MEV com EDS). Os resultados indicaram que a grande maioria dos metais foram precipitados nos pHs estudados, também houve co-precipitação ou precipitação simultânea de metais em alguns pHs.

Palavras-chave: Reciclagem, baterias, hidrometalurgia

INTRODUÇÃO

Atualmente com o avanço da tecnologia tem aumentado o número de dispositivos eletro-eletrônicos portáteis como, por exemplo, notebooks, CD-players, walkmans, telefones celulares, controles remotos, etc. Assim, a necessidade do uso de pilhas e baterias vem aumentando cada vez mais. A reciclagem das baterias descartadas após o uso e a recuperação dos metais presentes nelas é importante porque contribui para a preservação das matérias-primas.

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Existem diversos trabalhos que estudam a recuperação de metais de diferentes tipos de pilhas e baterias descartados após o uso por via hidrometalúrgica1-4. O objetivo do presente trabalho é investigar a precipitação seletiva para recuperar os metais presentes em um lote composto dos principais tipos de baterias e pilhas descartadas após o uso provenientes de um posto de coleta.

MATERIAIS E MÉTODOS

O material utilizado foi um lote de pilhas e baterias descartadas após o uso proveniente de devolução voluntária por parte de consumidores. A preparação da amostra consistiu de triagem e caracterização dos tipos de pilhas e baterias, na qual foi identificada a composição do lote, que consiste de: 60% de pilhas alcalinas;

34,8% de pilhas secas; 1,8% de baterias de NiCd; 1,24% de baterias de NiMH; de 0,6% de baterias íons de Li e de 1,56% restantes de outros tipos não identificáveis.

Sendo assim, este material foi submetido a um tratamento pirometalúrgico em forno elétrico, seguido de separação magnética. A porção não-magnética foi homogeneizada e quarteada para preparar a amostra para os ensaios hidrometalúrgicos, que visaram solubilizar os íons metálicos presentes em solução após lixiviação. Após lixiviação e filtração, as amostras foram submetidas a análises químicas por Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP/OES) e a Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) com Espectrômetro de Energia Dispersiva de Raios-X (EDS).

Na etapa pirometalúrgica, o Zn, Cd, Hg e polímeros podem ser extraídos do resíduo de pilhas e baterias por volatilização, pois a temperatura requerida para a decomposição desses materiais é inferior a 1000 oC. Para estas extrações o equipamento utilizado consistiu de um forno elétrico tubular associado a um controlador programável de temperatura e da taxa de aquecimento/resfriamento com uma retorta de alumina. Para evitar a redução do carbono pelo oxigênio atmosférico, foi acoplada ao forno uma flange, permitindo a entrada de um gás inerte na retorta.

O forno, então, foi submetido a uma taxa de aquecimento de 20 ºC/min, sendo mantido fluxo de argônio de cerca de 20 cm³/min durante todo o ensaio, atingida a temperatura de 1000 ºC, esta era mantida durante 4 horas.

Após a etapa pirometalúrgica, foram separadas pequenas porções do material reduzido e feita a separação magnética do pó homogeneizado. A porção não- magética foi homogeneizada, quarteada e lixiviada em ácido sulfúrico para os

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estudos de precipitação seletiva. As lixiviações foram feitas em H2SO4 1 mol L-1 em temperatura ambiente por 24 horas a uma fração sólido-líquido 1 g/10 mL. As frações insolúveis foram filtradas e analisadas por MEV com EDS e a porção solúvel num ICP/OES.

Precipitação Seletiva

Para o ajuste do pH foi utilizada uma solução de NaOH e os pHs estudados foram 0,5; 1; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5; 4,2 e 6,0. Após cada acerto de pH em um pHmetro Digimed modelo DM 22 a solução era filtrada. A porção insolúvel foi analisada por MEV com EDS e a porção solúvel por ICP/OES. Foi estudada a influência do peróxido de hidrogênio (H2O2) para a oxidação dos metais, os resultados foram comparados com a precipitação seletiva sem H2O2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A precipitação seletiva é investigada em diversos estudos com o objetivo de separar seletivamente os metais de pilhas e baterias descartadas após o uso5-8. No presente trabalho é investigada a influência do uso do oxidante peróxido de hidrogênio (H2O2) na precipitação seletiva para avaliar o comportamento dos íons oxidados na precipitação seletiva, já que o H2O2 é um forte oxidante.

Os resultados da precipitação seletiva obtidos por ICP/OES foram separados em 3 gráficos por causa da grande diferença de concentração entre os metais. Na Figura 1 é mostrado o comportamento dos metais menos concentrados na precipitação seletiva sem e com H2O2.

Figura 1: Massa dos íons metálicos em solução após precipitação seletiva; a) Sem H2O2 e b) Com H2O2.

Como pode ser visto na Figura 1, a presença de H2O2 não alterou de forma significativa a precipitação desses metais, que estão em menor concentração. Em

1a Precipitação seletiva sem H2O2 1b Precipitação seletiva com H2O2

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ambos os casos no pH 3,5 são precipitados cerca de 30% de Pb, Cr e Ce e 20% de Cd. Esse resultado indica que parte dos metais em solução já poderiam estar oxidados devido à presença de MnO2, conhecido por ser oxidante em alguns meios.

Na Figura 2 é mostrado o comportamento dos metais com concentração intermediária na precipitação seletiva sem e com H2O2.

Figura 2: Massa dos íons metálicos em solução após precipitação seletiva; a) Sem H2O2 e b) Com H2O2.

Na Figura 2 pode ser observado que o H2O2 não influenciou significativamente no perfil de precipitação, indicando que parte dos íons metálicos já se encontravam oxidados devido à presença de MnO2. Porém os resultados indicam que a presença de H2O2 oxidou parte dos íons que ainda estavam na forma reduzida. No pH 3,0 foi possível recuperar no precipitado cerca de 50% de Ti, La e Cu na precipitação seletiva sem H2O2.

Com base no descrito no parágrafo acima é possível concluir que as espécies oxidadas Ti4+ e Cu2+ são menos favoráveis à precipitação seletiva nas condições estudadas. A melhor eficiência de precipitação do Ni foi de 40% em pH 2,5 com H2O2. Na Figura 3 é mostrado o comportamento dos metais mais concentrados na precipitação seletiva sem e com H2O2.

Figura 3: Massa dos íons metálicos em solução após precipitação seletiva; a) Sem H2O2 e b) Com H2O2.

2a 2b

3a Precipitação seletiva sem H2O2 3b Precipitação seletiva com H2O2

Precipitação seletiva com H2O2

Precipitação seletiva sem H2O2

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Como pode ser observado na Figura 3, o H2O2 influencia na precipitação seletiva do ferro e do manganês. No pH 3,0 ambos são depositados em grande porcentagem, mais de 33% do manganês e mais de 70% do ferro, após o pH 3,5 praticamente todo o ferro foi separado da solução na precipitação seletiva com H2O2, porém quase todo o Mn também já foi co-precipitado.

Os resultados obtidos por ICP/OES estão de acordo com as micrografias e os espectros de MEV com EDS dos precipitados, a seguir são apresentadas as micrografias obtidas por MEV e os respectivos espectros EDS dos precipitados obtidos nos principais pHs de precipitação.

Figura 4: Resultados das análises do precipitado obtido em pH 1,0 sem H2O2; a) Micrografia obtida por MEV e b) Espectro EDS da região mostrada na micrografia.

De acordo com os resultados obtidos por ICP/OES os metais precipitados em pH 1,0 sem H2O2 são principalmente Ce, Ni, Co, Zn, Cu, La, Ti, Fe e Mn no espectro EDS do precipitado (Figura 4b) foram detectados os metais Ti, Ce, Fe, Mn e Zn. A micrografia obtida por MEV (Figura 4a) mostra um precipitado fino, em pouca quantidade e mais de uma fase no precipitado.

Figura 5: Resultados das análises do precipitado obtido em pH 3,0 com H2O2; a) Micrografia obtida por MEV e b) Espectro EDS da região mostrada na micrografia.

De acordo com os resultados obtidos por ICP/OES os metais precipitados em pH 3,0 com H2O2 são principalmente o Ni, Zn, Cu, Ti, Fe e Mn, no espectro EDS do

5a 5b

6a 4a 4b

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precipitado (Figura 5b) foram detectados os metais Zn, Ti, Fe, Mn. A micrografia obtida por MEV (Figura 5a) demonstra um precipitado com muitas partículas de aspecto quebradiço indicando uma grande porção de partículas de ferro nessa região do precipitado analisada, já que é conhecido que partículas de ferro possuem essa característica.

Figura 6: Resultados das análises do precipitado obtido em pH 3,5 sem H2O2; a) Micrografia obtida por MEV e b) Espectro EDS da região mostrada na micrografia.

De acordo com os resultados obtidos por ICP/OES os metais precipitados em pH 3,5 sem H2O2 são principalmente o Ni, Zn, Fe e Mn no espectro EDS do precipitado (Figura 6b) foram detectados os metais Fe, Mn e Zn. A micrografia obtida por MEV (Figura 6a) mostra um precipitado com características diferentes dos anteriores, indicando a predominância das partículas de ferro.

Figura 7: Resultados das análises do precipitado obtido em pH 6,0 sem H2O2; a) Micrografia obtida por MEV e b) Espectro EDS da região mostrada na micrografia.

De acordo com os resultados obtidos por ICP/OES os metais precipitados em pH 6,0 sem H2O2 são principalmente o Co, Ni, Zn, Cu, Fe e Mn no espectro EDS do precipitado (Figura 7b) foram detectados os metais Co, Ni, Zn, Cu, Fe, Mn. A micrografia obtida por MEV (Figura 7a) também mostra um precipitado com aspecto quebradiço indicando a presença das partículas de ferro.

Observando os resultados de ICP/OES, as micrografias obtidas por MEV e os espectros EDS, é possível concluir que a precipitação ocorreu em porcentagens

6a 6b

7a 7b

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inferiores a 50% de cada metal em vários pHs, isso seria explicado devido à influência que a concentração dos metais exerce sobre a sua eficiência de precipitação9. Os resultados mostrados neste trabalho deixam evidente que ocorrem co-precipitações e/ou precipitações simultâneas em diversos pHs nas condições estudadas.

CONCLUSÕES

A presença de H2O2 não alterou de forma significativa a precipitação do Pb, Cr, Ce, Cd, Zn e Co isso indica que parte dos metais em solução já poderiam estar oxidados devido à presença de MnO2, conhecido por ser oxidante em alguns meios.

Foi possível recuperar no precipitado cerca de 50% de Ti, La e Cu na precipitação seletiva sem H2O2 em pH 3,0, assim as espécies oxidadas Ti4+ e Cu2+ seriam menos favoráveis à precipitação seletiva nas condições estudadas. A melhor eficiência de precipitação do Ni foi de 40% em pH 2,5 com H2O2.

O H2O2 influencia na precipitação seletiva do ferro e do manganês. No pH 3,0 ambos são depositados em mais de 33% do manganês e mais de 70% do ferro, após o pH 3,5 praticamente todo o ferro foi separado da solução na precipitação seletiva com H2O2, porém quase todo o Mn também já foi co-precipitado.

REFERÊNCIAS

1. BERNARDES, A.M; ESPINOSA, D.C.R.; TENÓRIO, J.A.S. Recycling of batteries:

a Review of current processes and technologies. J. Power Sources v.130, p. 291- 298, 2004.

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3. KUMBASAR, R. A. Transport of cadmium ions from zinc plant leach solutions through emulsion liquid membrane-containing Aliquat 336 as carrier. Separation and Purification Technology v.63, p. 592-599, 2008.

4. SHUKLA, A.K.; VENUGOPALAN, S.; HARIPRAKASH, B. Nickel-based rechargeable batteries. J. Power Sources v.100, p. 125–148, 2001.

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8. ZHANG, P.; YOKOYAMA, T.; ITABASHI, O.; WAKUI, Y.; SUZUKI, T. M.; INOUE, K. Hydrometallurgical process for recovery of metal values from spent nickel-metal hydride secondary batteries. Hydrometallurgy v.50, p. 61-75, 1998.

9. SILVA, C. N.; AFONSO, J. C. Processamento de pilhas do tipo botão, Química Nova v.31, n.6, p. 1567-1572, 2008.

METALS RECOVERY OF SPENT HOUSEHOLD BATTERIES USING A HYDROMETALLURGYCAL PROCESS

ABSTRACT

The objective of the work is to study a method for metals recovery from a sample composed by a mixture of the main types of spent household batteries. Segregation of the main metals is investigated using a treatment route consisting of the following steps: manual identified and dismantling, grinding, electric furnace reduction, acid leaching and selective precipitation with sodium hydroxide with and without hydrogen peroxide. Before and after precipitations the solutions had been analyzed by Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectroscopy (ICP/OES) and the precipitated analyzed by Scanning Electron Microscopy (SEM) with Spectrometry of Energy Dispersion Spectroscopy (EDS). The results had indicated that the great majority of metals had been precipitated in pHs studied, also had co-precipitation or simultaneous precipitation of metals in some pHs.

Key-words: Recycling, batteries, hydrometallurgy

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