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A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DAS RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE

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A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DAS RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE

Marjory Furlan Rueda 1 Jussara Ayres Bourguignon2

Resumo: Nos últimos anos a discussão da formação dos profissionais no âmbito das Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) tornou-se um tema bastante discutido e um campo de oportunidades para diversas categorias profissionais. O tema vem sendo abordado de forma mais consistente nos últimos anos no Brasil devido a implementação da Lei nº 11.129/2005 que dispõe sobre as Residências e posteriores normativas de regulamentação. O objetivo do estudo é compreender a formação do profissional de Serviço Social no contexto das RMS. Utilizou-se da pesquisa bibliográfica e documental para compor os resultados do estudo, a partir de uma discussão com os apontamentos da área da saúde. Concluiu-se que as Residências são instrumentos que potencializam a educação permanente dos profissionais no Sistema Único de Saúde (SUS) e proporcionam uma formação profissional voltada para os princípios e diretrizes desse sistema.

Palavras-chave: Residência Multiprofissional em Saúde; Serviço Social; Formação Profissional

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa possui como tema a discussão da formação do profissional de Serviço Social no âmbito das Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS). A estrutura do trabalho se constitui da seguinte maneira:

considerações iniciais do estudo, metodologia, desenvolvimento da pesquisa e as considerações finais.

As Residências Multiprofissionais e em Área Profissional de Saúde foram criadas a partir da promulgação da Lei nº 11.129 de 30 de junho de 2005, que instituiu a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) e a Residência em Área Profissional de Saúde, a qual é definida “[...] como modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, voltada para a educação em serviço e destinada às categorias profissionais que integram a área de saúde3, excetuada a médica.” (BRASIL, 2005).

1 Marjory Furlan Rueda - Profissional de Serviço Social - Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG - E-mail: marjory_fr@hotmail.com

2 Jussara Ayres Bourguignon - Professor com formação em Serviço Social - Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG

3Profissionais que integram a área da saúde: “1. Assistentes Sociais; 2. Biólogos; 3.

Biomédicos; 4. Profissionais de Educação Física; 5. Enfermeiros; 6. Farmacêuticos; 7.

Fisioterapeutas; 8. Fonoaudiólogos; 9. Médicos; 10. Médicos Veterinários; 11. Nutricionistas;

12. Odontólogos; 13. Psicólogos; e 14. Terapeutas Ocupacionais.” (BRASIL, 1998).

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Portanto, as Residências podem ser consideradas como uma modalidade teórica e prática, que possibilita às diversas categorias que integram a área da saúde a educação permanente e experiências profissionais qualificadas.

De acordo com a Lei nº 11.129, de 2005 “§ 1º A Residência [...]

constitui-se em um programa de cooperação intersetorial para favorecer a inserção qualificada dos jovens profissionais da saúde no mercado de trabalho [...].” (BRASIL, 2005).

O atendimento multiprofissional no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) fortalece o aprimoramento desse sistema e colabora para atendimentos qualificados e atrelados as demandas dos usuários. As RMS são consideradas programas intersetoriais, portanto, possuem cooperação tanto da área da Educação como da Saúde.

As RMS são modalidades de pós-graduação lato sensu regulamentadas e financiadas. Possuem carga horária semanal de 60 horas, destinadas a formação especializada para os profissionais da área da saúde, constituindo-se uma alternativa para o aprimoramento teórico e prático ao combinar o ensino em serviço.

O Serviço Social é considerado uma das profissões da área da saúde, logo possui atribuições específicas para atuação na área. De acordo com o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), ao compor uma equipe de saúde, possui um olhar ampliado e diferenciado que contribui para conhecer a realidade do usuário do serviço, identificando suas demandas e realizando encaminhamentos necessários para a rede de atendimento (CFESS, 2010).

Portanto, o Assistente Social é um profissional que possui o compromisso social com os usuários dos serviços, o qual possui uma base teórica, técnica e operativa que contribui com a efetivação de atendimentos em saúde baseados nos princípios do SUS.

Nesse sentido, compreende-se como essencial discutir a formação do Assistente Social nos programas de RMS, a fim de possibilitar maior visibilidade para a profissão nessa área, visto as Residências constituírem-se práticas recentes para o Assistente Social. Justifica-se a relevância da

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pesquisa, no sentido que as RMS se constituem como uma modalidade na qual os Assistentes Sociais estão inseridos.

2 METODOLOGIA

O presente estudo possui como objetivo compreender a formação do profissional de Serviço Social no contexto das Residências Multiprofissionais em Saúde. Para alcançar o objetivo proposto, a metodologia utilizada se caracteriza como uma pesquisa de cunho exploratório e descritivo.

A pesquisa exploratória “[...] habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental [...]. São desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral [...] acerca de determinado fato [...].” (GIL, 2008, p.

27).

Seguindo essa linha de pensamento, a pesquisa descritiva “[...] têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.”

(GIL, 2008, p. 28). Ainda, de acordo com Gil (2008) as pesquisas descritivas e exploratórias são utilizadas pelos pesquisadores sociais quando possuem preocupação com a atuação prática.

Os procedimentos metodológicos utilizados foram a pesquisa bibliográfica e documental: “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos [...].” (GIL, 2008, p. 50). O mesmo autor reitera que as pesquisas bibliográficas e documentais são semelhantes, porém se diferenciam na natureza das fontes, sendo que a pesquisa bibliográfica se utiliza de diferentes autores que discorrem sobre determinado assunto, e a pesquisa documental constitui-se da utilização de materiais que não obtiveram tratamento analítico (GIL, 2008).

De modo geral, o contexto da pesquisa consiste na discussão sobre as RMS. Portanto, para propiciar consistência e suporte teórico ao trabalho optou- se pela utilização da pesquisa bibliográfica e documental.

3 RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE E SUA RELAÇÃO COM O SERVIÇO SOCIAL

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Para adentrar ao tema das RMS no Brasil, torna-se necessário apresentar uma breve contextualização sobre a saúde e sua relação com as Residências.

Segundo Castro (2013):

A partir do Projeto de Reforma Sanitária e da construção do Sistema Único de Saúde (SUS) as problematizações em torno da formação profissional tornaram-se centrais. O Projeto de Reforma Sanitária propôs a ampliação da visão sobre a saúde e seus determinantes [...].

Na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica da Saúde (LOS) de 1990, os ideais da Reforma Sanitária foram afirmados e a saúde foi disposta como um direito fundamental [...], devendo o Estado garanti-la através de políticas econômicas e sociais [...]. (CASTRO, 2013, p. 350).

Nesse sentido, é imprescindível discutir a formação profissional com base no Projeto de Reforma Sanitária (sabe-se que o Serviço Social é uma das profissões que tiveram função fundamental na luta pela Reforma Sanitária) e nos princípios e diretrizes do SUS, a partir do conceito ampliado de saúde (CASTRO, 2013), ou seja, repensar a formação dos profissionais de saúde, considerando os determinantes do processo saúde-doença. Para essa mudança, entende-se que:

[...] as necessidades de saúde expressam múltiplas dimensões social, psicológica, biológica e cultural, e que o conhecimento e as intervenções acerca desse objeto complexo – o processo saúde- doença – constituem um intenso processo de especialização, a nenhum agente isolado cabe, na atualidade, a possibilidade de realizar a totalidade das ações de saúde demandadas, seja por cada um dos usuários em particular, seja pelo coletivo de usuários de um serviço. Coloca-se, pois, a necessidade de recomposição dos trabalhos especializados, com vistas à assistência integral de saúde, seja de especialidades de uma mesma área profissional, seja de áreas distintas – multiprofissionais. (SCHRAIBER et al., 1999, p. 232).

Para a superação do modelo de saúde denominado como técnico- assistencial médico hegemônico, o qual é centrado na figura do médico, o incentivo na formação dos profissionais de saúde “[...] abre espaço para a construção do trabalho em equipe de práticas interdisciplinares4” (CASTRO, 2013, p. 351), ao se considerar que apenas um profissional, nesse caso o

4A interdisciplinaridade se constitui no: “[...] nível em que a colaboração entre as diversas disciplinas ou entre os setores heterogêneos de uma mesma ciência conduz a interações propriamente ditas, isto é, a uma certa reciprocidade nos intercâmbios, de tal forma que, no final do processo interativo, cada disciplina saia enriquecida.” (JAPIASSU, 1976, p. 75).

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médico, não possui condições suficientes para atender a totalidade das demandas dos usuários, visto todos os determinantes sociais da saúde.

Portanto, pensar o SUS como uma política pública, com princípios e diretrizes baseados na humanização e qualidade das ações em saúde requer uma formação profissional crítica, criativa, qualificada e em consonância com o Projeto de Reforma Sanitária, ou seja, é imperativo pensar a formação profissional articulada aos princípios do SUS. Nesse sentido, o Ministério da Saúde (MS) desde o final dos anos 2000 está disponibilizando editais a fim proporcionar mudanças qualitativas na formação e prática em saúde, com o objetivo de construir um trabalho em equipe e interdisciplinar com vistas à efetivação dos princípios e diretrizes do SUS (CASTRO, 2013), sendo um desses editais os programas de RMS.

Para a construção e efetivação desse trabalho em equipe e interdisciplinar é imprescindível:

[...] romper com a lógica de fragmentação entre as profissões, buscando a necessária complementaridade entre práticas e saberes distintos. Dessa forma, essa modalidade de formação tem-se constituído como estratégia potencializadora da mudança do modelo assistencial. Por estar inserida diretamente na rede de serviços e ser desenvolvida tendo como foco de ensino o trabalho em saúde, ela própria converte-se em uma estratégia de Educação Permanente em Saúde, pois impulsiona a crítica e a análise dos processos de trabalho, favorecendo, assim, mudanças no modo de fazer a atenção em saúde das equipes multiprofissionais. (CLOSS, 2012, p. 40).

Desse modo, as RMS são alternativas para o rompimento de práticas profissionais fragmentadas e individualistas. Essas alternativas ao possibilitarem o trabalho em equipe interdisciplinar favorecem práticas integrais em saúde.

No Serviço Social, a discussão sobre a formação em saúde nos programas de RMS ganhou destaque no final dos anos 2000, tendo em vista a ampliação da inserção desses profissionais nos programas (CASTRO, 2013). A partir de 2002, o MS estabeleceu o financiamento regular para os programas desta modalidade no Brasil (SILVA e BROTTO, 2016), o que demonstra um apoio na formação de diversos profissionais, ao incentivar a inserção, formação e qualificação, para atuarem no sistema de saúde brasileiro.

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A partir do ano de 2009, o profissional de Serviço Social passou a se inserir de forma ampliada nos programas, tornando-se essencial discutir a especificidade da profissão (CASTRO, 2013).

Ao se discutir o Serviço Social nas RMS, é importante destacar que a inserção dos Assistentes Sociais nesses programas é um instrumento de fortalecimento do SUS, pois se pressupõe que esse profissional possui uma formação crítica. Nesse sentido, o Assistente Social ao formar uma equipe multiprofissional amplia e dissemina seus conhecimentos para o fortalecimento de práticas em saúde pautadas nos princípios do SUS e nas demandas dos usuários.

Enfatiza-se “[...] a necessidade de formar agentes [...] para o fortalecimento do SUS, tanto para disputar a qualificação das práticas no mundo do cuidado, como para tensionar o fortalecimento do SUS como política pública.” (LOBATO, 2010, p. 98).

A inclusão do Serviço Social no processo de formação dos programas de RMS fomentou a discussão na categoria para compreender a inserção e as contribuições desse profissional (ANDRADE et al., 2017). O Assistente Social residente “atua nas expressões da questão social, em conjunto com as políticas sociais e públicas em suas várias dimensões, com ênfase nas políticas de saúde.” (MARIANO e MARINHO, 2017, p. 138).

Ao se compreender a inserção do profissional de Serviço Social nas RMS, é possível verificar que as especificidades são essenciais na dinâmica do trabalho multiprofissional, pois esse profissional possui uma formação crítica e qualificada, baseada na garantia de direitos da população, demonstrando comprometimento ético, técnico e político com os usuários da política de saúde.

De acordo com Silva e Brotto (2016), a formação profissional necessita ser crítica e seguir os princípios teórico-metodológico, técnico-operativo e ético- político. Deste modo, o Assistente Social possui um Projeto Profissional que está em consonância com o Projeto de Reforma Sanitária, os quais são bases para o exercício profissional e o fortalecimento do SUS:

O projeto de formação profissional defendido pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa e Serviço Social (ABEPSS) é

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direcionado no sentido de capacitar os assistentes sociais teórica, metodológica e politicamente para uma intervenção qualificada, comprometida e orientada por valores radicalmente democráticos.

Para o trabalho junto ao SUS, a formação tem que articular, necessariamente os valores expressos no Projeto Ético-Político do Serviço Social e no Projeto de Reforma Sanitária. (CASTRO, 2013, p.

355).

O Assistente Social ao possuir um olhar ampliado, principalmente relacionado ao processo saúde-doença, legitima a sua inserção e consolidação no contexto das RMS. O CFESS publicou os Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde (CFESS, 2010). Esse documento aponta diretrizes e orientações para a atuação do profissional de Serviço Social nos serviços de saúde.

Além dos Parâmetros, o Assistente Social é orientado pela Lei nº 8.662 de Regulamentação da Profissão, pelo Código de Ética Profissional de 1993 e por outros documentos que proporcionam um norte para a formação e prática profissional.

Apesar dos residentes já terem concluído seu curso de graduação, os programas de RMS contam com a figura dos preceptores. Essa função é exercida, no caso do Serviço Social, pelo Assistente Social da instituição, sendo considerado uma referência do residente, além disso, o preceptor possui como uma de suas atividades, realizar orientações e acompanhamento da prática dos residentes. Porém, essa relação difere da estabelecida pelo Assistente Social da instituição e estagiários, visto que o residente se constitui em um profissional habilitado para atender as demandas apresentadas (ANDRADE et al., 2017).

Nesse sentido, a troca de conhecimentos e experiências proporcionados na relação do preceptor com o residente é extremamente rica, na medida em que os residentes possuem a articulação entre a teoria e a prática, presente em seu cotidiano, o que viabiliza reflexões sobre a prática profissional exercida, com o objetivo de melhorias nos processos de trabalho.

Essa relação estabelecida é um novo desafio das RMS, visto que a função de preceptor é uma nova atribuição dos Assistentes Sociais das instituições que contam com residentes. Além disso, a inserção dos residentes exigiu desses profissionais novas competências e habilidades, sendo imprescindível a capacitação/educação permanente dos mesmos, o que deve

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ser incentivado e proporcionado pela instituição responsável (ANDRADE et al, 2017).

Torna-se primordial a articulação entre a equipe para que seja possível promover mudanças positivas nas ações de saúde, e nessa lógica de pensamento, o residente possui papel relevante ao poder aliar a pesquisa, teoria e prática e ter a possibilidade de propor, criar e intervir na organização do trabalho, com o objetivo de qualificar o sistema de saúde brasileiro.

Para Castro (2013), o Assistente Social deve contribuir para a expansão e efetivação dos direitos de cidadania dos usuários dos serviços de saúde, a fim de satisfazer suas necessidades. Ou seja, é um profissional capacitado para acolher as demandas e intervir na realidade. Portanto, o Assistente Social precisa ser resolutivo e garantir meios dos cidadãos acessarem e garantirem seus direitos.

Entende-se que o Serviço Social enquanto profissão interventiva nas RMS atua na perspectiva da humanização e integralidade do atendimento em saúde, considerando que as demandas dos sujeitos não se resumem ao atendimento das demandas provenientes da doença, mas considera o usuário em sua totalidade, ao entender que os determinantes sociais interferem no processo saúde-doença.

Nesse sentido, no “[...] processo formativo dos assistentes sociais [...]

as propostas para a formação estão direcionadas a uma formação com base na integralidade [...], na interdisciplinaridade do conhecimento [...].” (ANDRADE e SANTOS e SILVA, 2017).

Conforme discutido anteriormente, o processo de formação do Assistente Social nas RMS difere de cada programa, porém, independente disso, possuem características em comum que norteiam a atuação desse profissional, como a humanização do atendimento, a integralidade, o trabalho em equipe e a interdisciplinariedade. Além disso, destaca-se como um desafio a educação continuada, ao aliar a prática, a teoria e a pesquisa, pois quando trabalhadas em conjunto, possibilitam um crescimento profissional extremamente qualificado para atuar no sistema de saúde brasileiro. Portanto, as RMS são espaços específicos e diferenciados que contribuem para uma prática profissional qualificada.

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Conclui-se que a formação proporcionada pelas RMS, quando adotada práticas baseadas no diálogo, na participação, no trabalho multiprofissional, etc., é um importante processo na formação dos profissionais de saúde, os quais, após o período de curso da Residência estarão capacitados a desenvolverem práticas em saúde com um olhar mais humanizado, integrado, dialogado, participativo e prontos para disseminar e efetivar atendimentos em saúde baseados nas necessidades da população atendida e nos princípios e diretrizes do SUS.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou compreender a formação do profissional de Serviço Social no contexto das RMS. As contribuições deste trabalho dizem respeito à apresentação de um breve histórico do desenvolvimento das RMS, mais especificamente da inserção do profissional de Serviço Social nesses programas. O estudo está direcionado para pesquisadores e profissionais da área da saúde, principalmente do Serviço Social, os quais contribuem para o desenvolvimento e efetivação do sistema de saúde brasileiro.

Constatou-se no desenvolvimento do trabalho, que as RMS são importantes espaços de atuação para os diversos profissionais considerados da área da saúde, visto possibilitar a atuação profissional e a formação em um mesmo universo, ou seja, além de se constituir como uma pós-graduação, o profissional também conta com a experiência prática possibilitada pelas RMS.

As Residências também oportunizam o trabalho multiprofissional (em um nível de atividade interdisciplinar), o que demonstra uma preocupação em atender o usuário em sua totalidade. Ademais, os residentes e demais profissionais da instituição também saem enriquecidos nesse processo inovador, ao realizarem trocas de conhecimentos e experiências, respeitando a especificidade de cada profissão, porém pensando em um trabalho coletivo.

Porém, apesar dos avanços possibilitados pelas RMS, tanto em relação ao atendimento dos usuários do sistema de saúde brasileiro, como também pelas mudanças na formação/atuação dos profissionais no SUS, sabe- se que em um contexto de mudanças políticas, econômicas, sociais, ainda se encontram dificuldades, fragilidades e desafios a serem enfrentados.

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Pelas RMS estarem inseridas em um contexto complexo, é inevitável que os profissionais possuam uma diversidade de demandas e exigências, o que pressupõe a necessidade dos mesmos estarem engajados com os princípios e diretrizes do SUS.

Portanto, as RMS viabilizam a formação em serviço, e devem contar com profissionais críticos e que viabilizem o direito a saúde. Para os avanços nos programas de RMS, é necessário uma construção coletiva, que envolva tanto os residentes, como preceptores, coordenadores, usuários dos serviços e demais atores envolvidos nesse processo. Nesse sentido, espaços de discussão são essenciais para se pensar e construir programas de RMS de qualidade.

O Assistente Social inserido nos programas de RMS possuem papel fundamental na luta pelo direito a saúde, e devem estar orientados pelo Projeto Ético-Político, pelo Código de Ética e pelos princípios da Reforma Sanitária.

Ao possuir uma formação baseada em reflexões críticas da realidade, o profissional de Serviço Social é essencial ao possuir uma visão ampliada do processo saúde-doença, o que contribui para uma prática multiprofissional de qualidade e voltada para o compromisso com as necessidades dos usuários.

Esta pesquisa é apenas uma introdução sobre o tema das RMS e sua relação com o Serviço Social, logo, existem oportunidades para o desenvolvimento de futuros estudos que abordem a temática.

Conclui-se que essa pesquisa, apesar de suas limitações, pode contribuir para propiciar maior visibilidade à profissão de Serviço Social no âmbito das RMS, visto o Assistente Social ser considerado como um dos profissionais da área. Nesse sentido, a pesquisa está direcionada para pesquisadores e profissionais da área da saúde que atuam na prática do Serviço Social e demais interessados no tema e que possuem como compromisso contribuir para o progresso e efetivação do Sistema Único de Saúde brasileiro em uma perspectiva emancipatória e de direito.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, T. M.; SANTOS, H. M. C.; SILVA, O. R. Serviço Social e Residência Multiprofissional: formação profissional na área. In: VIII Jornada

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Internacional Políticas Públicas, 2017, São Luis – MA. Anais eletrônicos...

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<http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2017/pdfs/eixo2/servicosocialereside nciamultiprofissionalformacaoprofissionalnaareadasaude.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2019.

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CASTRO, M. M. C. Formação em Saúde e Serviço Social: as residências em questão. Textos & Contextos, v. 12, n. 2, p. 349-360, 2013.

CFESS (Conselho Federal de Serviço Social). Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde. Série: Trabalho e projeto profissional nas políticas públicas. Brasília 2010. Disponível em:

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CLOSS, T. T. Inserção do Serviço Social nas residências multiprofissionais em atenção básica: formação em equipe e integralidade. Serviço Social, Residência Multiprofissional e Pós-Graduação: A excelência na formação do Assistente Social, p. 34, 2012.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. Editora Atlas SA, 2008.

JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro.

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LOBATO, C. P. Formação dos Trabalhadores da Saúde na Residência Multiprofissional em Saúde da Família: uma cartografia da dimensão política.

Londrina, Paraná, 2010. 117p. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade Estadual de Londrina.

MARIANO, L. C. O.; MARINHO, T. P. C. Residência Multiprofissional em Saúde na perspectiva do Serviço Social em hospital público: Relato de experiência. SANARE-Revista de Políticas Públicas, v. 16, n. 1, p. 136-142, 2017.

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SCHRAIBER, L. B.; PEDUZZI, M.; SALA, A.; NEMES, M. I. B.; CASTANHERA, E. R. L.; KON, R. Planejamento, gestão e avaliação em saúde: identificando problemas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 4, p. 221-242, 1999.

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