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DESPACHO DO TRIBUNAL DE PRIMEIRA INSTANCIA (Terceira Secção) 23 de Novembro de 1999*

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DESPACHO DO TRIBUNAL DE PRIMEIRA INSTANCIA (Terceira Secção) 23 de Novembro de 1999*

No processo T-173/98,

Unión de Pequeños Agricultores, associação de direito espanhol, com sede em Madrid, representada por Javier Ledesma Bartret e José Ma Jiménez Laiglesia y de Oliate, advogados no foro de Madrid, com domicílio escolhido no Luxemburgo na residência de Concepción Llasser Moyano, 22, rue Wenkelhiel, Dalheim,

recorrente,

contra

Conselho da União Europeia, representado por Ignacio Diez Parra e Antonio Tanca, consultores jurídicos, na qualidade de agentes, com domicílio escolhido no Luxemburgo no gabinete de Alessandro Morbilli, director-geral da Direcção de Assuntos Jurídicos do Banco Europeu de Investimento, '100, boulevard Konrad Adenauer,

recorrido,

* Língua do processo: espanhol.

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que tem por objecto um pedido de anulação parcial do Regulamento (CE) n.° 1638/98 do Conselho, de 20 de Julho de 1998, que altera o Regulamento n.° 136/66/CEE que estabelece uma organização comum de mercado no sector das matérias gordas (JO L 210, p. 32),

O TRIBUNAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA DAS COMUNIDADES EUROPEIAS (Terceira Secção),

composto por: K. Lenaerts, presidente, J. Azizi e M. Jaeger, juízes,

secretário: H. Jung,

profere o presente

Despacho

Enquadramento regulamentar

1 Em 22 de Setembro de 1966, o Conselho adoptou o Regulamento n.° 136/66/

/CEE que estabelece uma organização comum de mercado no sector das matérias gordas (JO L 172, p. 3025; EE 03 Fl p. 214, a seguir «regulamento de base»).

O regulamento de base criou, nomeadamente, uma organização comum de mercado do azeite, articulada à volta de um sistema de preços garantidos acompanhados de ajudas à produção.

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2 Várias alterações foram feitas, a seguir, nos mecanismos instaurados pelo regulamento de base. A organização comum de mercado do azeite, tal como foi alterada, previa regimes de preços de intervenção, de ajudas à produção, de ajuda ao consumo, de armazenagem, bem como de importações e de exportações.

3 O artigo 92.° do Acto relativo às condições de adesão do Reino de Espanha e da República Portuguesa às Comunidades Europeias, assinado em 12 de Junho de 1985, continha disposições transitórias para a aplicação do regulamento de base aos operadores estabelecidos em território espanhol (JO L 302, p. 9).

4 Em 17 de Fevereiro de 1997, a Comissão apresentou ao Conselho e ao Parlamento Europeu uma nota sobre o sector das azeitonas e do azeite (incluindo os aspectos económicos, culturais, regionais, sociais e ambientais), a actual organização comum de mercado, a necessidade de uma reforma e as soluções propostas [COM (97) 0057-C4-0096/97]. Na sua nota, a Comissão justifica a necessidade de uma reforma pelo surgimento previsível de excedentes de produção, pela impossibilidade de absorver esses excedentes no mercado comunitário, pela redução do volume das exportações imposta pelos compro- missos assumidos no quadro da Organização Mundial de Comércio e pelas dificuldades decorrentes do controlo do regime de ajudas e da prevenção das fraudes.

5 Em 19 de Março de 1998, a Comissão apresentou uma proposta de Regulamento (CE) do Conselho que altera o regulamento de base (JO C 136, p. 20), em conformidade com as opções de reforma contempladas na sua nota de 17 de Fevereiro de 1997.

6 Em 20 de Julho de 1998, O Conselho adoptou o Regulamento (CE) n.° 1638/98, que altera o regulamento de base (JO L 210, p. 32, a seguir «regulamento impugnado»). O regulamento impugnado reforma, nomeadamente, a organiza-

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ção comum de mercado do azeite. A esse título, o regime anterior de intervenção foi abolido e substituído por um regime de ajuda aos contratos de armazenagem privada; a ajuda ao consumo foi suprimida, bem como a ajuda específica aos pequenos produtores; o mecanismo de estabilização da ajuda à produção baseado numa quantidade máxima garantida para toda a Comunidade foi corrigida pela introdução de uma repartição dessa quantidade máxima garantida entre os Estados-Membros produtores, sob a forma de quantidades nacionais garantidas;

finalmente, os olivais plantados após 1 de Maio de 1998 são excluídos, salvo excepção, de qualquer futuro regime de ajuda. O regulamento impugnado prevê igualmente que a Comissão apresentará ao longo do ano 2000 uma proposta de regulamento com vista a operar uma reforma completa da organização comum de mercado no sector das matérias gordas.

Factos e tramitação processual

7 A recorrente é uma associação profissional que reagrupa e assegura a defesa dos interesses de pequenas empresas agrícolas espanholas. Por força do direito espanhol, ela goza de personalidade jurídica.

8 Por petição apresentada na Secretaria do Tribunal de Primeira Instância em 20 de Outubro de 1998, a recorrente interpôs o presente recurso.

9 Por acto separado, apresentado na Secretaria do Tribunal em 23 de Dezembro de 1998, O Conselho suscitou, nos termos do artigo 114.°, n.° 1, do Regula- mento de Processo do Tribunal de Primeira Instância, uma excepção de inadmissibilidade. A recorrente apresentou as suas observações sobre essa excepção em 22 de Fevereiro de 1999.

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10 Por requerimento apresentado na Secretaria do Tribunal em 4 de Junho de 1999, a Comissão pediu para ser admitida a intervir em apoio das conclusões do Conselho.

1 1 Por requerimentos apresentados na Secretaria do Tribunal em 17, 21 e 22 de Junho de 1999, a Diputación Provincial de Jaén, a Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha e o Consejo de Gobierno de la Comunidad Autónoma de Andalucía pediram para ser admitidas a intervir em apoio das conclusões da recorrente.

Pedidos das partes

12 A recorrente conclui pedindo que o Tribunal se digne:

— declarar o seu recurso admissível;

— anular o regulamento impugnado, com excepção do regime de ajudas às azeitonas de mesa estabelecido no artigo 5.°, n.° 4, do regulamento de base, tal como foi alterado pelo regulamento impugnado;

— condenar o Conselho nas despesas.

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13 Na sua excepção de inadmissibilidade, o Conselho conclui pedindo que o Tribunal se digne:

— julgar o recurso manifestamente inadmissível;

— condenar a recorrente nas despesas.

14 Nas suas observações sobre a excepção de inadmissibilidade, a recorrente conclui pedindo que o Tribunal se digne:

— julgar improcedente a excepção de inadmissibilidade suscitada pelo Conse- lho;

— condenar o Conselho nas despesas;

— A título subsidiário, reservar para final a decisão sobre a excepção de inadmissibilidade.

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Quanto à admissibilidade

Argumentos das partes

15 O Conselho alega a inadmissibilidade do presente recurso devido, por um lado, à natureza do acto impugnado, e, por outro, ao facto de esse acto não dizer individualmente respeito à recorrente.

16 Em primeiro lugar, o Conselho lembra que o artigo 173.°, quarto parágrafo, do Tratado CE (que passou, após alteração, a artigo 230.°, quarto parágrafo, CE) não abre aos particulares a possibilidade de interpor recurso de anulação contra um regulamento. Ora, na ocorrência, o acto impugnado, pelo seu conteúdo, teria a natureza de regulamento, na acepção do artigo 189.° do Tratado CE (actual artigo 249.° CE). Tratar-se-ia, com efeito, de um acto normativo de carácter geral, que se aplica de maneira geral e abstracta a situações determinadas objectivamente.

17 Em segundo lugar, o Conselho salienta que o acto impugnado não diz individualmente respeito à recorrente. Em primeiro lugar, sublinha que a recorrente é uma associação que tem por finalidade a defesa dos interesses gerais dos seus membros, o que não poderá bastar para justificar a admissibilidade do seu recurso (despacho do Tribunal de Justiça de 5 de Novembro de 1986, UFADE/Conselho e Comissão, 11/86, Colect., p. 3255, e acórdão do Tribunal de Primeira Instância de 6 de Julho de 1995, AITEC e o./Comissão, T-447/93, T-448/93 e T-449/93, Colect., p. II-1971). Em seguida, a recorrente também não poderá invocar uma pretensa qualidade de negociadora para justificar o seu interesse em agir no caso em apreço. Finalmente, a recorrente não poderá pretender substituir-se aos seus membros que disporiam de um direito de recurso, já que não lhes diz também individualmente respeito o regulamento impugnado.

De qualquer forma, este último não atingiria a recorrente em virtude de certas qualidades que lhe seriam peculiares ou de uma situação de facto que a caracterize em relação a qualquer outra pessoa, pois que todos os operadores económicos comunitários que têm as mesmas actividades que os seus membros seriam atingidos exactamente da mesma maneira (despachos do Tribunal de Justiça de 12 de Outubro de 1988, Cevap e o./Conselho, 34/88, Colect., p. 6265,

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e de 7 de Dezembro de 1988, Fédération européenne de la santé animale e o./

/Conselho, 160/88, Colect., p. 6399; acórdão do Tribunal de Justiça de 26 de Junho de 1990, Sofrimport/Comissão, C-152/88, Colect., p. I-2477, n.° 10). A recorrente também não poderá prevalecer-se do acórdão do Tribunal de Justiça de 18 de Maio de 1994, Codorniu/Conselho (C-309/89, Colect., p. I-1853), não tendo o regulamento impugnado ofendido direitos que lhe pertençam a si ou aos seus membros.

18 A recorrente contesta a tese defendida pelo Conselho e sustenta que o seu recurso é admissível. Nota, de imediato, que o Conselho não contesta que o regulamento impugnado lhe diga directamente respeito.

19 Quanto à questão de saber se ele lhe diz individualmente respeito, a recorrente afirma, por um lado, que o regulamento impugnado não tem natureza normativa e, por outro, que as medidas que ele comporta lhe dizem, de qualquer maneira, individualmente respeito.

20 Em primeiro lugar, a recorrente contesta a natureza normativa do regulamento impugnado. Põe em destaque três particularidades deste. Antes de mais, afirma que não se trata de um acto de aplicação geral, pois que limita o número de plantações que podem beneficiar de uma ajuda e fixa retroactivamente, em 1 de Maio de 1998, o número de olivicultores que têm direito a uma ajuda à produção. Em seguida, a recorrente considera que, mesmo que defina o seu campo de aplicação de uma maneira geral e abstracta, o regulamento impugnado aplica-se a situações objectivamente determinadas, pois que o Conselho reconhece que adoptou esse acto sem se basear em dados fiáveis. Finalmente, a recorrente expõe que o regulamento impugnado esgota os seus efeitos por si mesmo, porquanto se contenta em modificar o regime existente, sem criar as bases do novo regime, nem estabelecer ligação com ele.

21 Em segundo lugar, o recorrente avança quatro argumentos que demonstram que, mesmo que se devesse admitir a natureza normativa do regulamento impugnado, este dir-lhe-ia individualmente respeito, na acepção do artigo 173.°, quarto

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parágrafo, do Tratado e da jurisprudência (acórdão Codorniu/Conselho, já referido, n.° 19; despacho do Tribunal de Justiça de 23 de Novembro de 1995, Asocarne/Conselho, C-10/95 P, Colect., p. I-4149, n.° 43; acordaos do Tribunal de Primeira Instancia de 10 de Julho de 1996, Weber/Comissão, T-482/93, Colect., p. II-609, n.° 56, e de 7 de Novembro de 1996, Roquette Frères/

/Conselho, T-298/94, Colect., p. II-1531; despacho do Tribunal de Primeira Instância de 12 de Março de 1998, Berthu/Conselho, T-207/97, Colect., p. II-509).

22 Em primeiro lugar, a recorrente sublinha que o regulamento impugnado, porquanto provoca a redução do número dos seus aderentes e reduz assim a sua representatividade bem como o seu financiamento, afecta as suas capacidades de negociação (acórdão do Tribunal de Justiça de 12 de Dezembro de 1996, AIUFASS e AKT/Comissão, T-380/94, Colect., p. 11-2169). Alega que participa de maneira activa no processo de adopção de normas relativas à actividade dos seus membros. Remete, a esse propósito, para o documento junto no anexo 31 à petição, que reproduz todas as suas intervenções junto das instituições comunitárias entre 1996 e 1998. A recorrente precisa que não se trata da afectação de um direito de natureza processual, mas de um direito muito mais fundamental. Prevalece-se, portanto, de um interesse particular na anulação do regulamento impugnado, e não somente de um interesse geral. A recorrente reivindica a qualidade de parte interessada, que deve ser determinada em função dos elementos específicos do caso em apreço, independentemente da natureza do acto adoptado.

23 Em segundo lugar, a recorrente sublinha que os seus membros são individual- mente afectados pelo regulamento impugnado. Com efeito, por um lado, os produtores que exploram os olivais tradicionais, que ela representa, estariam ameaçados de desaparecimento na sequência da adopção desse acto. Assim, dois de entre eles seriam forçados a cessar as suas actividades. Ora, o regulamento impugnado não teria causado as mesmas dificuldades económicas a todos os olivicultores. Por outro lado, os membros da recorrente seriam protegidos pelo artigo 39.° do Tratado CE (actual artigo 33.° CE) e pelos artigos seguintes, que o Conselho deveria ter tido em conta aquando da adopção do regulamento impugnado (v. os acórdãos Sofrimport/Comissão e Cordorniu/Conselho, já referidos).

24 Em terceiro lugar, a recorrente prevalece-se da existência de uma questão de ordem pública comunitária para justificar a admissibilidade do seu recurso.

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Baseia-se nos acórdãos do Tribunal de Justiça de 1 de Julho de 1965, Toepfer e Getreide-Import/Comissão (106/63 e 107/63, Colect. 1965-1968, p. 119), de 23 de Novembro de 1971, Bock/Comissão (62/70, Colect. 1971, p. 333), e de 17 de Janeiro de 1985, Piraiki-Patraiki/Comissão (11/82, Recueil, p. 207), nos termos dos quais uma parte não destinatária do acto impugnado seria, contudo, considerada como individualmente afectada por este, na medida em que esse acto comporta regras dotadas de efeito retroactivo, como no caso em apreço, e se, no quadro da sua adopção, a instituição em causa tiver tido um comportamento incorrecto. Ora, no caso em apreço, a recorrente considera que o processo prévio à adopção do regulamento impugnado está «eivado de incorrecções» e de um certo desvio de poder, pois que as regras consagradas no regulamento impugnado não correspondem aos objectivos enunciados neste último. A recorrente pede, portanto, ao Tribunal, com base na ordem pública comunitária, que verifique se o Conselho adoptou efectivamente um acto normativo, na ausência de qualquer base factual, tal como resultaria do acto impugnado.

25 E m q u a r t o lugar, a recorrente afirma q u e , a o declarar o seu r e c u r s o inadmissível, o T r i b u n a l privá-la-ia de q u a l q u e r meio de defesa e ofenderia o seu direito f u n d a m e n t a l b e m c o m o o d o s seus m e m b r o s a u m a tutela jurisdicional efectiva.

Antes d e m a i s , a recorrente e x p õ e q u e , n a o r d e m jurídica e s p a n h o l a , esse direito t e m o valor de princípio f u n d a m e n t a l . A esse título, salienta, n o m e a d a m e n t e , q u e , c o m o n e m o E s t a d o E s p a n h o l n e m as c o m u n i d a d e s a u t ó n o m a s q u e o c o m p õ e m adoptaram medidas de execução do regulamento impugnado, ela não tem a menor possibilidade de instaurar, perante os seus órgãos jurisdicionais nacionais, um processo que possa dar lugar a um reenvio prejudicial, na base do artigo 177.° do Tratado CE (actual artigo 234.° CE), sobre a validade do regulamento impugnado.

26 Em seguida, a recorrente alega que o Tribunal de Justiça tem afirmado, na sua jurisprudência, que o direito a uma tutela jurisdicional efectiva faz parte dos direitos fundamentais reconhecidos na ordem jurídica comunitária e cujo respeito ele assegura (acórdãos do Tribunal de Justiça de 17 de Dezembro de 1970, Internationale Handelsgesellschaft, 11/70, Colect. 1969-1970, p. 625, n.° 4, de 14 de Maio de 1974, Nold/Comissão, 4/73, Colect. 1974, p. 283, n.° 13, de 23 de Abril de 1986, Os Verdes/Parlamento, 294/83, Colect., p. 1339, n.° 23, de 15 de Maio de 1986, Johnston, 222/84, Colect., p. 1651, de 13 de Julho de 1989, Wachauf, 5/88, Colect., p. 2609, de 19 de Junho de 1990, Factortame e o., C-213/89, Colect., p. I-2433, de 7 de Maio de 1992, Aguirre Borrell e o.,

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C-104/91, Colect., p. 3003, de 3 de Dezembro de 1992, Oleificio Borelli/

/Comissão, C-97/91, Colect., p. I-6313, e de 14 de Dezembro de 1995, Peterbroeck, C-312/93, Colect., p. 1-4599). Considera que seria incompatível com o direito a uma tutela jurisdicional efectiva declarar o presente recurso inadmissível quando, como no caso em apreço, não se trata de impor limites ou obrigações aos Estados-Membros, mas de controlar o exercício pelo Conselho do seu poder discricionário. A recorrente invoca igualmente o ponto 20 de um relatório do Tribunal de Justiça sobre certos aspectos da aplicação do Tratado da União Europeia.

27 Finalmente, a recorrente sustenta que o benefício do direito a uma tutela jurisdicional efectiva em direito comunitário não implica que os particulares sejam obrigados a demonstrar a sua impossibilidade absoluta de ter acesso a um outro órgão jurisdicional que não o órgão jurisdicional comunitário, mas que esse acesso não seja efectivo. Caberia, de facto, ao Tribunal determinar se resulta do acto adoptado que o particular dispõe da possibilidade real e efectiva de contestar a sua validade perante um órgão jurisdicional nacional, pela via de um reenvio prejudicial (v., a título de exemplo, o acórdão do Tribunal de Justiça de 15 de Fevereiro de 1996, Buralux e o./Conselho, C-209/94 P, Colect., p. I-615).

28 A esse propósito, a recorrente salienta que o Reino de Espanha recusou formalmente seguir as vias de recurso de que dispunha em virtude do direito comunitário contra o regulamento impugnado, quando a Comunidade Autó- noma da Andaluzia lho pediu.

29 Sublinha igualmente que as supressões previstas pelo regulamento impugnado, como as do regime de intervenção, do regime das ajudas ao consumo, das ajudas aos pequenos produtores, da quantidade máxima comunitária garantida bem como das ajudas às novas plantações a partir 1 de Maio de 1998, não necessitam de qualquer medida de execução por parte dos Estados-Membros. Além disso, não tendo os artigos 39.° e segs. do Tratado, de que se prevalece, efeito directo,

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só o órgão jurisdicional comunitário estaria em condições de proteger os seus direitos (v. o acórdão do Tribunal de Justiça de 2 de Abril de 1998, Greenpeace Council e o./Comissão, C-321/95 Ρ, Colect., p. I-1651, n.° 33).

30 De qualquer forma, tendo o regulamento impugnado um período de aplicação de três anos, um recurso perante um órgão jurisdicional espanhol seria inútil, tendo em conta o prazo em que o Tribunal de Justiça se pronuncia sobre uma questão prejudicial.

31 A título subsidiário, a recorrente pede que o exame da admissibilidade do recurso seja reservado para final em virtude de o Conselho ter adoptado o regulamento impugnado na ausência de qualquer dado fiável.

Apreciação do Tribunal

32 Por força do artigo 111.° do Regulamento de Processo do Tribunal de Primeira Instância, tal como foi alterado com efeitos a partir de 1 de Junho de 1997 (JO L 103, p. 6), se um recurso for manifestamente inadmissível ou manifesta- mente desprovido de fundamento jurídico, o Tribunal pode decidir imediata- mente, mediante despacho fundamentado.

33 No caso em apreço, o Tribunal julga-se suficientemente esclarecido pelos elementos dos autos e resolve, em aplicação desse artigo, decidir imediatamente.

34 Segundo jurisprudência constante (v. despachos do Tribunal de Primeira Instância de 30 de Setembro de 1997, Federolio/Comissão, T-122/96, Colect., p. II-1559,

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n.os 50 e 51, e de 29 de Abril de 1999, Alce/Comissão, T-120/98, Colect., ρ. II-1395, η.° 17), ο artigo 173.°, quarto parágrafo, do Tratado confere aos particulares o direito de impugnar qualquer decisão que, se bem que tomada sob a aparência de regulamento, lhes diga directa e individualmente respeito. O objectivo dessa disposição é, nomeadamente, evitar que, pela simples escolha da forma de regulamento, as instituições comunitárias possam excluir o recurso de um particular contra uma decisão que lhes diz directa e individualmente respeito e precisar assim que a escolha da forma não pode mudar a natureza de um acto (ν.

acórdão do Tribunal de Justiça de 17 de Junho de 1980, Calpak e Società Emiliana Lavorazione Frutta/Comissão, 789/79 e 790/79, Recueil, p. 1949, n.° 7, e despacho do Tribunal de Primeira Instância de 28 de Outubro de 1993, FRSEA e FNSEA/Conselho, T-476/93, Colect., p. II-1187, n.° 19). Resulta também de jurisprudência constante que o criterio de distinção entre o regulamento e a decisão deve ser procurado no carácter geral, ou não, do acto em questão (ν.

acórdão do Tribunal de Justiça de 6 de Outubro de 1982, Alusuisse/Conselho e Comissão, 307/81, Recueil, p. 3463, n.° 8).

35 Há, portanto, que determinar, no caso em apreço, a natureza do acto em litígio.

36 Se bem que a recorrente conteste a natureza normativa do regulamento impugnado, admite, todavia, por um lado, que ele visa alterar os mecanismos da organização comum de mercado no sector das matérias gordas instaurado pelo regulamento de base, tal como foi emendado, e, por outro, que ele define o seu âmbito de aplicação de maneira geral e abstracta. As disposições do regulamento impugnado comportam, na verdade, efeitos jurídicos para os operadores económicos activos nesse mercado. Tais disposições apresentam-se, portanto, a priori, como medidas de carácter geral na acepção do artigo 189.° do Tratado.

37 Os três argumentos avançados pela recorrente para demonstrar que o regula- mento impugnado não é um acto de aplicação geral não poderão pôr em causa o bem fundado desta análise.

38 Em primeiro lugar, não poderá admitir-se que os actos que têm por efeito modificar um regime de organização comum de mercado limitando o alcance da

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assistência proporcionada pela Comunidade aos operadores sejam, em princípio, desprovidos de alcance geral. Só importa a questão de saber se as disposições desses actos se aplicam de maneira geral e abstracta a situações de facto ou de direito definidas de maneira objectiva.

39 M a i s p r e c i s a m e n t e , a circunstância de o r e g u l a m e n t o i m p u g n a d o p o d e r ter, n o m e a d a m e n t e , p o r efeito, limitar o n ú m e r o de o p e r a d o r e s q u e p o d e m beneficiar de certas ajudas estabelecendo c o m o c o n d i ç ã o q u e o azeite seja p r o d u z i d o a p a r t i r de p l a n t a ç õ e s existentes e m d a t a anterior à d a sua a d o p ç ã o e d a sua e n t r a d a e m vigor n ã o p o d e r á p r i v a r a u t o m a t i c a m e n t e o referido r e g u l a m e n t o d o seu carácter geral, p o r q u a n t o é claro q u e a m e d i d a criticada se aplica a t o d o s os o p e r a d o r e s e m causa q u e se e n c o n t r e m n a m e s m a s i t u a ç ã o d e facto e de direito definida de m a n e i r a objectiva. O r a , deve sublinhar-se q u e a recorrente n ã o alegou q u e a aplicação d a m e d i d a e m causa n ã o se efectuava dessa m a n e i r a .

40 Em seguida, a recorrente não demonstrou, de forma nenhuma, que as disposições do regulamento impugnado não se apliquem a situações determinadas objectiva- mente. O seu argumento segundo o qual o Conselho teria adoptado o regulamento impugnado na base de dados que não eram fiáveis é desprovido de pertinência quanto a este ponto. Com efeito, as disposições de um acto são supostas aplicarem-se a situações determinadas objectivamente, desde que a sua aplicação se efectue em virtude de uma situação objectiva de direito ou de facto, definida pelo acto em relação com a sua finalidade (despacho Federolio/

/Comissão, já referido, n.os 55 e 56). Ora, no caso em apreço, força é reconhecer que as disposições do regulamento impugnado se aplicam na base de uma situação objectiva, isto é, a participação no mercado do sector das matérias gordas, situação definida em relação com a própria finalidade do regulamento impugnado, isto é, a alteração dessa organização comum de mercado.

41 A alegada ausência de fiabilidade dos dados detidos pelo Conselho no momento da adopção do regulamento impugnado, a supô-la demonstrada, não é susceptível de pôr em causa a conclusão que precede.

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42 A recorrente não afirma, aliás, que essa alegada ausência de fiabilidade dos dados tenha por efeito que o regulamento impugnado vise, na realidade, apenas a situação dos seus membros. Além disso, resulta da petição que ela funda esse argumento no ponto 1 dos considerandos do regulamento impugnado que expõe o que se segue: «considerando que, em Fevereiro de 1997, a Comissão apresentou ao Parlamento Europeu e ao Conselho uma comunicação relativa ao sector das azeitonas e do azeite, na qual se concluía pela necessidade de uma reforma da organização comum de mercado vigente no sector das matérias gordas; que a referida comunicação e as opções de reforma nela mencionadas foram discutidas nas instituições comunitárias; que daí resultou um consenso quanto à necessidade de uma reforma; que, todavia, para determinar a melhor abordagem a seguir, é indispensável dispor de informações mais fiáveis, nomeadamente sobre o número de oliveiras na Comunidade, a superfície dos olivais e os rendimentos; que, atendendo ao prazo necessário para a realização dos trabalhos de recolha e análise desses dados, a Comissão se comprometeu a apresentar uma proposta de reforma durante o ano de 2000, tendo em vista a sua aplicação a partir de campanha de 2001/2002». Recolocada no seu contexto, esta passagem não tem, por isso, o alcance que lhe dá a recorrente, pois que permite reconhecer que o Conselho só encara a hipótese de uma reforma em profundidade da organização comum de mercado no sector das matérias gordas, após ter feito as diligências que permitam recolher todos os dados necessários para esse efeito. Por conseguinte, esse argumento da recorrente é inoperante para efeitos da apreciação da admissibilidade do seu recurso de anulação.

43 Finalmente, a supor mesmo que o regulamento impugnado tenha os efeitos no tempo que lhe atribui a recorrente, não poderá deduzir-se dessa particularidade que as suas disposições não se apliquem em virtude de uma situação objectiva de direito ou de facto, definida pelo acto em relação com a sua finalidade.

44 Por isso, deve considerar-se que o regulamento impugnado reveste, pela sua natureza e pelo seu alcance, um carácter normativo e não constitui uma decisão na acepção do artigo 189.° do Tratado.

45 No entanto, em certas circunstâncias, mesmo um acto normativo que se aplique à generalidade dos operadores económicos interessados pode dizer individualmente

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respeito a alguns de entre eles. Em tal hipótese, um acto comunitário poderá, então, revestir, ao mesmo tempo, um carácter normativo e, em relação a certos operadores económicos interessados, um carácter decisório (acórdãos do Tribunal de Justiça de 16 de Maio de 1991, Extramet Industrie/Conselho, C-358/89, Colect., p. I-2501, n.° 13, e Codorniu/Conselho, já referido, n.° 19, e acórdão do Tribunal de Primeira Instância de 13 de Dezembro de 1995, Exporteurs in Levende Varkens e o./Comissão, T-481/93, e T-484/93, Colect., p. II-2941, n.° 50).

46 Para fazer isso, uma pessoa singular ou colectiva deve, no entanto, estar em condições de demonstrar que é atingida, pelo acto em causa, em virtude de certas qualidades que lhe são peculiares ou de uma situação que a caracterize em relação a qualquer outra pessoa (despachos Federolio/Comissão, já referido, n.° 59, e Alce/Comissão, já referido, n.° 19).

47 Além disso, como o salienta o Tribunal no seu despacho Federolio/Comissão, já referido (n.° 61), a admissibilidade dos recursos interpostos pelas associações pode, nessa perspectiva, ser aceite em três tipos de situações pelo menos:

— quando uma disposição legal reconhece expressamente às associações profissionais uma série de faculdades de carácter processual;

— quando a associação representa os interesses de empresas que sejam, elas próprias, admitidas a agir;

— quando a associação é individualizada em virtude da afectação dos seus próprios interesses enquanto associação, nomeadamente, porque a sua posição de negociadora foi afectada pelo acto cuja anulação é pedida.

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48 A recorrente não poderá, na ocorrência, prevalecer-se de nenhuma dessas três situações para justificar a admissibilidade do seu recurso.

49 Em primeiro lugar, força é reconhecer que ela não reivindica nenhum direito de natureza processual que lhe reconheça a organização comum de mercado no sector das matérias gordas (v. o despacho do Tribunal de Primeira Instância de 8 de Dezembro de 1998, ANB e o./Conselho, T-38/98, Colect., p. II-4191, n.° 27), que seja, além disso, afectado pelas disposições do regulamento impugnado. Ela reconhece-o, aliás, nas suas observações sobre a excepção de inadmissibilidade. Além disso, o Tribunal já precisou que uma associação não poderá invocar as missões e funções específicas que lhe sejam reconhecidas pela sua ordem jurídica interna para justificar uma alteração do sistema das vias de recurso estabelecido pelo artigo 173.° do Tratado e destinado a confiar ao juiz comunitário o controlo da legalidade dos actos das instituições, sob pena de fazer depender a admissibilidade de um recurso de anulação de uma decisão autónoma das autoridades nacionais baseada no interesse do Estado-Membro em causa, antes que no interesse público comunitário (v. despacho Federolio/Comissão, já referido, n.os 63 a 65).

50 Em segundo lugar, a recorrente não demonstrou que os seus membros sejam atingidos pelo regulamento impugnado em virtude de certas qualidades que lhes são peculiares ou de uma situação de facto que os caracrteriza em relação a qualquer outra pessoa. A este propósito, basta recordar que o facto de o regulamento impugnado ter afectado, no momento da sua adopção, os membros da recorrente que agem, então, no mercado do azeite, tal sendo o caso, provocando a cessação de actividade de alguns de entre eles, não é susceptível de os caracterizar em relação a qualquer outro operador comunitário, uma vez que se encontram numa situação objectivamente determinada, comparável à de qualquer outro operador que possa, no presente ou no futuro, entrar no mercado (Federolio/Comissão, já referido, n.° 67). O regulamento impugnado diz respeito aos membros da recorrente apenas em virtude da sua qualidade objectiva de operador económico activo nesse mercado, pela mesma razão que a todos os outros operadores nele activos.

51 A esse propósito, a circunstância de a medida em causa poder ter efeitos concretos diferentes para os diversos sujeitos de direito a que ela se aplica não contradiz, só por si, o seu carácter regulamentar, desde que essa situação seja

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objectivamente determinada, como no caso em apreço (v. despacho do Tribunal de Primeira Instância de 15 de Setembro de 1998, Michailidis e o./Comissão, T-100/94, Colect., p. II-3117, n.° 61).

52 Quanto à protecção particular de que beneficiariam os membros da recorrente por força do artigo 39.° e segs. do Tratado, força é reconhecer que essas disposições não prevêem qualquer protecção nessa acepção. A recorrente absteve- -se, aliás, de precisar em que é que esses artigos lhes confeririam tal protecção, contentando-se, no seu recurso, em fazer referência ao artigo 39.°, n.° 2, do Tratado.

53 Em terceiro lugar, a recorrente também não poderá concluir que o regulamento impugnado afecte alguns dos seus interesses específicos para justificar a admissibilidade do seu recurso.

54 Segundo jurisprudência constante, um acto que afecta os interesses gerais de uma categoria de sujeitos de direito não poderá ser considerado como dizendo individualmente respeito a uma associação constituída para promover os interesses colectivos dessa categoria e, por conseguinte, essa associação não é admissível a interpor recurso de anulação quando os seus membros o não possam fazer a título individual (acórdãos do Tribunal de Justiça de 14 de Dezembro de 1962, Fédération national de la boucherie en gros et du commerce en gros de viandes e o./Conselho, 19/62, 20/62, 21/62 e 22/62, Recueil, p. 943, Colect.

1962-1964, p. 191, e de 18 de Março de 1975, Union syndicale e o./Conselho, 72/74, Recueil, p. 401, n.° 17, Colect. 1975, p. 159; despacho do Tribunal de Justiça de 11 de Julho de 1979, Fédération nationale des producteurs de vins de table et vins de pays/Comissão, 60/79, Recueil, p. 2429; acórdão do Tribunal de Justiça de 10 de Julho de 1986, DEFI/Comissão, 282/85, Colect., p. 2469, n.° 16;

despacho UFADE/Conselho e Comissão, já referido, n.° 12, e acórdão AITEC e o./Comissão, já refendo, n.os 58 a 62). Todavia, o recurso de uma associação, a cujos membros não diz directa e individualmente respeito o acto em litígio, pode ser declarado admissível, quando defenda os seus próprios interesses, distintos dos dos seus membros, por exemplo, quando a sua posição de negociadora tiver sido afectada por este acto (acórdãos do Tribunal de Justiça de 2 de Fevereiro

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de 1988, Van der Kooy e o./Comissão, 67/85, 68/85 e 70/85, Colect., p . 2 1 9 , n.o s 2 1 a 24, e de 24 de Marco de 1993, CIRFS e o./Comissão, C-313/90, Colect., p. 1-1125, n.o s 28 a 30).

55 N a ocorrência, há que salientar que as missões descritas pela recorrente lhe são confiadas pelos seus membros, os quais dispõem incontestavelmente do poder de determinar a sua gestão e as suas funções e, portanto, de definir igualmente os interesses que ela deve defender. A recorrente expõe, aliás, que o regulamento impugnado a afecta na sua função de negociadora porquanto, na sequência da sua adopção, já não representará tantos olivicultores como no passado. Nestas condições, os interesses que a recorrente julga que lhe são próprios não se distinguem dos dos seus membros.

56 Deve igualmente reconhecer-se que o regulamento impugnado não afecta os interesses próprios da recorrente, considerada enquanto organismo encarregado da defesa dos interesses dos exploradores de olivais tradicionais. C o m efeito, à recorrente, que não é uma empresa activa no mercado do azeite, não poderá impor-se uma alteração das suas actividades em aplicação do referido regula- mento. A recorrente também não demonstrou em que é que a sua qualidade de organismo encarregado da defesa dos interesses dos exploradores de olivais tradicionais se distingue da de outros organismos encarregados da mesma tarefa em Espanha ou em outros Estados-Membros e a individualiza na acepção do disposto no artigo 173.°, quarto parágrafo, do Tratado.

57 A recorrente também não poderá tirar partido, no caso em apreço, do acórdão AIUFFASS e AKT/Comissão, já referido, para demonstrar a admissibilidade do seu recurso. Com efeito, nesse processo relativo a auxílios de Estado, o Tribunal prevaleceu-se, por um lado, da qualidade de interessado na acepção do artigo 93.°, n.° 2, do Tratado CE (actual artigo 88.°, n.° 2 , CE) de ambas as

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partes recorrentes e, por outro, da sua participação no processo administrativo que acabou pela adopção do acto impugnado. Estes dois elementos faltam no caso em apreço.

58 A recorrente não se encontra, portanto, individualizada em virtude de nenhum dos critérios retidos pela jurisprudência em matéria de admissibilidade de um recurso de anulação interposto por uma associação.

59 Invoca ainda dois outros argumentos para demonstrar que as disposições do regulamento impugnado lhe dizem, apesar disso, individualmente respeito, isto é, por um lado, o carácter de ordem pública comunitária do exame de legalidade do regulamento impugnado que ela reivindica no seu recurso e, por outro, o risco de não beneficiar de uma tutela jurisdicional efectiva.

60 O fundamento tirado de um eventual desvio de poder incide, de facto, sobre o fundo do litígio. Examinar tal fundamento ao nível da admissibilidade do recurso teria por consequência fazer depender a admissibilidade de um recurso de anulação dirigido contra uma medida de carácter geral exclusivamente da natureza das acusações invocadas quanto ao fundo para contestar a sua legalidade, o que redundaria em derrogar as condições de admissibilidade estabelecidas pelo artigo 173.°, quarto parágrafo, do Tratado, tais como foram explicitadas na jurisprudência.

61 No que toca ao argumento tirado da falta de tutela jurisdicional efectiva, ele consiste em denunciar a ausência de vias de recurso internas que permitam, tal sendo o caso, um controlo de validade do regulamento impugnado pela via do reenvio prejudicial fundado no artigo 177.° do Tratado.

62 A esse propósito, deve sublinhar-se que o princípio da igualdade de todos os sujeitos de direito quanto às condições de acesso ao juiz comunitário pela via do

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recurso de anulação requer que essas condições não sejam função das circuns- tâncias próprias ao sistema judicial de cada Estado-Membro. A esse propósito, há, aliás, que salientar que, pela aplicação do princípio de cooperação leal enunciado no artigo 5.° do Tratado CE (actual artigo 10.° CE), os Estados- -Membros são obrigados a contribuir para o carácter completo do sistema de vias de recurso e de processo criado pelo Tratado CE e destinado a confiar ao juiz comunitário o controlo da legalidade dos actos das instituições comunitárias (v., a este propósito, o acórdão Os Verdes/Parlamento, já referido, n.° 23).

63 Esses elementos não poderão todavia justificar que o Tribunal se afaste do sistema de vias de recurso instaurado pelo artigo 173.°, quarto parágrafo, do Tratado, tal como foi explicitado pela jurisprudência, e ultrapasse os limites da sua competência estabelecidos por essa disposição.

64 A recorrente também não poderá tirar qualquer argumento da eventual duração de um processo baseado no artigo 177.° do Tratado. Essa circunstância não poderá, com efeito, justificar uma modificação do sistema das vias de recurso e de processo estabelecido pelos artigos 173.°, 177.° e 178.° do Tratado CE (actual artigo 235.° CE) e destinado a confiar ao Tribunal de Justiça o controlo da legalidade dos actos das instituições. Em caso algum, tal argumento permite declarar admissível um recurso de anulação interposto por uma pessoa singular ou colectiva que não satisfaça as condições estabelecidas pelo artigo 173.°, quarto parágrafo, do Tratado (despacho do Tribunal de Justiça de 24 de Abril de 1996, CNPAAP/Conselho, C-87/95 P, Colect., p. I-2003, n.° 38).

65 Resulta do conjunto dessas considerações que o regulamento impugnado não poderá ser considerado como dizendo individualmente respeito à recorrente. Não satisfazendo a recorrente uma das condições de admissibilidade estabelecidas

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pelo artigo 173.°, quarto paràgrafo, do Tratado, não é necessario examinar a questão de saber se o regulamento impugnado lhe diz directamente respeito.

66 Decorre do que precede que o presente recurso deve ser julgado manifestamente inadmissível.

Quanto aos pedidos de intervenção

67 Dado que o presente recurso deve ser declarado manifestamente inadmissível, não há que decidir nem sobre os pedidos de intervenção em apoio das conclusões da recorrente apresentados pela Diputación Provincial de Jaén, 'pela Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha e pelo Consejo de Gobierno de la Comunidade Autónoma de Andalucía, nem sobre o pedido de intervenção em apoio das conclusões do Conselho apresentado pela Comissão.

Quanto às despesas

68 Por força do artigo 87.°, n.° 2, do Regulamento de Processo, a parte vencida é condenada nas despesas, se a parte vencedora o tiver requerido. Tendo a recorrente sido vencida, há que condená-la nas despesas, em conformidade com os pedidos do Conselho.

69 Tendo em conta o facto de não haver que decidir sobre os pedidos de intervenção, a Diputacón Provincial de Jaén, a Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha, o Consejo de Gobierno de la Comunidade Autónoma de Andalucía e a Comissão suportarão as suas próprias despesas.

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Pelos fundamentos expostos,

O TRIBUNAL DE PRIMEIRA INSTANCIA (Terceira Secção) decide:

1) O recurso é julgado manifestamente inadmissível.

2) A recorrente suportará as suas próprias despesas bem como as efectuadas pelo Conselho.

3) A Diputación Provincial de Jaén, a Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha, o Consejo de Gobierno de la Comunidad Autónoma de Andalucía e a Comissão suportarão as suas próprias despesas.

Proferido no Luxemburgo, em 23 de Novembro de 1999.

O secretário

H. Jung

O presidente

K. Lenaerts

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