• Nenhum resultado encontrado

Como destruir um país

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Como destruir um país"

Copied!
25
0
0

Texto

(1)Como destruir um país Análise da retórica da nova direita De Diogo Terreno de Amaral.

(2) Índice Índice. 1. Crítica geral. 2. Baixar imposto = Desenvolvimento económico. 3. Rumo ao pleno emprego com uso do investimento privado e aumento de salários com privatizações 10 Menos regulações/impostos = Menos monopólios. 19. 1.

(3) Crítica geral A nova direita tem se solidificado na retórica nacional, onde certos pontos e preocupações por ela partilhados começam a fazer parte do debate. Pretendo neste texto simplesmente fazer uma análise e desfragmentação dos dogmas que esta nova direita impõe, pondo-lhes sobre pressão. Como efeito não sou economias porém como Albert Einstein no seu texto Por que Socialismo?​: “Será aconselhável que um não especialista em assuntos econômicos e sociais manifeste pontos de vista sobre o tema “socialismo”? Por várias razões, eu acredito que sim. (...) deveríamos nos precaver no sentido de não superestimar a ciência e os métodos científicos quando o que está em questão são problemas humanos - e não deveríamos presumir que somente especialistas têm direito a se manifestar sobre as questões que afetam a organização da sociedade.”. 2.

(4) Baixar imposto = Desenvolvimento económico Antes de fazer uma crítica geral, vamos aos básicos, tratar um dos problemas centrais das economias maduras, o problema da demanda efetiva. Vamos elaborar esta problemática a partir de duas visões [Esta problemática vai ser desenvolvida muito rapidamente, para todos aqueles que quiserem uma análise mais profunda no assunto, aconselho o livro Acumulação de Capital e Demanda Efetiva​ de Miglioli Vamos pensar na classe capitalista como um todo, esta ao investir irá gastar C + V, ou seja, gasta em capital constantes, (máquinas, edifícios, ferramentas, etc) e em capital variável (gastos nos trabalhadores como salários). O valor C será pago a outros capitalistas que produzem o capital constante enquanto a classe trabalhadora como um todo receberá o valor de V em troca do seu trabalho. O resultado da produção é W, o valor de W será igual a C + V + S, este S é a mais-valia, ou seja a quantidade final da produção W, menos os custos iniciais C + V, ou seja W - (C + V) = S. Para o capitalista realizar W, ou seja ele vender o fruto da sua produção, é preciso ele vender. Mas aqui é que surge o problema, o capitalista oferece no mercado o valor de W, ou seja C + V + S, ou seja: Oferta = C + V + S Demanda = C + V O valor de C é realizado pela compra dos capitalistas e V é realizado pela compra dos trabalhadores, porém de onde S é realizado? A resposta é por outros capitalistas, ou seja, pelo investimento e pelo consumo dos mesmos. Vamos examinar este problema por outra perspetiva: Vamos agora dividir a economia em três setores, o setor I produz bens de consumo para os trabalhadores (Ct), o setor II produz bens de consumo para os capitalistas (Cc) e o setor III produz bens de investimento (I). Vamos agora reduzir a renda entre salários (W) e lucros (P). Daqui tiramos a renda total (Y) = W + P W1 + W2 + W3 = W P1 + P2 + P3 = P Ct = W1 + P1 Cc = W2 + P2 I = W3 + P3 Y = Ct + Cc + I Vamos agora desenvolver algebricamente a expressão:. 3.

(5) Y = Ct + Cc + I, (Y = W + P) W + P = Ct + Cc + I, (Ct = W, assumindo que os trabalhadores consomem tudo o que ganham) P = Cc + I Chegamos à mesma conclusão que, o total de lucros vai ser igual ao consumo do capitalistas e o seu investimento. Porém esta só nos dá a fórmula simples, teremos que: Lucros = Consumo dos capitalistas + Investimento Esta fórmula só funciona em economias fechadas, onde ignoramos o déficit do governo como também o saldo comercial, como também esta fórmula assume que os trabalhadores gastam tudo o que recebem. Ao estendermos a fórmula para ter em conta, teremos que: Lucros = Consumo dos capitalistas + Investimento + Déficit orçamental + Saldo Comercial - Poupança dos trabalhadores Por isso, quando os liberais falam de um país de sucesso e dizem que o sucesso deu-se por causa da redução de impostos, temos que entender que os impostos só tomam um lado secundário, o que quero dizer com isto? Mesmo que a redução do imposto permita uma maior acumulação do capital, o lucro total não é determinado por este e sim pelas variáveis ditas acima, por isso, na nossa análise de economias, deveremos ter em conta todas as variáveis, tornando-se mais importante ver qual é o déficit orçamental, o saldo comercial e a estabilidade e confiança que os capitalistas têm em gastar. Vamos usar o exemplo da Estônia, uma análise rápida, vamos analisar os ​impostos primeiro:. Como podemos ver os impostos são relativamente baixos, mas agora poderemos fazer a correlação entre a baixa de impostos com o crescimento da Estônia? É difícil de fazer essa correlação, existe sim uma correlação direta entre a redução dos impostos e o dinheiro que 4.

(6) os capitalistas iriam ter disponíveis para gastar, porém é difícil provar que os capitalistas iriam gastar o dinheiro que eles salvaram com os impostos. Outro ponto difícil de provar, é que se a baixa de impostos realmente é efetiva numa economia fechada, o que se torna ainda mais impossível de provar é se a redução de impostos iria fazer uma economia em austeriedade ou em saldo comercial negativa crescer. Vamos analisar outras variáveis que acho mais pertinente. Vamos começar pelas variáveis que nos mostram um crescimento, vou usar aqui a variável da mais-valia criada (sendo PIB - Salários, sei muito bem que este cálculo não é perfeito, devido a certos trabalhos assalariados que não produzem mais-valia, porém acho que nos dá uma aproximação boa para o estudo). Como podemos ver a Estónia é um clássico país com um crescimento económico, com a usual queda perto de 2008. Vamos agora tomar conta ao determinante dos lucros. 5.

(7) No caso do ​Déficit​, há muito pouco a dizer, um clássico país que usa o déficit nas situações de crise para compensar a demanda perdida. Vamos falar do ​Saldo comercial​, sendo que este é o mais difícil de regular, como é que a Estónia conseguiu superar o saldo comercial negativo e como ele o mantém? Vamos primeiro analisar os seus parceiros comerciais (para onde exporta) e os seus principais produtos [​info​] :. 6.

(8) Bem como podemos ver, a Estónia está numa posição estratégica capaz de exportar para os países nórdicos e da Europa de Leste e Oeste, como eles conseguem manter estas relações comerciais? Bem Estónia tem acordos comerciais com a Russia, https://www.rtp.pt/noticias/mundo/russia-e-estonia-assinam-acordos-sobre-fronteiras_n1103 10 Ela também faz parte de outros acordos econômicos como A Câmara de Comércio Internacional, A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), O Banco Mundial, União Europeia, Organização Mundial do Comércio, A Comissão , Económica para a Europa (CEPE), O Fundo Monetário internacional (FMI), Nações Unidas, O Banco Europeu de Investimento (BEI), O Banco Europeu para a Reconstrução e o, Desenvolvimento, O Grupo de Estados contra a Corrupção do Conselho da Europa, Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e A Reunião Económica Ásia-Europa (ASEM). [​link​] Ela também faz parte de uma posição privilegiada, no Corredor de Transporte Mar do Norte-Báltico, dando acesso rápido aos seguintes países: Finlândia, Letónia, Lituânia, Polónia, Alemanha, Países Baixos, Bélgica, com os seguintes países na área de influência: Bielorrússia, Ucrânia, Rússia, Suécia, Dinamarca, França, República Checa e Eslováquia, como também acesso aos seguintes corredores: Corredor de Transporte Atlântico (Portugal-Espanha-França-Alemanha), Corredor de Transporte Báltico-Adriático (Polónia, República Checa, Eslováquia, Áustria, Itália, Eslovénia), Corredor de Transporte Mar do Norte-Mediterrâneo (Irlanda, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, França), Corredor Europa Oriental-Mediterrâneo Oriental, Corredor Reno-Danúbio, Corredor do Mediterrâneo, Corredor Escandinavo-Mediterrâneo. [​link​] Agora a que se deve o crescimento da Estónia? Será da baixa de impostos? Do seu plano de uso de déficit? Ou o seu saldo positivo? Será das privatizações feitas? Das liberações do mercado? Bem, a resposta nunca é tão fácil como os liberais tentam fazer, na minha opinião, os acordos comerciais, combinados com a capacidade de gestão do governo face às crises, são as características que determinaram o crescimento económico. Como é claro que a baixa de impostos também teve um efeito na quantidade de investimento e consumo por parte do capitalistas, porém ​estes gastaram-lo pois tinham confiança em investir/consumir​, essa confiança surge pela posição geopolítica, acordos comerciais e com uma atitude amigável com empresas, tanto start ups como multinacionais. Mas não fiquemos por aqui, vamos examinar alguns índices sociais para ver como a Estónia está:. 7.

(9) Nesta variável podemos ver a centralização dos alojamentos, ou seja, os alojamentos estavam em cada vez menos mão, a situação piorou até o saldo comercial ter ficado positivo, este efeito fez estagnar a queda e haver um ligeiro aumento. A importância deste aspeto é que nos diz como está a desenvolver-se a centralização do capital, neste caso nas habitações [​link​] [​link​].. 8.

(10) É importante ter em mente que é impossível ter todas as variáveis e/ou fazer deduções rápidas com gráficos simplistas, o facto que dois números sobem num gráfico não significa que x medida é boa ou que tudo vai bem, por isso que serve a fórmula determinante do lucro, que ajuda-nos a entender todas as determinantes do lucro e perceber como elas se desenvolvem durante o tempo e que medidas são mais efetivas no desenvolvimento de um país. Também é importante não focar-nos só na quantidade do lucro e também examinar a centralização do capital, neste caso examinamos a centralização do capital no ramo da habitação e vimos que este tendeu a centralizar-se até quando o saldo comercial ficou positivo. Por isso neste segmento concluo que o dogma baixar imposto (e privatizações por tabela) não quer dizer sempre desenvolvimento, as coisas são mais complexas que isso e entender que os lucros totais são determinados pela despesa dos capitalistas, déficit e o saldo comercial.. 9.

(11) Rumo ao pleno emprego com uso do investimento privado e aumento de salários com privatizações Outro dogma vindo por parte desta nova direita, é o dogma que com o investimento privado poderemos lidar com o problema do desemprego, a argumentação é simples, com mais investimento, mais postos de trabalho e menos desemprego, mas vamos por partes que nada é tão simples. Vamos como anteriormente elaborar o problema de duas perspetivas/críticas, para source aconselho os livros, ​Iniciação à Teoria Económica Marxista de Ernest Mandel ​Monopólios e Miséria de Marta Harnecker e ​Três caminhos para o pleno emprego​ de Kalecki : Vamos pegar na fórmula W = C + V + S, como visto acima, quando o capitalista investe, ele está a comprar tanto capital fixo, C, e capital variável, V, certamente quanto mais um capitalista investe mais capital fixo é comprado e mais capital variável é comprado, porém há uma outra tendência que entra na equação, a chamada ​composição orgânica do capital​, esta é expressa com a razão entre o capital fixo e o capital variável, ou seja C/(C+V), sendo assim o investimento pode aumentar, porém como a fração C/(C+V) também aumenta, (não irei elaborar a prova de porque este aumenta, mas para quem estiver interessado, a prova matemática está ​aqui​), é gasto relativamente mais em capital fixo do que em capital variável. Vamos tentar observar isto algebricamente e graficamente. Vamos representar num gráfico cartesiano, onde x representa o tempo que passa e y os valores que nos são pertinente. Vamos definir c como a representação numérica da composição orgânica do capital, ou seja c = C/(C+V). como c tem tendência ​a se aproxima de 1, vou usar uma expressão logística para representar, no caso, defini c pela expressão:. (neste caso a vai ser um coeficiente, este estará ligado ao investimento, este determina o declive da reta, ou seja, este determina a taxa de desenvolvimento da indústria) Vamos definir i como a quantidade de investimento com a expressão:. (como já tínhamos vimos, a vai ser o coeficiente que determina o crescimento do investimento consoante o tempo, B vai ser quase como os ganhos extra que são independentes da função do tempo, sendo assim a e B são os determinantes do tempo que podem sofrer algumas alterações, no caso do a este vai alterar o desenvolvimento da. 10.

(12) composição orgânica do capital, enquanto o B não, as razões de que B não entra na expressão da composição orgânica do capital são meramente de conveniência, ​ESTAS EXPRESSÕES SÃO SIMPLESMENTE DE VISUALIZAR O PROBLEMA​, para quem quiseres aprofundar o assunto sobre os determinantes do investimento, Kalecki tem um bom estudo sobre isso, nas sua ​Teoria da Dinâmica Econômica​) Sabemos então que i vai ser convertido em C e V, ou seja, i = C + V, vamos desenvolver a expressão de c, de forma a trocarmos a variável C. c = C/(C + V) c(C + V) = C cC + cV = C cC - C = -cV C(c-1) = -cV C= -cV/(c-1) Vamos agora troca o C na expressão i = C + V, pelos valores que arranjamos agora: i = -cV/(c-1) + V i = (-cV + V(c-1))/(c-1) i = ( V(-c + c - 1))/(c-1) i = -V/(c-1) -V = i(c-1) V = -i(c-1) Por isso a expressão que nos dá a quantidade de dinheiro convertido do i para V, ou seja em salários, postos de trabalho e etc, será:. Vamos agora definir a e B:. Vamos agora observar como se comporta a expressão:. 11.

(13) A equação a ​vermelho representa o investimento A equação a preto representa o valor de V, capital variável. A equação a ​azul representa o valor de c, composição orgânica do capital.. Como interpretamos este gráfico? Bem mesmo que o investimento suba, é importante ter em consideração a composição orgânica do capital, porém este gráfico não leva em consideração por exemplo a industrialização desigual dentro de um país, por exemplo à indústrias que demoram mais tempo a industrializar ou começaram mais tarde a industrializar, isto explica porque a expressão acima é ineficiente, porém ajuda-nos a entender qual é a tendência numa específica indústria, ao termos isto em conta percebemos também que um aumento no investimento nem sempre aumenta os postos de trabalho, se a composição orgânica já estiver em queda. Como muitos defensores do sistema capitalista costumam afirmar, à medida que estes postos de trabalho são eliminados, outros postos de trabalho são criados, a este ponto voltaremos a desenvolver, mas por agora vamos dizer que estão parcialmente corretos, à medida que certas indústrias se mecanizam, os trabalhadores são obrigados a estabelecer-se em novas indústrias pouco industrializadas, porém estas mesmo também se industrializam, voltando a repetir o ciclo. Outro ponto que é interessante expor é que como a industrialização está ligada (de certa maneira) à quantidade de investimento, podemos concluir (não de maneira determinista, nem de correlação direta) que o investimento influencia a industrialização, por isso à medida que se investe cada vez mais, mais se acelera a industrialização (esta ligação pode não ser completa, podendo haver excepções) Outra maneira que podemos ver a partir desta perspetiva, é pondo em prática a ​teoria valor-trabalho​, vamos imaginar que a nossa sociedade tem necessidade de c coisas e que essas c coisas necessitam de n horas de trabalho humano para produzir, a tendência da competição é em recompensar quem consegue fazer a mesma produção (qualitativamente, i.e. o mesmo telemóvel com as mesmas características) mas em menor tempo (quantitativamente, por exemplo, em 1 hora conseguir produzir 10 telemoveis ao invés de 5), esta consegue fazer isto ao modernizar o posto de trabalho, tanto ao instalar máquinas, intensificar o trabalho, por em práticas medidas que aumentem a produtividade e etc. Vamos agora usar o mesmo método para analisar a tendência, iremos começar pela necessidade, como é certo a necessidade, c, a longo prazo não é constante e esta tende. 12.

(14) aumentar, com o crescimento populacional, porém parece difícil de provar que a taxa de crescimento da função tende a aumentar constantemente, visto que os consumidores têm um limite físico e temporal naquilo que podem comprar, também me parece improvável que a taxa de crescimento seja constante, esta vai sofrer alterações, parece-me que o crescimento de c tende a diminuir consoante o tempo, principalmente com o decréscimo populacional, para o exemplo vou usar quatro, expressões que tentam representar as várias hipóteses consoante ao crescimento das necessidades:. 1.. 2.. 3.. 4.. Passamos agora a definir n, que seria o tempo que demora c a ser feito, ou a quantidade de tempo socialmente necessário para a produção de c, neste momento definimos n como:. (o valor 7 é um valor arbitrário, como já tinha referido, estas fórmulas só servem para análise não como formula determinista, 3 será a quantidade de tempo socialmente necessário, originalmente, a vai ter o mesmo significado que na expressão anterior, que vai determinar a taxa de industrialização, ou seja, a que taxa o tempo socialmente necessário para a produção se reduz) Sendo assim, a seguinte equação irá nos dar o tempo socialmente necessário para cumprir as necessidades:. Vamos examinar os resultados assumindo que a = 0,76:. 13.

(15) 1.. Nestes exemplos, a equação ​azul é a equação do consumo, a equação preta é a equação das horas de trabalho socialmente necessárias e a equação ​roxa ​é as horas necessárias para a produção de c. 2.. 3.. 14.

(16) 4.. Concluímos então com as mesmas conclusões que anteriormente, porém neste caso encontramos algumas variáveis que podem se modificar para aumentar o trabalho, seja aumentar o consumo artificialmente e criação de postos de trabalhos não produtivos, estes dois fenômenos podemos encontrar na maioria das economias maduras. Vamos agora examinar a partir de outra perspetiva, a perspetiva Kaleckiana. No texto Três caminhos para o pleno emprego, Kalecki faz uma dura crítica à crença que o investimento privado iria criar pleno emprego, vou deixar aqui as principais proposições que Kalecki propões: 1. ​“Na concepção acima considerada, o nível de investimento privado é levado até o ponto no qual cria demanda efetiva adequada para assegurar o pleno emprego. É claro que, se este nível exceder o necessário para expandir a capacidade produtiva proporcionalmente ao produto de pleno emprego haverá uma queda contínua do grau de utilização do equipamento e, portanto, uma elevação contínua da capacidade ociosa. Assim, uma parte do investimento privado será desperdiçada. Além disso, a queda do grau de utilização do equipamento se refletirá num declínio da taxa de lucro, que tenderá a deprimir o investimento privado. Para evitar a queda da taxa de investimento, o que implicará, se não for compensada pelo gasto do governo, uma depressão cumulativa da produção e do emprego, será necessário fornecer um novo estímulo ao investimento (reduzir ainda mais a taxa de juros ou o imposto sobre a renda, ou então substituir num grau crescente o imposto de renda normal pelo imposto de renda “modificado”). Mas após certo período este problema reaparecerá e outra redução da taxa de juros, ou alguma outra medida, será necessária para estimular o investimento. Chegamos assim à conclusão de que para atingir o pleno emprego apenas através do investimento privado, poderá ser necessário estimulá-lo de forma cumulativa (isto se o nível de investimento que cria demanda efetiva for mais elevado que o nível de investimento que expande o equipamento pari passu com a produção de pleno emprego).”. 15.

(17) 2. ​“As dificuldades encontradas para se atingir o pleno emprego através do estímulo ao investimento privado reflectem o erro fundamental desta concepção. O papel próprio do investimento privado é o de fornecer instrumentos para a produção de bens de consumo, e não o de propiciar trabalho suficiente para empregar toda a mão-de-obra disponível. Há uma estreita analogia entre este problema e a questão do investimento público versus subsídio ao consumo no programa de gasto governamental. O investimento, público e privado, deve ser efectuado apenas na medida em que é considerado útil. Se a demanda efectiva criada dessa forma não leva à obtenção do pleno emprego, o hiato deve ser preenchido pelo aumento do consumo e não por uma indesejadaacumulação de capital público ou privado. Além desse ponto fundamental, deve-se mencionar uma desvantagem técnica, mas importante,desse método. A despesa do governo nunca deixará de atingir imediatamente o efeito desejado sobre o emprego, se for de escala suficientemente grande, pois cria demanda efetiva directamente. Os efeitos dos estímulos ao investimento privado dependem, entretanto, da reação dos empresários, e é bem possível que, estando estes com uma disposição muito pessimista, não respondam até mesmo a estímulos consideráveis. Isto pode acontecer, por exemplo, se não sentem confiança na situação política. Concluímos assim que, seja por motivos de princípio, seja por motivos técnicos, uma política que tente atingir o pleno emprego num país industrial exclusivamente pelo estímulo ao investimento privado não pode ser vista como satisfatória.” O texto também faz uma crítica à crença que os juros podem estimular os investimentos até ao pleno emprego: “Alguns economistas podem objetar que levar o nível de investimento além do necessário para expandir a capacidade produtiva pari passu com a produção de pleno emprego irá criar capacidade ociosa, mas que levaria ao invés a uma maior utilização de capital em relação ao trabalho. E, argumentariam eles, que isso resultará num aumento da produtividade do trabalho e consequentemente do padrão de vida. A ideia de que a redução da taxa de juros estimula a aplicação de mais capital por trabalhador baseia-se no pressuposto que a produção planejada do empresário investidor é dada. Sob esta condição, uma menor taxa de juros torna mais lucrativa a utilização de mais capital e menos trabalho. Se contudo supormos que o capital disponível para uma firma financiar seu investimento é dado, quando se planeja o investimento a redução da taxa de juros não tem influência sobre a escolha do método de produção, porque irá afetar os lucros líquidos esperados de modo igual, qualquer que seja o método de produção adoptado. De facto, as condições reais são representadas por algo intermediário entre essas duas alternativas, porque a imperfeição do mercado de produtos limita em certa medida a produção planejada e a imperfeição do mercado de capitais limita o capital disponível. Assim, a redução da taxa de juros tenderia, teoricamente, a induzir mais o investimento de capital-intensivo, mas de forma alguma na extensão que frequentemente se supõe. Na prática, mesmo esta influência é duvidosa. O principal estímulo à utilização de mais capital por trabalhador é dado pelas novas invenções. A vantagem que elas oferecem é normalmente tão elevada que serão adoptadas a qualquer que seja, dentro de certo intervalo, o nível da taxa de juros. Isto explica por que as fábricas construídas em países atrasados, onde a taxa de juros é elevada, são normalmente tão modernas quanto as dos. 16.

(18) velhos países capitalistas onde a taxa de juros é bastante mais baixa. Em tais condições é duvidoso se as reduções moderadas da taxa de juros estimularão a aplicação de mais capital por trabalhador, em grau considerável. Temos suposto até aqui que o investimento é estimulado pela redução da taxa de juros. Entretanto, mostrou-se anteriormente que este método não é muito eficiente, porque a taxa de juros de longo prazo se modifica bastante lentamente e (mais importante) não pode ser reduzida além de certo limite. Por esta razão, sugerimos anteriormente que uma forma mais eficiente de estimular o investimento privado seria reduzir a pressão do imposto sobre a renda, particularmente substituindo-o por um imposto “modificado" sobre a renda ou um imposto sobre o capital. É fácil perceber que, se o investimento é estimulado desta forma, não há influência sobre a intensidade de capital de modo algum. Com efeito, se a produção planejada pelos empresários investidores ou o capital disponível para financiar o investimento é dado, a redução da pressão do imposto de renda não afetará a escolha do tipo de equipamento. Pois o método de produção que propícia o lucro mais elevado antes da tributação, dará também o lucro líquido mais elevado após o imposto sobre a renda. Tentámos mostrar acima que uma redução da taxa de juros ou da pressão do imposto de renda não parece contribuir significativamente para a “intensificação” de capital. Apesar de isso, uma aceleração do aumento de produtividade pode ser obtida subsidiando-se a modernização do equipamento, por exemplo, fornecendo crédito barato para projectos submetidos à aprovação de um órgão governamental. Mas esta não é a única forma de se atingir a modernização desejada. Podem ser criadas empresas modernas de propriedade estatal para forçar, através da concorrência, uma melhoria dos métodos de produção das firmas privadas. Mas tais actividades não se devem guiar unicamente pelo desejo de se atingir o pleno emprego através do investimento no “sector privado”. É apenas para que a aceleração da modificação técnica tenha prioridade social, sobre o investimento público (em sentido estrito) e subsídios ao consumo, que tais esquemas devem ser utilizados.” Tentando reduzir as críticas em duas proposições: 1. O papel do investimento não é criar emprego e sim criar produção, o uso do investimento para criação de emprego é deficiente, caso o investimento eleve a capacidade produtiva acima da demanda efetiva, cria um grave problema, onde vai elevar a capacidade ociosa, desperdício do investimento, uma queda na taxa de lucro e consequentemente uma queda na taxa de investimento. 2. Uma economia baseada no investimento privado, sofre o problema de que o número de investimento vai depender na confiança dos investidores, este problema pega várias formas, primeiro uma perda de confiança enorme pode tornar inútil qualquer estímulos aos investimentos, segundo quando o número de investidores desce, ou seja quando o capital centraliza-se (vou explorar mais este ponto posteriormente), o bem estar da população vai depender da confiança de um número muito centralizado de indivíduos, alienando cada vez mais as massas populares ao governo do seu país. Esta teoria também está associada com a subida de salários com uso das privatizações, neste ponto pretendo fazer uma crítica, como vimos é muito difícil uma economia que só use investimento privado, ou com estímulos a este, consiga atingir o pleno emprego, sendo assim haverá sempre um certo número de desempregado que estão à procura de emprego,. 17.

(19) a estes Karl Marx denominava de ​Exército Industrial de Reserva​, este exército não é estático, ou seja, não condena aqueles que caem nele ao eterno desemprego, porém estes irão estar na procura incessante de trabalho, aumentando a competitividade entre trabalhadores e “roubando” o trabalho a outros trabalhadores, aceitando salários mais baixos, piores condições e etc, é importante notar que na maioria, aqueles que mais são afetados por este desemprego, são aqueles postos de trabalho que são afetados pela industrialização da economia, na sua maioria, trabalhos com pouca ou nenhuma necessidade de escolaridade, ou também trabalhos que não oferecem estabilidade, por exemplo, contratos efetivos, por isso ​alguns trabalhos podem valorizar porque o acesso a estes é restrito a um grupo, (i.e. trabalhos onde é necessário educação/experiência a priori), porém nos trabalhos onde isto não se verifica, os trabalhos tendem a desvalorizar, ou seja, baixar os salários​, é importante salientar isto, pois para os salários aumentarem é mais importante a ​capacidade de negociação que o trabalhador tem ( i.e. qual é a segurança de trabalho, a capacidade de exigir um aumento de salários e o quão é necessitado o trabalho do trabalhador, na empresa ) e esta quase tende no sentido inverso à competitividade entre trabalhadores (digo quase pois pode existir certas excepções). Nesta perspetiva podemos entender o porquê dos esforços para educar a população, pois esta dá aos trabalhadores uma maior capacidade de negociação, subindos os salários, porém caso todos ou a maioria dos trabalhadores partilhem a qualidade que restringe o acesso aos postos de trabalham que valorizaram (i.e. a população tem na sua maioria educação superior), a competitividade entre trabalhadores aumenta, diminuindo a capacidade de negociação. Vamos agora examinar este problema porém com outra perspetiva, vamos voltar às fórmulas, W = C + V + S e C/(C + V), desta vez iremos falar de mais duas, ​taxa de mais valia ​ou ​taxa de exploração S/V e a ​taxa de lucro S/(C+V)​, como já tínhamos dito anteriormente, a composição orgânica do capital tende a aumentar, reduzindo o número de V, vamos assumir por agora que a taxa de exploração fica constante, sendo assim, como V diminui, também S diminui, concluímos assim que a taxa de lucro tenderá a diminuir, porém a taxa de exploração não costuma se manter constante e de maneira a contrariar a queda na taxa de lucro, os capitalistas podem aumentar a taxa de exploração, podemos então concluir que, ​se a tendência do capitalismo é industrializar-se então a tendência é que a taxa de lucro diminua e a única maneira de contrariá-la é aumentando a taxa de exploração, ou seja, reduzir os salários, V. É importante referir que a ação de aumento da taxa de exploração nunca poderá compensar a queda da taxa de lucros de maneira permanente, esta só consegue aumentar os lucros num período, a razão é esta, o crescimento da composição orgânica do capital não tem limite, podendo aumentar C e diminuir V a 0, quando chega à automação total, porém a taxa de exploração tem um limite, o limite é o trabalhador, este com V tem que conseguir sustentar o trabalhador como também todos aqueles que vivem dependentes do trabalhador, sendo assim, o aumento da taxa de lucro tem que descer, eventualmente... Concluímos então que não só a pressão das máquinas e a competitividade entre trabalhadores reduz os salários, como também a própria tendência de queda da taxa de lucros, cria pressão sobre os capitalistas e os obrigam a aumentar a taxa de exploração.. 18.

(20) 19.

(21) Menos regulações/impostos = Menos monopólios O último dogma que irei tratar é a problemática dos monopólios, os liberais estão certos numa coisa, hoje não vivemos num país de mercado livre, mas eu iria mais longe, não existem mais mercado livre na sua forma mais pura. Os liberais no entanto não descansam e dizem que querem instalar o mercado livre, ou seja, voltar para uma fase de pré-capitalismo, onde o mercado livre se espalha por todas as áreas da economia, onde o mercado se auto-regularia e haveria a impossibilidade de surgimento de monopólios. Nesta problemática irei mais uma vez debruçar-me a partir de duas perspetivas. Vamos voltar à fórmula que usamos nos outros exemplos W = C + V + S como também à fórmula da composição orgânica do capital C/(C + V). Como tínhamos visto a composição orgânica do capital tende a aumentar, mas que efeitos terá esta tendência além da queda no número de postos de trabalhos? Bem, os liberais estão certos de uma coisa, ​limitações no acesso a novos concorrentes no mercado leva a monopólios e um dos efeitos é o aumento de capital inicial necessário para entrar na concorrência, ou seja ​em indústrias com mais altos graus tecnológicos, torna-se mais difícil começar uma empresa​, por exemplo, é mais difícil começar uma fábrica de automóveis do que começar uma fábrica de tecidos, o motivo é porque a composição orgânica do capital é mais alta num do que no outro, ou seja, terás que começar com um maior numero de capital inicial, normalmente a este problema alguns respondem que os empréstimos ou que nada impede de várias pessoas se juntem, combinando capital monetário, para iniciar uma empresa, o problema é que no caso dos empréstimos, estes são feitos consoante o capital que uma pessoa já tem, quanto maior o capital que já tens ou riqueza acumulado, maior e melhores empréstimos consegues realizar, ou seja, não resolve o problema em si, até cria o problema que as novas empresas, que costumam ser as mais voláteis e sensíveis economicamente, têm de além competir com grandes empresas, como também manejar uma dívida que têm de pagar, no outro caso, o facto de existir a possibilidade de vários capitalistas juntarem-se e dar entrada num mercado, não remove o facto de que o acesso aos mercados seja mais difícil, por exemplo, é mais difícil os capitalistas unirem-se dessa maneira do que o capitalista individual fazer as decisões, como também não remove o problema que, ao invés que cada capitalista tivesse criado cada um a sua própria firma, o coletivo tem uma única firma, que limita muito a competição. Vamos agora também falar de outro fenômeno, sabemos que parte de S será usado para reinvestir, chamamos a este processo o ​acumulação de capital​, vamos agora pensar num certo mercado onde existe uma média de produção, as indústrias que estão na média fazem o lucro médio, como vimos anteriormente as empresas são incentivadas a aumentar a produtividade, essas empresas iriam receber o chamado super-lucro, ao acontecer isto, elas iram realizar mais lucro do que a média, enquanto as empresas que produzem abaixo da média, ou seja, tem menor produtividade do que as outras empresas, tendem a realizar menos mais-valia. Concluímos então que haverá uma tendência ao mercado em favorecer as empresas que trabalham acima da média em questões de produtividade, que produzem o mesmo porém em menos horas de trabalho, enquanto as empresas que produzem acima da média, ou seja, demoram mais tempo a produzir o mesmo número de produtos, tendem. 20.

(22) a ser deixadas para trás, sendo assim, ​a competição deixa para trás, mais e mais capitalistas concentrando o capital em cada vez menos mãos​, a este processo chamamos o processo de ​centralização do capital​. O processo tende para que uma empresa controlar a maior parte da produção do sector que pertence, ou seja, a monopólios. O problema da monopolização de um setor, é que este tende a proselitismo, um monopólio num setor, tende a espalhar-se pelos outros setor, concentrando cada vez mais capital nas suas mãos, capital de setores que lhes eram alheios, como também espalha-se pelo mundo todo, naquilo que chamamos agora multinacionais, mas não só espalha-se nos lados econômicos, mas também políticos e geopolíticos, sociais e individuais, uma das maiores críticas que encontro aos liberais e conservadores, pelo menos os mais intencionados, é que estes querem remover o papel do Estado na economia, porém nem sequer pensam como os interesses econômicos e financeiros invadem as nossas instituições, esta ação nem sempre é deliberada ou direta (por vezes até é legal!), mas a simples existência destes monopólios cria desconforto nas nossas instituições, como vimos acima, economias que necessitem do investimento privado, têm que tomar atenção a confiança dos investidores e quando esses investidores tornam-se uma minoria, ou seja, em monopólios, à uma alienação das massas nos governos e um descontentamento generalizado. Vamos agora falar na perspetiva kaleckiana, Kalecki sempre rejeitou a noção neoclássica que os preços são determinados numa situação de livre concorrência, para ele um mercado terá sempre um certo “grau de monopólio”. A teoria dos preços de Kalecki começa com a distinção que existe preços que são “determinados pelo custo” e preços “determinados pela demanda”. Ele afirma que as matérias primas são determinadas pela demandas enquanto os produtos acabados são determinados pelos custos de produção. Vamos começar o problema com como uma firma fixa o preço, a firma ao fixar os preços precisa ter em consideração os seus custo diretos e os preços que firmas similares lançam os seus produtos. Podemos ver isto refletido na seguinte equação: p = mū - nṗ Sendo p o preço, ū os custo diretos unitário, ṗ preço médio de outras firmas similares, m e n são coeficiente positivos, onde n<1, este caracterizam a política de fixação de preços por parte da firma, refletem assim o grau de monopólio. Kalecki vai mais longe e explora este conceito generalizado num ramo da indústria, onde ele chega à fórmula final que: ṗ = (m/(n-1))ū Isto quer dizer que os preços de um certo ramo da indústria são determinados pelo “grau de monopólio”, (m/(n-1)) e pelos custos médios, ū.. 21.

(23) Kalecki também chama de k ao “grau de monopólio”, sendo este determinado pela razão dos rendimentos e os custos diretos, que será equivalente ao que determinamos na equação anterior. Passo a citar Kalecki sobre as modificações no grau de monopólio (Este excerto vem do estudo de Kalecki que já referimos anteriormente): “Limitar-nos-emos aqui a discutir os principais fatores subjacentes às modificações do grau de monopolização nas economias capitalistas modernas. Em primeiro lugar, há que considerar o processo de concentração da indústria, que leva à formação de corporações gigantescas. A influência do surgimento de firmas que representam uma parcela substancial da produção de um ramo de indústria pode ser facilmente entendida à luz das considerações acima. Uma firma desse tipo sabe que seu preço p influencia de forma apreciável o preço médio ​ṗ e que, ademais, as outras firmas do ramo se verão compelidas na mesma direção, já que a formação de preços delas depende do preço médio ​ṗ. Assim, a firma pode fixar seu preço num nível mais elevado do que seria o caso se as coisas fossem diferentes. Outras firmas grandes fazem o mesmo jogo e assim o grau de monopólio se eleva de modo substancial. Esse estado de coisas pode ser reforçado por um acordo tácito. (Entre outras coisas, esse acordo pode se dar mediante a fixação de preços por uma firma grande, a firma “líder”, com as outras firmas seguindo esses preços.) Um acordo tácito, por outro lado, pode transformar-se num acordo mais ou menos formal, ou seja, num cartel, o que equivale ao monopólio completo, limitado apenas pelo medo da entrada de novos membros. A influência que ocupa o segundo lugar em importância é o desenvolvimento da promoção através da publicidade, vendedores etc. Assim, a concorrência de preços é substituída pela concorrência através de campanhas de publicidade etc. Obviamente isso também irá provocar uma elevação do grau de monopolização. Além dos fatores apontados acima, dois outros têm que ser levados em consideração: (a) a influência das modificações no nível dos custos indiretos com relação aos custos diretos sobre o grau de monopolização; (b) o poderio dos sindicatos. Se o nível dos custos indiretos se elevar muito com relação aos custos diretos, haverá necessariamente um “aperto dos lucros”, a menos que se permita um aumento da razão entre o total dos rendimentos e os custos diretos. Disso pode resultar um acordo tácito entre as firmas de um ramo para “proteger” os lucros e conseqüentemente elevar os preços com relação aos custos diretos unitários. Por exemplo, a elevação em custos de capital por unidade produzida, resultante da introdução de técnicas que aumentam a capital-intensidade, pode, dessa maneira, tender a elevar o grau de monopolização. O fator representado pela “proteção” dos lucros aparece com freqüência durante períodos de depressão. A situação nessas ocasiões é a seguinte: o total dos rendimentos decresce na mesma proporção que os custos diretos se o grau de monopolização permanecer inalterado. Ao mesmo tempo, o total dos custos indiretos cai, nos períodos de depressão, menos que os custos diretos. Isso abre o caminho para o estabelecimento de acordos tácitos no sentido de não se reduzirem os preços na mesma proporção dos custos diretos. Conseqüentemente, surge uma tendência no sentido de o grau de monopolização subir na depressão, tendência essa que opera em sentido inverso na fase de prosperidade. Apesar de as considerações acima apresentarem um meio pelo qual os custos indiretos podem afetar a formação dos preços, é claro que sua influência sobre os preços em nossa teoria é muito menos nítida do que a que exercem os custos diretos. O grau de. 22.

(24) monopolização pode aumentar — mas não se pode afirmar que aumente necessariamente — em conseqüência de um aumento dos custos indiretos com relação aos custos diretos. Isso e a ênfase dada à influência dos preços de outras firmas constituem a diferença entre a teoria aqui exposta e a assim chamada teoria dos custos totais. Focalizemos agora o problema da influência do poderio dos sindicatos sobre o grau de monopolização. A existência de sindicatos poderosos pode criar uma tendência no sentido de se reduzir a margem de lucro, pelos seguintes motivos. Verificando-se uma razão elevada entre os lucros e os salários, fortalece-se o poder de barganha dos sindicatos em suas atividades visando aumentos de salários, uma vez que os salários mais elevados serão então compatíveis com “lucros razoáveis” aos níveis de preços existentes. Se após os aumentos serem concedidos os preços fossem majorados, seriam geradas novas demandas de aumento de salários. Daí se conclui que uma razão elevada entre lucros e salários não pode ser mantida sem criar uma tendência no sentido da elevação dos custos. Esse efeito adverso sobre a posição competitiva de uma firma ou de um ramo da indústria estimula a adoção de uma política de margens de lucro mais baixas. Assim, o grau de monopolização será em certa medida mantido baixo graças à ação dos sindicatos e quanto maior for a força dos sindicatos com maior intensidade isso se fará sentir. As modificações do grau de monopolização são de importância decisiva não só para a distribuição de renda entre trabalhadores e capitalistas como também em alguns casos para a distribuição de renda da classe capitalista. Assim, o aumento no grau de monopolização motivado pelo crescimento das grandes corporações resulta em uma transferência relativa de renda das outras indústrias para as dominadas por tais corporações. Dessa forma, a renda é redistribuída, passando das pequenas para as grandes empresas.”. 23.

(25) 24.

(26)

Referências

Documentos relacionados

Lernaea cyprinacea of Steindachnerina insculpta from Taquari River, municipality of Taquarituba, São Paulo State, Brazil.. Note the hemorrhagic area around the insertion point of

Como irá trabalhar com JavaServer Faces voltado para um container compatível com a tecnologia Java EE 5, você deverá baixar a versão JSF 1.2, a utilizada nesse tutorial.. Ao baixar

Objeto: Registro de preço para aquisição de medicamentos de ações judiciais para atender às necessidades do Município de Olímpia/SP. Origem: Pregão Eletrônico para registro

Nota: Você pode também desativar a trava para viagem ao conectar o aparelho ao sistema elétrico com fio Substituição das cabeças de corte Para obter o melhor desempenho do barbeador,

No entanto, quando se eliminou o efeito da soja (TABELA 3), foi possível distinguir os efeitos da urease presentes no grão de soja sobre a conversão da uréia em amônia no bagaço

Diante das consequências provocadas pelas intempé- ries climáticas sobre a oferta de cana-de-açúcar para a indústria, a tendência natural é que a produção seja inferior

quantificar os benefícios para efeito de remunerar o seu gerador. A aprovação da idéia e a autorização para sua implementação dependem da alta administração,

A tabela a seguir resume as frequências em que os pacientes apresentaram pelo menos uma reação adversa não solicitada, foi registrada dentro de 28 dias após a vacinação de