• Nenhum resultado encontrado

Coliformes , fosfato e metaistraço (Cu, Pb e Hg) em água e sedimento das galerias pluviais de Fortaleza (CE)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Coliformes , fosfato e metaistraço (Cu, Pb e Hg) em água e sedimento das galerias pluviais de Fortaleza (CE)"

Copied!
83
0
0

Texto

(1)

3- ÁREA DE ESTUDO

3.1- Localização

A área de estudo abrange o litoral da cidade de Fortaleza que tem

aproximadamente 25 Km de extensão e localiza-se entre os rios Cocó e Ceará, onde

o litoral apresenta uma linha de costa não linear formada por enseadas e

desembocaduras. Nesta região foram distribuídos três pontos amostrais, conforme

mostrado na Figura 1.

O município possui uma população de 2.008.203 habitantes e uma superfície

de 336 Km² (IBGE, 2000). No litoral de Fortaleza são observadas duas zonas

marcantes. A primeira estende-se do rio Ceará até o espigão da praia do Titanzinho

(Setor Oeste-Centro), onde a ocupação urbana é de grande intensidade. Nessa

zona, a vegetação e as formas de paisagens nativas foram degradadas pela

influência antrópica. Apresentam ainda como característica da paisagem algumas

dunas isoladas que são submetidas à extração de areia para uso na construção civil.

Nesta região, é reduzida a rede de saneamento, sendo observado a olho nu a

presença de dejetos nos aqüíferos, fato que evidencia a poluição do lençol freático.

A segunda zona (Setor Leste) estende-se desde o espigão da praia do Titanzinho

até a foz do rio Cocó. Essa área apresenta-se degradada devido à intensa

urbanização (SEMACE, 1992) e a poluição das drenagens locais.

Em Fortaleza, a principal fonte de contaminação das praias origina-se dos

sistemas de drenagem pluvial ao longo do litoral da região metropolitana. Onde

esses sistemas drenam runoff urbano, esgoto doméstico e industrial. Também

contribuem para a poluição das praias os riachos Maceió, Pajeú e Jacarecanga e em

menor proporção os rios Ceará e Cocó (SEMACE, 1992).

A Tabela 3 caracteriza o percentual dos domicílios, por bairros, servidos por

água, saneamento básico e coleta de lixo na área deste estudo. Em cada um dos

sistemas de drenagem foi incluída uma área de amostragem. As galerias (Figura 2)

amostradas foram: Leste-Oeste (0550712-9589516), Náutico (555940-9588276) e

Riacho Maceió (557310-9588564), que pertencem à bacia da Vertente Marítima

(2)
(3)
(4)

Figura 2: Galerias amostradas: Ponto 1- Leste-Oeste (A), Ponto 2- Náutico (B) e Ponto 3- Riacho

Maceió (C).

A

B

(5)

3.2- Características Abióticas

A cidade de Fortaleza está localizada na costa do Estado do Ceará, com 576

km de extensão, possui principalmente longas faixas de praias arenosas,

interrompidas apenas por pequenos rios e afloramentos rochosos que determinam

mudanças na orientação da costa (Maia et al., 1998).

A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) insere-se, no contexto

Geológico/Geotectônico, na faixa de dobramentos Jaguaribeana, sendo que os

terrenos gnássicos-migmatitos ocupam grande parte da mesma e podem receber

diferentes denominações litoestratigráfica na literatura. As coberturas sedimentares

Cenozóicas, representadas pela Formação Barreiras, Coberturas Colúvio-Eluviais,

Dunas fixas, Dunas móveis, Depósitos Flúvios-Aluvionares e de Mangues (DNPM,

1998).

O regime pluvial é sazonal e definido como do tipo tropical, com período

chuvoso de Janeiro á Julho, onde as chuvas se concentram e o seco de Agosto a

Dezembro, quando virtualmente as precipitações alcançam valores mínimos (Maia et

al., 2001). As precipitações anuais médias na região litorânea se encontram na faixa

de 1400-1600 mm. Na região há predominância dos ventos alísios, produto da zona

de convergência intertropical na direção E-W, com velocidade média anual de 3,6

m.s-1, atingindo o máximo em setembro (7,2 m.s-1) e diminuindo gradativamente até o mês de março (Consórcio Concremat, 1993).

A região é caracterizada por mesomarés do tipo semi-diurna com amplitude

desigual (preamar 1,7 m e quadratura 3,0 m ), apresentando período de 12,4 horas e

nível médio de 1.55 m. As marés têm um máximo de 3,2 m com média de 2,8 m,

sendo os maiores valores observados de 3,87 m e os menores de -0,2 m (Maia et al,

2002).

A Bacia Região Metropolitana de Fortaleza subdivide-se em quatro bacias

hidrográficas: o Sistema Ceará-Maranguapinho, Vertente Marítima e nas águas

oceânicas do litoral de Fortaleza, rio Cocó e rio Pacoti. Este sistema de drenagem

possui ainda inúmeras lagoas, riachos e açudes que são importantes no equilíbrio

hidráulico, manutenção do macro-clima e valorização da paisagem (Consórcio

Concremat, 1993).

O canal principal dos rios apresenta um aspecto meandriforme, com a região

(6)

formados por areia quatzosa, com tamanho variável entre areias finas nas regiões

mais internas e mais grosseiras com elevada quantidade de conchas nas regiões de

desembocadura, que comprova o aporte de material marinho para dentro do

estuário. Durante o período de maior pluviosidade, quando aumenta a capacidade

de transporte, pode-se observar a erosão das margens e o transporte da vegetação

(7)

7- Referências Bibliográficas

Abreu, I. M. Distribuição geoquímica de carbono, nitrogênio e fósforo em sedimentos

estuarinos do rio Jaguaribe, Ceará. Dissertação de Mestrado. Pós-Graduação em

Geologia. Universidade Federal do Ceará. 105p., Fortaleza, 2004.

Alm, E. W.; Burke, J. & Spain, A. Fecal indicator bacteria are abundant in wet sand at

freshwater beaches. Water Research, v. 37, p. 3978-3982, 2003.

Almeida, M. M. M.; Silva, F. J. A. & Ferreira, R. L. U. C. Balneabilidade das praias do

litoral de Fortaleza, nordeste brasileiro. XXVI Congresso Interamericano de

Engenharia Sanitária e Ambiental. Lima, 1998.

Azevedo, F. A. Toxicologia do Mercúrio. Rima, 292p., São Carlos, 2003.

An, Y.; Kampbell, D. H. & Breidenbach, G. P. Escherichia coli and coliforms in water

and sediments at lake marinas. Environment Pollution, v. 120, p. 771-778, 2002.

Berner, R. A. & Rao J. Phosphorus in sediments of the Amazon River and estuary:

implications for the global flux of phosphorus to the sea. Geochimica Cosmochimica

Acta, v. 58, n. 10, p. 2333-2339, 1994.

Braga, E. S.; Bonetti, C. V. D. H.; Burone, L. & Bonetti-Filho, J. Eutrophication and

bacterial pollution caused by industrial and domestic wastes at the Baixada Santista

estuarine system, Brazil. Marine Pollution Bulletin, v. 40, n. 2, p. 165-173, 2000.

Campos, M. L. A. M.; Brendo, A. & Viel, F. C. Método de baixo custo para a

purificação de reagentes e controle da contaminação para a determinação de

metais-traço em águas naturais. Química Nova, v. 25, n. 5, p. 808-813, 2002.

Cardonha, A. M. S.; Vieira, R. H. S. F.; Rodrigues, D. P.; Macrae, A.; Peirano, G. &

(8)

seashores in Natal, Rio Grande do Norte, Brazil. International Microbiology, v. 7, p.

213-218, 2004.

CETESB. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Relatório de

balneabilidade das praias paulistas de 1998. 230p., São Paulo, 1999.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 274 de 29 de

novembro de 2000. Diário Oficial de República Federativa do Brasil. 89p, Brasília,

2000.

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357 de 17 de março

de 2005. Diário Oficial de República Federativa do Brasil. 23p, Brasília, 2005.

Conrad, C. F. & Chisholm-Brause, C. J. Spatial survey of trace metal contamination

in sediments of the Elizabeth River, Virginia. Marine Pollution Bulletin, v. 49, p.

319-324, 2004.

Consórcio CONCREMAT/CSL/CAB - Secretaria de Desenvolvimento Urbano e

Ambiental. Relatório de Impacto Ambiental - Sistema de depuração oceânica de

esgotos sanitários, Fortaleza, 1993.

Councell, T. B.; Duchenfield, K. U.; Landa, E. R. & Callender, E. Tire-wear particles

as a source of Zn to the environment. Environment Science and Technology, v. 38, p.

4206-4214, 2004.

Curtius, A. J.; Seibert, E. L.; Fieldler, H. D.; Ferreira, J. F. & Vieira, P. H. F. Avaliando

a contaminação por elementos traços em atividades de maricultura. Resultados

parciais de um estudo de caso realizado na ilha de santa Catarina, Brasil. Química

Nova, v. 26, n. 1, p. 44-52, 2003.

Davis, A. p.; Shokouhian, M. & Ni, S. Loading estimates of lead, copper, cadmium

and zinc in urban runoff from specific sources. Chemosphere, v. 44, p. 997-1009,

(9)

DNPM. Departamento Nacional de Produção Mineral. Plano diretor de mineração

para a região metropolitana de Fortaleza. 191p., Brasília, 1998.

Esteves, F.A.; Fundamentos de Limnologia. 2ª ed., Interciência, 602p, Rio de

Janeiro, 1998.

FIEC. Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Guia industrial do Ceará

2001-2202. LCR, Fortaleza, 2004.

Fiszman, M; Pfeiffer, W. C. & Lacerda, L. D. Comparison of methods used for

extraction and geoquimical distribution of heavy metal in bottom sediments from

Sepetiba bay, RJ. Science and Technology Letters, p. 567-575, 1984.

Garthright, W. E. Appendix 2: Most probable number from seral dilutions. In: Food

and drug administration – FDA. Bacteriological Analytical Manual on line.

FDA/CFSAM, 2001.

Gauthier, M. J.; Flatau, G. N.; Clement, R. L. & Munro, P. M. Sensitivity of

Escherichia coli cells to seawater closely depends on their growth stage. Journal of

Apllied Bacteriology, v. 73, p. 257-262, 1992.

George, I.; Crop, P. & Servais, P. Fecal coliform removal in wastewater treatment

plants studied by plate counts and enzymatic methods. Water Research, v. 36, p.

2607-2617, 2002.

Guerra-Riba, A.; Rubio, R.; Rauret, G.; Muntau, H. & Sahuquillo. A. Method study for

preparation of a wet sediment quality control material. Analytica Chimica Acta, v. 555,

p. 384-390, 2006.

IBGE - Instituto de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2000, Fortaleza,

2000.

IPECE. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Ceará em números.

(10)

Kolm, H. E. & Andretta, L. Bacterioplancton in different tides of the Perequê tidal

creek, Pontal do Sul, Paraná, Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 34, p.

97-103, 2003.

Koroleff, F. & Hansen, H. P. Determination of nutrients. In: Grasshoff, K. et al.

Methods of Seawater Analysis. 2nd ed., Verlag-Chimie, p. 117-156, 1976.

Kucuksezgin, F.; Kontas, A.; Altay, O.; Uluturhan, E & Darilmaz, E. Assessment of

marine pollution in Izmir Bay: nutrient, heavy metal and total hydrocarbon

concentrations. Environment International, v. 32, p. 41-51, 2006.

Kunz, A.; Peralta-Zamora, P; Moraes, S. G. & Durán, N. Novas técnicas no

tratamento de efluentes têxteis. Química Nova, v. 25, n. 1, p. 78-82, 2002.

Machado, W.; Moscatelli, M.; Rezende, L. G. & Lacerda, L. D. Mercury, zinc and

copper acumulation in mangrove sediments surrouding a large landfill in southeast

Brazil. Environmental Pollution, v. 120, p. 455-46, 2002.

Maia, L. P.; Freire, G. S. S.; Morais, J. O.; Rodrigues, A. C. R.; Pessoa, P. R. &

Magalhães, S. H. O. Dynamics of coastal dunes at Ceará state, northeastern Brazil:

dimensions and migrations rate. Arquivo de Ciências do Mar, v. 34, p. 11-22, 2001.

Maia, L. P.; Jimenez, J. A.; Serra, J. & Morais, J. O. The coasttline of Fortaleza city, a

product of environmental impacts caused by the Mucuripe harbor. Arquivo de

Ciências do Mar, v. 31, p. 93-98, 1998.

Maia, L. P.; Ximenes, J. A. & Raventos, J. S. Influencia de los procesos costeros en

las características granulométricas de los sedimentos. Arquivo de Ciências do Mar,

v. 35, p. 11-22, 2002.

Maia, S. R. R. Distribuição e partição geoquímica de metais-traço na costa norte de

Fortaleza, CE. Dissertação de Mestrado. Pós-Graduação em Ciências Marinhas

(11)

Malm, O. Nova ameaça do clima. Ciência Hoje. v. 37, 2005.

Marins, R. V. Avaliação da contaminação por mercúrio emitido por fontes difusas em

sistema costeiro subtropical - O caso da Baía de Sepetiba, SE, Rio de Janeiro. Tese

de Doutorado. Pós-Graduação em Geociências. Universidade Federal Fluminense.

77p, Rio de Janeiro, 1998.

Marins, R. V.; Maia, S. R. R. & Maia, L. P. Geochemical distribution and partitioning

of Hg, Cu, Cd, Pb and Zn in sediments from Fortaleza Northern coast (CE).

Environmental Geochemistry in Tropical Countries, Búzios, 2004.

Marins, R. V.; Lacerda, L. D. & Villas Boas, R. C. Mercury Contamination Sites:

Characterization, Risk Assessment and Remediation. Ebinghoaus, R.; Turner, R.;

Lacerda, L. D.; Vasiliev, O. & Solomons, W. (eds.). Springer-Verlag, Berlin, 1999.

Marins, R. V.; Lacerda, L. D.; Paula-Filho, F. J. & Maia, S. R. R. Distribuição de

mercúrio total como indicador de poluição urbana e industrial na costa brasileira.

Química Nova, v. 27, n. 5, p. 763-770, 2004.

Marins, R. V.; Paraquetti, H. H. M. & Ayres, G. A. Alternativa analítica para a

especiação físico-química de mercúrio em águas costeiras tropicais. Química Nova,

v. 25, n. 3, p. 372-378, 2002.

Mendes, B.; Nascimento, M. J. & Oliveira, J. S. Preliminary characterization and

proposal of microbiological quality standard of sand beaches. Water Science

Technology, v. 27, n. 3-4, p. 453-456, 1993.

Menezes, F. G. R.; Nascimento, S. M. M.; Abreu, L. M.; Marins, R. V. & Vieira, R. H.

S. F. Monitoramento (físico-químico e bacteriológico) de algumas galerias pluviais da

costa leste de Fortaleza. Congresso de Ecologia do Brasil, Fortaleza, 2003.

Molisani, M. M., Environmental changes in Sepetiba bay, SE, Brazil. Regional

(12)

Mirlean, N.; Andrus, V. E.; Baisch, P.; Griep, G. & Casartelli, M. R. Arsenic pollution

in Patos lagoon estuarine sediments, Brazil. Marine Pollution Bulletin, v. 46,

p.1480-1484, 2003.

Moreira, R. C. A. & Boaventura, G. R. Referência geoquímica regional para a

interpretação das concentrações de elementos químicos nos sedimento da bacia do

lago de Paranoá, DF. Química Nova, v. 26, n.6, p. 812-820, 2003.

Molina, M. C. F.; Alcántara A. A. & García, M. E. Transmisión fecohídrica y virus de

la hepatitis A. Higiene y Sanidad Ambiental, v.1, p. 8-18, 2001.

Osório, V. K. L. & Oliveira, W. Polifosfatos em detergentes em pó comerciais.

Química Nova, v. 24, n. 5, p. 700-708, 2001.

Paraquetti, H. H. M.; Ayres, G. A.; Almeida, M. D.; Molisani, M. M. & Lacerda, L. D.

Mercury distribution, speciation and flux in Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil. Water

Research, v. 38, p. 1439-1448, 2004.

Paula-Filho, F. J. Distribuição e partição geoquímica de fósforo em sedimentos

estuarinos do rio Jaguaribe, Ceará. Dissertação de Mestrado. Pós-Graduação em

Ciências Marinhas Tropicais. Universidade Federal do Ceará. 88p., Fortaleza, 2004.

Pekey, H.; Karakas, D. & Bakoglu, M. Source apportionment of trace metals in

surface waters of a polluted stream using multivariate statistical analyses. Marine

Pollution Bulletin, v.49, p. 809-818, 2004.

Peltola, P.; Ivask, A.; Aström, M & Virta, M. Lead and Cu contaminated urban soils:

extraction with chemical reagents and bioluminescent bacteria and yeast. Science of

Total Environment, v. 350, p. 194-203, 2005.

Reeves, R. L.; Grant, S. B.; Mrse, R. D.; Copil, C. M. O.; Sander, B. F. & Boehm, A.

(13)

watershed in southern California. Environment Science Technology, v. 38, p.

2637-2648, 2004.

Rozen, Y. & Belkin, S. Survival of enteric bacteria in seawater. FEMS Microbiology

Reviews, v. 25, p. 513-529, 2001.

Sabin, L. D.; Lim, J. H.; Stolzenbach, K.D. & Schiff, K. C. Contribution of trace metals

from atmospheric deposition to stormwater runoff in a small impervious urban

catchment. Water Research, v. 39, p. 3929-3937, 2005.

Sanchez, P. S., Stoppe, N. C., Sato, M. I. Z., Martinez, S. C. G. L., Osteni, S.;

Sevamarcho, A. A. & Almeida, G. L. Caracterização da qualidade microbiológica de

águas marinhas e moluscos bivalves no litoral norte do estado de São Paulo.

Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 1, Goiânia, 1991.

Sankararamakrishnan, N. & Guo, Q. Chemical traces as indicatior of human fecal

coliforms at storm water outfalls. Environment International, v. 31, p. 1133-1140,

2005.

Schiff, K. C.; Morton, J. & Weisberg, S. B. Retrospective evaluation of shoreline

water quality along Santa Monica Bay beaches. Marine Environment Research, v.

56, p. 245-253, 2003.

Schiff, K.; Bay, S. & Stransky, C. Caracterization of stormwater toxicants from an

urban watershed to freshwater and marine organisms. Urban Water, v. 4, p. 215-227,

2002.

SEMACE. Superintendência Estadual do Meio Ambiente. Avaliação da

balneabilidade das praias do litoral de Fortaleza. 67p., Fortaleza, 1992.

Silva, C. A. R. Análise Físico-Química de Sistemas Marginais Marinhos. Interciência,

(14)

Smith, D. R.; Warnemuende, E. A.; Haggard, B. E. & Huang, C. Changes in

sediments-water column phosphorus interactions following sediment disturbance.

Ecological Engineering,n_, v_, 2006.

Stevenson, W. J. Estatística aplicada à administração. Haper & Row do Brasil, 495p.,

São Paulo, 1981.

Soares, J. B. Água: microbiologia e tratamento. Edições UFC, 214p., 1999.

Tortora, G. J.; Funke, B. R. & Case, C. L. Microbiologia. 6ª ed., Artmed, 827p., Porto

Alegre, 2000.

UNESCO. Methods of nutrients analysis. Manuals and Guias, n. 33, 1995.

Vasconcelos, F. P. & Albuquerque, M. F. C. Aterro da Praia de Iracema sob ameaça

de extinção. Pesquisas Funcap, n. 3, 2003.

Vaze, J & Chiew, F. H. S. Experimental study of pollutant accumulation on an urban

road surface. Urban Water, v. 4, p. 379-389, 2002.

Vieira, R. H. S. F.; Menezes, F. G. R.; Nascimento, S. M. M.; Marins, R. V.; Abreu, I.

M. & Fonteles-Filho, A. A. Stormwater drainage system: A pollution vector in Ceará

State’s seashore. Arquivo de Ciências do Mar, no prelo

Vieira, R. H. S. F. Microbiologia, higiene e qualidade do pescado: teoria e prática.

Varela, 380p., São Paulo, 2004.

Vieira, R. H. S. F.; Catter, K. M.; Saker-Sampaio, S.; Rodrigues, D. P.; Theophilo, G.

N. D. & Fonteles-Filho, A. A. The stormwater drain system as a pollution vector of the

seashore in Fortaleza (Ceara State, Brazil). Brazilian Journal of Microbiology, v.33, p.

(15)

Viera. R. H. S. F.; Rocha, C. A. S.; Menezes, F. G. R.; Aragão, J. S.; Rodrigues, D.

P.; Theophilo, G. N. D. & Reis, E. M. F. Poluição da água e areia de três praias de

Fortaleza, Ceará, Brasil. Arquivo de Ciências do Mar, v. 35, p. 113-118, 2002b.

Vieira, R. H. S. F.; Silva, A. I. M.; Sousa, O. V.; Hofer, E.; Vieira, G. H. F.;

Saker-Sampaio, S. & Lima, E. A. Análise experimental sobre a viabilidade de Escherichia

coli em água do mar. Arquivo de Ciências do Mar, v. 34, p. 43-48, 2001a.

Vieira, R. H. S. F.; Rodrigues, D. P.; Menezes, E. A.; Evangelista, N. S. S.; Reis, E.

M. F.; Barreto, L. M. & Gonçalves, F. A. Microbial contamination of sand from major

beaches in Fortaleza, Ceará State, Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 32, n.

2, 2001b.

Vogel, A. I. Análise Química Quantitativa. 6ª ed. LTC, 462p, Rio de Janeiro, 2000.

Wasserman, J. C. & Queiroz, E. L.; The attenuation of concentrations model: A new

method for assessing mercury mobility in sediments. Química Nova, v. 27, n. 1, p.

17-21, 2004.

Wong, C. S. C.; Li, X. & Thornton, I. Urban environmental geochemistry of trace

metals. Environment Pollution, v_, p. 1-16, 2005.

Worsfold, P. J.; Gimbert, L. J.; Mankasingh, U.; Omaka, O. N.; Hanrahan, G.;

Gardolinshi, P. C. F. C.; Haygarth, P. M.; Turner, B. L.; Keith-Roach, M. J. &

McKelvie, I. D. Sampling, sample treatment and quality assurance issues for the

determination of phosphorus species in natural waters and soils. Talanta, v. 66, p.

273-293, 2005.

Yuan, C.; Shi, J.; He, B.; Liu, J.; Liang, L. & Jiang, G. Speciation of heavy metals in

marine sediments from the east China sea by ICP-MS with sequential extraction.

(16)

6- CONCLUSÕES

A contaminação nas águas das galerias pluviais drenadas para a orla de

Fortaleza, avaliadas neste estudo, é constante e intensa para os coliformes

termotolerantes, E. coli e fosfato. Onde os teores estão em geral acima dos valores

máximos preconizados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

A galeria do Náutico é a que apresenta menor contaminação entre os três

sistemas de drenagem amostrados. Entretanto, esta galeria se diferencia das

demais em relação aos parâmetros salinidade, pH, fostafo, coliformes

temotolerantes, E. coli e cobre. Sendo importante salientar que, os NMPs de

coliformes termotolerantes e E. coli estão sempre acima dos 1.000 CT/100mL ou

800 E. coli/100mL após as cinco semanas consecutivas de coletas.

A relação inversa entre salinidade e pH com teores de fosfato, coliformes

termotolerantes e E. coli confirmam que a contaminação das praias por esgotamento

urbano é depurada pela lixiviação promovida pelas águas marinhas e,

provavelmente, seja a razão da menor contaminação apresentada pela galeria do

Náutico.

As correlações de coliformes termotolerantes e E. coli entre água e sedimento

não se mantêm quando o número de amostras é pequeno ou inexistente, mostrando

que monitorar sedimento para este tipo de contaminante pode gerar resultados

falso-negativo, o que gera risco à população usuária dessas praias e caracterizaria a

imprescindível medida desses parâmetros em água.

As concentrações dos metais-traço (Cu, Pb e Hg) apresentaram teores abaixo

dos preconizados pela Resolução 357/05 do CONAMA, não havendo correlação

entre os compartimentos água e sedimento, para esses metais, durante as

campanhas de amostragens em todo o período de estudo.

Os teores de fosfato na água apresentaram variação inversa com os

parâmetros salinidade e pH, mostrando que as águas marinhas também diluem esta

contaminação. Os teores de fósforo nas três galerias, em geral, estavam acima dos

valores estabelecidos (0,124 mg.L-1) pelo CONAMA e mostraram correlação estatisticamente significativa com os NMPs de coliformes termotolerantes.

O fosfato é o único parâmetro abiótico que pode facilitar o monitoramento da

balneabilidade na orla de Fortaleza, embora não se deva considerar para isto o

(17)

excedido, pode haver contaminação por coliformes acima do limite recomendável

para área própria ao banho. Assim sempre, deverá ser utilizada a equação obtida

neste trabalho para prever a possível contaminação por coliformes termotolerantes

e, no caso dela estar acima do recomendável, iniciar o monitoramento completo da

(18)

1- INTRODUÇÃO

1.1- Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)

Na década de 70, Fortaleza presenciou mudanças na sua orla marítima como

a construção de hotéis, pousadas, restaurantes, estações balneárias, barracas,

loteamentos etc. Estas foram algumas das intervenções privadas com o respaldo de

políticas públicas que determinaram a verticalização da zona leste de Fortaleza. Uma

das conseqüências dessa expansão, iniciada com a obra do Porto do Mucuripe e dos

espigões, foram um notório recuo na linha de costa na área da praia de Iracema e na

costa oeste do município de Fortaleza (Vasconcelos & Albuquerque, 2003).

Após a implementação desta política de expansão, a população de Fortaleza

dobrou de 1970 a 1991, e atualmente já ultrapassa dois milhões de habitantes.

Apesar deste crescimento populacional, a infra-estrutura da cidade nos seus

serviços básicos não acompanhou o desenvolvimento (Tabela 1) (IBGE, 2000).

TABELA 1 - Porcentagem dos domicílios servidos por água, saneamento básico e coleta de lixo em

Fortaleza (adaptado do IBGE, 2000).

Nº DOMICÍLIOS DOMICÍLIOS (%) Domicílios particulares

permanentes

526.079 100,0

Domicílio com abastecimento de água por rede geral

458.819 87,2

Domicílio com abastecimento de água por poços

48.984 9,3

Domicílio com abastecimento de água por outra forma

18.276 3,5

Domicílio com esgotamento sanitário em rede geral de esgoto

ou pluvial

233.586 44,4

Domicílio sem esgotamento sanitário (banheiro ou sanitário)

17.000 3,2

Domicílio com coleta do lixo 500.837 95,2

A ocupação do litoral de Fortaleza apresenta grandes contrastes, tanto no

comportamento da população como nas atividades produtivas. A ocupação é

desordenada e se divide em área para a população de baixa renda e outras para a

(19)

Além do crescimento populacional, houve o desenvolvimento de atividades

industriais e portuárias na RMF. Segundo dados da FIEC (2004), o município de

Fortaleza ocupa o primeiro lugar em quantidade de indústrias em todo o Estado do

Ceará. Estas indústrias drenam seus efluentes para o sistema de esgoto da cidade

que deságua na costa através do emissário submarino de Fortaleza.

O emissário submarino de Fortaleza (ESF), após tratamento primário dos

resíduos, destina quase 99% do esgoto doméstico coletado na RMF, tendo uma

vazão máxima de 4,2 m-3.s-1 e média de 1,4 m3.s-1 (Consórcio Concremat, 1993). O

lançamento de volumes consideráveis de esgoto doméstico e efluente industrial, sem

tratamento, nos oceanos e estuários, tem causado a contaminação das águas

marinhas e animais aquáticos com microrganismos patogênicos e compostos

tóxicos, pondo em risco a saúde pública (Sanchez et al., 1991; Menezes et al.,

2003).

O mais grave, porém, é que somente 44,4% dos domicílios de Fortaleza

contam com esgotamento sanitário que é descarregada na rede de esgoto. Além

disso, os 55,6% restantes dos domicílios possuem esgotamento sanitário do tipo

fossa séptica, rudimentar e vala, ou ainda, liberam seus efluentes diretamente para

drenagens superficiais (IBGE, 2000). Por outro lado, a vocação turística de Fortaleza

torna suas praias um recurso natural de importância econômica. Assim, a falta de

infra-estrutura que preserve a qualidade ambiental da zona urbana de Fortaleza é

um fator de depreciação do seu capital natural de alta vocação turística.

A Tabela 2 mostra um expressivo crescimento do turismo ao longo dos

últimos anos. E, analisando as estatísticas, dois fatos chamam a atenção: (1) o

turismo interno tem mantido sua intensidade desde 1998; (2) o fluxo de turistas

estrangeiros tem apresentado comportamento sempre crescente, onde no período

de 1998-2004 houve um incremento de 215,62% (IPECE, 2005).

TABELA 2: Demanda turística de Fortaleza entre 1998 a 2004 (adaptado do IPECE, 2005)

Anos

Meses 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Total 1.297.528 1.388.490 1.507.914 1.631.072 1.629.422 1.550.857 1.784.354

(20)

Os problemas ambientais têm se tornado cada vez mais críticos e freqüentes,

principalmente devido ao desmedido crescimento populacional e o aumento da

atividade industrial. Sendo a contaminação das águas naturais um dos grandes

problemas da sociedade moderna (Kunz et al., 2002).

Segundo dados das Nações Unidas, a população mundial tem expectativa

para crescer de 6,1 bilhões em 2000 para 8,3 bilhões em 2030. Em 2000, as

estimativas apontaram que 47% da população mundial já vivem em áreas urbanas e

a população urbana poderia exceder a 50% em 2007. No ambiente urbano, onde

atividades com emissão de metais e poluentes orgânicos são intensas,

inevitavelmente, o aumento da urbanização poderá acelerar a degradação e

contaminação dessas regiões (Wong et al., 2005).

A poluição de águas pluviais é um dos grandes problemas de áreas urbanas.

As cargas e concentrações de materiais em suspensão, nutrientes e outros

contaminantes são maiores em runoff de áreas urbanas que em áreas rurais ou

pouco impactadas. Assim, desde o início de 1970, muitos estudos têm sido

propostos para a modelagem da qualidade de águas pluviais. Os modelos atribuem a

poluição de águas pluviais a um processo de dois estágios: poluente estocado e

poluente lixiviado. O estoque é a acumulação do poluente na superfície do solo

durante o período de seca e a lixiviação é a remoção dos poluentes pela água da

chuva ou runoff urbano (Vaze & Chiew, 2002).

Recentemente, as águas pluviais de áreas urbanas têm sofrido bastante

atenção do público e da comunidade científica, devido às vastas fontes poluidoras

dos corpos d’água das regiões costeiras em todo o mundo. Mesmo com a separação

do sistema de drenagem pluvial do sanitário, o runoff de águas pluviais em áreas

urbanas tem contribuído como carga substancial dos poluentes aportados nos

corpos d’água (Schiff et al., 2002).

As fontes de contaminação das águas pluviais incluem runoff urbano e rural,

descargas de esgoto sem tratamento e excretas de animais de sangue quente. O

controle de qualidade das águas de áreas urbanas liberadas nos corpos d’água ao

longo da costa é muito importante. Por isso, pesquisas são essenciais para

identificar os tipos e as fontes poluidoras, bem como, o risco a exposição e impactos

potenciais à saúde (Cardonha et al., 2004).

O sistema de drenagem de áreas urbanas caracteriza-se pela passagem das

(21)

runoff depende da limpeza, intensidade e distribuição espacial e temporal das

chuvas, época do ano e utilização do espaço urbano (Vieira et al., 2002a).

Durante os primeiros eventos de chuvas, quantidades enormes de poluentes

são descarregadas nos corpos d’água. Runoff de águas pluviais tem sido identificado

como uma das causas de degradação da qualidade das águas, especialmente

durante as primeiras chuvas (Lee et al., 2002).

O runoff de águas pluviais urbanas pode ser altamente contaminado com

metais-traço e outros compostos tóxicos, representando uma significante fonte de

poluição não pontual dos corpos d’água urbanos e de localidades adjacentes.

Emissão em massa de runoff de águas pluviais urbanas podem ser tão

contaminadas quanto fontes pontuais, como por exemplo, efluentes de estações de

tratamento e descarga industrial. Fato que pode ser constatado em estudos

realizados no sul da Califórnia (Sabin et al., 2005).

1.3- Contaminação: Química e Biológica

1.3.1- Química

Metais-traço são os elementos químicos que ocorrem na natureza em pequenas

concentrações. Alguns desses metais como: Cu, Zn e Co são essenciais aos seres

vivos, ainda que em pequenas concentrações, tendo um importante papel no

metabolismo dos organismos aquáticos, pois participam de um grande número de

processos fisiológicos como, por exemplo, a cadeia respiratória (Cu). Outros

elementos-traço, como Hg, Cd, e Pb, não tem função biológica conhecida e são

geralmente tóxicos a uma grande variedade de organismos (Esteves, 1998;

Kucuksezgin et al., 2006). Sendo, importante salientar que, a remediação da

poluição por metais-traço é problemática devido à sua persistência e não

degradabilidade no ambiente (Yuan et al., 2004).

As atividades antrópicas figuram no rol das mais importantes entradas de

elementos traços tóxicos em águas, sedimento e biota. Elevadas concentrações de

cádmio (Cd), mercúrio (Hg), chumbo (Pb), estanho (Sn) e semi-metais, como o

arsênio (As), poderão produzir efeitos nocivos sobre os próprios organismos

aquáticos ou seus predadores, uma vez que podem ocorrer processos de

(22)

Em ambiente urbano, os metais-traço podem ser emitidos através de

numerosas fontes antropogênicas. Ações que causam notáveis impactos ao

ambiente urbano incluem atividades relativas ao tráfego (queima de combustíveis

fósseis, uso e desgaste de partes de veículos e escape de metais contidos no óleo

dos motores), atividades industriais específicas, destino dos resíduos municipais

(incineração ou aterros sanitários) e a corrosão de materiais de construção. A

utilização do carvão como fonte de energia pode ser uma importante causa de

emissão antropogênica de metais-traço, que são primariamente liberados para

atmosfera e, posteriormente, depositados nos solos e corpos hídricos (Councell et

al., 2004).

Os metais carreados pelo material particulado atmosférico permanecem no ar

até serem depositados no continente ou em corpos d’água. A dispersão e

distribuição geoquímica dos metais-traço dependem do tamanho das partículas e

das propriedades do substrato onde são depositados. A deposição em área urbana

pode ser removida e dispersada pelo vento, chuva e runoff superficial (Wong et al.,

2005).

Muitos rios e córregos em diversos países são fortemente poluídos devido às

descargas de efluentes industriais, domésticos e urbanos (Pekey et al., 2004). A

influência de esgoto doméstico e urbano promove a contaminação da região costeira

de forma significativa por metais, como exemplo, o mercúrio (Marins et al., 2004;

Mirlean et al., 2003).

As regiões costeiras são zonas de alta atividade reacional devido às rápidas

mudanças das condições ambientais decorrente da mistura das águas doces com as

águas salinas. O mercúrio, por exemplo, quando lançado no ambiente, sofre uma

série de transformações e interações com os constituintes ambientais, tais como:

oxidação do mercúrio metálico gasoso na atmosfera com posterior incorporação a

gotículas de água; conversão a derivados aquilmercurais de cadeia curta, com

acúmulo na cadeia alimentar; e deposição em sedimentos, que constituem

verdadeiros depósitos do metal (Marins et al., 2002).

Além da contaminação por metais-traço, os nutrientes são importantes fontes

de eutrofização dos corpos d’água. O fósforo (P) é um elemento essencial para a

vida dos organismos, sendo considerado um nutriente limitante na produtividade

(23)

deste elemento em processos fundamentais do metabolismo dos seres vivos como,

por exemplo, componente dos ácidos nucléicos e dos fosfolipídios (Esteves, 1998).

As fontes naturais de fósforo para os ambientes aquáticos são o intemperismo

de rochas fosfáticas (apatita), lixiviação dos solos e deposição atmosférica.

Enquanto, esgotos domésticos, efluentes industriais e agrícolas compreendem

aportes artificiais para os sistemas aquáticos. O aporte de compostos fosfatados

oriundos de fontes artificiais como os esgotos domésticos, efluentes industriais e o

uso de fertilizantes químicos na agricultura e aqüicultura representam sérios

problemas ambiental (Esteves, 1998; Paula-Filho, 2004).

A determinação do fósforo em matrizes ambientais assegura a saúde do

ecossistema, indica os processos biogeoquímicos (Paula-Filho, 2004) e monitora de

acordo com a legislação a presença do nutriente. O aporte do fósforo, através de

fontes pontuais e difusas, pode resultar no aumento da produtividade primária e

eutrofização dos corpos d’água, com potencial desenvolvimento sazonal de algas

tóxicas podendo ter grandes impactos na qualidade global das águas (Worsfold et

al., 2005; Smith et al., 2006).

Os esgotos urbanos, sem tratamento, contêm o fósforo principalmente como

ortofosfato e fosfatos inorgânicos condensados, oriundos de dejetos humanos e

efluentes domésticos. Um dos constituintes dos esgotos domésticos são os

polifosfatos presentes em produtos de limpeza cuja matéria-prima é o fosfato de

sódio (Na3PO4). E, estas cargas são lançadas diretamente nos cursos d’água na maioria das cidades brasileiras (Osório & Oliveira, 2001; Paula-Filho, 2004).

A matéria orgânica de origem antrópica guarda relações conhecidas de

carbono (C), nitrogênio (N) e fósforo (P). Concentrações dos compostos existentes

nos esgotos domésticos possuem razões C:N:P com pequenas variações

resultantes da especificidade regional. Por exemplo, em esgotos de cidades como

Belo Horizonte (região sul), essas razões são em média de 18:4:1, enquanto para as

concentrações dos esgotos da cidade de Fortaleza (região nordeste), as razões

encontradas foram de 20:5:1 (Abreu, 2004).

1.3.2- Biológica

A importância das bactérias em regiões costeiras é grande devido à entrada

(24)

mudanças quantitativas e qualitativas nas características ambientais devido à

influência antrópica (Kolm & Andretta, 2003). Esgotos são as maiores fontes de

contaminação fecal dos ecossistemas aquáticos que causam sérios distúrbios ao

funcionamento ecológico, apesar dos ecossistemas apresentarem grande

capacidade depurativa (George et al., 2002).

As bactérias do grupo coliforme são definidas como bastonetes

Gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, que

fermentam lactose com produção de gás em 48 horas de incubação a 35 ºC

(Tortora, 2003). E, o grupo dos coliformes fecais é formado pelos coliformes que

fermentam lactose, com produção de gás dentro de 48 horas, em temperaturas entre

44,5 e 45,5 ºC. Podem ser recuperadas por este teste a Escherichia coli, Citrobacter

freudii e Enterobacter spp. (Vieira, 2004).

A Escherichia coli é um habitante normal do trato intestinal de humanos e

outros animais de sangue quente, sendo, considerada o tipo fecal de coliforme de

maior importância nos estudos onde se deseja constatar contaminação por esgotos

(Vieira et al., 2001a). Segundo a Agência de Proteção Ambiental do Estados Unidos

(EPA), a E. coli é o melhor indicador de poluição fecal para avaliar a qualidade de

corpos d’água. A presença da bactéria indica a contaminação da água por material

fecal humano ou de outros animais de sangue quente, e ainda, a presença potencial

de organismos patogênicos (An et al., 2002).

Fontes de contaminação por coliformes termotolerantes nas águas superfícies

incluem descargas de efluentes urbanos, fossas sépticas, runoff de agricultura e

chuva, poluição por animais e fontes não pontuais de resíduos antrópicos (An et. al.,

2002; Vieira et al., 2002a).

As águas de praias contaminadas pela descarga de esgotos domésticos

podem representar um risco à saúde dos banhistas e freqüentadores, sendo as

crianças e idosos, ou ainda, pessoas com baixa resistência, as mais suscetíveis à

exposição a bactérias, vírus e protozoários (CETESB, 1999).

As areias são regiões de transição entre o continente e o mar, estando

sujeitas a interferência de ambos os ecossistemas. A contaminação das areias das

praias pelo descarte de lixo, dejetos de animais ou poluição trazida pelas águas das

chuvas e marés um problema crescente, que colocam em risco a saúde da

(25)

costeiras, prejudicando o lazer de quem as usufrui e tornando-as potencialmente

perigosas para os habitantes locais (Vieira et al., 2001b).

O programa de monitoramento de balneabilidade das praias deve ser

estruturado para atender as especificações da Resolução 274/00 do Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que define critérios para a classificação das

águas destinadas à recreação de contato primário. Desde 1978, o monitoramento

das praias de Fortaleza é realizado em 31 pontos de coleta distribuídos ao longo do

litoral, numa extensão de 25 km, entre os rios Cocó e Ceará, divididos em três

setores: Leste (Rio Cocó a Praia do Farol), Centro (Praia do Iate a Ponte Metálica) e

Oeste (Poço da Draga ao Rio Ceará) (Soares, 1999; SEMACE, 1992).

No setor Leste, de 1978 a 1987, quase todas as praias apresentaram

excelente qualidade (≤250 CF/100mL). No entanto, nos anos 1985 e 1986, as praias do Farol, Futuro e Caça e Pesca apresentaram contaminação um pouco maior (≥430 CF/100mL). Porém, nos anos de 1988 a 1997, a praia do Farol apresentou durante

esse período valores de coliformes fecais superiores aos padrões do CONAMA,

sendo o aumento da contaminação atribuída ao processo de urbanização

espontânea na área (Almeida et al., 1998).

No setor Centro, de 1978 a 1987, todas as praias foram próprias para banho.

Nos anos de 1985 a 1987 os resultados foram maiores que os preconizados pela

legislação nas praias da Estátua de Iracema, Náutico e Ideal com índices inferiores

ou iguais a 2300 CF/100mL. Contudo, nos anos de 1988 a 1997, houve um aumento

na presença de coliformes fecais nestas praias. Esta contaminação foi atribuída a

forte ocupação urbana, ligações clandestinas ao sistema de drenagem pluvial,

riachos poluídos e a maior concentração dos serviços hoteleiros e turísticos da

cidade (Almeida et al., 1998).

No setor Oeste, as praias são as mais poluídas devido à alta densidade

ocupacional, inexistência de rede de esgoto até 1996, riachos poluídos e presença

de lixo nas galerias pluviais ou mesmo em vias públicas próximas ao mar. As praias

das Goiabeiras e Leste-Oeste são as de melhor qualidade e as demais se

mostraram sempre impróprias. No período de 1988 a 1987, um retrato claro da

influência da ocupação urbana é evidenciado por um crescimento considerável da

contaminação fecal em quase todas as praias (Almeida et al., 1998).

A Secretaria de Meio Ambiente do Ceará (SEMACE) divulga semanalmente

(26)

escoamento superficial de águas pluviais ao longo da orla, riachos e rios poluídos

(Soares, 1999), alta densidade populacional, domicílios não integrados à rede

sanitária e falta de educação ambiental e sanitária às comunidades fazem o

programa de monitoramento pouco abrangente.

Outra questão que deve ser contemplada diz respeito à metodologia utilizada

no monitoramento. Molina et al. (2001), correlacionaram indicadores biológicos e

químicos na avaliação da qualidade de corpos d’água, sendo vantajoso a utilização

de parâmetros químicos por facilitar o controle da contaminação fecal, uma vez que,

requerem menor tempo de análise e não são senescentes. Além disso, a grande

variabilidade do parâmetro biológico demanda uma freqüência amostral maior, que

restringe e pontua a contaminação somente a eventos de emissão de esgoto

coincidentes a épocas de amostragem. Fato que onera o custo do monitoramento

ambiental e nem sempre quantifica as reais condições de contaminação de uma

área costeira.

1.4- Compartimentos Ambientais: Água e Sedimento

Os ciclos biogeoquímicos nas zonas costeiras têm sido alterados pelas

atividades humanas, devido à entrada de contaminantes, como por exemplo os

metais e nutrientes, oriundos de fontes pontuais e difusas.

Sedimentos são parte integrante destes ciclos que, dependendo da

composição química e características de adsorção, podem ter alta capacidade de

acumular contaminantes orgânicos e inorgânicos. Contudo, as mudanças das

condições ambientais podem facilmente disponibilizar os contaminantes para o

sistema aquático. Assim, os sedimentos podem atuar tanto como fonte ou

sumidouros dos contaminantes, tendo sido um tópico relevante nas pesquisas de

monitoramento ambiental ao longo de anos (Guevara-Riba et al., 2006).

A habilidade dos sedimentos para concentrar e reter elementos deve-se a

fatores como propriedades físicas, por exemplo, tamanho do grão, e área da

superfície do sedimento (Conrad & Chisholm-Brause, 2004). Metais-traço tendem a

ser aprisionados em ambientes aquáticos e acumulados nos sedimentos, onde

podem ser utilizados diretamente pela fauna bentônica ou voltar para coluna d’água

através de resuspensão do sedimento, reações de adsorção/desorção, reação de

(27)

importante salientar que a concentração total de um metal no sedimento não está

diretamente biodisponível aos organismos (Peltola et al., 2005).

Quando se enfoca a presença de contaminantes, como por exemplo, o

mercúrio em corpos hídricos, tem-se que imaginar dois sistemas distintos mas em

profunda interação: a água (fase líquida) e o sedimento (fase sólida). A partição do

Hg e de seus compostos nos compartimentos foi medida inicialmente por volta dos

anos 60, antes da presença do metal se tornar interesse de ambiental global. E, nos

estudos, dependendo da localização, a concentração variou de 10 a 200 µg/kg. A

grande maioria das análises indica que os sedimentos dos sistemas aquáticos têm

sido contaminados pelo Hg e que a taxa vem aumentado desde o século passado.

Em alguns locais, onde foram realizadas novas medições, a concentração do metal

aumentou de 5 a 10 vezes. E, nos ecossistemas aquáticos, houve um aumento de 2

a 5 vezes no nível de contaminação desde os tempos pré-industriais (Azevedo,

2003).

A toxidez dos metais traço reside principalmente na sua capacidade de

interferir em processos enzimáticos e na baixa mobilidade no organismo. Esta baixa

mobilidade faz com que os metais se acumulem, provocando modificações no

metabolismo, podendo causar a morte dos organismos afetados (Esteves, 1998).

Visto que os organismos aquáticos tendem a acumular metais-traço e

contaminantes orgânicos em seus tecidos, mesmo quando a água possui níveis

desses compostos abaixo da concentração máxima permitida pela legislação, há

riscos de contaminação dentro da cadeia trófica. No caso de peixes, a ingestão de

alimentos e água é a rota principal de entrada dos contaminantes nesses

organismos. Animais filtradores como mexilhões, filtram vários litros de água por

hora e conseqüentemente podem concentrar de 10 a 105 vezes mais metais em seus tecidos com relação à água do mar. Se a fração tóxica de um metal encontrada num

corpo d’água for alta o suficiente para inibir o crescimento de apenas uma parte da

comunidade fitoplanctônica, ou seja, pode acarretar o comprometimento de toda a

cadeia trófica, levando em conta a bioacumulação e os efeitos crônicos que o metal

pode causar (Campos et al., 2002). Pois, alguns são muito estáveis quimicamente,

podendo causar sérios danos aos organismos, sendo o sistema nervoso o alvo

principal (Malm, 2005).

O estudo dos ciclos biogeoquímicos dos elementos no solo, água e ar é de

(28)

ambientes. O monitoramento ambiental utiliza rotineiramente os coliformes fecais

para monitorar os sistemas aquáticos por contaminação de esgoto. Mas, pode-se

também fazer o monitoramento da contaminação por efluentes domésticos através

da avaliação dos teores de nutrientes e metais-traço, em sedimento e água, das

áreas afetadas (Wasserman & Queiroz, 2004).

E, vale salientar que, medir os teores de contaminantes em sedimento facilita

o monitoramento ambiental, visto que, este compartimento diferentemente da água e

sua dinâmica, possui um caráter integrador demonstrando com maior facilidade a

presença de contaminantes ao longo de ciclos temporais. Além disso, devido a esta

capacidade integradora, os teores de contaminantes em sedimento são em geral,

ordens de grandezas, maiores que os teores em água o que resulta em

barateamento e facilitação analítica do monitoramento ambiental. Entretanto, por

seus diferentes usos a monitoração de águas é imprescindível, pois integra as

preocupações do desenvolvimento sustentável, baseado nos princípios da função

ecológica da propriedade, de prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do

usuário pagador e da integração, bem como no reconhecimento do valor intrínseco à

(29)

4- MATERIAIS E MÉTODOS

4.1- Amostragem

As coletas foram realizadas em quatro ciclos de amostragens (Tabela 4) nos

três pontos ao longo da costa de Fortaleza (Figura 1). Cada ciclo compreendeu um

período de cinco semanas consecutivas de coletas, a fim de atender as

especificações da Resolução 274/00 do CONAMA, quanto à determinação da

balneabilidade. A amostragem contemplou duas estações chuvosas (1º e 3º ciclos) e

duas estações secas (2º e 4º ciclos).

Todos os pontos foram amostrados durante as campanhas, onde foram

coletadas amostras de água e sedimento para análises químicas e microbiológicas.

Para as análises químicas, as amostras de sedimento foram coletadas com auxílio

de espátula e sacos plásticos e as amostras de água armazenadas em garrafas PET.

Para as análises microbiológicas, as amostras de sedimento foram coletadas em

recipientes estéreis e as amostras de água coletadas em garrafas âmbar estéreis.

Todas as amostras foram acondicionadas em caixa isotérmica até o laboratório.

TABELA 4: Os quatro ciclos de amostragens, com o início e término de cada período.

Ciclo Início Término

1º 24/05/04 28/06/04

2º 09/09/04 04/10/04

3º 23/05/05 20/06/05

4º 10/10/05 08/11/05

4.2- Caracterização Hidroquímica

As variáveis hidroquímicas temperatura, pH, oxigênio dissolvido e salinidade

foram medidas in situ, utilizando a sonda portátil YSI 85 - Oxygen, Conductivity,

Salinity and Temperature, previamente calibrada, e o pHmetro ORION modelo 250

(30)

4.3- Análise Bacteriológica

4.3.1- Coliformes Termotolerantes (CT) e Escherichia coli em Água

Para determinação de coliformes termotolerantes, as amostras de água foram

coletadas em frascos âmbar estéreis de 1 L e acondicionados em caixa térmica a

4ºC até a chegada ao laboratório.

O Número Mais Provável (NMP) de coliformes termotolerantes foi obtido

segundo estimativa quantitativa proposta por Hoskins (Garthright, 2001). Para a

prova presuntiva em água, a técnica consiste em baterias de cinco tubos de Caldo

Lauril inoculados com 1 mL da amostra em seis diluições seriadas. Para as diluições,

uma alíquota de 1 mL da amostra foi inoculada em 9 mL de Salina (solução de NaCl

a 0,85%), correspondendo à diluição 10-1. Então, 1 mL da diluição 10-1 foi retirado e inoculado em 9 mL de Salina a 0,85% para constituir a diluição 10-2. E, assim, sucessivamente até a diluição 10-6.

Após 48 h de incubação, em estufa bacteriológica a 35 ºC, as amostras

positivas foram repicadas para o Caldo EC a 44,5ºC por 24 h, em banho-maria,

sendo considerado positivo, o tubo com a turvação do meio e produção de bolha no

tubo de Durhan (Anexo A).

Conforme o número de tubos positivos no caldo EC consultava-se a tabela do

NMP para a estimativa da população de coliformes termotolerantes (CT),

caracterizando a prova confirmatória (Anexo B). Para o cálculo do NMP, de qualquer

série de inóculo, usa-se o número da tabela e multiplica-se pelo inverso da diluição

média da série crítica dos três tubos selecionados, sendo o resultado expresso em

NMP/100mL (Vieira, 2004).

4.3.2- Coliformes Termotolerantes (CT) e Escherichia coli em Sedimento

Para análise do sedimento foi utilizada uma bateria de 3 tubos. Sendo, 25g da

amostras pesadas e adicionado a 225 mL de Salina (solução de NaCl a 0,85%),

correspondendo a diluição 10-1, sendo as diluições seguintes similares as utilizadas para a água (Anexo C).

As demais etapas no sedimento são semelhantes ao procedimento das

(31)

multiplica-se pelo inverso da diluição média da série de três tubos selecionada,

sendo o resultado expresso em NMP/g (Anexo D). Para o cálculo é aplicada a

fórmula (NMP da tabela x fator de diluição média/100) (Vieira, 2004).

4.3.3- Provas Bioquímicas (Completa) – Isolamento de Escherichia coli

Depois de determinado o NMP dos coliformes termotolerantes, cada tubo

positivo do Caldo EC foi estriado em placa de Petri com ágar Eosina-Azul de

Metileno (EMB) e incubado a 35 ºC por 24 horas, em estufa bacteriológica. Após

crescimento, foram isoladas colônias típicas de E. coli de cada placa e inoculadas

em Ágar Tripticase de Soja (TSA) e, posteriormente, incubadas à 35ºC por 24 h. Os

testes bioquímicos foram realizados a partir dos inóculos do ágar TSA (Vieira, 2004) .

4.3.3.1- Teste da Produção de Indol

Com a utilização de uma agulha previamente flambada, retirou-se o inóculo

do ágar TSA e com uma leve picada foi transferido para o ágar Sulfeto Indol

Motilidade (SIM), o qual foi mantido em estufa por 48 horas a 35ºC. Um crescimento

para as laterais indica motilidade.

A bactéria E. coli utiliza o triptofano, para a produção de indol, que ao reagir

com 0,2 mL do reativo 4-dimetilaminobenzaldeído (KOVACS), que foi adicionado ao

meio, forma um anel vermelho, indicando prova positiva (Vieira, 2004).

4.3.3.2- Teste do Citrato de Simmons

O inóculo foi estriado sobre a superfície inclinada do ágar Citrato de

Simmons. Após 96 horas em estufa a 35ºC, algumas bactérias utilizaram o citrato

como única fonte de carbono provocando a elevação do pH do meio de cultivo

devido a metabolização do íon citrato. A utilização do citrato é indicada pela

mudança na coloração do meio, principalmente no ápice que se torna azul intenso.

(32)

4.3.3.3- Teste do Vermelho de Metila

Para a realização deste teste, o inóculo foi transferido para o Caldo Vermelho

de Metila-Voges Proskauer (VM-VP) e incubado por 96 horas a 35ºC. Após este

período de incubação, adicionou-se 5 gotas da solução de vermelho de metila. O

desenvolvimento de um anel de cor vermelha indica que o teste é positivo.

E. coli é positiva para essa prova (Vieira, 2004).

Esta prova testa a habilidade de certos microrganismos de produzirem e

manterem estáveis os produtos ácidos finais da fermentação da glicose.

4.3.3.4- Teste de Voges Proskauer

Este teste comprova a habilidade de certos microrganismos em produzirem

um composto neutro, acetilmetilcarbinol, durante a fermentação da glicose.

Para o teste, o inóculo retirado do TSA foi transferido para o caldo VM-VP,

posteriormente, incubado por 48 horas a 35ºC. Após o período de incubação, foi

adicionado para cada mililitro de cultura, 0,6 mL do reagente Barrit I (2,5 g de C10H8O em 50 mL de etanol (C2H6O)) e 0,2 mL do reagente Barrit II (40g de hidróxido de potássio (KOH) em 1L). O desenvolvimento de uma coloração rósea a vermelho

rubro, indica prova positiva. E. coli é negativa para esta prova (Vieira, 2004).

4.4- Determinação de Fósforo Total

4.4.1- Fosfato em Água

As amostras foram coletas em garrafas PET e acondicionadas em caixas

térmicas. No laboratório, alíquotas de 30 mL das amostras foram transferidas para o

tubo digestor e adicionado 4 mL do reagente de oxidação (RO), composto de

peroxodisulfato de potássio (K2S2O8) (5% p/v) e ácido bórico (H3BO3) (3% p/v) em

meio básico. As amostras foram autoclavadas por 30 minutos com uma pressão de

1.5-2 atm.

Após a autoclavagem, as amostras foram homogeneizadas para dissolução

de possíveis precipitados. Sendo, adicionado ao conteúdo do frasco de oxidação,

(33)

homogeneizado e descartado uma alíquota de 10 mL, com posterior adição de 0,7

mL da solução de ácido ascórbico (C6H8O6) e, 2 minutos depois, 0,5 da mistura de reagentes (heptamolibidato de amônio ((NH4)6Mo-O24.4H2O) e tartarato de antimônio e potássio (K(SbO)C4H4O6) com o volume ajustado para 1 L com ácido sulfúrico (H2SO4) 4,5 M) (UNESCO,1995).

O mesmo procedimento foi realizado para a duplicata dos brancos e solução

padrão para confecção da curva. Sendo, as leituras determinadas por

espectrofotometria de absorção molecular em comprimento de onda de 880 nm,

utilizando um espectrofotômetro MICRONAL modelo B582 (Anexo E).

4.4.2- Fósforo Total em Sedimento

As amostras de sedimento foram coletadas em sacos plásticos e

acondicionadas em caixas térmicas. No laboratório, foram previamente secas em

estufa à uma temperatura de 60ºC e peneiradas em malha de nylon na fração total

(< 2000 µm), para normalização do efeito da granulometria dos sedimentos sobre os

teores do elemento de interesse.

Para a determinação de fósforo total (PT), 2g de sedimento foi calcinado por

12 horas à 550ºC. Após calcinação, as amostras foram digeridas em 25 mL solução

de ácido clorídrico (HCl) 1,0M sob agitação por 16 horas. A elevada temperatura de

combustão promove a oxidação da matéria orgânica e dos carbonatos, liberando o

fósforo associado a estes carreadores geoquímicos (Berner & Rao, 1994).

Após lixiviação das amostras, uma alíquota dos extratos foi diluída em balões

volumétricos de 100 mL na proporção de 1:5, sendo adicionado em seguida 2 mL de

ácido ascórbico e 2 mL da mistura de regentes colorimétricos (Koroleff, 1976). Após

esta adição, os íons ortofostato e molibdato condensam-se em meio ácido para dar o

ácido molibdofosfórico, que sofre redução e origina um composto colorido, o azul de

molibdênio. A intensidade da cor azul é proporcional à quantidade de fosfato

incorporada inicialmente ao heteropoliácido (Vogel, 2002).

Após 10 minutos, as leituras foram determinadas por espectrofotometria de

absorção molecular em comprimento de onda de 880 nm, utilizando um

(34)

4.5- Metais-traço

4.5.1- Metais-traço (Cu, Hg e Pb) em Água

Para a determinação de Cu e Pb em água, as amostras foram coletas em

garrafas PET e congeladas. A digestão foi realizada com ácido nítrico (HNO3) concentrado suprapur, a frio, e determinadas por espectrofotometria de absorção

atômica utilizando a técnica de forno de grafite, segundo metodologia do Laboratório

PROTEE da Université du Sud Toulon et du Var, onde foram realizadas as análises.

As amostras de água para determinação de mercúrio total foram coletadas em

garrafas PET e refrigeradas à 4ºC. O Hg total inclui todas as espécies de mercúrio

dissolvidas e particuladas presente na amostra (Marins et al., 2002).

Para a análise do Hg total, alíquotas de 40 mL, depois de oxidadas com 10

mL de água-régia 50% (4H2O:3HCl:1HNO3) a 70-80 ºC por 1 hora, foram reduzidas com cloreto estanoso (SnCl2) a 10%, contendo 1% de ácido ascórbico (C6H8O6) em solução de 1% de acido clorídrico (HCl) 1% (Paraquetti et al., 2004).

A determinação do mercúrio nas amostras de água foi realizada por

espectrofotometria de fluorescência atômica usando a técnica de geração de vapor

frio (CVAFS), no comprimento de onda de 253,7 nm utilizando com equipamento

Tekran Modelo 2600.

4.5.2- Metais-traço em Sedimento

As amostras de sedimentos foram coletadas em sacos plásticos e

acondicionadas em recipiente térmico com temperatura de 4ºC. No laboratório, o

sedimento foi seco em estufa a uma temperatura de 60 a 70 ºC e peneirado em

malha de náilon de 0,6 mm para uniformizar as amostras pela retirada de grãos

maiores e fragmentos de concha. Sendo, estocados em frascos herméticos,

protegido de calor e luz (Machado et al., 2002) (Anexo G).

Para a digestão, foi pesado em erlenmeyer 4g da amostra previamente seca e

adicionado 10 mL de água-régia (3HCl: 1HNO3) diluída a 50% de água. Os erlenmeyers foram devidamente vedados, com dedo frio preenchido de água

destilada, e levados ao banho-maria na chapa aquecedora a uma temperatura 70 ºC,

(35)

repouso para retornar à temperatura ambiente e logo após acondicionados a 4 ºC,

até posterior leitura (Fiszman et al., 1984).

A digestão das amostras foi certificada através da digestão em paralelo do

padrão certificado NIST (Standart Reference Material 1646a-Estuarine Sediment) e

do branco, sendo todos em duplicata para cada batelada de análise.

Os metais-traço cobre (Cu) e chumbo (Pb) foram determinados a partir dos

extratos obtidos após digestão por espectrofotometria de absorção atômica utilizando

a técnica de chama (AAS), cujo equipamento utilizado foi o modelo AA-6200 da

Schimadzu. A chama para leitura dos extratos era a mistura do gás acetileno

(combustível) e o ar (oxidante), chegando a uma temperatura máxima de 2300 ºC.

Na análise de mercúrio em sedimento foi utilizado o aparelho de

espectrofotometria de absorção atômica Bacharah Modelo 2500. No borbulhador foi

adicionada uma alíquota de 2 mL do extrato ácido e 2 mL da solução de cloreto

estanoso (SnCl2), para a redução do mercúrio iônico presente para a forma elementar (Hg0 (V)). O vapor gerado foi carreado por um fluxo de ar para a célula de leitura (Marins, 1998).

Os equipamentos (AAS e Bacharah) foram calibrados a partir de curvas

analíticas construídas por soluções padrões de Cu, Pb e Hg, obtidas por diluições de

padrões de 1000 mg/L (Merck). As concentrações finais dos metais foram obtidas

através das equações de calibração, corrigidas pelos fatores de diluição dos

extratos, quando necessário, e pelo volumes dos extratos. Os resultados foram

expressos em µg.g-1 (Cu e Pb) e ng.g-1 (Hg).

O teor do metal [Me] analisado é dado pela seguinte expressão:

[Me] = (C x V x f) / m, onde:

C - concentração em µg/mL (Cu e Pb) e ng/g (Hg) obtida através da

curva de calibração do metal;

V - volume total do extrato;

f - fator de diluição;

(36)

4.6- Análise Estatística

No tratamento estatístico dos dados foram utilizadas a análise de variância

(ANOVA) e a correlação de Pearson através do programa StatSoft. Inc. (2001).

STATISTICA, versão 6 (www.statsoft.com).

A análise de variância é um teste para determinar se as médias de duas ou

mais populações são iguais. Este teste pode ser utilizado para determinar se as

médias amostrais sugerem diferenças efetivas entre as populações, ou se tais

diferença decorrem apenas da variabilidade amostral (Stevenson, 1981). A

metodologia ANOVA calcula a variabilidade total existente na característica ou

variável em análise, atribuindo essa variabilidade a uma causa determinista ou

aleatória. A ANOVA foi aplicada para identificar a variabilidade das concentrações

dos contaminantes no ponto de coleta em relação às semanas amostradas e a

variabilidade das concentrações dos contaminantes nos diferentes pontos de coleta.

A análise de correlação determina a força do relacionamento entre duas

observações emparelhadas. E o grau desse relacionamento entre duas variáveis

contínuas é sintetizado por um coeficiente de correlação (r de Pearson) (Stevenson,

1981). A correlação de Pearson foi aplicada a fim de identificar as correlações

existentes entre os contaminantes nos dois compartimentos (água e sedimento)

(37)

2- OBJETIVO

2.1- Objetivo Geral

Investigar a presença de metais-traço, fosfato, coliformes fecais

(termotolerantes) e Escherichia coli na água e sedimento de sistemas de drenagem

pluvial de Fortaleza, que freqüentemente encontram-se contaminados por esgoto

doméstico. Essa investigação tem como intuito aumentar a representatividade de

medidas de balneabilidade das praias de Fortaleza, a partir de outros parâmetros

além das medidas de coliformes termotolerantes.

2.2- Objetivos Específicos

Detectar a presença de cobre (Cu), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) na água e

sedimento de galerias pluviais, utilizando espectrofotometria de absorção

atômica (técnicas de chama, forno de grafite, vapor frio e fluorescência);

Determinar os teores de fósforo total (PT) em água e sedimento, através de

espectrofotometria de absorção molecular na região do visível;

Avaliar a qualidade bacteriológica de amostras de água e sedimento utilizando

o número mais provável (NMP/100mL e NMP/g) de coliformes fecais

(termotolerantes) e Escherichia coli na água e sedimento dos pontos

amostrados;

Correlacionar os parâmetros abióticos e bióticos analisados para qualificar

melhor a área de estudo visando simplificar as medidas de balneabilidade das

praias de Fortaleza (CE), através da determinação do parâmetro abiótico que

se correlacione significativamente com os NMPs de coliformes

(38)

Imagem

Figura 2: Galerias amostradas: Ponto 1- Leste-Oeste (A), Ponto 2- Náutico (B) e Ponto 3- Riacho  Maceió (C)
TABELA 1 - Porcentagem dos domicílios servidos por água, saneamento básico e coleta de lixo em  Fortaleza (adaptado do IBGE, 2000)
TABELA 4: Os quatro ciclos de amostragens, com o início e término de cada período.
Tabela  5:  Número  mais  provável  (NMP)  de  coliformes  termotolerantes  em  amostras  de  água  e  sedimento  coletas  nas  galerias  pluviais  da  Leste-Oeste,  Náutico  e  Riacho  Maceió  (1º  e  3º  ciclos-  período chuvoso; 2º e 4º ciclos- período
+7

Referências

Documentos relacionados

Os resultados mostram: (i) mortalidade mais elevada após plantação e antes do período estival nos tratamentos de mobilização ligeira; (ii) após o período estival, os tratamentos

Neste trabalho iremos discutir a importância do Planejamento Estratégico no processo de gestão com vistas à eficácia empresarial, bem como apresentar um modelo de elaboração

MELO NETO e FROES (1999, p.81) transcreveram a opinião de um empresário sobre responsabilidade social: “Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins.. sociais,

Se Marx e Engels entendessem o Estado somente como instrumento de poder a serviço da burguesia – ou melhor, se vinculassem a existência do Estado à existência da burguesia

As ligações parafusadas incluem ligação viga com viga, para conectar as vigas treliçadas com as vigas de alma cheia, com placas nas extremidades das vigas treliçadas;

• Considerando que a emissão foi contabilizada para o ano de 2010, e que a fixação de carbono por meio de florestas não acontece de forma rápida e demanda

A grande densidade de dispositivos presentes em cidades inteligentes utilizando sensores, atuadores e comunicadores, em áreas com pouca cobertura de sinal e obstáculos

Em 15 de Setembro de 2011 ele criou o Numberphile, um canal com vídeos voltados para a área da Matemática que possui atualmente quase 3 milhões de inscritos e mais de