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ATOS LEGISLATIVOS. Instituído pelo Decreto Legislativo nº 718, de 02 de junho de 2015 Regulamentado pela Resolução nº 411, de 1º de novembro de 2017

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Instituído pelo Decreto Legislativo nº 718, de 02 de junho de 2015 Regulamentado pela Resolução nº 411, de 1º de novembro de 2017

ATOS LEGISLATIVOS

PUBLICAÇÕES PRÉVIAS PROJETOS DE LEI

PROJETO DE LEI Nº 33/2020, DE AUTORIA DO VEREADOR PROFESSOR PE. SÉRGIO, QUE “OBRIGA A EMPRESA COLETORA DE LIXO DO MUNICÍPIO A REALIZAR A LIMPEZA E ESTERILIZAÇÃO DOS

EQUIPAMENTOS DE TRABALHO DE SEUS

FUNCIONÁRIOS QUE DESEMPENHAM ATIVIDADES EM CONDIÇÕES INSALUBRES.” PROJETO DE LEI

PROTOCOLADO NA SECRETARIA DA CÂMARA

MUNICIPAL EM 10 DE MARÇO DE 2020. PROTOCOLO Nº 2.543/2020. PROCESSO CMA Nº 45/2020. PRAZO DE TRAMITAÇÃO: O FIXADO PARA AS COMISSÕES TÉCNICAS A QUE FOI DISTRIBUÍDA A PROPOSITURA

ELABORAREM PARECERES. DISTRIBUÍDO ÀS

COMISSÕES TÉCNICAS PERMANENTES.

Art. 1º Fica obrigada a empresa coletora de lixo a realizar a limpeza e esterilização dos uniformes de trabalho dos funcionários que desempenham atividades em condições insalubres, a serviço dessa concessionária.

§ 1º Entende-se por uniformes de trabalho botas, luvas e demais equipamentos higienizáveis os fornecidos diretamente pela empresa coletora de lixo.

§ 2º Para fins de logística, essa concessionária deverá garantir aos seus trabalhadores a quantidade de uniformes suficientes para que, em todos os dias de trabalho, haja uniformes limpos e esterilizados.

Art. 2º O descumprimento desta Lei obrigará o pagamento de multa, a ser paga pela coletora de lixo em favor do funcionário atingido, no valor 25 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESPs).

Art. 3º A fiscalização do cumprimento desta Lei será feita por meio do Poder Executivo, através de seus órgãos competentes, do sindicato profissional da categoria, bem como pelos membros titulares eleitos nas Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs).

Art. 4º Para que não haja desequilíbrio econômico e financeiro do contrato para a prestação do serviço público de coleta de lixo, a concessionária atualmente contratada fica desobrigada das disposições desta Lei.

Art. 5º As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias e suplementares, caso necessário, destinados à contratada.

Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua aplicação, revogadas as disposições em contrário.

COORDENADORIA DE SECRETARIA, EM 16 DE MARÇO DE 2020.

CLAUDIO DINIZ SCHIAVI Chefe da Coordenadoria de Secretaria

PROCESSO CM Nº 45/2020 CDS/acl

VETOS

VETO TOTAL APOSTO PELO SENHOR PREFEITO MUNICIPAL, OMAR NAJAR, AO AUTÓGRAFO Nº 6 DE 6 DE FEVEREIRO DE 2020, QUE “CRIA A POLÍTICA MUNICIPAL PARA A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.” ORIGINÁRIO DE INICIATIVA DO PODER EXECUTIVO. MENSAGEM DO VETO Nº 03/2020, PROTOCOLADA EM 11 DE MARÇO DE 2020, SOB Nº 2.565/2020, JUNTADA AOS AUTOS DO PROCESSO C. M. Nº 239/2019 ÀS FOLHAS 83/97. PRAZO DE APRECIAÇÃO 30 (TRINTA) DIAS, COM VENCIMENTO PREVISTO PARA O DIA 13 DE ABRIL DE 2020.

MENSAGEM Nº 03/2020

Senhor Presidente e Senhores Vereadores,

Trata-se de ofício do senhor presidente da Câmara Municipal de Americana, que encaminha o Autógrafo nº 6/2020, referente a projeto de lei de iniciativa parlamentar, aprovado pelo Poder Legislativo, que “Cria a Política Municipal para a População em Situação de Rua e dá outras providências.”.

ASSINADO POR MAURICIO TONUS VARGAS - Protocolo: - 16/03/2020 17:16:20. Para obter informações sobre assinatura e/ou ver o arquivo original acesse http://consulta.siscam.com.br/camaraamericana/documentos/autenticar e informe o código do documento - D8J5-V5W8-T9R6-A8V4

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O texto aprovado cria um programa de ação governamental, a ser executado pelo Poder Executivo, que consiste em garantir a essa parcela da população o amplo e simplificado acesso a todos os serviços públicos, visando assegurar-lhes o exercício da cidadania e o gozo dos direitos.

Caso seja sancionada a lei, o Poder Executivo estará obrigado a criar equipamentos públicos híbridos, geridos conjuntamente por diversas secretarias municipais, destinados a atender pessoas que vivem na rua, cujas condições demandem atendimento diferenciado, tais como: idosos; gestantes e lactentes; deficientes físicos; doentes mentais; tuberculosos; portadores de DST’s;

mulheres vítimas de violência; gays, lésbicas e assemelhados;

imigrantes, e outros.

A propositura obriga, ainda, o Poder Executivo a elaborar, no início de cada nova gestão – nos primeiros 180 dias de governo, um plano de ações que contemple, de modo detalhado, programas, projetos, estratégias, metas, objetivos, responsabilidades e orçamento destinado à implementação da Política Pública Municipal voltada ao atendimento de pessoas que vivem na rua.

Estabelece, também, que é atribuição dos CRAS E CREAS fazer o atendimento social específico dos atendidos pelo programa.

Caberá, também, ao Poder Executivo, obrigatoriamente, oferecer unidades de acolhimento aos atendidos, desde casas de pernoite temporário, moradias provisórias e repúblicas, cuidando de garantir condições adequadas de qualidade, segurança e conforto, e ainda:

• criar uma central única de vagas, que concentrará e distribuirá os leitos disponíveis, tanto de pernoite quanto vagas fixas;

• promover atividades e oficinas de cultura, lazer, promoção da saúde e de orientação quanto aos direitos e serviços socioassistenciais disponíveis para os atendidos;

• garantir acolhida conjunta das famílias;

• garantir a oferta de locais de guarda de pertences pessoais, bagageiros, carroças e outros instrumentos de trabalho;

• permitir a entrada e permanência de animais de estimação nos abrigos;

• garantir a segurança alimentar dos atendidos, mediante a criação de restaurantes comunitários que permanecerão abertos todos os dias, inclusive finais de semana e feriados, fornecendo alimentação de qualidade, em todos os serviços de acolhimento;

• realizar o censo da população de rua, em todos os anos pares;

• garantir o acesso à saúde;

• criar programas habitacionais especialmente voltados para o atendimento da população de rua;

• promover ações voltadas para a geração de emprego e renda, incluindo qualificação técnico-profissional; apoio à empregabilidade e inserção produtiva; reserva de vagas de trabalho e promoção de iniciativas de economia solidária;

• promover ações que possibilitem a ampliação das oportunidades de acesso à educação;

• criar centros de informática;

• oferecer programações culturais, esportivas e de lazer, entre outras atribuições mencionadas no texto aprovado.

Manifestaram-se as secretarias de Ação Social e Desenvolvimento Humano; de Habitação e Desenvolvimento Urbano; de Saúde e de Planejamento.

É a síntese do necessário.

Em que pese a relevância da matéria e, ainda, a manifestamente nobre intenção do autor da propositura, o veto total ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo é medida que se impõe.

Trata-se de propositura inconstitucional e que, além disso, infringe normas de responsabilidade fiscal estatuídas na Lei Complementar Federal nº 101, de 4 de maio de 2000.

Sob o aspecto formal, a inconstitucionalidade decorre do vício de iniciativa, pelo tão só fato de, sendo de autoria de membro do Poder Legislativo, criar uma política pública ou programa de ação governamental, que deverá ser implementado pelo Poder Executivo.

No plano material, a inconstitucionalidade decorre da afronta ao princípio da separação de poderes, insculpido no artigo 5º da Constituição do Estado de São Paulo, bem como da violação das regras dos artigos 24, § 2º, 2; 25 e 47, II, XIV e XIX, “a”, da mesma Carta Constitucional.

Inafastável, da mesma forma, a ilegalidade decorrente da violação de regras relativas à despesa pública, estatuídas nos artigos 15 a 17 da Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, na medida em que a execução do programa importará a criação de despesa pública nova e de caráter permanente.

No que diz respeito à iniciativa, a proposta é inconstitucional porque invade a esfera de competência privativa do chefe do Poder Executivo para iniciar o processo legislativo.

A simples leitura dos dispositivos constitucionais antes citados, leva à inexorável conclusão de que compete ao Chefe do Poder Executivo, com total exclusividade, a iniciativa para legislar sobre a gestão e organização administrativa do Ente sob o seu comando político, incluindo-se neste âmbito a criação de políticas públicas e programas governamentais que deverão ser executados por órgãos da administração municipal.

O caso é de inconstitucionalidade formal. O sistema constitucional vigente no Brasil reserva ao chefe do Poder Executivo, com total exclusividade, a iniciativa para legislar

ASSINADO POR MAURICIO TONUS VARGAS - Protocolo: - 16/03/2020 17:16:20. Para obter informações sobre assinatura e/ou ver o arquivo original acesse http://consulta.siscam.com.br/camaraamericana/documentos/autenticar e informe o código do documento - D8J5-V5W8-T9R6-A8V4

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sobre a organização da administração pública. E a violação dessa regra implica na inconstitucionalidade do ato normativo.

Conforme a sempre abalizada lição de José Afonso da Silva, in verbis:

“A Constituição contém regras rígidas sobre a iniciativa das leis, regras que têm que ser observadas no processo de formação das leis, sob pena de estas padecerem do vício de inconstitucionalidade por defeito de iniciativa. Esse defeito é especialmente condenado quando haja desrespeito às regras de iniciativa exclusiva, que tem sido a causa mais comum de inconstitucionalidade formal, porque se dá, no caso, uma usurpação de competência constitucionalmente estabelecida. ” (in Processo Constitucional de Formação das Leis, Malheiros – São Paulo, 2ª Edição, 2007, página 346) – grifo nosso

Em outra obra sua, o mestre arremata:

“... O fundamento dessa inconstitucionalidade está no fato de que do princípio da supremacia da constituição resulta o da compatibilidade vertical das normas da ordenação jurídica de um país, no sentido de que as normas de grau inferior somente valerão se forem compatíveis com as normas de grau superior, que é a constituição. As que não forem compatíveis com ela são inválidas, pois a incompatibilidade vertical resolve-se em favor das normas de grau mais elevado, que funcionam como fundamento de validade das inferiores.

Essa incompatibilidade vertical de normas inferiores (leis, decretos etc.) com a constituição é o que, tecnicamente, se chama inconstitucionalidade das leis ou dos atos do Poder Público, e que se manifesta sob dois aspectos: (a) formalmente, quando tais normas são formadas por autoridades incompetentes ou em desacordo com formalidades ou procedimentos estabelecidos pela constituição; (b) materialmente, quando o conteúdo de tais leis ou atos contraria preceito ou princípio da constituição. ” (Curso de Direito Constitucional Positivo, Malheiros, SP, 10ª Ed., 1995, página 51) – grifos nossos

Demais disso, ao criar uma política pública que deverá ser executada pelo Poder Executivo, a propositura viola o art. 47, II, XIV e XIX, “a”, na medida em que cria regras relativas à direção da administração e à organização e funcionamento do Poder Executivo, matérias essas que são da alçada da reserva da Administração. De outro lado, ela ofende o art. 24, § 2º, 2, na medida em que impõe atribuição ao Poder Executivo, assunto cuja iniciativa legislativa lhe é reservada.

A questão, então, é definir o conteúdo e a amplitude da expressão

“organização administrativa” ou, “organização da administração pública”.

Deve-se entender por organização administrativa do Poder Executivo o conjunto integrado pela totalidade da sua estrutura, com os seus órgãos de atuação – envolvendo a administração direta e indireta, as respectivas atribuições e formas de funcionamento; os cargos públicos e respectivas atribuições, a política de pessoal; os programas de ação governamental, projetos e políticas de governo e, ainda, a normatização, o planejamento e o ordenamento urbano; bem como a organização, a execução e a direção dos serviços públicos de sua competência.

Assim, de acordo com a lição de Hely Lopes Meirelles:

“... São, pois, de iniciativa exclusiva do prefeito, como chefe do Executivo local, os projetos de leis que disponham sobre a criação, estruturação e atribuição das secretarias, órgãos e entes da Administração Pública Municipal; matéria de organização administrativa e planejamento de execução de obras e serviços públicos; criação de cargos, funções ou empregos públicos na Administração direta, autárquica e fundacional do Município;

regime jurídico e previdenciário dos servidores municipais, fixação e aumento de sua remuneração; plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual e créditos suplementares e especiais. Os demais projetos competem concorrentemente ao prefeito e à Câmara Municipal, na forma regimental. ” (in Direito Municipal Brasileiro, Ed. Malheiros, São Paulo, 2014, p. 633) – grifos nossos

A propositura sob análise trata, justamente, da criação e da execução de um programa de ação governamental, que contempla a criação de toda uma estrutura administrativa voltada para o atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, que por uma série de circunstâncias de ordem familiar, social e econômica optam ou são forçadas a viver na rua.

Trata-se, como é evidente, de um serviço novo, de grande complexidade, que exigirá novos e significativos dispêndios financeiros, bem como a alocação de grande quantidade de novos recursos materiais e humanos para a sua execução.

Em casos assim, que envolvem a criação de políticas públicas e programas governamentais, a competência para iniciar o processo legislativo pertence exclusivamente ao prefeito municipal, como atribuição e prerrogativa do cargo para o qual foi eleito. E se o prefeito não toma a iniciativa, a Constituição não permite que o vereador o substitua. Ao contrário, o texto constitucional veda tal substituição.

É que, conforme destaca o ilustre Professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho:

“... o aspecto fundamental da iniciativa reservada está em resguardar a seu titular a decisão de propor direito novo em matérias confiadas à sua especial atenção, ou de seu interesse

ASSINADO POR MAURICIO TONUS VARGAS - Protocolo: - 16/03/2020 17:16:20. Para obter informações sobre assinatura e/ou ver o arquivo original acesse http://consulta.siscam.com.br/camaraamericana/documentos/autenticar e informe o código do documento - D8J5-V5W8-T9R6-A8V4

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preponderante. ” (Do Processo Legislativo – Saraiva, São Paulo, p. 2004 – fls. 60) – grifo nosso

E isso tem razão de ser, posto que, invariavelmente, somente o destinatário da iniciativa reservada dispõe do conhecimento técnico e demais informações necessárias para comandar o processo de formação e elaboração legislativa. E não se está a falar aqui em termos meramente pessoais. Não é que o Prefeito saiba mais. O Poder Executivo, por força da sua natureza e das atribuições que desempenha é o único aparelhado para produzir o conhecimento técnico e compilar as informações necessárias para o bom e oportuno desenvolvimento dos projetos ou programas sob sua responsabilidade. Por isso a Constituição reserva exclusivamente a ele, em certos casos, o poder de iniciar o processo legislativo. Podemos dizer, nesses casos, que a iniciativa de propor a lei está submetida à discricionariedade do chefe do Poder Executivo, que é o único em condições de fazer o juízo de conveniência e oportunidade, considerando as necessidades da população e as possibilidades e disponibilidades materiais, orçamentárias e financeiras, do Poder Público.

A jurisprudência nesse sentido é farta, pacífica e uniforme.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, órgão jurisdicional com atribuição constitucional para julgar as ações de inconstitucionalidade de leis promulgadas por municípios paulistas, em face da Constituição Estadual, tem afirmado reiteradamente que a criação e organização de programas e projetos de ação governamental é atribuição exclusiva do chefe do Poder Executivo:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – Lei nº 2.544, de 19 de agosto de 2016, de iniciativa parlamentar, que 'institui o programa municipal de assistência aos portadores de microcefalia, a ser implantado no sistema único de saúde (SUS) de Itapecerica da Serra'.

Preliminar – Ausência de parametricidade – Inocorrência – A Constituição Estadual é utilizada como parâmetro do controle abstrato da norma municipal, de acordo com o § 2º do art. 125 da Constituição Federal.

Programa governamental - Competência do Executivo para a organização e planejamento das políticas públicas - Vício de iniciativa - A matéria regulamentada pela norma impugnada insere-se no âmbito da competência legislativa atribuída pela Constituição ao chefe do Poder Executivo Municipal, por ser inerente ao planejamento e organização do Município.

Criação de despesas sem indicar a fonte dos recursos disponíveis para fazer frente aos novos encargos - Inadmissibilidade.

Violação aos arts. 5º, 25, 47, II, XIV E XIX, aplicáveis aos Municípios por força do art. 144, todos da Constituição do Estado de São Paulo - Inconstitucionalidade reconhecida. Preliminares afastadas - Ação procedente.” (ADI TJ-SP nº 2196519- 55.2016.8.26.0000 – Município de Itapecerica da Serra – rel. Des.

Carlos Bueno – V. U. – j. 14/12/2016) – grifos nossos

E o Acórdão ressalta:

“A norma impugnada que cria política pública e institui programa de assistência social é tema relacionado à organização, funcionamento e direção superior da administração, cuja competência para regulamentação é afeta ao Poder Executivo, vedado, portanto, ao Poder Legislativo editar o referido ato normativo, por ser ele, à evidência, ato de gestão, inserido na esfera do poder discricionário do Prefeito Municipal.

A matéria regulamentada pela norma de iniciativa parlamentar insere-se no âmbito da competência atribuída pela Constituição ao chefe do Poder Executivo Municipal, existindo, pois vício de iniciativa a violar o princípio da separação dos poderes, nos termos dos 5º, 47, II, XIV e XIX, 'a', aplicáveis aos Municípios por força do art. 144, da CE/89.

Por decorrência dos citados dispositivos constitucionais, a competência para implementação de programas governamentais, área em que está inserido o objeto do ato normativo impugnado, cuja natureza é evidentemente administrativa, pertence ao Poder Executivo, já que é atividade própria da Administração Pública.

[...]

Nesse sentido já decidiu o Órgão Especial:

“Ação Direta de Inconstitucionalidade. Lei nº 6.180, de 26 de novembro de 2014, do município de Ourinhos, que “institui o programa municipal de apoio à pessoa com deficiência física e mobilidade reduzida”. Vício de iniciativa e ofensa ao princípio da separação e independência dos poderes. Reconhecimento. A lei impugnada, de autoria parlamentar, ao instituir o mencionado programa social interferiu diretamente na área de administração municipal, criando obrigações para o Poder Executivo, em evidente ofensa ao princípio da separação dos poderes, já que impôs à Secretaria Municipal de Saúde e à Secretaria Municipal de Assistência Social, a coordenação de todas as atividades relacionadas ao respectivo projeto (art. 4º), atribuindo-lhes, por exemplo, a responsabilidade pelo recebimento, aquisição e distribuição de equipamentos (art. 3º), bem como por eventuais reparos necessários (artigo 5º), realização de cadastros (art. 4º, I), realização de convênios (art. 6º) e pela divulgação do programa (art. 7º). Como já decidiu o Supremo Tribunal Federal, 'não se pode compreender que o Poder Legislativo, sem iniciativa do Poder Executivo, possa alterar atribuições de órgãos da Administração Pública, quando a este último cabe a iniciativa de Lei para criá-los e extingui-los. De que adiantaria ao Poder Executivo a iniciativa de Lei sobre órgãos da administração pública, se, ao depois, sem sua iniciativa, outra Lei pudesse alterar todas as suas atribuições e até suprimi-las ou desvirtuá-las.

Não há dúvida de que interessa sempre ao Poder Executivo a iniciativa de Lei que diga respeito a sua própria organização, como ocorre, também, por exemplo, com o Poder Judiciário' (ADIN nº 2.372, Rel. Min. Sydnei Sanches, j. 21/08/2002).

Inconstitucionalidade manifesta. Ação julgada procedente” (ADI nº 2008524-30.2015.8.26.0000, rel. Des. Ferreira Rodrigues, j.

em 29-7-2015).

ASSINADO POR MAURICIO TONUS VARGAS - Protocolo: - 16/03/2020 17:16:20. Para obter informações sobre assinatura e/ou ver o arquivo original acesse http://consulta.siscam.com.br/camaraamericana/documentos/autenticar e informe o código do documento - D8J5-V5W8-T9R6-A8V4

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“Direito Constitucional - Ação Direta de Inconstitucionalidade - Lei de iniciativa parlamentar - Criação do programa social de incentivo à criação de empresas familiares com finalidade social - Vício Existência - Separação de poderes Violação - Inconstitucionalidade verificada - É inconstitucional a Lei Municipal que institui o programa social de incentivo à criação de empresas familiares com finalidade social, pois compete privativamente ao Prefeito deflagrar lei que atribua novas tarefas aos órgãos do Poder Executivo, sob pena de afronta ao princípio da separação dos poderes - Ademais, a referida Lei Municipal cria despesa sem indicação de fonte de receita - Violação dos artigos 5º, 24, § 2º, número '4', 25, 47, incisos II e XIV, e 144, da Constituição Estadual. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” (ADI nº 2007229-89.2014.8.26.0000, rel.

Des. Xavier de Aquino, j. em 23-4-2014).” – grifamos

Em decisão mais recente sobre o mesmo tema, o TJ-SP assim se pronunciou:

“Ação Direta de Inconstitucionalidade Lei nº 9.993, de 25 de setembro de 2017, do município de Santo André, que dispõe sobre o “programa remédio em casa” do município - Norma de iniciativa parlamentar vício de iniciativa usurpação de competência afeta ao chefe do Poder Executivo municipal para dispor sobre planejamento, organização, direção e execução de políticas públicas Inconstitucionalidade Formal - Inconstitucionalidade Material por violação ao princípio da separação dos poderes - Legislativo que não pode conferir

“autorização” ao Executivo para a criação do programa e nem impor-lhe prazo rígido para a regulamentação da norma - Inexistência de subordinação entre os poderes - Não caracterização de inconstitucionalidade pela criação de despesa sem indicação da fonte de custeio - Lei declarada inconstitucional - Ação procedente.” (ADI TJ-SP nº 2266585-89.2018.8.26.0000 – Município de Santo André – rel. Desembargador Ferraz de Arruda – V. U. – j. 10/04/2019) – grifos nossos

Do corpo do v. Acórdão, destacamos:

“A simples leitura da norma permite entrever, de maneira clara, a violação ao princípio da Separação de Poderes na medida em que a Edilidade legislou sobre matéria afeta à conveniência e oportunidade do Executivo Municipal, consistente em ato de típica gestão da coisa pública.

[...]

Implica também em adoção de providências por parte da Administração Municipal, tanto no planejamento do programa, quanto na distribuição do medicamento, tornando viciada sua iniciativa eis que a matéria é reservada do Chefe do Executivo.”

O tribunal também considerou inconstitucional lei de iniciativa parlamentar, do Município de Suzano, que instituiu um programa

de acesso de deficientes visuais a livros em Braille, nas bibliotecas municipais, nos seguintes termos:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – LEI Nº 4.461/11, DO MUNICÍPIO DE SUZANO, QUE INSTITUI PROGRAMA DE ACESSO DE DEFICIENTES VISUAIS A LIVROS RELIGIOSOS EM BRAILLE OU ÁUDIO NAS

BIBLIOTECAS MUNICIPAIS PROGRAMA

CONSISTENTE EM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

PÚBLICOS E REALIZAÇÃO DE DESPESAS – PROJETO DE VEREADOR – VÍCIO DE INICIATIVA E VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES – INVASÃO DE COMPETÊNCIA DO PODER EXECUTIVO – AUSÊNCIA DE INTERESSE LOCAL – VIOLAÇÃO DOS ARTS. 5º, 25, 47, II E XIV, E 144 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO – AÇÃO PROCEDENTE.

1. As disposições da norma, nada obstante originada de projeto legislativo, referem-se a programa governamental de serviços públicos tratam de medidas tipicamente administrativas, cuja iniciativa está reservada ao Chefe do Poder Executivo em razão da natureza da matéria versada. A condução das políticas públicas e o exame da conveniência e necessidade das medidas como a da lei em comento – instituição de um programa específico de acesso de deficientes visuais a livros religiosos - são prerrogativas exclusivas do Prefeito do Município.

2. Não se verifica interesse local que permitisse ao Município legislar sobre proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiências, pois não há qualquer peculiaridade no âmbito municipal

3. Ação procedente.” (ADI TJ-SP nº 011789-79.2012.8.26.0000 – Município de Suzano – relator Des. Artur Marques – V.U. – j.

08/08/2012) – grifos nossos.

E o V. Acórdão afasta qualquer dúvida. Do texto do julgado destacamos:

“A propósito, o e. Supremo Tribunal Federal já decidiu que “...o desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo legislativo, que resulte da usurpação do poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível a própria integridade do ato legislativo eventualmente editado.” (STF, MC ADI 1.381-AL, rel. Min.

Celso de Mello, j. 07/12/1995) – grifos nossos

O mesmo TJ-SP reconheceu o vício de iniciativa e declarou a inconstitucionalidade de lei de iniciativa parlamentar, do Município de São José do Rio Preto, que instituiu um programa de prevenção e assistência a portadores de anemia falciforme, conforme ementa a seguir transcrita:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Lei nº 11.979, de 25 de abril de 2016, do Município de São José do Rio Preto, de iniciativa parlamentar, que ‘Institui o Programa

ASSINADO POR MAURICIO TONUS VARGAS - Protocolo: - 16/03/2020 17:16:20. Para obter informações sobre assinatura e/ou ver o arquivo original acesse http://consulta.siscam.com.br/camaraamericana/documentos/autenticar e informe o código do documento - D8J5-V5W8-T9R6-A8V4

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Municipal de Prevenção e Assistência à Pessoa com Traço Falciforme ou Anemia Falciforme (depranocitose).

Programa Governamental – Competência do Executivo para a organização e planejamento das políticas públicas – Vício de iniciativa – A matéria regulamentada pela norma impugnada insere-se no âmbito de competência legislativa atribuída pela Constituição ao chefe do Poder Executivo Municipal, por ser inerente ao planejamento e organização do Município.

Criação de despesas sem indicar a fonte de recursos disponíveis para fazer frente aos novos encargos. – Ocorrência.

Violação aos arts. 5º, 25, 47, II, XIV e XIX, aplicáveis aos Municípios por força do art. 144, todos da Constituição do Estado de São Paulo – Inconstitucionalidade reconhecida – Ação procedente. (ADI TJ-SP nº 2140749.2016.8.26.0000 – Município de São José do Rio Preto – rel. Des. Carlos Bueno – V. U. – j.

30/11/2016) – grifos nossos

E o V. Acórdão avança sobre o tema:

“A norma impugnada que cria política pública e institui programa de assistência social é tema relacionado à organização, funcionamento e direção superior da administração, cuja competência para regulamentação é afeta ao Poder Executivo, vedado, portanto, ao Poder Legislativo editar o referido ato normativo, por ser ele, à evidência, ato de gestão, inserido na esfera de poder discricionário do Prefeito Municipal.

A matéria regulamentada pela norma de iniciativa parlamentar insere-se no âmbito da competência atribuída pela Constituição ao chefe do Poder Executivo Municipal, existindo, pois vício de iniciativa a violar o princípio da separação dos poderes, nos termos dos 5º, 47, II, XIV e XIX, “a”, aplicáveis aos Municípios por força do art. 144, da CE/89.

Por decorrência dos citados dispositivos constitucionais, a competência para implementação de programas governamentais, área em que está inserido o objeto do ato normativo impugnado, cuja natureza é evidentemente administrativa, pertence ao poder Executivo, já que é atividade própria da Administração Pública.

É pacífico na doutrina e na jurisprudência que cabe privativamente ao Poder Executivo a função administrativa, a envolver os atos de planejamento, organização, direção e execução de políticas e de serviços públicos. Em outras palavras, os atos de concretude cabem ao Poder Executivo, enquanto ao Poder Legislativo estão deferidas as funções de editar atos normativos dotados de generalidade e abstração.” – grifo nosso Nessa mesma linha, o TJ-SP declarou inconstitucional lei municipal de Sumaré, que criou o “Programa Salvando Vidas”, conforme se transcreve:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Lei nº 5.696, de 28 de novembro de 2014, do Município de Sumaré, de

iniciativa parlamentar, que ‘Autoriza o Poder Executivo a criar o

‘Programa Salvando Vidas’, que regulamenta o acolhimento a população adulta de rua, requalificando os mesmos ao mercado de trabalho’.

Programa governamental – Competência do Executivo para a organização e planejamento das políticas públicas – Vício de iniciativa – A matéria regulamentada pela norma impugnada insere-se no âmbito de competência legislativa atribuída pela Constituição ao chefe do Poder Executivo Municipal, por ser inerente ao planejamento e organização do Município.

Violação aos arts. 5º, 24, 47, II, XIV e XIX, “a”, aplicáveis aos Municípios por força do art. 144, todos da CE/89 – Inconstitucionalidade reconhecida – Ação procedente.” (ADI TJ- SP nº 2121808-79.2016.8.26.0000, Município de Suzano – rel.

Des. Carlos Bueno – V. U. – j. 07/12/2016) – grifos nossos

A toda evidência, portanto, conforme entendimento pacífico e consolidado dos tribunais, é privativa do chefe do Poder Executivo a iniciativa de leis objetivando a criação de políticas públicas e programas de ação governamental, devendo ser reconhecida de plano a inconstitucionalidade de qualquer norma cuja iniciativa tenha sido de integrante do Poder Legislativo.

Patente, da mesma forma, a inconstitucionalidade material, que decorre tanto da violação do princípio da separação de poderes, insculpido no artigo 5º, quanto da inobservância das normas contidas no artigo 24, § 2º, 2 e no artigo 47, II, XIV e XIX, “a”, aplicáveis aos municípios paulistas por força do disposto no artigo 144, todos da Constituição Estadual Paulista.

A norma aprovada, em razão de ter sido proposta por parlamentar, produz indevida ingerência no exercício das atribuições acometidas ao Poder Executivo, na medida em que cria e regula, em seus pormenores, um verdadeiro programa de ação governamental, que deverá ser implementado e executado por ele.

A propósito do vício de inconstitucionalidade material, Luís Roberto Barroso afirma que ele:

“...expressa uma incompatibilidade de conteúdo, substantiva, entre a lei ou ato normativo e a Constituição. Pode traduzir-se num confronto com uma regra constitucional (...) ou com um princípio constitucional (...). O controle material de constitucionalidade pode ter como parâmetro todas as categorias de normas constitucionais: de organização, definidoras de direitos e programáticas (...). O reconhecimento da inconstitucionalidade de um ato normativo, seja em decorrência de desvio formal ou material, produz a mesma consequência jurídica: a invalidade da norma...”. (in Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro – Saraiva – SP, 2009.

3ª Ed. rev. e atual., pag. 29) – grifo nosso

Por força do disposto no artigo 144, os municípios paulistas estão jungidos à força vinculante da Constituição Estadual, da qual não podem se apartar.

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Disso resulta que o princípio da separação dos poderes do Estado, insculpido no artigo 5º da Constituição Paulista, deve ser respeitado também no âmbito municipal, de modo a preservar as prerrogativas, funções e atribuições de cada um, sem possibilidade de renúncia, delegação ou transferência entre eles.

A observância desse princípio constitucional é essencial para o bom e adequado funcionamento dos poderes constituídos e para a saúde do Estado Democrático de Direito.

Quando um dos poderes do Estado aprova lei de sua iniciativa, instituindo um projeto de ação governamental que deverá ser executado por outro, a regra de independência é violada e dessa violação exsurge a inconstitucionalidade material que macula e aniquila a norma aprovada, de tal sorte que ela deixa de ter viabilidade jurídica.

Da mesma forma, por força do já citado artigo 144 da Constituição Bandeirante, ao Chefe do Poder Executivo Municipal são asseguradas as mesmas prerrogativas garantidas ao Governador do Estado, no artigo 24, § 2º, 2, combinado com artigo 47, II, XIV e XIX, “a” da mesma Carta, o que equivale a dizer que são competências privativas do Prefeito:

• iniciar o processo legislativo em matéria de organização do Poder Executivo e da administração pública;

• exercer, com o auxílio dos secretários municipais, a superior direção da administração municipal;

• praticar os atos de administração do Município;

Portanto, como a propositura em análise trata de matéria atinente ao funcionamento da administração municipal, na medida em que cria um típico programa de ação governamental, cabe ao Chefe do Poder Executivo, quando e se entender que é oportuno e conveniente, adotar as providências necessárias para a sua execução.

E quando a Câmara, violando direta e frontalmente a norma constitucional, avança sobre a competência privativa do Poder Executivo, instala-se a mácula de inconstitucionalidade material, insuscetível de ser afastada, mesmo com a sanção do prefeito, eis que se trata de competência impossível de ser delegada.

Por fim, além das apontadas afrontas à Constituição Estadual, a propositura é contrária às normas de responsabilidade fiscal, estatuídas por lei federal.

A implementação do programa sugerido na propositura aprovada pela Câmara Municipal exigirá a alocação de uma quantidade considerável de recursos. E não estamos falando somente de recursos financeiros. Para oferecer os serviços criados pela lei, como alojamentos, restaurantes, centros de atendimento, oficinas e cursos profissionalizantes, atividades esportivas, culturais e de

lazer, será necessário disponibilizar, adaptar e, em alguns casos, até mesmo construir e reformar prédios públicos. Além disso, o Município precisará contratar pessoal, adquirir equipamentos e mobiliário, entre tantas outras despesas que surgirão à medida em que se adotarem as providências necessárias para a efetivação do que foi previsto.

É evidente, portanto, que a execução do programa aprovado levará a um aumento significativo das despesas públicas.

E conforme determina a Lei Complementar Federal nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, a criação ou aumento da despesa pública deve, obrigatoriamente, atender ao disposto nos seus artigos 15, 16 e 17.

Pois bem, conforme o artigo 15, as despesas públicas realizadas em desacordo com o disposto nos artigos 16 e 17 serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao interesse público.

Logo, para não ser considerada despesa não autorizada ou irregular, ela só poderá ser criada ou aumentada em perfeita sintonia com o disposto no artigo 16, que diz que todo e qualquer aumento de despesa, necessário para a criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental, só será considerado regular quando acompanhado de:

• estimativa dos impactos orçamentário e financeiro, no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;

• declaração do ordenador da despesa, afirmando que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a LOA, bem como compatibilidade com o PPA e a LDO.

Nos termos do artigo 17 as chamadas despesas obrigatórias de caráter continuado – aquelas derivadas de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo, que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por período superior a dois anos, como é o caso da propositura sob análise, só poderão ser criadas ou aumentadas quando o ato que as criar ou aumentar estiver instruído com os demonstrativos de impacto, bem como com a declaração do ordenador da despesa, de que tratam os incisos I e II do artigo 16, acima transcritos.

Ora, como está evidente, a propositura trata de programa de ação governamental permanente, que deverá ser executado continuamente, ano após ano e o texto não está acompanhado de nenhum dos documentos exigidos na LRF.

Impõe-se, assim, o reconhecimento da infração às normas de responsabilidade fiscal, o que macula de ilegalidade a propositura.

Tem-se, portanto, que a propositura é inconstitucional em razão da iniciativa viciada e também pela afronta às normas dos artigos

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5º; 24, §2º, item 2; 47, II, XIV e XIX, “a” e 144 da Constituição Estadual, bem como contrária ao Ordenamento Jurídico, por descumprimento dos artigos 15, 16 e 17 da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Por tudo o que ficou dito acima, opomos veto total ao texto do Autógrafo nº 6/2020, conforme autoriza o artigo 41, § 1º, combinado com o artigo 62, III, ambos da Lei Orgânica do Município.

COORDENADORIA DE SECRETARIA, EM 16 DE MARÇO DE 2020.

CLAUDIO DINIZ SCHIAVI Chefe da Coordenadoria de Secretaria

PROCESSO CM Nº 239/2019 CDS/acl

VETO TOTAL APOSTO PELO SENHOR PREFEITO MUNICIPAL, OMAR NAJAR, AO AUTÓGRAFO Nº 7 DE 6 DE FEVEREIRO DE 2020, QUE “PROÍBE INFORMES EM ESTACIONAMENTOS COM DIZERES QUE ISENTEM

ESSES ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS DA

RESPONSABILIDADE POR DANOS MATERIAIS EM VEÍCULOS E PELOS OBJETOS DEIXADOS EM SEUS INTERIORES.” ORIGINÁRIO DE INICIATIVA DO PODER EXECUTIVO. MENSAGEM DO VETO Nº 04/2020, PROTOCOLADA EM 11 DE MARÇO DE 2020, SOB Nº 2.566/2020, JUNTADA AOS AUTOS DO PROCESSO C. M. Nº 282/2019 ÀS FOLHAS 39/46. PRAZO DE APRECIAÇÃO 30 (TRINTA) DIAS, COM VENCIMENTO PREVISTO PARA O DIA 13 DE ABRIL DE 2020.

MENSAGEM Nº 04/2020

Senhor Presidente e Senhores Vereadores,

Trata-se de ofício do senhor Presidente da Câmara Municipal de Americana, encaminhando o Autógrafo nº 7/2020, referente a Projeto de Lei de iniciativa do Poder Legislativo, que, conforme ementa: “Proíbe informes em estacionamentos com dizeres que isentem esses estabelecimentos comerciais da responsabilidade por danos materiais em veículos e pelos objetos deixados em seus interiores.”.

A propositura estabelece que os estabelecimentos comerciais situados no Município de Americana, que ofereçam aos seus clientes serviços de estacionamento e guarda de veículos, ficam proibidos de afixar, nas suas dependências, cartazes com dizeres que os isentem de responsabilidade por danos materiais em veículos e pelos objetos deixados em seu interior.

A proibição estabelecida no texto se estende, por disposição expressa, às empresas especializadas no ramo de estacionamento e guarda de veículos.

Além disso, a propositura prevê a aplicação de penalidades pecuniárias aos infratores e atribui ao Procon a responsabilidade pela fiscalização do seu cumprimento.

É a síntese do necessário.

A propositura trata de questões que não se inserem na competência atribuída ao Município, para legislar sobre assuntos de interesse local, bem como para suplementar a legislação federal e estadual, “...no que couber...”, nos termos do artigo 30 da Constituição da República.

É certo que a propositura cria regra aplicável a uma relação de consumo, no caso, consumo de um serviço prestado por particulares, em regime de ampla concorrência, em todas as cidades brasileiras.

E como estabelecido no inciso V do artigo 24 da Constituição Federal, compete à União, concorrentemente com os Estados, legislar sobre produção e consumo.

Neste caso, a Câmara Municipal de Americana só poderia legislar sobre a matéria de modo a suplementar a legislação federal e estadual, e somente se houvesse aqui uma peculiaridade que justificasse o tratamento diferenciado em relação aos consumidores de outras cidades.

Ocorre, nesse passo, que a legislação existente, editada pela União, dispensa suplementação, na medida em que dá à matéria o tratamento necessário e suficiente. A Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Proteção e Defesa do Consumidor, em seu artigo 25 proíbe a estipulação contratual de qualquer cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar, in verbis:

“Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.”

Somente para esclarecer, quando um particular opta por entregar o seu veículo à guarda de uma empresa que presta serviços de estacionamento, fica estabelecido entre eles um contrato, que nada mais é do que um ajuste de vontades pelo qual o proprietário do veículo entrega o seu bem para ser guardado pelo estabelecimento, mediante a obrigação de pagar o preço cobrado pela operação, ao passo que o estabelecimento aceita receber e guardar o bem em troca do pagamento.

E a consequência jurídica de tal proibição é a nulidade de qualquer cláusula que estabeleça que o prestador do serviço fica

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exonerado de responder por danos causados ao consumidor, ainda que o consumidor assine documento declarando-se ciente e de acordo com a exoneração.

Podemos afirmar, então, que qualquer cartaz afixado em estacionamento, informando que aquele estabelecimento não responde por danos causados ao veículos e a objetos deixados no seu interior, não tem valor jurídico e não será considerado para afastar a responsabilidade do prestador do serviço.

Para ir além disso e estabelecer penalidades, além daquelas já fixadas no Código do Consumidor, o Município precisaria apontar qual seria a situação peculiar, existente em nível local, para justificar providência tão grave quanto a edição de uma lei.

Esse é o entendimento manifestado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – TJSP, no que tange ao exercício do poder de legislar atribuído aos Municípios dentro da ordem constitucional vigente, in verbis:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – Lei nº 6.555, de 20-5-2019, do Município de Sertãozinho, que 'dispõe sobre a exibição de aviso nos supermercados e rede de mercados de produtos produzidos exclusivamente no âmbito do município de Sertãozinho e dá outras providências' – Produção e consumo – Incompatibilidade com o art. 24, V, e § 1º, 30, I e II, da CF/88.

I – Usurpação de competência. Produção e consumo.

Competência concorrente. Questão que envolve interesse nacional, regional e local. Competência legislativa da União para estabelecer normas gerais e dos Estados e Municípios para suplementar a legislação federal, no que couber. Legislação suplementar que deve apenas complementar, suprir as diretrizes gerais instituídas pela União. Art. 24, V, § 1º.

Inconstitucionalidade. Ocorrência.

II – Usurpação de competência. Inexistência de conflito entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo, no âmbito do Município de Sertãozinho. Lei que não veicula atos de gestão. Competência legislativa comum. Tema de Repercussão Geral nº 917.

III – Criação de despesas. Eventual ausência de receitas acarreta, no máximo, a inexequibilidade da norma no mesmo exercício em que foi promulgada.

IV – Princípio da causa de pedir aberta. Violação aos princípios da livre iniciativa e livre concorrência. Ocorrência. Norma privilegia o produtor local e limita a forma de expor produtos comercializados, nas gôndolas.

V – Inconstitucionalidade reconhecida. Ação procedente. ” (ADI TJ-SP nº º 2203456-72.2019.8.26.0000 – Município de Sertãozinho – relator Desembargador Carlos Bueno – V. U. – j.

29/01/2020) – grifos nossos

Do corpo do v. Acórdão, por relevante para o deslinde da questão sob análise, trazemos à colação o seguinte excerto:

“A ação procede.

O Prefeito do Município de Sertãozinho ajuizou ação direta, requerendo a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 6.555, de 20-5-2019, de iniciativa parlamentar, que institui obrigação ao PROCON e determina a exibição de aviso nas gôndolas de supermercados e de redes de mercados estabelecidos no Município de Sertãozinho, de que o produto fora fabricado/produzido no âmbito do Município de Sertãozinho.

Argumenta o requerente que o ato, além de criar despesas sem indicar a fonte de custeio, viola o princípio da separação dos poderes e do pacto federativo.

A norma impugnada, de autoria de vereador, versa sobre oferta e apresentação de produtos nas gôndolas de supermercados instalados no Município de Sertãozinho. Ou seja, disciplina obrigações relativas a produção e consumo.

[...]

Além disso e principalmente, a norma é inconstitucional porque houve violação ao pacto federativo. O assunto foge à competência legislativa do Município, por se tratar de norma relativa a consumo, tema sobre o qual compete concorrentemente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e ao Município legislar: à União, expedindo normas gerais e aos Estados, Distrito Federal e Municípios, suplementando a legislação federal.

No modelo de federação adotado no Brasil, a Constituição Federal atribuiu às pessoas políticas de Direito Público Interno parcelas de poder de modo a permitir-lhes a auto-organização político-administrativa, ao exercer as competências administrativa e legislativa inerentes a cada ente federado.

“A nossa Constituição adota esse sistema complexo que busca realizar o equilíbrio federativo, por meio de uma repartição de competências que se fundamenta na técnica da enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (art. 25, § 1º) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (art. 30), mas combina, com essa reserva de campos específicos (nem sempre exclusivos, mas apenas privativos), possibilidades de delegação (art. 22, parágrafo único), áreas comuns em que se preveem atuações paralelas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e setores concorrentes entre União e Estados em que a competência para estabelecer políticas gerais, diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União, enquanto se defere aos Estados e até aos Municípios a competência suplementar.” (José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, 33ª ed. rev. e atual. até a Emenda Constitucional n. 62, de 9.11.2009, publicada em 12.12.2009. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 479).

Essa repartição constitucional de competências legislativa e administrativa é pressuposto da existência do federalismo brasileiro. Excluindo a competência material exclusiva da União, art. 21 da CF/88, e a legislativa privativa da União e dos Municípios, arts. 22 e 30, I, da CF/88, a competência material comum entre União, Estados e Municípios, art. 23 da CF/88, a legislativa concorrente da União, Estados, art. 24, e Municípios, arts. 24 e 30, II, da CF/88, e a competência residual dos Estados, art. 25, § 1º, deve-se observar o princípio da predominância do

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interesse: à União caberá atuar administrativamente e legislar sobre matérias e questões de interesse geral, aos Estados caberá as matérias de predominante interesse regional e as de interesse local, aos Municípios.

Cotejando o texto da lei municipal com os preceitos da CF/88 utilizados como parâmetro de constitucionalidade, verifica-se a ocorrência de usurpação de competência legislativa concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal, pelo Município de Sertãozinho, na medida em que a norma contrariou o conceito de Federação, mais precisamente os princípios que regem a matéria da repartição constitucional de competências. O inciso V do artigo 24 da CF/88 estabelece ser da competência concorrente da União, dos Estados, do Distrito Federal legislar sobre produção e consumo.” – grifos nossos

Evidente, portanto, que na repartição das competências administrativas e legislativas entre os Entes Públicos, o constituinte de 1988 vedou aos Municípios a atribuição para legislar sobre produção e consumo, salvo para suplementar a legislação federal e estadual em vigor e, desde que haja evidente interesse local, a ser resguardado por norma diversa daquela aplicável nas demais localidades.

E por força do disposto no artigo 144 da Constituição do Estado de São Paulo, os municípios paulistas estão obrigados a observar e obedecer às normas e princípios da Constituição Federal.

Trata-se, no caso, de inconstitucionalidade material, decorrente da afronta direta a normas ou princípios de índole constitucional.

A propósito do vício de inconstitucionalidade material, Luís Roberto Barroso afirma que ele:

“...expressa uma incompatibilidade de conteúdo, substantiva, entre a lei ou ato normativo e a Constituição. Pode traduzir-se num confronto com uma regra constitucional (...) ou com um princípio constitucional (...). O controle material de constitucionalidade pode ter como parâmetro todas as categorias de normas constitucionais: de organização, definidoras de direitos e programáticas (...). O reconhecimento da inconstitucionalidade de um ato normativo, seja em decorrência de desvio formal ou material, produz a mesma consequência jurídica: a invalidade da norma...”. (in Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro – Saraiva – SP, 2009.

3ª Ed. rev. e atual., pag. 29) – grifo nosso

Demais disso, a propositura padece, também, de vício de iniciativa, por atribuir ao PROCON, órgão integrante da estrutura administrativa do Poder Executivo, a competência para fiscalizar o cumprimento da aplicação.

O caso é de inconstitucionalidade formal. O sistema constitucional vigente no Brasil reserva ao chefe do Poder Executivo, com total exclusividade, a iniciativa para legislar

sobre a organização da administração pública, o que engloba o deferimento de atribuições para os órgãos integrantes da estrutura do Poder Executivo. E a violação dessa regra implica na inconstitucionalidade do ato normativo.

Deve-se entender por organização administrativa do Poder Executivo o conjunto integrado pela totalidade da sua estrutura, com os seus órgãos de atuação – envolvendo a administração direta e indireta, as respectivas atribuições e formas de funcionamento; os cargos públicos e respectivas atribuições, a política de pessoal; os programas de ação governamental, projetos e políticas de governo e, ainda, a normatização, o planejamento e o ordenamento urbano; bem como a organização, a execução e a direção dos serviços públicos de sua competência.

Em qualquer uma das matérias acima relacionadas não cabe ao Poder Legislativo a atribuição de iniciar o processo de elaboração.

De acordo com a sempre precisa lição de Hely Lopes Meirelles in verbis:

“... São, pois, de iniciativa exclusiva do prefeito, como chefe do Executivo local, os projetos de leis que disponham sobre a criação, estruturação e atribuição das secretarias, órgãos e entes da Administração Pública Municipal; matéria de organização administrativa e planejamento de execução de obras e serviços públicos; criação de cargos, funções ou empregos públicos na Administração direta, autárquica e fundacional do Município;

regime jurídico e previdenciário dos servidores municipais, fixação e aumento de sua remuneração; plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual e créditos suplementares e especiais. Os demais projetos competem concorrentemente ao prefeito e à Câmara Municipal, na forma regimental. ” (in Direito Municipal Brasileiro, Ed. Malheiros, São Paulo, 2014, p. 633) – grifos nossos

A propositura sob análise estabelece, no seu artigo 4º, atribuições para um órgão que integra a estrutura administrativa do Poder Executivo.

Em casos assim, a competência para iniciar o processo legislativo, quando necessidade de lei, pertence exclusivamente ao prefeito municipal, como atribuição e prerrogativa do cargo para o qual foi eleito. E se o prefeito não toma a iniciativa, a Constituição não permite que o vereador o substitua. Ao contrário, o texto constitucional veda tal substituição.

É que, conforme destaca o ilustre Professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho:

“... o aspecto fundamental da iniciativa reservada está em resguardar a seu titular a decisão de propor direito novo em

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