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Ergonomia: estudo das condições do posto de trabalho de uma odontóloga

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

LUCAS MORAIS NEVES

ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE UMA ODONTÓLOGA

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2

LUCAS MORAIS NEVES

ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE UMA ODONTÓLOGA

Monografia apresentada ao Curso de

Administração da Faculdade de

Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração.

Orientador: Carlos Manta Pinto de Araújo, MS.

FORTALEZA

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DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação UniversidadeFederaldoCeará

BibliotecadaFaculdadedeEconomia,Administração,Atuária,ContabilidadeeSecretariadoExecutivo

N425e Neves,LucasMorais.

Ergonomia:estudodascondiçõesdopostodetrabalhodeumaodontóloga/LucasMoraisNeves.– 2014.

74f.:il.color.;enc.

Monografia(Graduação)–UniversidadeFederaldoCeará,FaculdadedeEconomia,

Administração,Atuária,ContabilidadeeSecretariadoExecutivo,CursodeAdministração,Fortaleza, 2014.

Orientação:Prof.Me.CarlosMantaPintodeAraújo. 1.Ergonomia.2.Doençasprofissionais.I.Título.

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LUCAS MORAIS NEVES

ERGONOMIA: ESTUDO DAS CONDIÇÕES DO POSTO DE TRABALHO DE UMA ODONTÓLOGA

Esta monografia foi submetida ao Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Administração, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da aprovação: ___ de ___________ de _____.

Nota

___________________________________ _____

Prof. Carlos Manta Pinto de Araújo

Orientador

Nota

___________________________________ _____

Prof. Jacqueline Maciel Pombo

Membro da Banca Examinadora

Nota

___________________________________ _____

Prof. Elidihara Trigueiro Guimarães

(5)

5

“ A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original. ”

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(7)

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, à minha mãe, Ana Cleuma Moura Morais, que sempre me incentivou, me apoiou, me deu forças e me ajudou a realizar este trabalho.

Ao meu pai, Sérgio Faria Neves, que mesmo morando em outra cidade sempre me motivou e me deu força.

Ao meu irmão, Pedro Morais Neves, pelo carinho nesse momento importante da minha vida e por sempre me ajudar.

Ao meu orientador e professor, Carlos Manta Pinto de Araújo, que me ajudou a concretizar este sonho.

A todos os meus amigos que me ajudaram e entenderam esse momento feliz da minha vida.

A banca examinadora por aceitarem meu convite.

(8)

8 Resumo

Quando se fala em trabalho, muitas vezes não se importa com o modo com que ele será realizado, e sim se conseguirão realizá-lo e os benefícios financeiros que ele trará, deixando de lado o que se tem de mais precioso: a saúde, seja ela própria, no caso de um trabalhador autônomo ou de um funcionário, no caso de uma empresa. Com isso, esse trabalho trata de um tema muito importante para a saúde do trabalhador, a ergonomia. Ela deve ser utilizada em todos os componentes do posto de trabalho, não somente na cadeira de trabalho ou na posição correta de sentar-se, mas também na iluminação, temperatura, ruídos, dentre outros. Este trabalho realiza um estudo das normas ergonômicas em um consultório odontológico e um questionário com uma dentista, a fim de informar e ressaltar que a não realização dessas normas ergonômicas poderá gerar doenças ocupacionais, estresses etc. Com isso, a ergonomia também melhora a autoestima e, consequentemente, a produtividade do trabalhador. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, análise in loco e, também, uma entrevista através de um questionário com a cirurgiã-dentista Dra. Ana Cleuma Moura Morais.

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9 Abstract

When the point is work, often do not care about the way he will be held, but whether it can be accomplished and the financial benefits it will bring, leaving aside what is most precious: the health, either itself, in the case of an independent contractor or an employee of a company in the case. Thus, this work is about a very important theme for the worker´s health, the ergonomics issue. It should be used in all components of the job, not only in the chair at work or in the correct position to sit, but also in the lighting, temperature, noise, among others. This research conducts a study of ergonomic standards in a dental office and a questionnaire with a dentist in order to inform and emphasize that not performing them may generate occupational diseases, stress etc.. Therefore, ergonomics also improves self-esteem and, consequently, worker productivity. The used methodology is a bibliographic research, a local analysis and also an interview using a questionnaire with a dentist Dr. Ana Cleuma Moura Morais.

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Limites de tolerancia para ruído contínuo e intermitente…..…23

Quadro 02 – Tabela de iluminancia e tipos de ambiente…………...…...27

(11)

11 LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Ergonomia Física………...……...17

Figura 02 – Ergonomia Cognitiva………....……..…...………...18

Figura 03 – Ergonomia Organizacional………...……….………...18

Figura 04 – Temperatura x Queda da produtividade…………...….……...22

Figura 05 – Escala de ruído, em decibéis (dB), desde confortável até prejudicial à saúde ...24

Figura 06 – Trabalhador exposto à vibração……...…….………...25

Figura 07 – Trabalhador exposto a agente químicos……...………...26

Figura 08 –Trabalhador exposto a má iluminação…..………...30

Figura 09 – Posicionamento de trabalhador sentado………...……...33

Figura 10 – Posicionamento de bancadas de trabalho para trabalho em pé....34

Figura 11 – Representação esquemática da posição correta de levantamento e transporte de cargas………....…36

Figura 12 –Movimentos para ginástica laboral para prevenção das L.E.R...39

Figura 13 – Equipamentos odontológicos ruidosos….………...62

Figura 14 – Equipamentos odontológicos ruidosos ………...62

Figura 15 – Equipamentos odontológicos ruidosos ………...62

Figura 16 – Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos....62

Figura 17 – Produtos químicos utilizados em procedimentos odontológicos....62

Figura 18 – A odontóloga e os E.P.I.s………...…………...63

Figura 19 – Mocho………....………...64

Figura 20 – Mocho da dentista e da ASB………...64

Figura 21 – Cadeira odontológica………..………...65

Figura 22 – Cadeira odontológica……….. ………...65

Figura 23 – Equipo………...65

Figura 24 – Refletor odontológico………...66

Figura 25 – Refletor odontológico………...66

Figura 26 – Equipamentos cobertos com filme plástico transparente…...67

Figura 27 – Equipamentos cobertos com filme plástico transparente...67

Figura 28 – Posições de trabalho da dentista e da ASB….…………...68

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12 SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...14

2. ERGONOMIA: CONCEITOS E PRESCRIÇÕES...16

2.1 – Tipos de abordagens ergonômicas...17

2.1.1 – Áreas ergonómicas………...17

2.1.2 – Abordagens em ergonomia...19

2.1.3 – Contribuições ergonômicas………...19

2.1.4 – Aplicações da ergonomía………...20

2.1.5 – Benefício da ergonomía...20

2.2 – Ambiente...21

2.2.1 – Temperatura...21

2.2.2 – Ruídos...23

2.2.3 – Vibrações...25

2.2.4 – Agentes Químicos………...26

2.2.5 – Iluminação...27

2.2.6 – Cores...30

2.3 – Postura e Movimento...31

2.3.1 – Postura...32

2.3.2 – Movimento...35

2.4 – Riscos Ergonômicos...37

2.4.1 – Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.) / Disturbio Osteomuscular Relacionado ao Ttrabalho (D.O.R.T.)...38

3. ERGONOMIA NAS PRÁTICAS DA ODONTOLOGIA...40

3.1 – Processos de intervenção ergonômica: análise ergonômica dos postos de trabalho...40

3.1.1 – Estudo do posto de trabalho: abordagem tradicional e ergonômica...40

3.2 – Análise ergonômica da demanda: conceitos e práticas odontológicas relacionadas com a ergonomia......41

3.2.1 – Posições de trabalho...41

3.2.2 – Os componentes do consultório...43

3.2.3 – Epidemiologia das tecnopatias odontológicas (doenças ocupacionais)... 46

3.2.4 – Etiologia das tecnopatias na prática odontológica...48

3.3 – Análise ergonômica da tarefa...53

3.3.1 – Princípios de prevenção das tecnopatias...53

3.4 – Análise ergonômica das atividades...56

3.4.1 – Posicionamento adequado de trabalho...57

3.4.2 – Odontologia a quatro mãos...58

3.5 – O diagnóstico em ergonomia...58

(13)

4.1 – Análise das normas ergonômicas em um posto de trabalho

odontológico...61

4.2 – Entrevista com uma profissional da área odontológica...69

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...73

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CAPÍTULO 01 - INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, é frequentemente mencionada nos meio de comunicação de massa a sobrecarga de alguns segmentos profissionais na tentativa de obterem níveis de renda compatíveis com as suas exigências pessoais e profissionais. Além deste fator, é também evidente a rápida transformação pela qual a maioria das profissões passa com as inovações disseminadas pelos meios de comunicação. Isto demanda aos segmentos profissionais uma imposição em se manter atualizado com novos padrões de conhecimento e práticas profissionais. Estes aspectos compõem cenários que são agravados por uma competitividade entre profissionais na tentativa de marcarem seus espaços de atuação. Nestes, provavelmente, em um mercado cada vez mais competitivo, os profissionais acabam se preocupando pouco ou quase nada com a sua própria segurança e bem-estar no trabalho.

Esta problemática pode também ser identificada na atuação do profissional odontológico, pois ele realiza muitos movimentos repetitivos e tem contato próximo com altos ruídos e iluminações inadequadas por um grande período de tempo, equipamento perfurante, produtos químicos, dentre outros possibilitadores de ofensa a sua saúde. Apesar de não serem encontrados dados estatísticos relatando a ocorrência de L.E.R./DORT1, autores como Araújo e De Paula (2003) relatam tanto os diversos fatores de risco, assim como, as ocorrências destes decorrentes que, em alguns casos, acabavam fazendo com que esses profissionais se aposentassem precocemente por causa dessas doenças. Nas empresas de modo geral existem CIPAS como unidades responsáveis pela prevenção de acidentes profissionais.

Apesar da relevância do tema fica a seguinte questão: como se apresenta um posto de trabalho em uma entidade e quais as normas internas institucionalmente difundidas no sentido de prevenção de LER/DORT de profissionais odontólogos?

As doenças resultantes de LER/DORT são na sua maioria dos casos dolorosas e de difícil e prolongado tratamento, sendo que, em alguns casos

1

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irreversíveis. Além disso, a importância do tema além da proteção preventiva aos profissionais odontólogos contribui também para a imagem das instituições públicas ou privadas de assistência à saúde. Sob o ponto de vista da seguridade social é também relevante o relato de muitos afastamentos, alguns deles permanentes, por motivo de doenças ocupacionais.

O trabalho tem como objetivos: descrever um posto de trabalho de uma odontóloga em uma unidade de um órgão privado adotando o método para a composição do caderno de encargos e recomendações ergonômicas. Além desse, como segundo objetivo identificar as orientações prescritivas orientando odontólogos, preventivamente, a LER/DORT existentes na instituição observada.

O estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica sobre ergonomia, observação no posto de trabalho e na entrevista de uma profissional da área odontológica, que auxiliou no preenchimento do caderno de encargos de recomendações ergonômicas.

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CAPÍTULO 02 - ERGONOMIA: CONCEITOS E PRESCRIÇÕES

Ergonomia é uma palavra de origem grega, que significa normas ou leis de trabalho, pois é derivada dos termos ergo que significa trabalho e momos

que significa leis ou normas, podendo ser definida como: a ciência da configuração de trabalho adaptada ao homem – Grandjean (1998).

Segundo o doutor em ergonomia Itiro Iida, a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, sendo trabalho toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, envolvendo não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados. Já a definição formal da Ergonomia adotada pela IEA (International ErgonomicsAssociation) é:

Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que estuda as interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. ( DUL, WEERDMEESTER, 2004, p.1)

Sendo, a ergonomia, uma ciência multidisciplinar, com base formada em várias outras ciências, que tenta adaptar os instrumentos, condições e ambiente de trabalho as capacidades psicofisiológicas, antropométricas e biomecânicas do trabalhador que está exercendo aquela função, a fim de aperfeiçoar o estudo do sistema homem-máquina-ambiente de trabalho, visando sempre adequar o trabalho ao homem.

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Pelo fato da adaptação do trabalho ocorrer, geralmente, do trabalho para o homem, sendo mais difícil adaptar o homem ao trabalho, a ergonomia parte do conhecimento do homem para realizar o projeto do trabalho, adequando às capacidades e limitações humanas. Para isso, a ergonomia estuda o homem; suas características físicas, fisiológicas, psicológicas e sócias do trabalhador, influência do sexo, idade, treinamento e motivação, a máquina; sendo todo o material que o homem utiliza no seu trabalho, como equipamentos, ferramentas, mobiliários e instalações, o ambiente; sendo o ambiente físico que envolve o homem em seu período de trabalho, como a temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, gases e outros, a informação; sendo a comunicação existente entre os elementos de um sistema, a transmissão de informações, o processamento e a tomada de decisões, a organização e as consequências do trabalho.

2.1 Tipos de abordagens ergonômicas

Atualmente, decorrente do grande avanço tecnológico, estão surgindo cada vez mais trabalhos humanos em ambientes complexos, o que faz com que a ergonomia ganhe um espaço cada vez maior no mercado, já que ela tem como objetivo principal apresentar soluções e propostas para um trabalho melhor.

2.1.1 Áreas ergonômicas

Segundo a IEA, existem três áreas de especialização da ergonomia, sendo elas a ergonomia física, a ergonomia cognitiva e a ergonomia organizacional.

Figura 1: Ergonomia física.

(18)

Ergonomia Física: conforme ilustra a figura 1, é relativa às características da

anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à atividade física; tendo como objeto de estudo a postura do trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde.

Figura 2: Ergonomia cognitiva.

Fonte: ergonomia-cognitiva.com/en

Ergonomia Cognitiva: envolvendo processos mentais, tais como percepção,

memória, raciocínio, e resposta motora, conforme afetam interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Abordam carga mental de trabalho, tomada de decisão, performance especializada, interação homem-computador, stress, como mostra a figura 2, e treinamento conforme estes se relacionam aos projetos que envolvam seres humanos e sistemas.

Figura 3: Ergonomia organizacional.

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Ergonomia Organizacional: refere-se à otimização dos sistemas sócio

técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos: comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações, projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, como ilustrado na figura 3, projeto participativo, ergonomia comunitária e trabalho cooperativo, novos paradigmas do trabalho, cultura organizacional, organizações em rede, tele trabalho e gestão da qualidade.

2.1.2 Abordagens em ergonomia

A ergonomia pode variar de acordo com a abrangência com que ela é realizada na organização, a fim de proporcionar melhorias nas situações de trabalho dentro da empresa, podendo ser, essa abrangência, de duas formas possíveis, classificada em análise de sistemas e análise dos postos de trabalho.

Análise de sistemas: É uma análise mais global, pois se preocupa com o funcionamento global de vários trabalhadores ou uma equipe de trabalho usando uma ou mais máquinas.

Análise dos postos de trabalho: analisa uma parte do sistema onde atua um trabalhador, fazendo a análise da tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador e das suas exigências físicas e psicológicas.

2.1.3 Contribuições ergonômicas

A contribuição ergonômica pode ser classificada, segundo Iida, como, concepção, correção, conscientização, participação, produto e produção:

Ergonomia de concepção: ocorre quando a contribuição ergonômica se faz durante a fase inicial de projeto do produto, da máquina ou do ambiente, podendo as alternativas ser amplamente examinadas, pois as decisões são tomadas em cima de situações hipotéticas.

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excessiva, em doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da produção.

Ergonomia de conscientização: é a conscientização do trabalhador, através de cursos de treinamento e reciclagens, ensinamentos de segurança e os fatores de risco que podem ocorrer no ambiente de trabalho como, por exemplo, em uma situação de defeito na máquina, o procedimento correto a ser tomado.

Ergonomia de participação: procura envolver o próprio usuário do sistema, na solução de problemas ergonômicos. Podendo ser o trabalhador, no caso de posto de trabalho ou consumidor, no caso de produtos de consumo.

Segundo Alain Wisner (1987), ele ainda distingue dois campos principais:

Ergonomia do produto: concepção de produtos com atenção voltada para sua otimização ao bem-estar do usuário, considerando suas características e necessidades de conforto e segurança;

Ergonomia da produção: ocupa-se da organização dos métodos de trabalho, da distribuição de tarefas, do desenvolvimento de padrões e protocolos com treinamento constante.

2.1.4 Aplicações da ergonomia

A ergonomia deve ser aplicada desde o início do projeto de uma máquina, ambiente ou local de trabalho, sempre visando a saúde e a segurança do trabalhador.

Nos dias atuais, a ergonomia não se resume mais, somente, ao trabalho, mas também já são realizados estudos ergonômicos para melhorar as residências, a circulação de pedestres em locais públicos, ajudar pessoas com deficiência física etc.

2.1.5 Benefício da ergonomia

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mesmo a se transformar em crônicas com o tempo etc., benefícios também para o empresário, em caso de patrão, ou para o próprio trabalhador, se ele for autônomo, como no caso de um odontólogo, por exemplo, pois a ergonomia faz com que a produtividade melhore bastante, decorrente do aumento do rendimento do trabalhador, que se sente, inclusive, mais motivado ao realizar sua tarefa.

Segundo Iida (2005, pag.22):

Os benefícios são representados pelos bens e serviços produzidos. No caso de uma mudança proposta na produção, devem ser estimados os aumentos de produtividade e de qualidade, a redução dos desperdícios, as economias de energia, mão-de-obra, manutenção, e assim por diante. Existem outros benefícios de mais difícil mensuração, como redução das faltas de trabalhadores devido a acidentes e doenças ocupacionais. Finalmente, existem os benefícios chamados de intangíveis, que não podem ser calculados objetivamente mas apenas estimados, mas nem por isso menos importantes, como a satisfação do trabalhador, o conforto, a redução da rotatividade e o aumento da motivação e da moral dos trabalhadores.

2.2 Ambiente

As condições ambientais de trabalho são de suma importância para o desempenho e a saúde do trabalhador, sendo amplamente estudado na ergonomia, pois influenciam no desempenho do trabalho humano e estão diretamente relacionados com a tensão sofrida pelo funcionário, o aumento da satisfação no trabalho, a melhoria da produtividade, a redução da fadiga e de acidentes, dentre outros fatores.

Sendo estudado dentro do ambiente de trabalho: a temperatura, os ruídos, as vibrações, os agentes químicos, a iluminação e as cores.

2.2.1 Temperatura

O clima, principalmente a temperatura e a umidade ambiental, influi diretamente no desempenho do trabalho humano, tanto sobre a produtividade como sobre os riscos de acidentes, segundo Iida.

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19°C, havendo um aumento expressivo a partir dos 24°C. A probabilidade de acidentes no trabalho também tende a crescer depois dos 20°C. Para se ter uma noção da importância da temperatura, um trabalhador operando em um ambiente de trabalho a 28°C tem sua eficiência reduzia em 41% se comparada ao mesmo trabalho realizado a uma temperatura de 19°C. Tanto as pausas como o índice de acidentes crescem para temperaturas abaixo de 19°C.

Tanto o trabalho a altas temperaturas quanto a baixas temperaturas, sem a proteção física adequada, são prejudiciais à saúde do trabalhador, pois além de interferirem no rendimento profissional, podem trazer sérios problemas à saúde, como por exemplo: o trabalhador vir a sofrer um colapso, pelo fato da desidratação pelo excesso de suor e reposição insuficiente dos sais minerais, causados pelo extremo excesso de calor. Também há problemas causados pelo excesso do frio, pois ele exige maior esforço muscular.

Existem diversas pesquisas comprovando a influencia do clima no desempenho de tarefas mentais (Bridger, 2003), como ilustra a figura 4, pois as temperaturas extremas dificultam a concentração mental, porque a sensação de desconforto provoca distrações, o que interfere, diretamente, no rendimento do trabalhador.

Figura 4: Temperatura x Queda da produtividade.

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2.2.2 Ruídos

Os ruídos são motivos de uma das maiores queixas nos ambientes de trabalho, sendo até 90 dB2, o nível máximo para que não haja danos aos órgãos auditivos. Porém, entre 70 e 90 dB eles já dificultam a conversa e a concentração, e podem provocar aumento dos erros e redução do desempenho, portanto, para ambientes de trabalho, o nível que se torna ideal, seria abaixo de 70 dB. Segue abaixo, no quadro 1, os limites toleráveis a ruídos em diversos tipos de atividades.

Quadro 1: Limites de tolerância para ruído contínuo e intermitente.

Fonte: MTE Ministério do Trabalho e Emprego3

Uma das doenças causadas pela exposição constante a altos ruídos é a surdez, que por sua vez, pode ser classificada de duas formas possíveis: a surdez de condução e a surdez nervosa.

2

dB decibel, unidade acústica de medida de intensidade sonora com o apoio do decibelimetro 3

(24)

Surdez de condução: é a redução da capacidade para transmitir as vibrações, partindo do ouvido externo para o interno, podendo ser causada por vários fatores, como acumulo de cera, infecção ou perfuração do tímpano.

Surdez nervosa: ocorre no ouvido interno e é gerada pela redução da sensibilidade das células nervosas da cóclea, devido a exposições duradouras a ruídos intensos.

A surdez pode ser temporária, reversível, quando o trabalhador recebe durante um dia inteiro um ruído em elevados índices de dB por exemplo, sendo o problema sanado após um dia de descanso, ou pode ser uma surdez irreversível, caso esse trabalhador não dê o repouso necessário aos seus ouvidos e permaneça sendo exposto a elevados índices de ruídos, levando em conta também a frequência e a intensidade, havendo um efeito cumulativo, podendo fazer com que a surdez temporária se transforme em permanente, de caráter irreversível. O que pode vir, com a perda da audição, a prejudicar e muito a qualidade do trabalho e a carreira do trabalhador.

Figura 5: Escala de ruído, em decibéis (dB), desde confortável até prejudicial à saúde.

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2.2.3 Vibrações

As vibrações, quando de forma direta sobre o corpo humano, podem ser extremamente graves, podendo, até mesmo, danificar permanentemente alguns órgãos do corpo humano, e trazer problemas ao trabalhador como perda de equilíbrio, falta de concentração e visão turva, diminuindo a acuidade visual.

Em alguns casos, como os trabalhadores florestais que usam motosserra, por exemplo, pode haver uma degeneração gradativa do tecido vascular e nervoso, o que pode vir a causar a perda da capacidade manipulativa e o tato nas mãos, o que dificulta o controle motor, conforme ilustra a 6.. Em casos de vibrações intensas, também pode vir a ocorrer dormência dos dedos e perda de coordenação motora, ou provocarem enjoos, interferência na fala e confusão visual. A exposição ininterrupta pode levar a lesões da coluna vertebral, desordem gastrointestinal e perda de controle muscular de partes do corpo.

Segundo Iida (2005, pág. 513), as frequências intermediárias, de 30 a 200 Hz provocam doenças cardiovasculares mesmo com baixas amplitudes 1mm) e, nas frequências altas, acima de 300 Hz4, o sintoma é de dores agudas e distúrbios neurovasculares. Alguns desses sintomas são reversíveis. Após um longo período de descanso, eles podem reduzir-se, mas retornam rapidamente se o organismo for novamente exposto às vibrações.

Figura 6: Trabalhador exposto à vibração.

Fonte: porto100riscos.blogspot.com.br

4

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2.2.4 Agentes Químicos

Segundo Itiro Iida (2005, p.519), os agentes químicos nocivos à saúde atingem o organismo por via da ingestão, contato com a pele e inalação. Este último é o mais frequente em ambientes de trabalho e é chamado genericamente de aerodispersoides, e classificam-se em: poeiras, fumos, gases, vapores e neblinas.

Muitos agentes químicos podem causar sérios problemas à saúde do trabalhador, e são comumente encontrados em vários ambientes de trabalho, como por exemplo: o Monóxido de carbono, que pode causar falta de ar, tontura, confusão mental, dores de cabeça, inconsciência e até mesmo riscos de morte, ilustrado na figura7; Metais pesados; Solventes; Sílica, que causa lesões crônicas irreversíveis nos pulmões; Fumaças, Gases e Vapores tóxicos; Agrotóxicos; Radiações ionizantes, que podem causar doenças de pele, leucemia, perdas de cabelo, alterações na composição sanguínea e úlceras; dentre outros.

Figura 7: Trabalhador exposto a agentes químicos.

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2.2.5 Iluminação

A luz solar, além de proporcionar um efeito benéfico no organismo humano, melhorando a saúde e o humor, ela também aumenta a satisfação no trabalho e a produtividade, além de reduzir a fadiga e os acidentes, isso quando realizado com um planejamento da iluminação e das cores.

Após a luz incandescente ser inventada por Thomas Edison (1847-1931) em 1878, a vida ativa da população mundial teve um aumento de mais de quatro horas diárias, sendo um dos inventos que mais contribuiu para o aumento da produtividade humana, o que faz da iluminação um dos principais fatores ambientais que influencia no desempenho do trabalho humano.

Os projetos e avaliações da iluminação nos postos de trabalho são realizados através da fotometria, que é, justamente, a realização das medidas da luz, sendo essas medidas essenciais para a realização desses projetos e avaliações.

A iluminação, por interferir diretamente na visão, influencia na capacidade de discriminação visual através de alguns fatores que podem ser corrigidos em um posto de trabalho, como a quantidade de luz, o tempo de exposição e o contraste entre figura e fundo. Segundo Itiro Iida (2005, p.463):

Quadro 2: Tabela de iluminância e tipos de ambiente5.

Fonte: UNICAMP

5

Tabela obtida no site http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/tabelas/luminotecnica.pdf

(28)

Quantidade de luz: O rendimento visual tende a crescer, a partir de 10 lux até cerca de 1 000 lux, enquanto a fadiga visual se reduz nessa faixa. A partir desse ponto, os aumentos do iluminamento não provocam melhoras sensíveis do rendimento, mas a fadiga visual começa a aumentar. Dessa forma, recomenda-se usar 2 000 lux6 praticamente como o máximo. Em alguns casos excepcionais, para montagens ou inspeções de peças pequenas e complicadas, com pouco contraste, pode-se chegar a 20 000 lux, como mostra o quadro 1, porém deve-se utilizar por baixa duração.

Tempo de exposição: O tempo de exposição, para que um objeto possa ser discriminado, depende do seu tamanho, contraste e nível de iluminamento. Na maioria dos casos, é suficiente o tempo de 1 segundo para que haja uma boa discriminação. Se os objetos forem pequenos e o contraste for baixo, o tempo necessário poderá crescer sensivelmente. Por exemplo, para objetos pequenos, se o contraste for reduzido de 70 para 50%, o tempo necessário aumentará em 4 vezes.

Contraste entre figura e fundo: O contraste é a diferença entre a figura e o fundo. Se não houver esse contraste, a figura ficará camuflada e não será visível. Sendo, o contraste um conceito relativo e não depende apenas do iluminamento absoluto da figura. O contraste indica também a proporção adequada de luminância entre a área de trabalho e o ambiente imediato. Dessa forma, não se recomenda o uso de revestimentos brancos em mesas de trabalho para manipulação de papéis. É preferível usar um tom cinza ou beje que a folha branca possa destacar-se sobre o fundo.

Um dos problemas da má iluminação, segundo Itiro Iida (2005, p.468), é a fadiga visual, que é caracterizada pelo piscar dos olhos e lacrimejamento. A frequência do piscar vai aumentando, a visão torna-se ‘’borrada’’ e se duplica. Tudo isso diminui a eficiência visual. Em grau mais avançado, ela provoca dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional. Em consequência, há quedas do rendimento e da qualidade do trabalho.

6

(29)

Pode-se evitar a fadiga visual através da correção da iluminação no ambiente de trabalho, com um planejamento da iluminação, assegurando a focalização do objeto a partir de uma postura confortável. A luz também deve ser planejada para não criar sombras, ofuscamentos ou reflexos indesejáveis. Além da iluminação adequada do objeto, a iluminação do fundo deve permitir um descanso visual durante as pausas e aliviar o mecanismo de acomodação. Recomendam-se pausas frequentes, mesmo que sejam de curta duração, podendo ser de 5 minutos a cada 1 hora ou até mais curtas e mais frequentes, de 1 minuto a cada 10 minutos de trabalho.

Segundo Itiro Iida (2005, p.475), as recomendações sobre iluminação são:

• Sempre que possível, aproveitar a iluminação natural, evitando-se a incidência direta da luz solar sobre superfícies envidraçadas;

• As janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas de formatos mais altos na vertical, são mais eficazes para permitir uma penetração mais profunda da luz;

• A distância da janela ao posto de trabalho não deve ser superior ao dobro da altura da janela, para o aproveitamento da luz natural;

• Para reduzir o ofuscamento: a) usar vários focos de luz, ao invés de um único; b) proteger os focos com luminárias ou anteparos, colocando um obstáculo entre a fonte e os olhos; c) aumentar o nível de iluminação ambiental em torno da fonte de ofuscamento, para diminuir o brilho relativo; d) colocar as fontes de luz o mais longe possível da linha de visão; e) evitar superfícies refletoras, substituindo-as pelas superfícies difusoras;

• Para postos de trabalho onde se exigem maiores precisões, providenciar um foco de luz adicional, que pode ter um iluminamento de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente geral;

(30)

• A luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causar efeito estroboscópio7 em motores ou peças em movimento (se houver coincidência com a ciclagem de 60 hertz podem produzir uma imagem estática), havendo riscos de provocar acidentes;

• A intermitência da lâmpada fluorescente pode tornar-se incômoda para as pessoas sensíveis. Elas podem ser substituídas por lâmpadas eletrônicas com frequências de oscilação mais alta que pode ser identificada na figura 8;

Figura 8: Trabalhador exposto a má iluminação.

Fonte: tecnologia.uol.com.br

2.2.6 Cores

Um planejamento adequado de cores no ambiente de trabalho, aplicando-se cores claras em grandes superfícies, com contrastes adequados para identificar os diversos objetos, associado a um planejamento da iluminação, tem produzido economias de até 30% no consumo de energia e aumentos de produtividade que chegam a 80 ou 90%. Além do mais, o uso adequado de cores facilita as comunicações, contribui para reduzir os erros e, consequentemente, aumenta a eficiência no trabalho, segundo Itiro Iida (2005, p. 485).

7

(31)

2.3 Postura e movimento

A postura e movimento corporal têm grande importância na ergonomia. Tanto no trabalho como na vida cotidiana, eles são determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho. Para realizar uma postura ou um movimento, são acionados diversos músculos, ligamentos e articulações do corpo. Os músculos fornecem a força necessária para o corpo adotar uma postura ou realizar um movimento. Alguns movimentos, além de produzirem tensões mecânicas nos músculos e articulações, apresentam um gasto energético que exige muito dos músculos, coração e pulmões, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.5).

Quando nos referimos ao corpo humano, três áreas são de extrema importância para a ergonomia e servem de base para gerar recomendações sobre a postura e o movimento, são elas: a biomecânica, a fisiológica e a antropométrica.

A biomecânica aborda as leis físicas da mecânica ao corpo humano, estimando-se as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante uma postura ou um movimento. Os princípios mais importantes da biomecânica para a ergonomia, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.6), são:

• As articulações devem ocupar uma posição neutra; • Conserve os pesos próximos ao corpo;

• Evite curvar-se para frente; • Evite inclinar a cabeça • Evite torções no tronco;

• Evite movimentos bruscos que produzem picos de tensão; • Alterne posturas e movimentos;

• Restrinja a duração do esforço muscular contínuo; • Previna a exaustão muscular;

• Pausas curtas e frequentes são melhores.

(32)

músculos, para manter uma postura ou realizar movimentos. Alguns princípios fisiológicos que interessam à ergonomia são:

• O gasto energético no trabalho é limitado;

• Trabalhos pesados exigem pausas para recuperação;

A antropometria, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.10), ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano. Os princípios antropométricos que interessam à ergonomia são:

• Considere as diferenças individuais do corpo; • Use tabelas antropométricas adequadas;

2.3.1 Postura

Segundo Iida (2005), postura é o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço. A boa postura é importante para a realização do trabalho sem desconforto e estresse.

A postura correta é de extrema importância para a saúde do trabalhador, pois as más posturas ou posturas prolongadas podem prejudicar os músculos e as articulações. A postura é baseada de acordo com a tarefa ou o posto de trabalho. Quando passam por longos períodos de posturas sentadas ou em pé, provoca-se um estresse, problemas semelhantes ocorrem com o uso prolongado das mãos e dos pés.

O que define a melhor postura básica, sentada, em pé ou combinações sentada/em pé, são as características do cargo.

(33)

Para um trabalhador que exerce sua função, na maioria do tempo, sentado em um posto de trabalho, conforme figura 9, algumas regras são de extrema importância, segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.13), como, por exemplo:

Figura 9: Posicionamento de trabalhador sentado8.

Fonte: Google - imagens9

Para trabalho sentado

• Ajustar a altura do assento e a posição do encosto; • Usar cadeiras especiais para tarefas especiais; • A altura da superfície de trabalho depende da tarefa;

• Compatibilizar as alturas da superfície de trabalho e do assento; • Usar apoio para os pés;

• Evitar manipulações fora do alcance • Inclinar a superfície para leitura; • Deixar espaço para as pernas;

8(as indicações em vermelho são referentes a valores ajustados)

9

(34)

Figura 10: Posicionamento de bancadas de trabalho para trabalho em pé.

Fonte: Google imagens10

Para trabalhos em pé, as regras são:

• Alternar a posição em pé com aquela sentada e andando; • A altura da superfície de trabalho em pé depende da tarefa; • A altura da bancada deve ser ajustável;

• Não usar plataformas;

• Reservar espaço suficiente para pernas e pés; • Evitar alcances excessivos;

• Colocar uma superfície inclinada para leituras;

Se o trabalhador realiza seu trabalho na maioria do tempo em pé ou sentado, o importante é que ele realize constantemente mudanças na sua postura, podendo, para isso, introduzir variações nas suas tarefas e atividades, a fim de aliviar os problemas causados por posturas prolongadas.

A postura correta também serve para as mãos e os braços do trabalhador. De acordo com Dul e Weerdmeester (2004, p.23):

10

(35)

O trabalho por longos períodos, usando as mãos e os braços em posturas inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e ombros. Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver inflamação dos nervos, resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos. Dores no pescoço e nos ombros podem ocorrer quando se trabalha muito tempo com os braços levantados, sem apoio. Esses problemas ocorrem principalmente com o uso de ferramentas manuais. As dores se agravam quando há aplicação de forças ou se realizam movimentos repetitivos com as mãos. Em casos mais graves podem surgir lesões por traumas repetitivos, conhecidas como LER – lesões por esforços repetitivos, também chamadas de DORT – doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho. Podem-se conseguir posturas melhores com o posicionamento correto para a altura das mãos e uso de ferramentas apropriadas, selecionando a ferramenta correta, usando ferramentas com empunhaduras curvas para não torcer o punho, aliviando o peso das ferramentas, fazendo manutenção periódica das ferramentas, prestando atenção na forma da pega, evitando ações acima do nível dos ombros, evitando trabalhar com as mãos para trás etc.

2.3.2 Movimentos

Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p.27), vários tipos de tarefas exigem movimentos do corpo todo, exercendo força. Esses movimentos podem causar tensões mecânicas localizadas. Com o tempo, acabam causando dores. Os movimentos também podem exigir muita energia, provocando sobrecarga nos músculos, coração e pulmões, através da realização de esforços para levantar, carregar, puxar e empurrar cargas, por exemplo.

Ao realizar exercícios de levantamento de carga, tende-se tomar bastante cuidado, pois esse ainda é uma das maiores causas das dores nas costas, haja vista que muitos desses trabalhos que envolvem levantamento de carga não satisfazem aos requisitos ergonômicos. Algumas dicas, segundo Jan Dul, proporcionam uma melhor ergonomia para o levantamento de cargas, são elas:

• Restrinja o número de tarefas que envolvam a carga manual; • Crie condições favoráveis para o levantamento de cargas; • Limite o levantamento de cargas para 23 kg, no máximo; • Use a equação de NIOSH para estimar a carga máxima; • Escolha um valor adequado para a carga unitária;

(36)

• Os objetos devem ter alças para as mãos; • A carga deve ter uma forma correta;

• Use técnicas corretas para o levantamento de cargas; • Use uma equipe para cargas mais pesadas;

• Use equipamentos para levantamentos de cargas.

Figura 11: representação esquemática da posição correta de levantamento e transporte de cargas.

Fonte: Google – imagens11

Para o transporte de cargas vide figura, também se torna necessário tomar algumas medidas preventivas, já que enquanto se segura um peso, os músculos dos braços e das costas são submetidos a uma tensão mecânica contínua, são elas:

• Limite a carga transportada;

• Conserve a carga próxima do corpo • Coloque pegas bem desenhadas; • Evite carregar volumes desajeitados; • Evite carregar cargas com uma só mão; • Use equipamentos de transporte;

11

Disponível em http://riscaorisco.blogspot.com.br/2012/06/ergonomia-nos-postos-de-trabalho.html

(37)

Para os movimentos de puxar e empurrar cargas, como eles provocam tensões nos braços, ombros e costa, deve-se:

• Limitar as forças para puxar e empurrar; • Usar o peso do corpo a favor do movimento; • Os carrinhos devem ter pegas;

• O carrinho deve ter duas rodas giratórias; • O piso deve ser duro e nivelado.

2.4 Riscos ergonômicos

Os riscos ergonômicos podem trazer prejuízos ao trabalhador, tanto físico quanto psicológico, por meio de doenças ou desconfortos, podendo esses riscos estarem associados ao estresse, monotonia de métodos de trabalho, levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, repetitividade, postura inadequada de trabalho, longas horas de trabalho sem pausas para descanso etc. Hoje em dia, já há vários equipamentos ergonômicos desenvolvidos, justamente, para evitar esses riscos ergonômicos, como por exemplo, mouse, teclados, cadeiras etc. Também há um documento que abrange os riscos ergonômicos relacionados a uma determinada área de trabalho, estabelecendo também protocolos e ações necessárias a fim de reduzir esses riscos ergonômicos, chamado de laudo ergonômico, também conhecido como análise ergonômica do trabalho.

Sendo esse laudo ergonômico uma exigência legal para as empresas, de acordo com uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego.

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2.4.1 Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.) / Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (D.O.R.T.)

Muitos profissionais, na atualidade, não se preocupam como estão realizando um movimento ou se sua postura está adequada para a realização daquele trabalho, e sim, se estão executando a tarefa. Isso, com o passar do tempo, pode vir a gerar grandes problemas de saúde na vida desse profissional, pois, na execução dessas tarefas, haverá somatória de traumatismos, o que poderá gerar as doenças ocupacionais.

Dentre essas doenças, está à lesão por esforços repetitivos, muito conhecidos como L.E.R. e o distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho, D.O.R.T., que são as mais conhecidas.

O distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT), segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.32), é uma síndrome caracterizada por uma série de micro traumatismos osteomusculares, em articulações, ligamentos, tendões, bursas, vasos sanguíneos e nervos, que se acumulam e podem evoluir para problemas mais graves. Os distúrbios osteomusculares ocupacionais mais frequentes são as tendinites (particularmente do ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (dores na região lombar) e as mialgias (dores musculares) em diversos locais do corpo. As consequências podem ser dor, parestesia, edema, rigidez, tendinites e tenossinovites, podendo conduzir à desabilitarão funcional do membro. O DORT é caracterizado por esforços repetitivos, porém são alterações que se manifestam principalmente no pescoço, braços, punhos e demais membros superiores em decorrência do trabalho.

Tanto a LER quanto o DORT são a mesma patologia, as duas doenças são causadas por esforços repetitivos ligados ao desgaste ou inflamação dos tendões, nervos e músculos, porém o DORT tem como causa o trabalho ou ocupação, englobando além dos membros superiores, a região do pescoço e região dorsal, e já a LER pode ser causada por atividades de lazer.

(39)

músculo-esquelético e nervoso, através de lesões. Contudo as L.E.R., em algumas situações, podem ser evitadas, conforme ilustra a figura 11.

Figura 12: Movimentos para ginástica laboral para prevenção das L.E.R.

Fonte: Google - imagens12

Atualmente, sabe-se que, além dos fatores mecânicos, também estão envolvidos fatores sociais, familiares, econômicos, bem como graus de insatisfação no trabalho, depressão, ansiedade, problemas pessoais ou outros, tornando altamente questionável o diagnóstico de LER ou DORT em muitos trabalhadores. Sendo ilegal a demissão, em qualquer entidade, de um trabalhador por causa de L.E.R./D.O.R.T. ou qualquer outra doença ocupacional relacionada ao trabalho.

12

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CAPÍTULO 03 - ERGONOMIA NAS PRÁTICAS DA ODONTOLOGIA

Como todo local de trabalho identifica-se devido à natureza da ocupação de uma área específica, de um conjunto de equipamentos e dos utensílios necessários ao bom desempenho das atividades de um operador, com os odontólogos isto é evidente em clinicas tanto particular quanto públicas.

3.1 Processos de intervenção ergonômica: análise ergonômica dos postos de trabalho

A denominação posto de trabalho ou estação de trabalho é usual nas descrições ergonômicas. Posto é uma palavra oriunda da linguagem militar, que indica um local onde uma pessoa é colocada para realizar uma determinada função ou tarefa, sendo, geralmente, uma localização situada dentro de um sistema de produção, ou seja, ele corresponde a um papel definido, que comporta instruções e procedimentos (o que fazer, quando fazer e como fazer) e meios (onde fazer, com quem fazer), a ser ocupado por um determinado sujeito.

3.1.1 Estudo do posto de trabalho: abordagem tradicional e ergonômica

A abordagem tradicional taylorista se baseia no estudo dos movimentos corporais do ser humano necessários para executar uma tarefa e na medida do tempo gasto em cada um desses movimentos, baseando-se em princípios de economia de movimentos, sendo o critério de escolha do melhor movimento, o de menor tempo. Essa abordagem visa somente à economia de tempo dos movimentos dos seres humanos, a fim de obter um maior rendimento e, consequentemente, maior lucro, não se importando, porém, com a qualidade de vida e a saúde do trabalhador que está executando a tarefa, sendo essa importância, observada pela abordagem ergonômica.

(41)

pessoas que ocupam o posto a ser analisado e esclarecimento das responsabilidades.

O estudo ergonômico do posto de trabalho é composto por três fases:

análise da demanda, que define o problema a ser estudado, baseado na visão dos diversos atores sociais envolvidos; análise da tarefa, que analisa as condições ambientais, técnicas e organizacionais de trabalho e a análise das atividades, que analisa os comportamentos do ser humano no trabalho (gestuais, informacionais, regulatórios e cognitivos).

3.2 Análise ergonômica da demanda: Conceitos e práticas odontológicas relacionadas com a ergonomia

Vários trabalhos sofrem com doenças ocupacionais, hoje em dia, decorrente da má postura, realização de movimentos incorretos, objetos não ergonômicos etc. Uma dessas profissões, altamente atingida por esses problemas ergonômicos, é a odontologia, pois o profissional, odontólogo ou dentista, fica muito tempo em um posto de trabalho e na sua maioria do tempo sentado, por isso tem-se que tomar precauções maiores ainda, quanto à postura, movimento, ruídos etc., além do que, esses profissionais, também lidam com agentes químicos e objetos que podem trazer danos a sua saúde, como os perfuro cortantes, luzes, etc. Várias funções em um odontólogo são atingidas por questões profissionais, como: a função neuromuscular, a coluna vertebral, a visão, a audição, o tato, a propriocepção, dentre outras.

3.2.1 Posições de trabalho

Segundo Leitão Neto (1985, p. 61), a mais favorável posição de trabalho para o dentista a o assistente é a posição sentada, pois de acordo com o

Central Institute for Ergonomics, que divulgou em suas pesquisas, que:

- A posição ou postura de trabalho sentado, com paciente reclinado é preferível, em princípio, para toda uma série de trabalhos;

(42)

- A visão direta deve ser sempre o objetivo. A visão direta da assistente é também importante por não poder esta seguir as fases do trabalho se não estiver visualizando o campo operatório.

A posição de trabalho com o dentista e a assistente sentados objetiva:

1. Acesso ao campo operatório;

2. Boa visibilidade;

3. Conforto para o dentista e assistente;

4. Conforto para o paciente.

Ou seja, uma boa posição de trabalho é aquela que evita extensos períodos de atividade muscular estática e que permite o relaxamento dos músculos não solicitados para a manutenção da postura.

Segundo Marquart (1977 apud LEITÃO NETO, 1985, p. 69), ele enumera como itens de uma boa posição de trabalho para o dentista, os seguintes:

- Evitar tensões nas partes posteriores e pélvis, mantendo a posição sentada, a maior parte do tempo;

- Evitar torções e inclinações laterais da coluna vertebral, mantendo os ombros descontraídos;

- Manter os braços contra o tronco;

- Manter os antebraços aproximadamente na horizontal e apoiados o melhor possível;

- Manter os dedos, pulso e mãos tão descontraídos quanto possível;

- Manter as pernas sob o espaldar da cadeira odontológica, ficando a perna direita paralela à cadeira e formando com a perna esquerda um ângulo de 90 graus;

Sentado no mocho, as pernas devem formar um ângulo de 90 graus com a coxa, estando os dois pés apoiados no solo;

(43)

3.2.2 Os componentes do consultório

O posto de trabalho de um dentista compõe-se, basicamente, de um mocho, uma cadeira articulável para o paciente, um equipo deslizante e uma torre de iluminação, conforme será visto a seguir.

a) O Mocho

O mocho13, que é a cadeira do dentista e do assistente, serve para apoiá-los, mantendo uma postura estável durante as horas de trabalho e relaxando os músculos não envolvidos na tarefa, além de aliviar os pés.

Segundo Leitão Neto (1985, p.83), a altura do assento não deve ultrapassar a distancia que vai do chão à parte posterior da coxa, estando a perna dobrada em ângulo de 90 graus, pois as pressões exageradas na porção posterior da coxa, restringe a circulação sanguínea de retorno, provocando fadiga. O assento do mocho deve ser horizontal ou com uma inclinação de 5 graus para melhor o apoio, sendo o revestimento grosso e pouco macio, para facilitar a distribuição do peso, sucedendo o modelo antigo que consistia em apenas um banco giratório e móvel sobre rodízios.

Algumas características são importantes para um mocho, de acordo com Leitão Neto (1985, p.83), sendo elas:

- Apoio das nádegas;

- Apoio dos rins, com encosto móvel circular e vertical, para possibilitar este apoio;

- Apoio dos braços, importantíssimo, principalmente no mocho da assistente, por oferecer apoio nas inclinações para frente;

- Altura regulável, para se melhor ajustado à altura e compleição do corpo de quem o utiliza;

(44)

- Acesso fácil à cadeira: alguns mochos não permitem esse acesso por apresentarem suportes de pé com uma circunferência muito grande;

- Deslocamento fácil. É importante o fácil deslocamento com o mocho, porém se muito fácil haverá perda de estabilidade ou de posicionamento, por fácil deslizamento das rodas sobre o piso do consultório.

E algumas recomendações são:

- Os pés devem repousar no chão ou para a assistente, no aro do mocho;

- A altura do mocho deve ser regulável de modo a não exceder o comprimento das pernas na posição sentada;

- A superfície do assento, deve ser horizontal ou com inclinação de 5 graus para trás;

- O encosto deve formar um ângulo de 90 graus com o assento;

- A textura do estofamento deve impedir o deslizamento, mas que não impessa as mudanças de posição do dentista;

- A superfície de trabalho não deve ser mais alta que a distancia do cotovelo até o chão, estando o dentista sentado;

- O cruzamento de perna pelo dentista e assistente, deve ser evitado, devido à irregularidade de pressão nas nádegas.

b) A Cadeira Odontológica

(45)

operatório, ou seja, da boca do paciente. O encosto da cabeça deverá ser móvel, para um melhor posicionamento e visão.

c) O Equipo

O equipo, segundo Leitão Neto (1985, p.89), é, basicamente, dividido em três tipos, sendo eles: o equipo acoplado à cadeira, o equipo tipo cart e o equipo para adaptação em móveis. De todos, o mais importante e que dá maior flexibilidade ao trabalho, é o equipo acoplado à cadeira por meio de braços articulados.

Ele evita deslocamentos e movimentos grandes por parte do dentista e da assistente, principalmente, para a pega de pontas, por ficarem próximas à boca do paciente. Outra grande vantagem do equipo acoplado à cadeira, é a de dispensar adaptação de pega por variação de altura entre a cadeira e o equipo.

Se o braço articulado apresentar ajuste vertical para individualizar a altura a cada cliente, melhor será.

O equipo tipo cart, embora satisfatório quando usado à direita do dentista, obstrui, em salas clínicas de pequenas dimensões, o acesso do cliente à cadeira odontológica.

O equipo adaptado ao móvel é razoavelmente usado e quando bem posicionado, oferece condições de um perfeito trabalho.

d) O Refletor

O refletor, de acordo com Leitão Neto (1985, p.92), variando de 7 a 12 lux14 já tem uma capacidade de iluminação plenamente satisfatória, porém é importante, para prevenir problemas de visão, que não haja tanta diferença de luminosidade entre a faixa que ilumina a boca do cliente e o meio ambiente externo do consultório, tendo o mínimo possível de contraste, para que não seja nocivo para a visão do dentista, pois ele terá, a todo o momento, que ficar se adaptando às bruscas modificações de iluminação, o que pode vir a prejudicar o cristalino, que já se torna cada vez menos capaz de transmitir a luz ao fundo do olho com o envelhecimento da pessoa, fazendo com que a

(46)

quantidade de luz necessária para que este efeito seja obtido, se torne cada vez maior.

O refletor também deve possibilitar boa rotação e posicionamento para que, em qualquer circunstancia, a assistente possa incidir o feixe de luz à zona a ser visualizada.

Quando adaptado à cadeira odontológica, o refletor dispensa refocalizações constantes ao ser alterado a posição da cadeira por elevação ou abaixamento, porém, para melhor posicionamento da assistente, o refletor de teto é o ideal, por deixar o espaço à esquerda da assistente livre para uma boa posição da unidade auxiliar.

3.2.3 Epidemiologia das tecnopatias odontológicas (doenças

ocupacionais)

Segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.31), a adequação entre operador, equipamento e instrumental, geralmente, não é vista na realização do procedimento, e o profissional realiza posturas inadequadas de trabalho. Consequentemente, na execução da tarefa, haverá somatória de traumatismos que poderão originar as tecnopatias odontológicas.

(47)

Quadro 3: SONDE: Pesquisa postural de dentistas.

- 89% demonstram flexão da cabeça para a frente excedendo 20-25°, o que é considerado limite para uma posição saudável;

- 61% demonstram rotação do pescoço em combinação com forte flexão para a frente;

- 63% demonstram flexão da parte superior do corpo excedendo 20°, o limite para uma posição saudável;

- 36% trabalham com o pescoço rotacionado combinado com torção na coluna;

- 35% mantêm os antebraços elevados além de 20°;

- 32% mantêm os braços em ângulo maior que 25° acima da linha horizontal;

- 25% trabalham com as mãos apoiadas inadequadamente;

- 47% não manuseiam corretamente os instrumentos;

- 20% demonstram forte flexão do punho;

- 65% trabalham com o mocho, cujo encosto proporciona apoio incorreto;

- 75% trabalham sem que a cabeça do paciente esteja simetricamente posicionada defronte a eles;

- 32% trabalham com os pés e as pernas mais distantes da cadeira odontológica do que o necessário;

- 55% trabalham sentados por mais de 7 horas diárias;

- 75% trabalham com iluminação e diferenças na distribuição de luz fora dos padrões.

(48)

Relativamente a problemas posturais, um estudo realizado na Universidade de São Francisco (EUA) mostrou que mais de 70% dos estudantes de odontologia se queixam de dor já no terceiro ano da faculdade. Mostrou também que esse número aumentou gradativamente do primeiro ao quarto ano. Os autores concluíram que o ensino da ergonomia deve ser mais elaborado e trabalhado durante a graduação.

Percebe-se que o cirurgião dentista está mais preocupado com o que está fazendo do que com a maneira de como está realizando, não estando devidamente conscientizado da necessidade de observar as medidas adequadas para proteção contra o cansaço (estresse mental e físico) e as doenças originadas pela postura inadequada na prática odontológica. Isso se deve provavelmente ao mau projeto ou ao uso inadequado do equipamento, dos sistemas e das tarefas, podendo gerar doenças do sistema osteomuscular, como lesão por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT).

3.2.4 Etiologia das tecnopatias na prática odontológica

De acordo com Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.33), a tecnopatia odontológica é gerada, dentre outros, da ação de fatores biomecânicos que incidem na região do pescoço, costas, ombros, coluna vertebral e membros superiores, devido essencialmente à postura inadequada, a repetitividade de movimentos, a compressão mecânica e a força excessiva.

Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), como já falado anteriormente, é um exemplo de tecnopatia, causada por uma série de micro traumatismos osteomusculares em articulações, ligamentos, tendões, bursas, vasos sanguíneos e nervos, que se acumulam e podem se desenvolver para problemas mais graves. As consequências podem ser edema, rigidez, dor, parestesia, tendinites e tenossinovites, podendo, inclusive, evoluir para à desabilitação funcional do membro.

(49)

O contato com equipamento, materiais, substâncias químicas e radiações ionizantes durante o período da realização de trabalhos pode determinar o surgimento de alterações no organismo do cirurgião-dentista e da equipe.

Tanto a proximidade com o paciente quanto o tempo de duração do tratamento, são fatores que também podem determinar contágio do cirurgião-dentista e da equipo através das moléstias nele sediadas.

A inobservância de fatores decorrentes da somatória das circunstâncias expostas pode levar ao aparecimento de moléstias de natureza mista, o que poderá agravar a condição de saúde do cirurgião-dentista e da equipe.

Outros segmentos, como aparelhos circulatório, visual e auditivo, também se ressentem fortemente da inobservância de cuidados durante a prática profissional, porém, de uma forma meramente didática, é possível classificar a etiologia das tecnopatias como decorrência dos seguintes fatores:

- postura de trabalho;

- agressão aos órgãos sensoriais;

- contato com o paciente;

- materiais, substancias químicas, radiações ionizantes;

- moléstias de natureza mista.

a) Postura de trabalho

Postura, segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.34), é a inter-relação dos diversos segmentos do corpo opondo-se à ação da gravidade e das forças externas, situando-nos no espeço tempo, guiando e reforçando o movimento e equilibrando-nos durante a ação.

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Antes dos estudos ergonômicos, os odontólogos trabalhavam em pé, o que fazia com que os equipamentos fossem projetados para trabalhos em pé, o que obrigava à flexão com rotação e inclinação da coluna vertebral, causando desequilíbrio pélvico, escoliose compensadora e discartrose, além de determinar profundas alterações na postura do profissional e comprometimento da hemodinâmica de retorno.

Com a evolução da ergonomia, ocorreu a mudança da posição de trabalho de em pé para sentada, e o seu paciente, na posição supinada para que haja uma melhor visão do paciente por conta do dentista.

A posição correta, hoje em dia, do trabalho de um cirurgião-dentista sentado em um mocho, segundo Nixon (1971 apud Naressi, Orenha e Naressi, 2013, p. 35), é a coxa paralela ao solo, ou seja, deve haver um ângulo de 90° entre o fêmur e o conjunto tíbia-fíbula. Com isso, o peso corporal estará devidamente distribuído entre a região sacral, a porção posteroinferior do fêmur, as tuberosidades isquiáticas15 e a porção plantar dos pés.

O trabalho sentado incorretamente, além de agredir a coluna vertebral, também predispõe a varizes.

b) Agressões aos órgãos sensoriais

As agressões aos órgãos sensoriais ocorrem especialmente no tato e nos aparelhos visual, respiratório e auditivo.

No tato, o odontólogo por usar o punho flexionado durante muito tempo, acaba por contrair fortes dores. Um dos exemplos é a síndrome do túnel carpal, que é decorrente da extensão e flexão do punho, em que a repetição ou esforço contínuo com desvio ulnar ou palmar gera parestesia e dor, que pode levar à inflamação (tenossinovite) e à degeneração, culminando com a desabilitação funcional, incapacitando o indivíduo à prática profissional, pois no punho, o nervo mediano e os tendões flexores passam por um canal comum, cujas paredes lateral e posterior, rígidas, são formadas pelos ossos do carpo e cuja face anterior é formada pelo ligamento transverso do carpo.

(51)

As agressões ao aparelho visual ocorrem por deficiência de iluminação ambiental e, principalmente, do refletor bucal. As lesões traumáticas e a contaminação ocorrem mediante ação de agentes físicos, radiação vinda de aparelho fotopolimerizador, e mecânicos, fragmentos de tártaro sendo destacado, fragmentos de material restaurador sendo removidos com motor de alta rotação etc., bem como a nebulização provocada pelo uso do motor de alta rotação atingindo o globo ocular. Por isso, é indispensável o uso de protetor visual no fotopolimerizador e óculos de proteção ou pantalha, que protege todo o rosto.

As agressões ao aparelho respiratório ocorrem através de aerossóis e moléstias do paciente, também pela poluição ambiental decorrente do óleo lubrificante nebulizador dos motores de alta rotação, sendo também indispensável o uso de máscaras ou pantalha.

As agressões ao aparelho auditivo se dão através de ruídos internos, que são originados dos motores de alta e baixa rotação, compressor, bomba de sucção, condicionador de ar e/ou música ambiental, sendo umas medidas preventivas para a redução do nível de ruídos internos a melhoria das condições gerais do ambiente físico de trabalho, a substituição de aparelhos ruidosos, do local do compressor e da bomba a vácuo, etc.

c) Contaminação cruzada, materiais, substâncias químicas e radiações ionizantes.

Segundo Naressi, Orenha e Naressi (2013, p.38), o manuseio de equipamentos pode vir a gerar a contaminação cruzada, que ocorre quando a equipe toca, inadvertidamente, os comandos sem a devida proteção e vai atuar na boca do paciente, sendo o contágio levado à boca e vice-versa, aumentando assim o grau de contaminação.

Por essa razão, deve-se haver o recobrimento de detalhes do equipamento:

- botoneira de comando da cadeira;

- alças e interruptor do refletor;

Imagem

Figura 1: Ergonomia física.
Figura 2: Ergonomia cognitiva.
Figura 4: Temperatura x Queda da produtividade.
Figura 5: Escala de ruído, em decibéis (dB), desde confortável até prejudicial à saúde.
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Referências

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