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Tradução C-547/18-1. Processo C-547/18. Pedido de decisão prejudicial

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Tradução C-547/18 - 1 Processo C-547/18

Pedido de decisão prejudicial Data de entrada:

23 de agosto de 2018 Órgão jurisdicional de reenvio:

Wojewódzki Sąd Administracyjny we Wrocławiu (Tribunal Administrativo da Província de Wrocław, Polónia)

Data da decisão de reenvio:

6 de junho de 2018 Recorrente:

Dong Yang Electronics Sp. z o.o.

Recorrido:

Dyrektor Izby Administracji Skarbowej we Wrocławiu (Diretor do Serviço de Administração Fiscal de Wrocław)

[Omissis]

DESPACHO

de 6 de junho de 2018 O Wojewódzki Sąd Administracyjny we Wrocławiu (Tribunal Administrativo da Província de Wrocław),

[omissis]

após apreciação [omissis] [omissis]

do processo instaurado pela Dong Yang Electronics Sp. z o.o., com sede em Biskupice Podgórne, contra a decisão do Dyrektor Izby Administracji Skarbowej we Wrocławiu (Diretor do Serviço de Administração Fiscal Regional de Wrocław),

de 20 de dezembro de 2017, [omissis]

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que tem por objeto o imposto sobre bens e serviços, relativo aos meses I a XII de 2012,

d e c i d e :

I. Com base no artigo 267.° do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, [omissis] submeter ao Tribunal de Justiça da União Europeia as seguintes questões prejudiciais, relativas à interpretação de disposições do direito da União:

1. Pode inferir-se do simples facto de uma sociedade com sede fora do território da União Europeia ter uma filial no território da Polónia que existe um estabelecimento estável na Polónia, onde desenvolve uma atividade económica, na aceção do artigo 44.° da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado [omissis] e do artigo 11.°, n.° 1, do Regulamento de Execução (UE) n.° 282/2011 do Conselho, de 15 de março de 2011, que estabelece medidas de aplicação da Diretiva 2006/112/CE relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado (reformulação [omissis])?

2. Em caso de resposta negativa à primeira questão, está um operador terceiro obrigado a analisar as relações contratuais entre uma sociedade com sede fora do território da União Europeia e a sua filial, a fim de determinar se existe um estabelecimento estável na Polónia onde a primeira sociedade desenvolve uma atividade económica?

II. Com base no artigo 124.°, § 1, ponto 5, da ustawa z dnia 30 sierpnia 2002 r. ‒ Prawo o postępowaniu przed sądami administracyjnymi (Lei sobre o Código de Processo nos Tribunais Administrativos), de 30 de agosto de 2002, [omissis]

suspender a instância enquanto se aguarda a resposta à[s] quest[ões] prejudicia[is]

acima suscitada[s].

[Omissis]

FUNDAMENTAÇÃO 1. Quadro jurídico ‒ a situação jurídica em 2012

1.1. Em direito polaco, são aplicáveis ao processo fiscal e contencioso-administrativo as seguintes disposições,

na redação vigente de 21 de agosto de 2011 a 1 de janeiro de 2013:

O artigo 28.°b, n.° 1, da ustawa z dnia 11 marca 2004 r., o podatku od towarów i usług (Lei relativa ao imposto sobre bens e serviços), de 11 de março de 2004 ([omissis] a seguir: «Lei do IVA») dispõe que o local da prestação dos serviços, no caso da prestação de um serviço a um sujeito passivo, é o local em

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que o sujeito passivo adquirente desse serviço tem a sede da sua atividade económica, sob reserva dos n.os 2 a 4 e dos artigos 28.°e, 28.°f, n.° 1 e n.° 1a, 28.°g, n.° 1, 28.°i, 28.°j, n.os 1 e 2 e 28.°n.

O artigo 28.°b, n.° 2, da Lei do IVA dispõe que quando os serviços são prestados a um estabelecimento estável onde o sujeito passivo desenvolve atividade que seja um local diferente da sua sede ou domicílio, o local da prestação desses serviços é o estabelecimento estável onde este sujeito passivo desenvolve a sua atividade;

O artigo 19.°, n.° 1, da Lei do IVA dispõe que o imposto se torna exigível quando os bens são entregues ou os serviços são prestados, sob reserva dos n.os 2 a 21, e dos artigos 14.°, n.° 6, 20.° e 21.°, n.° 1.

O artigo 19.°, n.° 4, da Lei do IVA dispõe que caso a entrega de bens ou a prestação do serviço deva ser comprovada por uma fatura, o imposto torna-se exigível no momento em que é emitida a fatura, o mais tardar sete dias a contar da data em que os bens são entregues ou os serviços prestados.

O artigo 13.°, n.° 3, da ustawa z dnia 2 lipca 2004 r. o swobodzie działalności gospodarczej (Lei sobre a liberdade de exercício de uma atividade económica), de 2 de julho de 2004, [omissis] dispõe que os estrangeiros que não os enunciados nos n.os 1 a 2a apenas têm o direito de estabelecer e exercer uma atividade económica através de uma sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade de responsabilidade limitada e sociedade por ações, bem como de aderirem a este tipo de sociedade ou a abrangerem ou adquirirem as suas ações ou participações, salvo indicação em contrário nos acordos internacionais.

1.2. Em termos de legislação da União, são aplicáveis as seguintes disposições:

O artigo 44.° da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado [omissis]

(a seguir: «Diretiva 2006/112/CE»), que dispõe: «O lugar das prestações de serviços efectuadas a um sujeito passivo agindo nessa qualidade é o lugar onde esse sujeito passivo tem a sede da sua actividade económica. Todavia, se esses serviços forem prestados a um estabelecimento estável do sujeito passivo situado num lugar diferente daquele onde este tem a sede da sua actividade económica, o lugar das prestações desses serviços é o lugar onde está situado o estabelecimento estável. Na falta de sede ou de estabelecimento estável, o lugar das prestações dos serviços é o lugar onde o sujeito passivo destinatário tem domicílio ou residência habitual.»

O artigo 10.°, n.° 1, do Regulamento de Execução (UE) n.° 282/2011 do Conselho, de 15 de março de 2011, que estabelece medidas de aplicação da Diretiva 2006/112/CE relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado (reformulação) ([omissis] a seguir: «Regulamento UE») dispõe que

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para aplicação dos artigos 44.° e 45.° da Diretiva 2006/112/CE, o «lugar onde o sujeito passivo tem a sede da sua atividade económica» é o lugar onde são exercidas as funções da administração central da empresa.

O artigo 11.°, n.° 1, do Regulamento UE dispõe que para a aplicação do artigo 44.° da Diretiva 2006/112/CE, entende-se por «estabelecimento estável»

qualquer estabelecimento, diferente da sede da atividade económica a que se refere o artigo 10.° do presente regulamento, caracterizado por um grau suficiente de permanência e uma estrutura adequada, em termos de recursos humanos e técnicos, que lhe permitam receber e utilizar os serviços que são prestados para as necessidades próprias desse estabelecimento.

O artigo 22.°, n.° 1, do Regulamento UE, nos termos do qual para identificar o estabelecimento estável do destinatário ao qual o serviço é prestado, o prestador analisa a natureza e a utilização do serviço prestado.

Quando a natureza e a utilização do serviço prestado não lhe permitirem identificar o estabelecimento estável ao qual o serviço é prestado, o prestador verifica, em especial, para identificar esse estabelecimento estável, se o contrato, a nota de encomenda e o número de identificação IVA atribuído pelo Estado-Membro do destinatário e comunicado por este último identificam o estabelecimento estável como destinatário do serviço e se o estabelecimento estável é a entidade que paga o serviço.

Quando não for possível determinar, nos termos do primeiro e segundo parágrafo do presente número, o estabelecimento estável do destinatário ao qual o serviço é prestado ou quando os serviços abrangidos pelo artigo 44.° da Diretiva 2006/112/CE forem prestados a um sujeito passivo no âmbito de um contrato que abranja um ou mais serviços utilizados de forma não identificável ou não quantificável, o prestador pode legitimamente considerar que os serviços são prestados no lugar onde o destinatário tem a sede da sua atividade económica.

1.3. Acordo internacional:

O artigo 7.9, alínea a), do Acordo de Comércio Livre entre a União Europeia e os seus Estados-Membros, por um lado, e a República da Coreia, por outro ([omissis] a seguir: «acordo») estipula que se entende por estabelecimento:

i) a constituição, aquisição ou manutenção de uma pessoa coletiva, ou ii) a criação ou a manutenção de uma sucursal ou de uma representação;

O artigo 7.11, n.° 1, do acordo estabelece que no que diz respeito ao acesso ao mercado através do estabelecimento, cada Parte concede aos estabelecimentos e aos investidores da outra Parte um tratamento não menos favorável do que o previsto segundo as condições e as limitações acordadas e especificadas na sua lista de compromissos específicos constante do anexo 7-A;

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O Anexo 7-A-2 do acordo, no Quadro 3 estipula que «PL: Com exceção dos serviços financeiros, não consolidado para sucursais. Os investidores coreanos apenas podem estabelecer e exercer uma atividade económica sob a forma de uma sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade de responsabilidade limitada e sociedade por ações (no caso de serviços jurídicos, apenas sob a forma de sociedade de pessoas registada e de sociedade em comandita).»

2. Factos do litígio 2.1. Processo fiscal

2.1.1. A decisão impugnada da autoridade tributária de segunda instância confirmou a decisão da autoridade de primeira instância que determinou a obrigação de imposto sobre bens e serviços (a seguir: «IVA») da Dong Yang Electronics Sp. z o.o., com sede em Biskupice Podgórne, para determinados meses de 2012.

2.1.2. As autoridades tributárias consideraram que a Dong Yang Electronics sp. z o.o. prestou à LG Display Co. Ltd. (Coreia), com sede em Seul, serviços que consistiram na instalação de PCB (placas de circuito impresso) compostas por diversos elementos (componentes, subsistemas) que eram propriedade da LG Display Co. Ltd. (Coreia). Estes elementos foram vendidos à Dong Yang Electronics sp. z o.o. pela LG Display Polska sp. z o.o., à qual a Dong Yang Electronics sp. z o.o. forneceu também placas de circuitos impressos prontos a usar.

O serviço que ligou a Dong Yang Electronics sp. z o.o. e a LG Display Co. Ltd.

(Coreia) foi prestado com base num contrato datado de 27 de outubro de 2010. A Dong Yang Electronics sp. z o.o. recebeu da LG Display Co. Ltd. (Coreia) garantias de que esta última não tinha um estabelecimento estável de atividade económica na Polónia, não tinha pessoal contratado, nem dispunha de bens imóveis ou instalações técnicas. A Dong Yang Electronics sp. z o.o. emitiu à LG Display Co. Ltd. (Coreia) faturas com IVA, tratando os serviços prestados como não estando sujeitos a IVA no território daquele país, indicando o seguinte: valor tributável ‒ artigo 28.°b, n.° 2, da Lei do IVA. Nas faturas, a LG Display Co. Ltd. (Coreia) é indicada como sendo a destinatária do serviço.

As autoridades tributárias consideraram que os serviços prestados pela Dong Yang Electronics sp. z o.o., não tinham, na realidade, sido prestados para suprir as necessidades da sede da LG Display Co. Ltd. na Coreia do Sul, mas antes do estabelecimento estável na Polónia onde a LG Display Co. Ltd. (Coreia) desenvolve atividade económica. Este local foi indicado como sendo a sede da sua filial, ou seja a LG Display Polska sp. z o.o., em Biskupice Podgórne. As autoridades analisaram os contratos com base nos quais a LG Display Polska Sp. z o.o. prestou à LG Display Co. Ltd. (Coreia) serviços de produção, que consistiam na montagem de peças da propriedade da LG Display Co. Ltd. (Coreia) nos

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módulos TFT-LCD e no subsequente armazenamento e logística dos produtos acabados. Tanto as partes como os módulos prontos são propriedade da LG Display Co. Ltd. (Coreia), sendo, em seguida, revendidos por esta última a outras sociedades relacionadas. Nesta base, as autoridades fiscais concluíram o seguinte:

‒ a LG Display Co. Ltd. (Coreia) criou um estabelecimento estável na Polónia onde desenvolve atividade económica «utilizando o potencial económico» da sua filial, isto é, a LG Display Polska, graças à contratos que criam um modelo de negócio adequado para o efeito, estando esse estabelecimento estável à disposição da LG Display Co. Ltd. (Coreia) como sendo propriedade sua. Por ter criado as relações económicas necessárias para o efeito, a LG Display Co. Ltd. (Coreia) não se viu na necessidade de ter na Polónia instalações técnicas nem pessoal, ou seja, não teve de arrendar nenhum estabelecimento, nem de contratar pessoal, o que não exclui, porém, a existência de um estabelecimento estável na Polónia onde a LG Display Co. Ltd. (Coreia) desenvolve atividade económica.

A Dong Yang Electronics sp. z o.o. deveria ter efetuado uma análise quanto à utilização dada aos serviços por si prestados, tal como exigido pelo artigo 22.°

do Regulamento UE, dado que se tivesse realizado esta análise teria chegado à conclusão que o verdadeiro destinatário dos serviços prestados pela sua sociedade tinha sido a estrutura em Biskupice Podgórne, onde a LG Display Polska tem a sua sede; ora, a Dong Yang Electronics sp. z o.o. limitou-se apenas às declarações da LG Display Co. Ltd. (Coreia) em como essa sociedade não dispunha de um estabelecimento estável na Polónia onde desenvolvia uma atividade económica.

Como resultado, as autoridades consideraram que a Dong Yang Electronics sp. z o.o., prestou serviços em território polaco e, por conseguinte, estes deveriam ter sido tributados à taxa normal de IVA.

2.2. Processo no tribunal administrativo

2.2.1. No recurso interposto no Wojewódzki Sąd Administracyjny we Wrocławiu (Tribunal Administrativo da Província de Wrocław), a Dong Yang Electronics sp. z o.o., pedindo a anulação da decisão impugnada, alegou, entre outros, a violação dos seguintes artigos:

artigo 11.°, n.° 1, do Regulamento UE, conjugado com o artigo 13.°, n.° 3, da Lei sobre a liberdade de exercício de uma atividade económica, pela emissão de uma decisão que tem por efeito o reconhecimento de que é legal a presença na Polónia de uma sociedade regida pelo direito coreano (ou seja, um operador cuja sede se encontra fora do território da União Europeia), de forma conforme à Lei sobre a liberdade de exercício de uma atividade económica (isto é, ter participações na sociedade polaca LG Display Polska sp. z o.o.), que é interpretada no sentido de que, segundo as regras do IVA, são retiradas consequências de circunstâncias que, nos termos da Lei sobre a liberdade de exercício de uma atividade económica, não podem sequer existir, nomeadamente o alegado desenvolvimento pela LG Display Co. Ltd. de atividade económica

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através de um estabelecimento estável para o efeito, alegadamente a LG Display Polska;

artigo 11.°, n.° 1, do Regulamento UE, pelo reconhecimento incorreto de que a LG Display Polska constitui um estabelecimento estável onde a LG Display Co. Ltd. (Coreia) (a Parte destinatária) desenvolve atividade económica, numa situação em que mesmo aplicando ao operador coreano o conceito de estabelecimento estável, não estariam reunidas as condições necessárias para a constatação desse estabelecimento estável, isto é, não há bases para confirmar que a LG Display Co. Ltd. (Coreia) tem instalações técnicas e de pessoal na Polónia, com caráter permanente, assim como também não é possível afirmar que a LG Display Polska recorre a e utiliza os serviços prestados pela Dong Yang Electronics sp. z.o.o. para suprir necessidades próprias;

artigo 28.°b, n.os 1 e 2, da Lei do IVA e artigo 44.° da Diretiva 2006/112/CE, por ter partido erradamente do princípio de que a Dong Yang Electronics sp. z o.o.

alegadamente indicou, incorretamente, o estabelecimento em que os serviços foram prestados à LG Display Co. Ltd. (Coreia), ou seja, ter considerado que esse local não era a Polónia e ter, consequentemente, passado à LG Display Co. Ltd.

(Coreia) faturas sem o IVA devido, calculado à taxa de 23%, tendo os serviços sido prestados pela Parte a um sujeito passivo que não tem a sua sede nem um estabelecimento estável onde desenvolva atividade económica na Polónia, pelo que deveria ter sido considerado como local da prestação desses serviços o Estado em que o destinatário dos mesmos tem a sua sede, que é a Coreia do Sul;

artigos 21.° e 22.° do Regulamento UE, por ter considerado que estas disposições são aplicáveis à situação da sociedade, quando estas dizem, na verdade, respeito a uma situação em que o operador estrangeiro tem vários estabelecimentos estáveis onde desenvolve atividade económica, enquanto a LG Display Co. Ltd. (Coreia) tem apenas um estabelecimento estável: na Coreia do Sul;

2.2.2. Em resposta a este recurso, a autoridade tributária pediu que fosse negado provimento ao mesmo e manteve a posição adotada na decisão impugnada.

2.2.3. O órgão jurisdicional de primeira instância decidiu submeter ao Tribunal de Justiça da União Europeia (a seguir: «TJUE») as questões prejudiciais indicadas na parte dispositiva do presente despacho e suspendeu a instância.

3. Fundamentação das questões prejudiciais [Omissis] [Admissibilidade]

3.2. Fundamentação das questões prejudiciais

3.2.1. A resolução do litígio no caso em apreço requer a correta interpretação do artigo 44.° da Diretiva 2006/112/CE, no que diz respeito a determinar o estabelecimento estável d a prestação de serviços pela

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Dong Yang Electronics sp. z o.o., sediada em Biskupice Podgórne, à LG Display Co. Ltd., sediada na Coreia do Sul, nas circunstâncias do caso vertente.

3.2.2. No entender do órgão jurisdicional que colocou a questão prejudicial, a jurisprudência constante do Tribunal de Justiça da União Europeia, relativa à questão da interpretação de «estabelecimento estável», não permite uma resposta inequívoca à questão suscitada. No seu Acórdão de 2 de maio de 1996, Faaborg-Gelting Linien A/S, C-231/94, EU:C:1996:184, o Tribunal considerou que um local de restauração num navio, em que são servidas refeições, não é um estabelecimento estável onde o prestador desenvolve a sua atividade económica.

A situação a que se faz referência também deve ter uma dimensão pessoal e material específica. Por outras palavras, para que o local em que é desenvolvida a atividade económica seja considerado como sendo de natureza estável é imprescindível que disponha de infraestruturas técnicas (se estas forem necessárias para a prestação do serviço em causa) e de recursos humanos. Na sua jurisprudência, o Tribunal de Justiça manifestou a opinião de que esta estrutura material e de recursos humanos no estabelecimento estável em que é desenvolvida a atividade económica deve existir de forma estável, ou seja, contínua e permanente. Por isso que no seu Acórdão de 2 de maio de 1996, Berkholz, C-231/94, EU:C:1985:299, o Tribunal de Justiça considerou que não é um estabelecimento estável um navio com máquinas de jogo self-service das quais a tripulação não se ocupa durante a viagem.

O Tribunal de Justiça continuou a desenvolver a definição de estabelecimento estável no seu Acórdão de 17 de julho de 1997, ARO Lease BV, [C-190/95], EU:C:1997:374. Neste acórdão, o Tribunal salientou que o local da prestação efetiva do serviço não constitui um estabelecimento estável de desenvolvimento de atividade económica se aí não existir uma estrutura material (mais não seja um escritório) e não houver pessoal a prestar esses serviços. Neste acórdão, considerou-se que a locação de automóveis pela empresa de leasing em território belga não significa que esta tenha um estabelecimento estável na Bélgica, uma vez que não dispõe aí de escritórios nem de garagens de automóveis, sendo a sua sede nos Países Baixos e os contratos de leasing assinados também neste país.

Segundo o órgão jurisdicional de reenvio, resulta da jurisprudência do TJUE acima mencionada que um estabelecimento estável onde se desenvolve atividade económica deve caracterizar-se, nomeadamente, pela devida estrutura, em termos técnicos e de recursos humanos. No estabelecimento estável onde se desenvolve atividade económica, o operador deve dispor de pessoal e meios técnicos. Estes recursos humanos e técnicos devem permitir a receção e utilização adequadas dos serviços que visam suprir as suas necessidades e a prestação desses serviços. Para reconhecer determinado local como estabelecimento estável onde se desenvolve atividade económica é necessário cumprir duas condições: ter aí instalações técnicas e pessoal. Esta forma de encarar o conceito de «estabelecimento estável»

decorre também do artigo 11.°, n.° 1, do Regulamento UE.

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No seu Acórdão de 16 de outubro de 2014, no processo Welmory C-605/12, EU:C:2014:2298, o Tribunal também considerou que se deve entender que o primeiro sujeito passivo que tenha a sede da sua atividade económica num Estado-Membro, e que usufrui do serviço prestado pelo segundo sujeito passivo que tenha a sua sede noutro Estado-Membro, tem nesse outro Estado-Membro um

«estabelecimento estável», na aceção do artigo 44.° da Diretiva 2006/112/CE, para efeitos de determinação do local de tributação desses serviços, se esse estabelecimento estável se caracterizar por um grau suficiente de permanência e uma estrutura adequada, em termos de recursos humanos e técnicos, que lhe permitam receber e utilizar os serviços que são prestados para as necessidades próprias desse estabelecimento.

Na jurisprudência e doutrina polacas está patente uma posição semelhante.

Por exemplo, no seu Acórdão de 30 de setembro de 2009, [omissis] o Sąd Administracyjny w Olsztynie (Tribunal Administrativo da Província de Olsztyn) considerou que um operador tem um estabelecimento estável onde desenvolve atividade económica em território nacional se, recorrendo a infraestruturas ou pessoal em território nacional, levar a cabo, de modo constante e organizado, uma atividade no âmbito da qual efetua operações tributáveis pelo imposto sobre bens e serviços. A infraestrutura técnica e a contratação de pessoal devem estar estreitamente interligadas com a realização das operações tributáveis pelo imposto sobre bens e serviços.

A questão de saber se, em dado lugar, os recursos e os meios são adequados, deve ser apreciada no contexto de cada serviço específico. Os recursos e os meios devem ser adequados para permitir receber e utilizar os serviços adquiridos ou prestar os serviços [omissis] [citação da doutrina].

3.2.3. Simultaneamente, no seu Acórdão de 16 de outubro de 2014, no processo Welmory, EU:C:2014:2298, o Tribunal salientou que «o ponto de conexão mais útil e, portanto, prioritário para determinar o lugar das prestações de serviços, do ponto de vista fiscal, é o lugar onde o sujeito passivo estabeleceu a sede da sua atividade económica. (...). Apesar da sua natureza específica, tal atividade económica necessita, pelo menos, de uma estrutura adequada, designadamente em termos de recursos humanos e técnicos, tais como um equipamento informático, servidores e programas informáticos adaptados.

A tomada em consideração de outro estabelecimento só tem interesse no caso de essa sede não levar a uma solução racional ou criar um conflito com outro Estado-Membro.»

3.2.4. Contudo, no caso em apreço, existe uma importante diferença material na situação de facto, quando comparada com a dos acórdãos acima mencionados. A LG Display Co. Ltd. (Coreia), como operadora estabelecida fora da União Europeia, não beneficia das liberdades consagradas nos Tratados e não pode, de forma alguma, exercer uma atividade económica no território dos

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Estados-Membros, incluindo na Polónia. Muitos dos argumentos expressos nos acórdãos não podem, portanto, aplicar-se a uma operadora como a LG Display Co. Ltd. (Coreia).

Estas liberdades vigentes na União Europeia, em especial, a de livre circulação de serviços, ou a liberdade de estabelecimento (que permite às sociedades de um Estado-Membro estabelecerem-se noutro Estado sem a obrigação de registo) fizeram com que ganhasse importância separar o local de tributação dos serviços da sede da actividade, e tributar os serviços nos locais que, pela sua natureza, são análogos à sede (caso a atividade económica do destinatário aí seja exercida). Em muitos casos, a liberdade de estabelecimento na União Europeia leva, no fundo, a que se dissipem conceitos como o local de estabelecimento do sujeito passivo, ou o local em que está presente noutro Estado. Em situações excecionais pode mesmo acontecer que a presença direta do sujeito passivo num determinado mercado seja difícil de distinguir da presença dessa sociedade por intermédio de outro operador (como um sujeito passivo separado para efeitos de IVA).

Tal não altera o princípio geral do IVA, segundo o qual a tributação do IVA sobre os serviços é feita na sede do destinatário desses serviços. Daí que se tenha reforçado no Regulamento UE a necessidade de aplicar com prudência as suas regras, no que diz respeito ao estabelecimento permanente, limitando-as a situações em que a aplicação do regulamento é necessária para assegurar uma tributação uniforme e equitativa, tendo sido também destacado que «(...) atendendo à sua formulação, devem ser aplicadas de forma restritiva.»

No caso de conceitos como a criação de um estabelecimento estável através de uma sede relacionada com o operador, trata-se de preservar a competitividade das sociedades (conforme o Acórdão do TJUE, de 16 de setembro de 2004, [Faaborg Gelting Linien A/S], C-231/94, EU:C:1996:184) ou de evitar a criação de soluções (relativas à prestação de serviços) que visem alcançar um efeito fiscal irracional no IVA (cf. Acórdãos do TJUE, entre outros, nos processos Welmory, C-605/12, EU:C:2014:2298, Berkholz, [C-168/84], EU:C:1985:299, Faaborg-Gelting Linien A/S, C-231/94, EU:C:1996:184.).

No caso de uma sociedade que não usufrua das liberdades consignadas nos Tratados, o exercício de uma atividade económica num Estado-Membro da União só é possível, essencialmente, se tiver uma sociedade filial de capitais. É evidente que, em certa medida, o operador tem sempre a possibilidade de influenciar o funcionamento dessa sociedade em razão dos direitos de propriedade. Assim, de certo modo, dispõe dos recursos técnicos e humanos dessa filial. Por norma, uma filial está associada através de vários acordos à empresa-mãe e serve — esta é a lógica subjacente à sua criação — a realização dos seus objetivos económicos. Ao mesmo tempo, esta mesma sociedade não pode, no território de um Estado-Membro, realizar os seus objetivos económicos de outra forma.

3.2.5. Concluindo, o tribunal de primeira instância tem dúvidas fundadas quanto a saber se a definição para efeitos de IVA de estabelecimento estável pode ser vista

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por outro prisma, como uma tentativa de contornar a proibição de um operador económico estabelecido fora da [UE] desenvolver aí, diretamente, uma atividade.

Ao mesmo tempo, a fim de assegurar a coerência com a legislação supracitada pode partir-se do princípio de que, tendo em conta as conexões e os objetivos acima referidos relacionados com a criação de filiais, uma filial, para efeitos de IVA, é sempre considerada um estabelecimento estável.

3.2.6. Seguidamente, há que considerar ainda a questão de saber se, caso se admita que uma filial pode, mas não tem de ser um estabelecimento estável ‒ como descrito na situação factual ‒, um prestador de serviços (Parte no processo principal) tem uma oportunidade real de examinar se esse estabelecimento existe.

Em especial, se o simples facto de os materiais utilizados para a prestação de serviços serem transmitidos e recebidos do prestador pela filial prejudica a natureza e a realização do serviço prestado.

Note-se que o prestador de serviços (Parte no processo principal) é um operador independente, vinculado contratualmente apenas à LG Display Co. Ltd. (Coreia).

Não tem, em contrapartida, qualquer relação com a filial na Polónia. Por conseguinte, coloca-se a questão de saber com base em que dados objetivos e acessíveis é que determinado prestador pode aferir se existe um estabelecimento estável que não seja a sede onde o destinatário desenvolve a atividade económica.

O prestador (Parte no processo principal) celebrou um contrato com a LG Display Co. Ltd. (Coreia) e essa sociedade efetuou os respetivos pagamentos.

Simultaneamente, a LG Display Co. Ltd. (Coreia) está registada para efeitos de IVA na Polónia e tem um representante fiscal diferente do da filial. A quantidade de materiais necessários para a execução dos serviços é diretamente acordada com a entidade adjudicante, ao passo que as necessidades diárias de fornecimento de elementos prontos a usar são determinadas pela filial com base em contratos celebrados com a entidade adjudicante.

Há que salientar também que as averiguações das autoridades tributárias sobre o estabelecimento estável onde é desenvolvida a atividade económica foram feitas com base, entre outras coisas, na análise dos contratos de cooperação celebrados entre a LG Display Co. Ltd. (Coreia) e a sua filial. Estes dados foram coligidos no âmbito de outro processo fiscal e no momento em que os serviços foram prestados (aquando da emissão das faturas) não estavam disponíveis para consulta pela Dong Yang Electronics sp. z o.o. Como esta informação era imprescindível para apreciar se o serviço foi prestado no estabelecimento estável, afigura-se que estamos perante a situação descrita no artigo 22.°, n.° 1, terceiro parágrafo, do Regulamento UE.

3.2.7. No entender da formação de julgamento do presente processo, a jurisprudência assente do Tribunal de Justiça, relativa à interpretação do conceito de «estabelecimento estável», não permite dissipar as dúvidas de interpretação suscitadas na questão prejudicial. Depende da resposta do Tribunal de Justiça a questão de saber se as prestações de serviços efetuadas pela sociedade polaca

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recorrente à sociedade coreana serão tributadas na Polónia, ou se esses serviços devem ser isentos de imposto com direito à dedução do imposto pago a montante.

[Omissis] [pertinência para a resolução do litígio]

[Omissis] [suspensão da instância]

[Omissis]

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