ESTUDOS DE CASOS - PROGRAMA DE ECONOMIA DE ÁGUA
DE USO DOMÉSTICO E NÃO DOMÉSTICO
Sonia Maria Nogueira e Silva(1)
Engenheira Civil formada pela Universidade Federal do Pará em 1972.Atualmente Coordenadora do Programas de Economia de Água de Uso Doméstico e não Doméstico/Uso Racional da Água na Cia SABESP.
Ricardo Reis Chahin
Engenheiro Civil e Sanitarista formado pela Escola de Engenharia Mauá em 1993. Proficiência em Inglês pela Universidade Michigan em 1994.
Endereço(1): Rua Dr. Carlos Alberto do Espírito Santo, 93 - Pinheiros -
São Paulo - SP - CEP: 05429-090 - Brasil - Tel: (011) 3030-4239 - Fax: (011) 814-4911 - e-mail: usoracio@sysnetway.com.br.
RESUMO
Em vista do panorama Mundial / Brasileiro e Regional sobre o tema Água, enfocando a escassez, mal distribuição, desequilíbrio do sistema, má utilização da água e desperdício, os dirigentes governamentais e os profissionais ligados ao setor do saneamento já estão preocupados em tentar sanear essa questão, estabelecendo uma Política Permanente de medidas corretivas e preventivas com a implantação do Programa Nacional de Combate ao desperdício de Água - PNCDA.
O Banco Mundial mandou um recado para os países em desenvolvimento: ou fecham suas torneiras ou terão de investir US$ 700 bilhões nos próximos 10 anos para não morrerem de sede. Entre eles está o Brasil, uma das nações mais ricas em água do planeta e, ao mesmo tempo, vítima de um grande déficit hídrico.
A Grande São Paulo estará condenada a escassez da água se as autoridades, a Companhia de Saneamento e as pessoas não adotarem a utilização racional da água e ao controle da demanda, a área metropolitana poderá manter o crescimento econômico sem gastar uma gota a mais de água. Citamos o exemplo da Alemanha, o consumo de água é, hoje, o mesmo registrado em 1975.
Portanto, a Sabesp desde 1995 vem desenvolvendo um Programa de Economia de Água em Edifícios dentro da Política de Conservação de Recursos Hídricos e Uso Racional da Água para RMSP.
PALAVRAS -CHAVE: Tipologia de Edifício, Desperdício, Economia, Equipamentos de
INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado que vem ocorrendo nos grandes centros urbanos nos últimos anos, as dificuldades de obtenção de financiamentos o aumento de investimentos para realizações de projetos e obras de saneamentos que atendam as demandas das cidades através de mananciais cada vez mais distantes somado ao crescimento geométrico de áreas irrigadas, e demais conflitos de usos que poderão ocorrer, têm propiciado que as autoridades do governo federal, adotem medidas que objetivam disciplinar o uso da água.
A água doce esta se tornando cada vez mais escassa, pois é um recurso finito e limitado, sendo utilizada nas áreas urbanas e rurais em quantidades crescentes e esta situação é agravada pela poluição que os mananc iais vêm sofrendo.
As medidas corretivas e preventivas voltadas ao uso racional da água envolvem diferentes tecnologias, escalas econômicas e arranjos institucionais, podendo contemplar desde o simples uso de arejadores de torneiras até sistemas de tratamento avançados e reuso da água passando pela remodelação paisagística de áreas ajardinadas.
Todas essas medidas vinculam-se a um conceito mais amplo de conservação da água que, a despeito do que possa aparentar à primeira vista, aplica-se tanto a regiões com notória escassez como a complexos regionais e urbanos inseridos em sistemas hídricos de grande abundância natural. Em um país com a extensão e a diversidade do Brasil, é obvio que não se aplicaria uma receita única de conservação para todos os casos. Mas isso não dispensa a necessidade urgente de se estabelecer uma Política Permanente e de abrangência nacional que tenha como objetivo a sustentabilidade de longo prazo das ofertas de água no país, sob pena de presenciarmos e sofrermos, cada dia mais, o paradoxo de escassez da água em algumas regiões originalmente mais bem dotadas de água bruta de todo o Mundo como o Brasil.
A Sabesp juntamente com a Escola Politécnica da USP/IPT implantaram várias ações economizadoras de água em várias tipologias de edifícios e tipos de usos que serão apresentadas como Estudo de Casos - Ações de economia na Sabesp em várias tipologias de edifícios e tipos de usos a seguir:
Estão sendo apresentados também resultados de ações implantadas pelos próprios usuários como o caso do Condomínio São Luís, Escola Vera Cruz, Palácio dos Bandeirantes que foram avaliados preliminarmente pela E.P.USP através de um diagnóstico e auditoria do uso da água e ações iniciais do IPT.
OBJETIVO
? avaliar os potenciais de diminuição do volume de água disponibilizado a estes edifícios através da redução de perdas e do uso racional da água, estabelecendo - se uma metodologia a ser utilizada em outros edifícios;
? implantar um conjunto de ações que promovem a efetiva diminuição do volume mensal despend ido por estes edifícios,
? as ações implementadas nestes edifícios podem ser reproduzidas em outros de mesmas atividades, principalmente públicos, reduzindo a água desperdiçada e o nível de inadimplência;
METODOLOGIA
a) detecção, cadastramento e correção de vazamentos, nas redes externas e internas aos edifícios.
b) verificação e correção de perdas internas nos sistemas prediais - vazamentos visíveis e regulagem ou substituição de comandos hidráulicos (válvulas, registros, torneiras, reservatórios, etc).
c) diminuição das vazões dos aparelhos através da introdução de arejadores e dispositivos de redução de pressão e substituição das bacias sanitárias pelos de baixo consumo se possível; ou substituição de válvulas de fluxo com passagem de 6l/descarga.
d) substituição de torneiras convencionais por economizadoras, com comandos hidráulicos de acionamento automático - mecânicos ou com sensores IV e com acionamento de pé.
e) programa de caracterização de hábitos e costumes e racionalização das atividades que consomem água.
Específico para cozinha:
? estabelecimento de rotina de nova metodologia de higiene de superfície e de alimentos. ? adequação dos procedimentos técnicos de utilização de água com economia com
comprovação microbiológica das condições ,de higienico-sanitárias e avaliação. ? treinamento e sensibilização de funcionários para uma nova conscientização de
mudanças de hábitos através de palestras, fitas, folhetos etc.
f) treinamento de funcionários para manutenção dos equipamentos de baixo consumo.
g) campanhas educativas para sensibilização e conscientização do usuário para evitar o desperdício.
CONCLUSÕES ESTUDO DE CASO 1
C o n s u m o M e n s a l d e Á g u a - C o n d o m í n i o S ã o L u i z 0 1 0 0 0 2 0 0 0 3 0 0 0 4 0 0 0 5 0 0 0 6 0 0 0 7 0 0 0 8 0 0 0 9 0 0 0 j a n a b r j u l o u t Consumo (m3) 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 Características do Edifício Área construída: 83.655m2 Área do andar tipo: 68.084m2 População (fixa e flutuante): 4.500
Retorno do Investimento
•
Substituição realizada no período de dez/94 a mar/95•
434 torneiras convencionais por torneiras de fechamento automático (hidromecânicas);•
158 válvulas de descarga de mictó rios convencionais por válvulas hidromecânicas.•
Consumos e custos anuaisConsumo - m3 Custos - R$
1994 93.739 766.264,60
1995 78.687 642.838,20
Economia Anual 15.052 123.426,40 (16%)
•
Amortização do investimento•
custo inicial: R$ 83.152,00 (material + M.O) Amortização (2%)•
economia mensal R$ 10.258,53 9 mesesESTUDO DE CASO 2
C o n s u m o M e n s a l d e Á g u a - E s c o l a V e r a C r u z 0 5 0 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0 3 5 0 4 0 0 4 5 0 j a n m a r m a i j u l s e t n o v m3 1 9 9 4 1 9 9 5 Características do Edifício Área construída: 2.736m2
Retorno do Investimento
•
Substituição realizada no período de dez/94 a jan/95•
16 torneiras convencionais por torneiras de fechamento automático (hidromecânicas);•
Consumos e custos anuaisano consumo - m3 Custos - R$
1994 2.826 20.382,96
1995 2.110 14.955,76
Economia Anual 716 5.427,20 (25%)
•
Amortização do investimento•
custo inicial R$ 2.384,00 (material + M.O) Amortização (2%)•
economia mensal R$ 452,25 6 mesesESTUDO DE CASO 3
Gráfico 3: Edifício Institucional - Palácio dos Bandeirantes.
C o n s u m o M e n s a l d e Á g u a - P a l á c i o d o s B a n d e i r a n t e s 0 1 0 0 0 2 0 0 0 3 0 0 0 4 0 0 0 5 0 0 0 6 0 0 0
jan a b r jul out
Consumo (m3)
1993 1995
Características do Edifício
População (fixa e flutuante): em 1994 - 1.498 e em 1995 - 1.837 pessoas
Retorno do Investimento
•
Substituição realizada ao longo de 94•
39 torneiras convencionais por torneiras de fechamento automático (hidromecânicas);•
24 válvulas de descarga de mictórios convencionais por válvulas hidromecânicas.•
consumos e custos anuaisconsumo - m3 Custos - R$
1993 60.816 496.296,00
1995 43.990 358.217,60
•
Amortização do Investimentocusto inicial R$ 8.619,00 (material + M.O)
ESTUDO DE CASO 4
Edifício de Escritório - Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT
Características do Edifício
Número de prédios: 80
População (fixa e flutuante): 1.500
Retorno do Investimento
Combate aos vazamentos na rede e nos reservatórios
? Consertos trocas reparos de registros, conexões e tubulações.
•
consumos e custos mensaisconsumo - m3 Custos - R$ 1995 (jan/nov) 305.000 1.372.465,70 1996 (dez-95/set/96) 142.000 638.965,70 Economia 163.000 773.690,00 (53%) Retorno imediato ESTUDO DE CASO 5
Hospital das Clínicas R Dr. Enéas de Aguiar 255 - Pinheiros Cidade de São Paulo Gráfico 4 Consumo mensal no Prédio do Ambulatório PAMB.
0 10000 20000 30000 40000 50000
Jan Fev Mar Abr Mai
mês
Consumo mensal (m3)
1996 1997
Características do Edifício
Área total de construção: 117.127m2 População fixa: 2082 funcionários
Volume total de água perdida (rede externa e nos pontos de consumo )- 1.219 m3/mês (~ 3,5% do consumo mensal)
Retorno do Investimento
Detecção e correção do vazamento da rede externa e dos pontos de utilização (80%- início 07/4 e 22/4/97)
Substituição de registro na entrada de um dos reservatórios inferiores em 07/04/97.
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Consumos e Custos Mensaisconsumo m3 custos R$
1997(abril) 30.000 269.931,00
1997(maio) 28.108 252.903,00
Redução observada em 30/05/97 - 1.892 m3
Amortização do Investimento
custo inicial R$ 3.000,00 (material + M.O) Amortização Economia Mensal R$ 17.028,00 retorno imediato
ESTUDO DE CASO 6
Gráfico 5: Edifício de Escritório - Prédio SABESP Costa Carvalho - sede (2 turnos) Pinheiros São Paulo.
36,84 31,42 27,11 21,43 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Consumo m3
fase1 fase2 fase3 fase4
-20/5 a 14/6 -15/5 a 12/7 -redução de 15% -13/7 a 31/7 -redução de 26% -16/8 a 03/9 -redução de 41.8%
Obs1: de 01/8 à 16/8 - interrompida a leitura, devido aos consertos de vazamentos
Características do Edifício
Pop. fixa: 331 pessoas; pop. flutuante : 200 pessoas.
1º fase com arejadores tipo II econômico
2º fase após campanha educacional e mudanças de hábitos 3º fase após substituição de torneiras e 15 bacias sanitárias 4º fase após eliminação dos vazamentos - campanha educativa
Retorno do Investimento
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Instalados dispositivos de economia de água•
34 torneiras eletrônicas•
30 torneiras de fechamento automático•
15 bacias sanitárias•
7 arejadores - 3 nas copas,1 na lanchonete e 3 na cozinha•
2 chuveirinhos para lavar verduras•
Campanhas educativas•
Consumos e Custos AnuaisConsumo - m3 Custos - R$
1996 13.320 53.414,40
1997 7.560 29.798,40
Economia Anual 15.052 23.613,00
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Amortização do Investimento•
custo inicial: R$ 15.811,14(material + M.O) Amortização•
economia mensal R$ 1968.00 8 mesesESTUDO DE CASO 7 Cozinha industrial - Prédio SABESP Costa Carvalho - Pinheiros São Paulo
Gráfico 6: Consumo diário na cozinha do restaurante.
0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 litros/refeição
_ _ _m é d i a f a s e 1 _ _ _média fase 2 _ _ _média fase 3 _ _ _média fase 4 _ _ _m é d i a f a s e 5
26/03 01/04 1 1 / 0 4 03/05 30/05 09/07 1 2 / 0 7 Características do Edifício
1a etapa: 21 funcionários - 3 turnos - 420 refeições por dia 25/03/96
Retorno do Investimento
Instalados dispositivos de economia de água - 5 arejadores tipo econômico
detecção e eliminação dos vazamentos 1 torneira de acionamento com o pé
2 chuveirinhos dispersantes
Campanhas educativas: Mudanças nos procedimentos das atividades de limpeza, preparação de alimentos e de utensílios.
Economia de 33l/refeição para 16 l/refeição (51%)
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Consumos e Custos Mensaisconsumo m3 Custos - R$ março 320,00 1.405,70 abril 283,00 1.239,20 maio 235,50 1.025,45 junho 137,00 582,20 julho 180,00 775,70 agosto 153,00 654,20 setembro 112,60 472,40 66% Amortização do Investimento
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custo inicial: R$ 500,00 (material + M.O) Amortização•
economia mensal R$ 155,00 2,5 meses•
economia anual R$ 1.866,60REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS