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ANÁLISE ECONOMÉTRICA DA OFERTA DE ALGODÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO

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Academic year: 2021

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ANÁLISE ECONOMÉTRICA DA OFERTA DE ALGODÃO NO

ESTADO DE MATO GROSSO

Nilton Marques de Oliveira1

Carlos Antônio F. Dias2 Antônio José Medina dos Santos Baptista2

Resumo

Este trabalho teve por objetivo analisar a oferta agregada de algodão no Estado de Mato Grosso no período de 1980 a 2000. O modelo Teórico utilizado foi a Teoria da Oferta, onde se explicou a oferta de algodão através da quantidade produzida em tonelada. Utilizou-se como variáveis explicativas; o preço recebido pelo produtor, preço do fertilizante, a área plantada com algodão em hectares e a proxy de tendência – tecnologia.. Concluiu-se que a resposta dos produtores ao preço do algodão ocorreu de forma direta e de acordo com a Teoria Econômica, ou seja, à medida que o preço defasado do algodão era alto, os produtores aumentaram a área plantada do algodão e vice-versa. Com relação a tecnologia se verificou uma implementação substancial, ou seja, esta cultura é completamente mecanizada, respondendo a grande demanda desta cultura no País.

Palavras - Chave; Oferta, Algodão, Mato Grosso, Preços e Mínimos Quadrados Ordinários.

1. INTRODUÇÃO

1.1 O Problema e Sua Importância

A cultura do algodão foi introduzida no Brasil por volta de 1750, no Estado do Maranhão. A cultura expandiu-se para outros estados da federação, em função da grande demanda no mercado internacional.

Até o fim do século XIX, no Brasil plantava-se o algodão arbóreo, de ciclo perene. Entretanto, em São Paulo, foi iniciado o plantio do algodão herbáceo, de ciclo anual, fibra curta, apresentando produtividade significativamente superior ao algodão arbóreo, que continua ainda sendo plantado na região Nordeste. ( Passos, 1977).

1 Mestre pela Universidade Federal de Viçosa- UFV MG e Professor de Economia da Faculdade Jesus Maria

José – FAJESU – QNG 46 – Área Especial 8 – Cep 72.130-400 – Taguatinga – DF – e-Mail:

niltonmarkes@yahoo.com.br

2 Mestre pela Universidade Brasília-UnB e Professor da Coordenação de Economia e Administração das

Faculdades Integradas do Planalto Central – FIPLAC – BR 040 Km 16 – Cep: 72.800-000 - Luziânia-GO. –

e-mail: carlos.dias@uneb.com.br

2 Doutorando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa- UFV MG (bolsista da

CAPES/PEG-PG) Departamento de Economia Rural - Universidade Federal de Viçosa CEP: 36571-000, Viçosa-MG e-mail:

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As regiões Sul, Sudeste e Nordeste dominaram o cultivo de algodão até a década de 70. A produção de algodão no Nordeste declinou nas décadas de 80 e 90. Recentemente, foi a vez de estados como São Paulo e Paraná declinarem sua produção. Na década de 90 o algodão se fixou, no Centro-Oeste, especialmente no Estado de Goiás e Mato Grosso ( Pinazza,2000).

Na década de 90 a região Centro-Oeste aprece como nova fronteira para o algodão, a partir da safra 1992/93 (Urban et al 1995, citados por Beltrão, 1999), afirmam que esta região tem algumas vantagens sobre as regiões Sudeste e Sul por permitir em primeiro lugar, devido à topografia do terreno, a mecanização completa da atividade, incluindo a colheita, em segundo, por permitir maior homogeneidade da fibra, devido à regularidade climática, e em terceiro lugar, por propiciar a instalação de culturas com elevado padrão produtivo.

A introdução do cultivo do algodão trouxe para o Estado de mato Grosso novas perspectivas de desenvolvimento econômico, aliadas a suas próprias características, o cerrado mato-grossense, com grande extensão de terra fértil e clima propício ao plantio dessa cultura, como uma atividade rentável e altamente viável.

O Estado de Mato Grosso, com suas potencialidades naturais, responde hoje por cerca de 54% da produção do algodão herbáceo brasileiro, cultivando cerca de 268,4 mil dos 823,8 mil hectares dessa cultura no Brasil (Conab, 2000). Numa comparação entre a produção nacional em relação à produção do Estado de Mato Grosso, nota-se que, enquanto o País produz aproximadamente 700.000t de plumas e 1.187.000 t de caroço de algodão, o Estado de Mato Grosso produz 335.000 t de plumas e 536.000 t de caroço de na safra (1999/00). Comparando a produtividade por hectare, nota-se que a média da produtividade nacional é de 2.291 kg/há e a de Mato grosso é de 3.250 kg/ha de algodão em caroço, bem acima da média alcançada pela cotonicultura brasileira (Conab, 2000).

O estado de Mato Grosso é o ponto geodésico da América do Sul, sendo rota compulsória para a Amazônia, integrando-se à Amazônia Legal, além da Região Centro-Oeste. Hoje, Mato Grosso é o segundo produtor nacional de soja, primeiro em algodão, segundo de arroz e o quarto de bovinos. Com 2,3 milhões de habitantes, o estado está praticamente nascendo para o desenvolvimento; dos 90 milhões de hectares que formam o estado, 25 milhões são agricultáveis e apenas 18% estão sendo aproveitados (Manual do Investidor, 2000).

A análise e quantificação das características da oferta de produtos agrícolas são de grande importância para a definição de políticas e para fazer previsões. O conhecimento das reações dos produtores a variações no preço do produto e nos preços dos insumos é relevante tanto para o governo quanto para o setor privado. A estimação de funções de oferta gera informações importantes para políticas de preços, de subsídios e para planejamento em geral.

O objetivo deste trabalho é analisar as características da oferta de Algodão no estado de Mato Grosso. Especificamente, deseja-se: a) analisar as respostas nas quantidades ofertadas do produto às variações no preço do produto recebido pelo produtor; b) analisar as respostas nas quantidades ofertadas do produto às variações nos preços dos fertilizantes; e c) analisar as repostas nas quantidades ofertadas da área para o plantio do algodão.

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2. METODOLOGIA 2.1- Modelo Teórico

A teoria da oferta está diretamente relacionada com a teoria dos custos de produção. A oferta de um bem pode ser definida como as várias quantidades desse bem que o vendedor coloca no mercado, a todos os possíveis preços alternativos, em dado período de tempo, "coeteris paribus" (Magalhães 1985).

Os fatores que afetam a oferta são: a) tecnologia, caso exista uma inovação tecnológica, de tal forma que os custos de produção decrescem, a curva de oferta se desloca para baixo. Esse deslocamento importa em acréscimo da oferta; b) o suprimento dos insumos necessários à produção da mercadoria é considerado como dado e fixo; c) os impostos e subsídios são elementos importantes, que devem ser mantidos constantes; d) as condições climáticas, para o caso dos produtos agrícolas, também devem ser considerados constantes (Magalhães 1985).

O modelo teórico está baseado na teoria da oferta e é formado por uma equação dada por:

QSt = f ( PRt, PFt, At, Tt,) (1)

em que:

QSt é a quantidade ofertada do algodão no estado de Mato Grosso em tonelada ano t;

PRt é o preço recebido pelo produto no ano t;

PFt é o preço pago pelo fertilizante no ano t;

At, é a área produzida no ano t;

Tt é a proxy de tecnologia, que explica a variável tendência.

Espera-se sinais positivo para os coeficientes PRt, At, Tt e sinal negativo para PFt

2.2- Modelo Econométrico

O método utilizado para estimar a função de oferta de algodão no estado de Mato Grosso no período de 1980 - 2000, foi o Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), que busca através da minimização da soma dos quadrados dos resíduos obter a minimização da variância dos dados, apresentada na sua forma logaritimizada para obter os coeficientes de elasticidades.

LnQSt = β1+ β2lnPRt + β3lnAt -β4lnPFt + β5lnTt +µt (2) em que:

LnQSt =Variável dependente;

PRt At PFt Tt = Variáveis independentes;

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β1, β2,β3,β4,β5 = Parâmetros do modelo

Espera-se β2,β3 ,β5 maior que zero e,β4, menor que zero.

A equação (2) deve obedecer as seguintes pressuposições sobre o erro aleatório conforme Gujarati (2000).

1) Dado o valor de X, o valor médio ou esperado do termo de perturbação aleatório ui é zero;

2) Dado o valor de X, a variância de ui é a mesma para todas as observações

(homocedasticidade);

3) Dados dois valores X quaisquer Xi e Xj (i ≠j), a correlação entre quaisquer dos dois ui uj (i ≠j) é zero;

4) Covariância zero ui e Xi .

2.3 - Fontes de dados

Foram utilizados fontes de informações de dados secundários dos seguintes órgãos: SEPLAN (Secretaria de Planejamento do Estado de Mato Grosso); IPEADATA( Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e estatística).

Os preços pago ao produtor por tonelada de algodão e preço do fertilizantes foram deflacionados pelo IGP-DI com base ago-94=100, no período de 1980 a 2000, foram obtidos no site do IPEADATA- WWW.ipeadata.gov.br.

Para a coleta da Área em hectares e quantidade em tonelada produzida de algodão foram coletados no site da SEPLAN - WWW.seplan.mt.gov.br

3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 3.1 – Análise Econométrica

A regressão estimada para função de oferta de algodão para o Estado de Mato Groso, apresentou os seguintes resultadas visualizados na tabela 1.

Tabela 1. Resultados Econométricos da Regressão Estimada

Variável Coeficientes Erro-Padrão t-Statistic

Intercepto -8,9349 2,3418 -3,8154 LogPR 1,0709 0,2657 14,4551 LogAR 1,2166 0,0841 4,0298 LogPF -0,0158 0,0165 -0,9603(*) LogT 0,0687 0,0166 3,8268 R2 0,98 F-Statistic 549,33 Durbin-Watson 1,49

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O coeficiente de determinação R2 foi de 0,98 o que indica um ótimo ajustamento do modelo, ou seja, 98% das variações nas quantidades ofertadas de algodão são explicadas pelas variáveis independentes.

O teste F confirma que o modelo é estatisticamente significativo a 1%, indicando que no conjunto as variáveis explicativas tem forte influência estatística sobre a variável explicada.

O teste t indicou que os parâmetros β1, β2, β3, β5, são significativos a 1% , porém β4

não foi significativo ao teste t.

No modelo em análise não se verificou a presença de multicolinearidade, conforme indicou a matriz de correlação entre as variáveis explicativas.

O teste Jarque-Bera que indica a normalidade dos resíduos mostrou o valor - P de 51% de probabilidade de aceitar a hipótese nula de que os resíduos possuem distribuição normal.

A heterocedasticidade é um problema típico de dados de seção cruzada, como este modelo se trata de série temporal, não apresentou-se através do teste de White a Heterocedasticidade. O modelo é Homocedástico, isto é, apresenta-se a mesma variância ao longo da amostra. O valor P da estatística Qui-quadrado foi de 18,8%, portanto aceita-se a hipótese nula.

A autocorrelação é verificada através do teste de Durbim-Watson. Observa-se na regressão estimada que a estatística d foi de 1,49, a tabela de Durbin-Watson a 5% mostra Que d =0,927 e ds = 1,812, com 21 observações. O d estimado caiu numa região inconclusiva,

portanto não se pode dizer que há ou não a autocorrelação.

3.2 – Análise Econômica:

Análise econômica parte da análise da elasticidade-preço da oferta, que indica que oferta é elástica a preços, pois sua elasticidade é maior que 1, esta elasticidade indica que uma variação de 1% no preço pago aos produtores, tende a ocasionar uma variação positiva de 1,070% na oferta do produto.

A elasticidade da oferta em relação a área do plantio, indicou que uma variação de 1% na área produzida, tende a ocasionar uma variação positiva de 1,216% na oferta de algodão.

Com relação a elasticidade-preço dos insumos, indicou que uma variação de 1% no custo dos fertilizantes, tende a ocasionar uma variação negativa de 0,015% na oferta de algodão.

A elasticidade da oferta com relação a variável tecnologia, indicou que variação de 1% no investimento em tecnologia, tende a ocasionar uma variação positiva de 0,06% na oferta de algodão.

4. CONCLUSÕES:

Os resultados do estudo levam a concluir que os produtores de algodão, ao planejarem suas produções, faziam predições do preço para a época em que sua produção seria comercializada, tendo como base para tais predições, os preços do ano anterior.

Há correlação direta da variação da área plantada com os planos econômicos de estabilização da economia brasileira, ou seja, quando a economia tem expectativa de crescimento, indicador de preço bom, aumenta-se à área do cultivo do algodão e vice-versa, onde faz-se necessária coerência por parte dos governantes em criar condições que ajudem os produtores nas suas tomadas de decisões.

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Observa-se, que a partir da década de 90 o Centro-Oeste passa a ser a nova fronteira agrícola para esta cultura e o Estado de Mato Grosso se torna um importante produtor. O Estado de Mato Grosso, responde hoje por cerca de 54% da produção do algodão herbáceo brasileiro, Comparando a produtividade por hectare, nota-se que a média da produtividade nacional é de 2.291 kg/há e a de Mato grosso é de 3.250 kg/ha de algodão em caroço, bem acima da média alcançada pela cotonicultura brasileira.

Hoje, Mato Grosso é o segundo produtor nacional de soja, primeiro em algodão, segundo de arroz e o quarto de bovinos, o Estado apresenta grande potencialidade para o desenvolvimento.

As estimativas obtidas neste estudo confirmam os resultados obtidos em outros trabalhos de que os produtores respondem às variações nos preços, aumentando ou diminuindo a quantidade ofertada, na mesma direção da variação nos preços do produto.

Com relação às elasticidade encontradas, observou-se que o produtor de algodão responde mais ao preço do próprio algodão.

É importante salientar que no período analisado, a variação da área plantada com algodão foi grande, chegando a taxa geométrica de crescimento mais de 236% no período em análise.

O presente trabalho apresentou um bom ajustamento do R2 de 0,98., e algumas variáveis explicativas foram significativas a 5%, exceto o preço do fertilizante que apresentou baixo teste t-statisc, mais isso não invalida a regressão estimada, talvez podendo ser justificado pelo subsídio que o produto recebe para adquiri insumos de produção. É importante destacar que o produtor responde mais a preços do que a área plantada com a cultura no ano anterior.

Os coeficientes de elasticidade obtidos representam uma média durante todo o período analisado, sendo, portanto, possível que as condições da oferta possam ter sido alteradas no decorrer do tempo.

O presente trabalho analisou-se penas ao Estado de Mato Grosso, portanto fica limitado a tirar conclusões gerais sobre a oferta de Algodão no Brasil. No entanto sugere-se para pesquisas futuras uma análise mais global a nível nacional e internacional e uma possível comparação com a Região Centro-Oeste.

5 -REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELTRÃO, N.E. de M. O Agronegócio do algodão no Brasil. Campina Grande Embrapa – CNPA, Vol. I e II p. 44-51. 1999:

CONAB (Companhia Nacional do Abastecimento), Relatório Anual sobre a cultura do

Algodão. Brasília. 2000. p.225-228.

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Censo Agropecuário, 2000.

IPEADATA(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)- Disponível em :http://www.ipeadata.gov.br/fvg-agroanalysis.htm Acesso em 10 Nov.2001

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GUJARATI, D. N. – Econometria Básica, São Paulo: Makron Books, 2000.

MAGALHÃES, G.F.P.- Apostila –Teoria da Demanda e Oferta- Universidade Federal de Viçosa – UFV- Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes- Departamento de Economia. Imprensa Universitária- Viçosa MG- 1995 p.9-10.

Manual do Investidor no Estado de Mato Grosso, SEPLAN - Secretaria de Planejamento,

Anuário Estatístico -2000.

PASSOS, S.M.G- Algodão. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1977. p.87-98.

PINAZZA, L.A. Jogo de cintura. Agroanalysis, v.20. n.11, p14-21, nov.2000.

SEPLAN-MT (Secretaria de Planejamento do Estado de Mato Grosso)- Disponível em: http://www.seplan-mt.gov.br/anuário.htm ., Acesso em 10 Nov.2001.

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