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XVI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 20 a 22 de Outubro de 2010

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ISSN 18088449

XVI Encontro de Iniciação à Pesquisa

Universidade de Fortaleza

20 a 22 de Outubro de 2010

A PESQUISA COMO COMPONENTE CURRICULAR

NA FORMAÇÃO EM

FÍSICA E MATEMÁTICA: ANÁLISE DOS DOCUMENTOS LEGAIS.

Palavras-chave: Pesquisa. Ensino. Formação Docente. Legislação.

Resumo

O texto apresenta análise sobre a integração ensino e pesquisa na formação inicial de professores em nível superior. Propõe-se a explicitar o tratamento dispensado a pesquisa no currículo dos cursos de licenciatura em Matemática e Física, considerando as Diretrizes Curriculares Nacionais nessas áreas e o Projeto Político Pedagógico desses dois cursos em uma universidade pública estadual cearense. A iniciativa, desdobramento de investigação mais ampla apoiada pelo CNPQ, foi desenvolvida com base no exame documental de cunho qualitativo. A análise evidenciou elementos favoráveis a integração da pesquisa nos cursos de Física e Matemática, pois ambos os cursos enfatizam a elaboração de monografia, bem como atividades de iniciação científica. Também foi possível perceber que esses cursos ainda tendem a enfatizar a pesquisa na formação do bacharel em detrimento do licenciado, da formação para a docência, perspectiva que assinala o longo caminho que há por recorrer no reconhecimento do docente como produtor de conhecimento.

Introdução

O presente texto discute como a pesquisa está inserida nas licenciaturas de Matemática e Física. A proposta tem por objetivo fazer uma análise documental entre esses dois cursos que pertencem à área de exatas, apresentando a importância da articulação entre ensino e pesquisa na formação desses profissionais.

A temática acerca da relação ensino e pesquisa se apresenta com grande relevância para a formação profissional e por tanto vem ganhando visibilidade na literatura da área. Várias são as indagações sobre as dificuldades de inserir a pesquisa no processo de ensino e aprendizagem. Assim é preciso considerar essas bibliografias como início do nosso estudo.

A pesquisa é um instrumento formativo que possibilita ao profissional a ser formado, a construção do conhecimento e, não uma mera repetição de teorias. Essa articulação entre a pesquisa e o ensino na formação contribui para emancipação humana, para o desenvolvimento crítico e reflexivo do conhecimento e das relações sociais.

A necessidade de romper com a dicotomia entre o pensar e o fazer, a teoria e a prática, o ensino e a pesquisa, conduz à percepção da importância da pesquisa no processo de formação já desde a graduação, considerando a relação intrinsecamente articulada entre as categorias destacadas. (NÓBREGA-THERRIEN e (NÓBREGA-THERRIEN, 2006, p.3)

A utilização da pesquisa no processo de formação profissional possibilita ao docente o desenvolvimento da reflexão na ação. Tornando-o capaz de refletir sobre a sua prática, desenvolvendo sua autonomia intelectual e o capacitando para buscar conhecimentos, habilidades, atitudes que aprimore o seu trabalho.

A pesquisa pode tornar o sujeito-professor capaz de refletir sobre sua prática profissional e de buscar formas (conhecimentos, habilidades, atitudes, relações) que o ajudem a aperfeiçoar cada vez mais seu trabalho docente, de modo que

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possa participar efetivamente do processo de emancipação das pessoas. (ANDRÉ, 2006, p. 221)

O caminho percorrido para se fazer pesquisa, exige uma postura reflexiva, pois é necessária a formulação de hipóteses e questões que não surgem sem primeiro passar por uma etapa de reflexão. Sendo assim, se faz necessário que, os professores consigam realizar atividades que envolvam a pesquisa ou que estimulem uma postura investigativa nos alunos, como também é preciso que se estendam as oportunidades de participação nos programas de iniciação científica para mais alunos, pois esta experiência é muito importante para a formação de um professor pesquisador.

No contexto da sala de aula a pesquisa vem a beneficiar tanto os professores quanto os discentes onde ambos terão a oportunidade de assumir uma postura crítica e reflexiva sobre a realidade. Sobre isso, Alarcão (2008) diz: “A idéia do professor reflexivo, que reflete em situação e constrói conhecimento a partir do pensamento sobre a sua prática...”

Embora seja importante a pesquisa na formação profissional, o que vemos hoje nas universidades é uma polarização entre o ensino e a pesquisa, onde segundo Nóbrega-Therrien e Therrien, 2006, “as universidades privilegiam o ensino com tradição em aulas expositivas onde o aluno escuta, fala pouco e quase nunca escreve”. Como uma das consequências desse ensino, temos as dificuldades apresentadas pelos alunos na produção escrita, pois esta é pouco vivenciada na formação inicial, na maioria das vezes restringindo-se às provas. Essa situação esta presente em todo percurso acadêmico, pois geralmente o único exercício que exige a investigação e a reflexão do aluno é representado pela monografia ou trabalho de conclusão de curso.

Metodologia

Para o desenvolvimento do presente trabalho, desdobramento de investigação mais ampla subsidiada pelo CNPq (Edital Universal 2008) sobre a integração ensino e pesquisa na docência universitária, apoiamo-nos na análise documental qualitativa, procedimento que exigiu “um olhar atento sobre os dados da pesquisa” (GOMES, 1994: 67), um mergulho no seu conteúdo, o que se efetivou em sucessivas leituras. Este caminho permitiu “estabelecer uma compreensão dos dados coletados” (ibidem), bem como identificar idéias recorrentes e, com esteio nelas constituir uma interpretação organizada e entrecruzada dos elementos/informações identificadas. Partimos do pressuposto de que os documentos são fontes ricas e estáveis de dados, traduzem intenções e ações dos sujeitos que os produziram.

Com base nesse referencial elegemos como material base as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática, Parecer nº 1.302/2001 do CNE/CES; o Projeto Político Pedagógico deste curso proveniente da Universidade Estadual do Ceará/Fortaleza; assim como, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Física, Parecer nº 1.304/2001 do CNE/CES; e o Projeto Político Pedagógico deste curso, também oriundo da UECE/ Fortaleza. As diretrizes são fontes governamentais, expressam a intenção do Poder Público enquanto responsável por orientar a educação nacional; os projetos políticos pedagógicos são produções dos sujeitos que concretizam a política educacional no contexto universitário, portanto, manifesta (ou deveria manifestar) suas interpretações a partir da prática pedagógica.

Esses dispositivos constituem fontes importantes para a compreensão da integração ensino e pesquisa, uma vez que são eles que regulam os cursos em todo o Brasil e orientam, especificamente cada universidade.

Resultados e Discussão

As Diretrizes Curriculares para os cursos de Física, Parecer nº: CNE/CES 1.304/2001, que foi aprovado em 06 de novembro de 2001, apresenta no primeiro tópico a descrição do perfil geral do físico que está sendo formados, assim:

[...] seja qual for sua área de atuação, deve ser um profissional que, apoiado em conhecimentos sólidos e atualizados em Física, deve ser capaz de abordar e tratar problemas novos e tradicionais e deve estar sempre preocupado em buscar novas formas do saber e do fazer científico ou tecnológico. Em todas as suas

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atividades a atitude de investigação deve estar sempre presente, embora associada a diferentes formas e objetivos de trabalho. (CNE/CES, 2001, p. 3).

A partir desse perfil geral, são descrito perfis específicos, onde nos chama atenção o perfil do Físico-Pesquisador (Bacharelado em Física), este é caracterizado por ocupar-se “preferencialmente de pesquisa, básica ou aplicada, em universidades e centros de pesquisa” (CNE/CES, 2001, p. 3I). Ele deve possuir a habilidade e competência de desenvolver pesquisas nas diversas áreas e aplicações da Física, dedicando-se também à disseminação do saber científico, seja através da atuação no ensino formal de nível superior, seja através da divulgação científica. E o perfil do Físico-Educador, sendo definido como aquele que “dedica-se preferencialmente à formação e à disseminação do saber científico em diferentes instâncias sociais, seja através da atuação no ensino escolar formal seja através de novas formas de educação científica” (CNE/CES, 2001, p. 3).

Em relação ao conteúdo curricular do curso de Física, as Diretrizes Curriculares Nacionais estabelece a contemplação de práticas de laboratório, ressaltando o caráter da Física como ciência experimental. E que:

[...] todas as modalidades de graduação em Física devem buscar incluir em seu currículo pleno uma monografia de fim de curso, associada ou não a estágios. Esta monografia deve apresentar a aplicação de procedimentos científicos na análise de um problema específico. (CNE/CES, 2001, p. 8).

Tais orientações refletem sobre a Proposta Político Pedagógica do curso de Física UECE/Fortaleza, essa perspectiva orientou nosso olhar sobre este documento, elaborado no ano de 2008. Percebemos que o curso nessa instituição tem como princípio norteador para a formação profissional o perfil do físico-pesquisador e, como observamos nas Diretrizes, este é o perfil que mais se vincula à pesquisa em sua prática e teoria.

Segundo este documento, o curso tem como principais objetivos formar Bacharéis em Física, contribuindo para o desenvolvimento da política de formação de recursos humanos para a área de pesquisa especializada no Estado do Ceará; e ainda, desenvolver propostas de Iniciação à Pesquisa que possibilitem a produção do conhecimento na área e sua divulgação e aplicação no escopo social.

Outro tópico de grande destaque são as disciplinas disponibilizadas, sejam elas obrigatórias ou optativas. Na primeira, existe um universo de 34 disciplinas na qual foram encontradas apenas cinco que contemplam a pesquisa na ementa. Destas, duas são laboratoriais, duas ligadas a monografias e a ultima de teor histórico e filosófico. Já na categoria optativa, foram encontradas nove disciplinas vinculadas à pesquisa, de um total de 36 sugeridas pelo curso. Também é importante destacar que a proposta pedagógica atual enfatiza a construção de linhas de pesquisa vinculadas ao curso de Física.

Partindo para a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática, este documento define que o bacharelado é a área responsável por “preparar profissionais para a carreira de ensino superior e pesquisa, enquanto o curso de licenciatura tem como objetivo principal a formação de professores para a educação básica” (CNE/CES, 2002, p.1).

Com isso, igualmente ao que acontece no curso de Física se faz notória a dicotomia da pesquisa na formação inicial do profissional licenciado e bacharel em matemática, pois o licenciado é excluído dessa atividade que contribui para construção do conhecimento. Esta afirmação é confirmada pelo o silêncio dos tópicos constituintes das DCNs (perfil dos formandos, competências e habilidades, conteúdos curriculares, estágio e atividades complementares) quanto à pesquisa na formação do licenciado.

No

tópico Estágio e Atividades Complementares, exemplifica que a atividade de pesquisa é associada ao bacharelado em Matemática, afirmando que:

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Algumas ações devem ser desenvolvidas como atividades complementares à formação do matemático, que venham a propiciar uma complementação de sua postura de estudioso e pesquisador, integralizando o currículo, tais como a produção de monografias e a participação em programas de iniciação científica e à docência (CNE/CES, 2001, p.6).

Mais especificamente a presençada pesquisa na formação docente, é descrita apenas na Resolução CNE/CES 3/2003 no Art. 2º, onde “O projeto pedagógico de formação profissional a ser formado pelo curso de Matemática deverá explicitar: as características das atividades complementares”.

O Projeto Político Pedagógico do curso de licenciatura em Matemática tem entre seus objetivos “capacitar os estudantes para atividades teóricas e práticas, tendo a pesquisa e o ensino como habilitações prioritárias na investigação científica e no exercício da docência” (UECE/CCT, 2007, p.15). Também estabelece uma carga horária para as atividades acadêmicas cientificas e culturais.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico, o educador matemático ao final do curso deve possuir algumas Competências e Habilidades em relação ao ensino, “conhecer os fundamentos, a natureza e as principais pesquisas de ensino de Matemática” (UECE/CCT, p.13).

A partir do que foi discorrido é possível identificar elementos favoráveis a integração da pesquisa nos cursos de Física e Matemática, pois ambos os cursos enfatizam a elaboração de monografia, bem como atividades de iniciação científica. Esses cursos compartilham dos mesmos dilemas, pois priorizam o bacharel como apto a atuar em pesquisa.

Conclusão

A investigação proporciona uma formação mais autônoma e critica do docente, deste modo ele construirá a sua prática profissional a partir da reflexão. Assim é preciso pensar como os futuros professores estão sendo formados, mais especificamente nos cursos de exatas, onde o estímulo aos alunos por parte do mediador é fundamental para que estes sintam-se motivados a desenvolver essa postura crítica.

O exame da documentação evidenciou, pelo menos do ponto de vista legal, o reconhecimento da pesquisa como componente curricular para a formação de profissionais nos cursos analisados, pois contemplada os princípios, competências e práticas das diretrizes e dos PPPs da universidade investigada. No entanto, ainda prevalece a idéia de que a formação para o bacharelado é a responsável pela pesquisa enquanto o licenciado é aquele vai exclusivamente para a escola básica. Essa dicotomia é perceptível em ambos os curso estudados, onde se exclui o licenciando do processo de aprendizagem baseada na prática investigativa, como uma barreira a ser vencida nesse processo de inserção da pesquisa como postura a ser adotada pelos docentes.

Referências

ALARCÃO, Isabel. A formação do professor reflexivo. In: Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 40-59.

ANDRÉ, Marli Elisa D. A. Ensinar Pesquisar... Como e para quê? In: ENDIPE. Recife: 2006, p. 221-234.

BRASIL/MEC/CNE. Parecer n°.1.304/2001- Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Física. Brasília, 06 de novembro de 2001.

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BRASIL/MEC/CNE. Parecer n°.1.302/2001- Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática. Brasília, 06 de novembro de 2001.

BRASIL/MEC/CNE. Resolução n°. 9/2002 – Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Física. Brasília, 11 de março de 2002. BRASIL/MEC/CNE. Resolução n°. 3/2003 – Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática. Brasília, 18 de fevereiro de 2003.

DAMASCENO, M. N. (2002), A formação de novos pesquisadores: a investigação como uma construção coletiva a partir da relação teoria-prática. In: Calazans, J. Iniciação científica: construindo o pensamento crítico, 2ª Ed. Cortez, São Paulo.

THERRIEN, J.; THERRIEN, S. M. N. Ensino e Pesquisa nos cursos de graduação em educação e saúde: apontamentos sobre a prática e análise dessa relação. Revista da FACED. UFBA, 2006, n. 10, p. 279-293.

FARIAS, I. M. S; SILVA, S. P; BARRETO, M. C. Preocupações e contornos de um estudo sobre a integração ensino e pesquisa na prática pedagógica universitária. In: ENDIPE XV. Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente: políticas e práticas educacionais. Belo Horizonte: 2010.

GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In MINAYO, Maria Cecília de Sousa. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994. p. 67-79. UECE/PROGRAD/CCT/CCF. Projeto Político Pedagógico do Curso de Física. v. 1. Fortaleza-CE, 2008.

UECE/CCT. Projeto Político Pedagógico do curso de Matemática: Modalidade Licenciatura Plena. Fortaleza, 2007

Agradecimentos

Grupo de Pesquisa Educação, Cultura Escolar e Sociedade - EDUCAS Universidade Estadual do Ceará – UECE

Fundação Cearense de Apoio o Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

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