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PROCESSO nº ( ) AÇÃO CIVIL PÚBLICA AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL REU: SAMARCO MINERACAO S/A

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PROCESSO nº.0133761-45.2015.4.02.5001 (2015.50.01.133761-7) AÇÃO CIVIL PÚBLICA

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL REU: SAMARCO MINERACAO S/A

DECISÃO

Às folhas 376/464, a ré SAMARCO, dentro do prazo estipulado pela decisão de folhas 237/243, apresenta os documentos, estudos e relatórios de que dispunha sobre as medidas adotadas para mitigar os impactos ambientais sobre os ecossistemas da foz do Rio Doce e o monitoramento da chegada da lama de resíduos no ambiente marinho e área costeira adjacente.

Os documentos apresentados corroboram minha decisão anterior (fls. 237/243) no sentido de que, quanto à zona costeira e aos ecossistemas marinhos das unidades de conservação, ainda não foram adotadas medidas ou elaborados planos específicos de contingência, a demonstrar que as obrigações pactuadas no Termo de Compromisso Socioambiental Preliminar, apesar de relevantes, não compreendem adequadamente o objeto desta demanda.

Os documentos também confirmam que, desde o início, era facilmente identificado o direto interesse federal no desastre e suas consequências, seja pela afetação de todo o leito do Rio Doce (um rio federal), seja pela afetação da foz e ecossistemas marinhos, com impactos diretos nas UCs da região (Reserva Biológica Comboios, APA Costa das Algas, RVS de Santa Cruz). Não obstante isso, certamente por lapso jurídico provocado pela urgência da situação (e não no intuito de burlar ordem da Justiça Federal), demandas tenham sido ajuizadas equivocadamente perante a Justiça Estadual.

No mais, o conjunto de documentos e relatórios mencionam a existência de planos de ação elaborados pelo IEMA, mas nada foi

JFES Fls 467

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apresentado ainda neste sentido. Registram também a participação nas deliberações relativas à reabertura do canal da foz de apenas um representante da ICMBio ligado ao Projeto Tamar, não havendo registro de uma autorização, ainda que precária, por parte do IBAMA para o procedimento. Foram ouvidos, por correio eletrônico e em audiência, apenas alguns especialistas.

De qualquer modo, o conteúdo do quanto foi apresentado aqui até o momento será melhor analisado por ocasião da audiência pública a se realizar amanhã.

Passo ao ponto seguinte.

Em petição de folhas 280/281, vem o MPF, por seu turno, apresentar novos requerimentos de medidas a serem adotadas pela ré objetivando minorar os impactos ambientais sobre os ecossistemas das unidades de conservação APA Costa das Algas e RVS de Santa Cruz e sobre o restante do ecossistema costeiro capixaba.

Apresenta, portanto, a Nota Técnica nº 003/2015 elaborada pela ICMBio, em 18 de novembro último (dia também do ajuizamento da presente demanda), sobre os prognósticos possíveis acerca do comportamento futuro da pluma de turbidez da foz do rio com os resíduos e os riscos ambientais sobre os ecossistemas marinho e costeiro da região e das UCs.

Referida nota, ao final, sugere o aditamento do Termo de Compromisso Socioambiental Preliminar, assinado pela SAMARCO com o MPF, MPES e MPT, para a inclusão das seguintes medidas focadas para a prevenção do ambiente marinho:

JFES Fls 468

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Requereu, ainda, o MPF que a ré tome providências a fim de evitar que a lama entre na Baía de Vitória (tais como colocação de rebocadores para provocar turbulência no mar para redirecionamento da água, movimentação de barcos, bem como outras medidas a serem apresentadas pela ré ou pelos órgãos ambientais).

Passo a decidir.

Relativamente a este último requerimento, por não ter vindo acompanhado de um substrato técnico a demonstrar que as medidas relacionadas são factíveis, indefiro-o por ora. Não obstante, as ações de monitoramento da movimentação da mancha de lama e resíduos pelo mar, seja para o norte, seja para o sul, e as consequentes medidas

JFES Fls 469

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factíveis de proteção da Baía de Vitória ou do litoral norte, ou desvio da mancha rumo a alto-mar, poderão ser melhor debatidas na audiência pública especial já designada para amanhã, às 14:30 h, no auditório da Justiça Federal.

Aliás, o monitoramento da pluma de turbidez no ambiente marinho já aparenta contrariar os prognósticos inicialmente formulados pelos órgão técnicos (e apresentados perante juízo manifestamente incompetente), o que reforça a conclusão de que, ante o ineditismo do desastre, não há certeza científica do quanto o impacto ainda pode se alastrar e, de acordo com o princípio da precaução, há que se trabalhar para se combater o pior cenário possível.

Já quanto ao primeiro requerimento ministerial, ao contrário do anterior, vejo que corresponde a solicitações de fácil atendimento formuladas pela própria ICMBio, que é o órgão público responsável pela gestão das unidades de conservação ambiental em risco. Por isso mesmo, tais solicitações possuem suficiente respaldo científico para sua imediata adoção pela SAMARCO.

Consequentemente, como não há ainda qualquer notícia de que tais solicitações já foram objeto de aditamento do Termo de Compromisso Socioambiental Preliminar, determino a imediata

adoção das referidas medidas pela SAMARCO, se já não foram adotadas, devendo comprová-las até o final da audiência pública a ser realizada amanhã, sob pena de nova multa diária de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

Intime-se com urgência.

Vitória/ES, 23 de novembro de 2015 (Assinado Eletronicamente - Art. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06)

JFES Fls 470

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RODRIGO REIFF BOTELHO

Juiz Federal

JFES Fls 471

Referências

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