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Uso de substâncias psicoativas e acidentes de trânsito

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Uso de substâncias psicoativas e acidentes de trânsito Julho/2017 1

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 13ª Edição nº 013 Vol.01/2017 Julho/2017

Uso de substâncias psicoativas e acidentes de trânsito

Franciane Ferrari – francianeferrari34@gmail.com Perícia Criminal e Ciências Forenses

Instituto de Pós-Graduação - IPOG Bento Gonçalves, RS, 25 de abril de 2016 Resumo

No mundo, os acidentes de trânsito são responsáveis pela morte de aproximadamente 1,2 milhões de pessoas, por ano. No Brasil, em 2014, foram mais de 44 mil óbitos no trânsito. O uso de substâncias psicoativas na direção é considerado um importante fator contribuinte para a ocorrência desses acidentes. Além do álcool, as drogas ilícitas mais utilizadas em nosso país são a anfetamina, a cocaína e a Cannabis. A questão central dessa pesquisa foi: qual a relação entre o uso de substâncias psicoativas e os acidentes de trânsito?Tendo como objetivo relacionar o uso de estimulantes tipo anfetamínicos, cocaína e Cannabis com acidentes de trânsito. Trata-se de um estudo descritivo de revisão literária, onde foi realizada utilizando artigos científicos, dissertações, teses, publicações oficiais e livros. As bases de dados utilizadas foram Scielo, Pubmed, Medline e Google Acadêmico. Os resultados encontrados indicam que existe uma prevalência no consumo de cocaína e compostos anfetamínicos por condutores em rodovias federais e que quanto maior a distância percorrida, maior o uso de anfetaminas. Conclui-se que os motoristas que consomem substâncias psicoativas estão mais propensos a assumir comportamentos de risco e realizar atos que aumentam a probabilidade de acidentes de trânsito.

Palavras-chave: Acidentes de Trânsito. Anfetaminas. Cocaína. Cannabis. 1. Introdução

A Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde indica que as lesões e mortes dos acidentes de trânsito estão classificadas dentre as causas externas de morbidade e de mortalidade, que incluem outros acidentes (afogamento, envenenamento, quedas ou queimaduras) e também os eventos de violência tais como agressões/homicídios, suicídios, tentativas de suicídio, abusos físicos, sexuais e psicológicos (BRASIL, 2011).

No mundo, segundo o relatório de 2013 da Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes de trânsito (AT) são responsáveis pela morte de aproximadamente 1,24 milhões de pessoas (3.397/dia) e de 20 a 50 milhões de vítimas não-fatais, por ano. Atualmente, os AT constituem-se como a oitava causa de morte em todo o mundo e a primeira causa entre jovens de 15 a 29 anos. O mesmo relatório descreve que a tendência é que, em 2030, os AT ocupem a quinta posição no ranking das causas de morte com 2,4 milhões de vítimas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013).

Conforme Brasil (2011), o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, as causas externas constituem a terceira causa de mortalidade (superada apenas pelas neoplasias e doenças do aparelho circulatório) e passam a ocupar a primeira posição quando se restringe a análise ao grupo de pessoas de 1 a 39 anos. O crescimento das mortes por causas externas na população brasileira ocorreu a partir da década de 80, quando estas passaram a ocupar a segunda posição dentre os óbitos em geral. No ano de 2000, ocorreram

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118.367 mortes por essas causas, o que representou 12,5% do total de óbitos (MELLO; KOIZUMI, 2004, p. 228-238).

Dentre as mortes por causas externas, os acidentes de trânsito ocupam a segunda colocação (homicídios em primeiro lugar), respondendo por 26,5% do total de vítimas. Isso corresponde a mais de 44 mil óbitos anualmente no trânsito (Banco de Dados do Sistema Único de Saúde, 2011).

Em relatório divulgado pelo United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC), no ano de 2009 entre 149 e 272 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos fizeram uso de substâncias ilícitas pelo menos uma vez naquele ano, sendo Cannabis a droga mais comumente utilizada, seguida de estimulantes tipo anfetamínicos (UNODC, 2011).

Os estimulantes tipo anfetamínicos (ATS) são potentes estimulantes do sistema nervoso central (SNC), apresentando marcada influência sobre as atividades psíquicas e psicomotoras alto potencial de abuso, o que propicia o desenvolvimento de farmacodependência (Rang et

al., 2001). A utilização dessas substâncias por motoristas e as consequências dela decorrentes

têm sido objeto de constante preocupação das autoridades nacionais. No Brasil, os ATS mais utilizados com propósitos não terapêuticos por condutores são os chamados “rebites” (denominação popular entre os motoristas para designação de substâncias estimulantes) os quais pertencem à classe dos moderadores de apetite, possuindo em sua composição principalmente femproporex (FEN) e dietilpropiona (DIE) (também denominado de anfepramona) (Leyton et al., 2012, p. 25-27).

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) Lei 9.503/97 (Brasil, 1997), alterado pela Lei 12.760/12 (Brasil, 2012), tipifica como crime na Seção II (Dos Crimes em Espécie), artigo 306 a conduto de “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência” e prevê com a pena “detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. O artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) ainda estabelece que “dirigir sob influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa que determine dependência é infração de natureza gravíssima”. Apesar disso, estudos nacionais têm evidenciado grande prevalência no consumo de SPA no trânsito, notadamente de cocaína e compostos anfetamínicos, utilizados principalmente por motoristas profissionais para aumentar o estado de alerta físico e mental durante as jornadas de trabalho (Leyton et al., 2012; Zancanaro et al., 2012). Nesse sentido destaca-se também os estudos publicados por Breitenbach et al., De Boni et al, Peixe et al. Oliveira et al. e Sinagawa et al. dentre outros.

Diante disso, qual a relação entre o uso de substâncias psicoativas e os acidentes de trânsito? A evolução do número de mortes por acidentes de trânsito no Brasil chama a atenção: em 1971, a taxa de mortes por acidentes de trânsito era de 11,1 a cada 100 mil habitantes, sendo que em 2010 passou para 22,5 justificando a realização desse estudo. O estado de Santa Catarina destaca-se dentre os demais, pois nos anos de 2005 a 2007 possuía a maior taxa media de mortes a cada 100mi/ hab. do país (33,1), seguido do Mato Grosso do Sul (30,4) e Paraná (29,8) (CNM, 2012). Este trabalho tem como objetivo geral relacionar o uso de estimulantes tipo anfetamínicos, cocaína e Cannabis com acidentes de trânsito e como objetivos específicos classificar droga psicoativa ou substância psicotrópica e descrever seu mecanismo de ação, descrever os aspectos farmacocinéticos, os efeitos farmacológicos e os

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efeitos adversos da maconha, da cocaína e das anfetaminas além de associar o uso dessas drogas a acidentes de trânsito.

A metodologia deste estudo consiste em pesquisa bibliográfica junto a fontes tais como artigos científicos na base de dados Scielo, Pubmed, Medline e Google Acadêmico, livros e publicações oficiais, os quais foram lidos e resumidos a fim de construir cada tópico de estudo.

Uma vez tendo contextualizado a problemática do assunto desse artigo, nos tópicos seguintes estuda-se as substâncias ou drogas psicoativas, os seus efeitos e a sua relação com os acidentes de trânsito.

2. Drogas Psicoativas

Para abordar as drogas psicoativas e seus efeitos, faz-se necessário esclarecer como ocorre a transmissão do impulso nervoso e alguns conceitos relacionados a essa transmissão.

As drogas que afetam nosso comportamento ou nosso estado de espírito agem alterando o nível de neurotransmissores. Algumas estimulam a produção dessas substâncias, fazendo com que os impulsos passem mais depressa ou por mais caminhos; outras bloqueiam sua síntese, para impedir a passagem do impulso, outras drogas imitam alguns neurotransmissores, ocupando o lugar deles nas sinapses, simulando um estímulo que não existe na realidade externa. Sendo assim, é possível fazer qualquer alteração com o funcionamento do cérebro: é possível aumentar, diminuir, fingir, dissimular. Basta imitar a linguagem química e elétrica (ARATANGY, 2011, p. 57).

Ou seja: existem drogas estimulantes, que facilitam as sinapses; drogas depressoras, que inibem as sinapses, e drogas alucinógenas, que provocam confusão nas sinapses. No entender de Aratangy (2011, p. 56), sinapse é o ponto chave do processo do impulso nervoso; é o intervalo entre a ponta de um neurônio e o começo do neurônio seguinte. Para que o impulso passe e se transmita de um neurônio para outro, é preciso que esse espaço seja preenchido por neurotransmissores (substâncias químicas). Os diferentes tipos de neurotransmissores afetam diversas regiões do cérebro e precisam ser fabricados continuamente, pois sem eles as mensagens elétricas não passariam de um neurônio para outro e a comunicação ficaria interrompida. A mensagem se perderia no meio do caminho, sem atingir o cérebro ou a parte do corpo que deveria obedecer à ordem enviada pelo cérebro. Mas os neurotransmissores devem ser destruídos depois da passagem do impulso, caso contrário a mensagem ficaria reverberando por ali, e a sinapse ficaria bloqueada para a transmissão de novos impulsos. Para que uma substância seja considerada uma droga ela tem que apresentar características específicas, além de provocar alteração do estado de espírito. Essas características estão relacionadas com os conceitos de tolerância, dependência e síndrome de abstinência. Tolerância é o fenômeno pelo qual são necessárias quantidades crescentes da droga para obter o mesmo efeito; dependência é quando um organismo precisa da substância para continuar funcionando como se estivesse em condições normais e síndrome de abstinência é a sensação provocada pela ausência da droga (ARATANGY, 2011, p. 72-74).

3. Aspectos Farmacocinéticos, Efeitos Farmacológicos e Adversos

A seguir serão relacionados os aspectos farmacocinéticos e os efeitos farmacológicos e adversos das anfetaminas, da cocaína e da maconha.

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3.1 Anfetaminas

Sob a designação geral de anfetaminas, existem diferentes categorias de drogas sintéticas que são semelhantes sob o ponto de vista químico: as anfetaminas propriamente ditas, dextroanfetamina e a metanfetamina (DEL CAMPO, 2009, p. 116). A anfetamina é rapidamente absorvida pelo trato gastrintestinal e penetra livremente na barreira hematoencefálica. Além disso, é rapidamente absorvida pela mucosa nasal, sendo frequentemente tomada ao “cheirá-la”. A anfetamina é excretada principalmente de modo inalterado na urina, havendo aumento da taxa de excreção quando a urina torna-se mais ácida. A meia-vida plasmática da anfetamina varia de cerca de cinco horas a 20-30 horas, dependendo do fluxo urinário e de seu pH (RANG et al., 2001, p. 510).

Os principais efeitos centrais são: estimulação locomotora, euforia e excitação, comportamento estereotipado e anorexia. Adicionalmente, as anfetaminas exercem ações simpaticomiméticas periféricas, produzindo elevação da pressão arterial e inibição da motilidade intestinal (RANG et al., 2001, p. 508).

No homem, a anfetamina provoca euforia; com injeção intravenosa, essa euforia pode ser intensa a ponto de ser descrita como “orgásmica”. Os indivíduos tornam-se confiantes, hiperativos e faladores, e afirma-se que ocorre aumento do impulso sexual. A fadiga, tanto física quanto mental, é reduzida pela anfetamina, e muitos estudos demonstraram melhora do desempenho tanto mental quanto físico em indivíduos fatigados, mas não em indivíduos bem descansados. O desempenho mental melhora para tarefas simples e tediosas muito mais do que para tarefas difíceis. É utilizada por estudantes para ajudar a se concentrarem antes e no decorrer de exames, porém a melhora obtida com a redução da fadiga pode ser contrabalanceada pelos erros da excessiva confiança (RANG et al., 2001, p. 509).

As anfetaminas estimulam as funções cognitivas e psicomotoras e podem aumentar perigosamente a autoconfiança, resultando na maior probabilidade de envolvimento em situações de risco no trânsito. O usuário se torna agressivo no início e apático quando os efeitos agudos passam (TRANSPORTATION RESEARCH BOARD, 2006).

Se a anfetamina for tomada repetidamente durante alguns dias, o que ocorre quando usuários procuram manter o estado de euforia produzido por uma única dose, pode verificar-se o desenvolvimento de um estado de “psicose anfetamínica”, com alucinações acompanhadas de sintomas paranóides e comportamento agressivo. Ao mesmo tempo, pode surgir um comportamento estereotipado repetitivo. Quando se suspende a droga depois de alguns dias, observa-se habitualmente um período de sono profundo, e ao acordar, o indivíduo sente-se extremamente letárgico, deprimido e ansioso (algumas vezes, até com tendência suicida) e, frequentemente, com muita fome. Até mesmo uma dose única de anfetamina, que produz euforia mais do que sintomas psicóticos agudos, geralmente deixa o indivíduo cansado e depressivo (RANG et al., 2001, p. 509).

A tolerância aos efeitos anorexígenos e simpaticomiméticos periféricos da anfetamina desenvolve-se rapidamente, porém é mais lenta para os outros efeitos (como estimulação locomotora e comportamento estereotipado). A dependência da anfetamina parece constituir uma consequência do pós-efeito desagradável que produz e da insistente lembrança da euforia, que leva ao desejo de se obter uma dose repetida. Estima-se que apenas cerca de 5% dos usuários evoluem para uma dependência total, sendo o padrão habitual o aumento da dose com o desenvolvimento da tolerância; a seguir, ocorrem “orgias” incontroláveis, em que o

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usuário toma repetidamente a droga durante um período de um dia ou mais, permanecendo continuamente intoxicado (RANG et al., 2001, p. 510).

A anfetamina apresenta numerosos efeitos indesejáveis, incluindo hipertensão, insônia, tremores e risco de agravamento da esquizofrenia (RANG et al., 2001, p. 510).

3.2 Cocaína

A cocaína é encontrada nas folhas de um arbusto da América do Sul, a coca. Essas folhas são utilizadas pelas suas propriedades estimulantes por nativos da América do Sul, particularmente aqueles que vivem em elevadas altitudes, que as utilizam para reduzir a fadiga durante o trabalho. A cocaína é rapidamente absorvida por diversas vias. Durante muitos anos, os suprimentos ilícitos consistiam no sal cloridrato, que podia ser administrado por inalação nasal ou por via intravenosa. Esta última via produz euforia intensa e imediata, ao passo que a inalação nasal provoca sensação menos dramática, mas tende a causar atrofia, necrose da mucosa nasal e do septo (RANG et al., 2001, p. 510).

O uso da cocaína aumentou dramaticamente quando a forma de base livre (“crack”) tornou-se disponível como droga de rua. Ao contrário do sal, esta forma pode ser fumada, produzindo um efeito intenso e muito rápido (RANG et al., 2001, p. 510).

Ocorre deposição de um metabólito da cocaína no cabelo, e a análise de seu conteúdo num fio de cabelo permite a monitorização do padrão de consumo da cocaína. A exposição à cocaína no útero pode ser estimada através da análise do cabelo dos recém-nascidos (RANG et al., 2001, p. 511).

A cocaína também é utilizada topicamente como anestésico local, sobretudo em oftalmologia e em cirurgias menores de garganta e nariz, porém não apresenta nenhuma outra utilidade clínica (RANG et al., 2001, p. 511). Esse efeito anestésico ocorre pois a cocaína dificulta a passagem do estímulo nervoso, com isso, interrompe-se a propagação do impulso nervoso, e a mensagem com a informação sobre a dor não chega até o cérebro. Já o efeito estimulante resulta do bloqueio da reabsorção dos neurotransmissores, depois que esses são liberados pelas sinapses, o que faz com que a ativação do sistema nervoso se mantenha por mais tempo (ARATANGY, 2011, p. 104).

A cocaína exerce elevado efeito estimulante psicomotor, causando euforia, loquacidade, aumento de atividade motora e exagero do prazer, semelhante aos efeitos da anfetamina. Esses efeitos são devidos principalmente à inibição da recaptação neuronal de dopamina, apesar de a cocaína também inibir a recaptação de noradrenalina e 5-HT. A cocaína tem menos tendência do que as anfetaminas a produzir comportamento estereotipado, delírios, alucinações e paranóia. Em doses excessivas, podem ocorrer tremores e convulsões, seguidos de depressão respiratória e vasomotora. As ações simpaticomiméticas periféricas resultam em taquicardia, vasoconstrição e elevação da pressão arterial. A temperatura corporal pode aumentar, devido à maior atividade motora aliada a uma redução da perda de calor. Da mesma forma que a anfetamina, a cocaína não produz nenhuma síndrome de dependência física bem definida mas tende a causar depressão e disforia, juntamente com desejo mórbido pela droga, após o efeito estimulante inicial. A interrupção da cocaína após a sua administração durante alguns dias provoca acentuada deterioração do desempenho motor e do comportamento aprendido, que são restabelecidos pela retomada da droga. Por conseguinte, existe um considerável grau de dependência psicológica. O padrão de dependência, que evolui

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desde o uso ocasional, passando pelo escalonamento da dose até “orgias” compulsivas, é idêntico àquele observado com as anfetaminas (RANG et al., 2001, p. 510).

A duração de ação da cocaína (cerca de 30 minutos quando administrada por via intravenosa) é muito mais curta que da anfetamina (RANG et al., 2001, p. 510).

Os efeitos tóxicos são comumente observados em usuários de cocaína. Os principais perigos agudos consistem em disritmias cardíacas e trombose coronariana ou cerebral. Além disso, pode ocorrer lesão do miocárdio de desenvolvimento lento, resultando em insuficiência cardíaca, mesmo na inexistência de efeitos cardíacos agudos (RANG et al., 2001, p. 511). O mecanismo pelo qual a droga provoca ataques cardíacos foi desvendado por pesquisadores americanos que descobriram que a cocaína afeta tanto a composição do sangue quanto os vasos por onde o sangue circula. Poucos minutos após a entrada da droga no organismo, o número de glóbulos vermelhos aumenta, e o sangue, mais viscoso, circula com mais dificuldade. Além disso, a cocaína provoca o estreitamento de veias e artérias (ARATANGY, 2011, p. 109).

Segundo Aratangy (2011, p.107), existe um quadro psicótico típico provocado pela droga caracterizado por explosões de raiva e surtos de violência. Na maioria das vezes, as perturbações perduram por algumas horas ou alguns dias, mas existem casos em que essas condições voltaram a aparecer, mesmo sem o uso da droga. Embora sejam raros, há casos em que essas perturbações se tornaram permanentes.

3.3 Maconha

O extrato do cânhamo, Cannabis sativa, contêm a substância ativa tetraidrocanabinol (THC). Os efeitos da maconha quando fumada ou injetada por via intravenosa, levam cerca de uma hora para desenvolver-se plenamente e duram 2-3 horas. Uma pequena fração é convertido em 11-hidroxi-THC, que é mais ativo que o próprio THC, enquanto a maior parte é convertida principalmente em metabólitos inativos. O THC e seus metabólitos, por serem altamente lipofílicos, são “sequestrados” na gordura corporal, e sua excreção continua por vários dias após administração de uma única dose (RANG et al., 2001, p. 530). A maconha é metabolizada no fígado e eliminada pelas fezes e urina, onde o THC pode ser detectado até três dias após a interrupção do uso (ARATANGY, 2011, p. 97).

O THC atua principalmente sobre o sistema nervoso central produzindo uma mistura de efeitos psicotomiméticos e depressores, além de vários efeitos autônomos periféricos mediados centralmente (RANG et al., 2001, p. 528).

Os principais efeitos subjetivos ao ser humano consistem em: sensação de relaxamento e bem-estar, semelhante ao efeito do etanol, porém sem agressão concomitante e sensação de aguçamento da percepção sensorial em que os sons e as visões parecem ser mais intensos e fantásticos (RANG et al., 2001, p. 528).

Esses efeitos são semelhantes àqueles produzidos por drogas psicotomiméticas, como o LSD, porém são geralmente menos exagerados. Os indivíduos relatam que o tempo transcorre de modo extremamente lento. As sensações alarmantes e delírios paranóides que ocorrem com o LSD são raros após o uso da maconha (RANG et al., 2001, p. 528).

De acordo com Rang et al (2001, p. 529), os efeitos centrais que podem ser diretamente medidos em estudos com o ser humano e com animais incluem:

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a) Comprometimento da memória a curto prazo e de tarefas de aprendizagem simples – as sensações subjetivas de confiança e aumento da criatividade não são refletidas por um desempenho efetivo;

b) Comprometimento da coordenação motora (por exemplo, desempenho na direção de automóveis);

c) Catalepsia – retenção de posturas imóveis fixas; d) Analgesia;

e) Ação antiemética; f) Aumento do apetite.

Os principais efeitos periféricos da maconha são: taquicardia; vasodilatação, que é acentuada nos vasos da esclerótica e conjuntiva, produzindo um aspecto característico de “olhos injetados de sangue”; redução da pressão intraocular e broncodilatação (RANG et al., 2001, p. 529).

O THC é relativamente seguro em superdosagem, produzindo sonolência e confusão, mas sem efeitos respiratórios ou cardiovasculares que ameacem a vida. Nesse aspecto é mais seguro do que a maioria das outras substâncias de abuso, particularmente os opióides e o etanol. Mesmo em doses baixas, o THC e derivados sintéticos, como a nabilona, produzem euforia e sonolência, algumas vezes acompanhadas de distorção sensorial e alucinações. Esses efeitos, juntamente com as restrições legais ao uso do THC, impedem o uso terapêutico disseminado dos canabinóides (RANG et al., 2001, p. 530).

Ocorrem certos efeitos endócrinos no ser humano, notoriamente uma redução nos níveis plasmáticos de testosterona e diminuição da contagem de espermatozóides. Um estudo demonstrou uma redução de mais de 50% tanto na testosterona plasmática quanto na contagem de espermatozóides em indivíduos que fumam dez ou mais cigarros de maconha por semana (RANG et al., 2001, p. 530).

È muito difícil avaliar as evidências de que o uso da maconha produz alterações psicológicas a longo prazo. Foi sugerido que a maconha pode causar esquizofrenia, resultando no desenvolvimento gradual de um estado de apatia e improdutividade; todavia, é muito difícil provar causalidade, mesmo nos casos em que foi constatada uma associação positiva (RANG

et al., 2001, p. 530).

4. Associação entre drogas psicoativas e acidentes de trânsito

Para traçar o panorama dos acidentes de trânsito no Brasil, deve-se considerar não somente os números atuais, mas também a evolução histórica desses índices. O período entre 1996 e 2010 preocupante no número de óbitos por acidentes de trânsito, especialmente a partir do ano 2000. Passou a ser ainda pior na década de 2000 a 2011, quando o número de mortes nas vias públicas passou de 28.995 para 43.256, o que representou um incremento de 49,2% em 11 anos. As taxas de mortalidade no trânsito por número de habitantes, considerando o aumento da população, cresceram em 25,8% (WAISELFISZ, 2012/2013).

O aumento da violência no trânsito não ocorreu apenas no Brasil, mas também em outros países. A estimativa da OMS é que 90% das mortes por AT aconteçam em países de média e baixa renda que, em conjunto, possuem menos da metade dos veículos do mundo. Nos últimos anos, esses países apresentaram as maiores taxas de mortalidade no trânsito devido a um rápido crescimento no número de veículos sem que houvesse investimentos em estratégias

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de segurança viária. No período entre 2007 e 2010, enquanto 88 países desenvolvidos conseguiram reduzir o número de vítimas fatais, outros 87 países de baixa e média renda tiveram aumentos significativos na mortalidade por AT (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013).

Em relação à mortalidade dos últimos anos, ao comparar o Brasil com países desenvolvidos – como Estados Unidos ou países da União Europeia – podemos observar que enquanto esses países diminuíram as taxas, o Brasil apresentou crescimento contínuo desde 2000 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DO TRÁFEGO, 2013).

Para o estudo dos AT, uma vez considerados como um evento evitável, deve-se então investigar as causas que levam ao seu acontecimento. Segundo classificação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT, 2008), as causas dos AT são usualmente agrupadas em três categorias de fatores de risco: fatores humanos; fatores ligados à infra-estrutura e ao meio-ambiente; fatores ligados aos veículos.

O DNIT emitiu um relatório em 2008 com dados de boletins de ocorrência (BO) de acidentes rodoviários (ocorridos em sete rodovias federais catarinenses) entre os anos de 2005 a 2007. As informações foram: tipo de colisão; condições do tempo e do pavimento; características das pessoas envolvidas, entre outros. Os números indicaram que, em quase sua totalidade, os AT aconteceram devido à negligência do condutor (falta de atenção ou velocidade incompatível), corroborando a hipótese de que o fator humano é o principal responsável pela ocorrência desses acidentes. O relatório mostrou que os acidentes mais comuns foram colisões traseira e lateral e a via apresentava-se em boas condições de conservação, não sendo, portanto, responsável pela ocorrência.

Tendo em vista que os AT são considerados uma causa evitável de morte, o uso de álcool e outras drogas por motoristas deve ser tratado como um problema de saúde de alta prioridade no Brasil (OLIVEIRA et al.; 2012, p. 116-117).

Segundo estimativa de 2014 da United Nations Office on Drug and Crime (UNODC), entre 3,5 e 7% da população mundial de idade entre 15 e 64 anos (o equivalente a aproximadamente 162 a 324 milhões de pessoas), haviam feito uso de alguma substância psicoativa nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa realizada.

Também no Brasil, as informações a respeito do uso de drogas indicam números preocupantes. Em 2007, Carlini et al. relataram que 22,8% da população acima de 12 anos de idade já fizeram uso ilícito e experimental de pelo menos uma substância psicoativa, o que corresponde a quase 12 milhões de pessoas.

Números mais recentes estão descritos no relatório final do “II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas” (LENAD) realizado em 2012, que foi um estudo populacional sobre os padrões de uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas na população brasileira com mais de 14 anos. Os resultados mostraram que a substância ilícita com maior prevalência de uso na população brasileira é a cannabis. Do total da população adulta, 6,8% (ou seja, uma projeção de 7,8 milhões de pessoas) declarou já ter feito uso de cannabis alguma vez na vida. A prevalência do uso de cocaína foi de 3,8% enquanto os estimulantes tiveram uma prevalência de uso de 1,3% (INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARA POLÍTICAS PÚBLICAS DE ÁLCOOL E DROGAS, 2014).

Segundo Gates et al. (2013, p. 15-20), os motoristas que consomem substâncias psicoativas estão mais propensos a assumir comportamento de risco e realizar atos que aumentam a probabilidade de ocorrência de AT, por exemplo, dirigir acima da velocidade permitida ou

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ultrapassar sinal vermelho.

Testes realizados em simulador de direção levaram à conclusão de que os efeitos agudos da anfetamina prejudicam o desempenho do motorista, quando passa a não sinalizar corretamente as manobras que pretende executar e as realiza em tempo superior ao necessário à tomada de decisões, deixando de parar em semáforo vermelho e reagindo com mais lentidão às habilidades exigidas para uma condução segura (SILBER et al., 2005, p. 536-543). Uma pesquisa feita em 2012, também utilizando testes em simulador, mostrou que após 3 horas do uso da metanfetamina, os voluntários apresentaram direção veicular insegura, produzindo mais violações do limite de velocidade, deixando de sinalizar manobras como mudança de faixa e mantendo acionada a seta de direção após ingressar na via (STOUGH et al., 2012, p. 493-497).

Inicialmente, a cocaína pode levar a uma pequena melhora no desempenho de motoristas no trânsito, logo após o início da sua ação farmacológica. No entanto, o condutor estará mais propenso a assumir comportamentos de risco, o que pode levar ao maior envolvimento em AT. O prejuízo observado no desempenho pode ocorrer em razão da perda de concentração e atenção e maior sensibilidade à luz em virtude das pupilas dilatadas. Alterações mentais decorrentes dos efeitos psicoativos tais como nervosismo, irritabilidade, agressividade, paranoia e alucinações podem influenciar negativamente o comportamento na condução de veículos. O uso de cocaína está associado à condução em excesso de velocidade, perda do controle do veículo, colisões, direção agressiva e desatenta, com execução de manobras de alto risco (TRANSPORTATION RESEARCH BOARD, 2006).

Em 2003, Drummer et al. afirmaram que as drogas lícitas (álcool), medicinais (tranquilizantes e antidepressivos) e ilícitas (anfetamina, cocaína e cannabis), têm expressiva participação na ocorrência de AT, geralmente com vítimas fatais. Drummer et al. (2007, p. 105-110) relataram que os motoristas que haviam feito uso de substâncias psicoativas tornavam-se mais prováveis de serem culpados por colisões do que outros condutores que não haviam utilizado drogas.

Em 2012, Stoduto et al. afirmaram que a cocaína é uma das drogas ilícitas mais encontradas entre motoristas acidentados. Os autores realizaram uma pesquisa no Canadá entre os anos de 2002 e 2008 e através de relatos de 7.284 motoristas identificaram que usuários de cocaína possuíam chance de 18,7% de se envolver em colisões enquanto entre os não usuários a chance era de apenas 7,4%.

A intoxicação por cannabis prejudica a capacidade de dirigir veículos, pois prejudica a memória imediata, o nível de atenção, o tempo de reação, a capacidade de aprendizado, a coordenação motora, a percepção de profundidade, a visão periférica, a percepção do tempo e a detecção de sinais (SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS, 2010).

No Brasil, em 2010, foi realizado um estudo em 27 capitais brasileiras com o objetivo de estimar a prevalência do uso de álcool e outras drogas por motoristas, tanto profissionais como particulares. Foram coletadas amostras de fluido oral de 3.398 motoristas e os resultados mostraram que 4,6% (n=150) dos condutores haviam consumido algum tipo de droga, sendo cocaína (2,1%), cannabis (1,5%), anfetamínicos (1,2%) e benzodiazepínicos (1%) (PECHANSKY et al., 2010).

Estudos realizados em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, investigando a prevalência de fatores relacionados com álcool ou drogas de abuso e acidentes de trânsito em 609 vítimas atendidas

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em duas emergências da capital, demonstraram que entre os motoristas, 7,8% apresentaram resultados positivos para a presença de álcool no sangue e 13,3% apresentaram resultados positivos para o consumo de Cannabis (De Boni et al., 2011, p. 1408-1413). Outro estudo do mesmo grupo de pesquisadores avaliou o uso de substâncias entre motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito admitidos em salas de emergência em Porto Alegre. Os resultados toxicológicos revelaram prevalência de: 5,3% para o uso de Cannabis; 9,2% para uso de cocaína, 3,2% para uso de benzodiazepínicos e 7% para o uso de álcool (Breitenbach et al., 2011, p. 205-207).

Em 2003, Silva e colaboradores analisaram 728 amostras de urina de motoristas de caminhão das regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país e evidenciaram a presença de anfetamina ou cocaína em 5,4% das amostras. Em 2004, Yonamine analisou 558 amostras de urina e 559 de saliva coletadas aleatoriamente de motoristas de caminhões nas rodovias de São Paulo, tendo encontrado positividade para anfetamina e benzoilecgonina (metabólito da cocaína) em 2,5% das amostras de urina e para anfetamina ou cocaína em 1,2% das amostras de saliva. Em 2005, Souza e colaboradores entrevistaram 260 motoristas de caminhão do Estado do Mato Grosso do Sul e identificaram uma prevalência de 11,1% no consumo de estimulantes anorexígenos (dietilpropiona e femproporex), sendo de 77,1% a taxa de utilização desses medicamentos seis ou mais vezes na semana. Em estudo posterior, realizado por Nascimento e colaboradores (2007, p. 290-293), com 91 caminhoneiros do Estado de Minas Gerais, 66% deles informaram utilizar anfetamínicos durante os percursos de viagem, sendo tais substâncias adquiridas de forma ilícita em postos de combustíveis e até mesmo nas empresas transportadoras. Dos caminhoneiros usuários de anfetamínicos 27% relataram o envolvimento em acidentes de trânsito decorrentes do uso desses fármacos.

Em 2012, Zancanaro e colaboradores investigaram a presença de 32 substâncias psicoativas em 2235 amostras de fluido oral de condutores em rodovias federais em 24 estados brasileiros. Dessas, 236 (~10%) apresentaram resultados toxicológicos positivos, sendo cocaína (47,5%) e compostos anfetamínicos (25,4%) as substâncias mais prevalentes. No mesmo ano, Leyton e colaboradores publicaram estudo relativo ao uso, por motoristas de caminhão, de cocaína, anfetamínicos e canabinóides nas estradas do estado de São Paulo. Amostras de urina com resultados toxicológicos positivos foram encontrados em 42 (9,3%) dos 452 motoristas que concordaram em participar do estudo. Dentre os compostos investigados houve uma prevalência de 26 (5,8%) para anfetamínicos, 10 (2,2%) para cocaína e 5 (1,1%) para canabinóides.

Zeferino (2004), em estudo realizado em empresas de transporte em Santa Catarina, verificou que em 96% destas os motoristas já sofreram AT, resultando em morte ou lesão permanente. A autora afirma que este índice de acidentalidade pode ser influenciado pelo uso de drogas, pois 48% dos motoristas entrevistados responderam que fazem uso de drogas. Já no estudo de Silva Júnior et al. (2009, p. 125-129), 35% dos caminhoneiros entrevistados relataram usar anfetaminas.

Em 2002, Villarinho et al. realizou uma pesquisa na cidade de Santos com 279 caminhoneiros e revelaram que, dentre as drogas utilizadas pelos trabalhadores, estavam o consumo de álcool (84%), cannabis (33%), rebite (20%), cocaína (12%), calmantes (5%), cola (4%), LSD (3%) e crack (1,5%).

Yonamine e colaboradores (2013) realizaram um estudo no estado de São Paulo, durante os anos de 2002 a 2008, utilizando fluido oral como amostra biológica. Foram coletadas 1.250

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amostras de caminhoneiros e as análises toxicológicas indicaram que 3,1% (n=39) foram positivas para as seguintes drogas: 0,64% anfetaminas; 0,56% cocaína e 0,4% cannabis. Um caso foi positivo para cocaína e cannabis e o restante das amostras positivas (1,44%) para álcool.

Em 2006, foi realizado um estudo por Knauth et al., no Rio Grande do Sul que objetivou analisar os fatores associados com o uso de estimulantes por caminhoneiros. Foi aplicado um questionário em 854 motoristas e 12,4% afirmaram usar anfetaminas, consumindo-a isoladamente ou associada com o café, pó de guaraná, bebidas energéticas e cocaína. Esse uso foi associado a motoristas jovens, com salários maiores, viagens longas e uso de álcool. Os ganhos mais elevados de alguns motoristas são resultado de uma carga de trabalho aumentada, o que pode resultar em estresse físico e emocional, com o consequente usa de estimulantes como solução temporária.

Em 2010, outro estudo realizado por Takitane et al. em rodovias do Estado de São Paulo através de análises toxicológicas em urinas de caminhoneiros (n=130), mostrou que 10,8% dos motoristas haviam feito uso de anfetaminas.

Em 2011, Silva realizou um levantamento com caminhoneiros, baseado em relatos dos motoristas a respeito da relação entre vínculo empregatício e a ocorrência de acidentes de trabalho. A autora descreveu que caminhoneiros de ambos os vínculos empregatícios afirmaram que, atualmente, mais que o rebite, está o consumo exacerbado da cocaína e do crack pela maioria dos motoristas de caminhão nas estradas. Os trabalhadores relataram que o uso dessas substâncias se dá pelos mesmos motivos do uso do rebite: ficar acordado para cumprir prazos de entrega.

No ano de 2012 dois estudos foram realizados seguindo a mesma metodologia. O primeiro foi por Peixe et al., no Porto de Paranaguá, no Estado do Paraná, que analisou a urina de 62 caminhoneiros e obteve positividade em 8,1% dos casos: 4.8% para cocaína, 1,6% para anfetaminas e 1,6% para ambas. Dentre os motoristas estudados, não foi constatado o consumo de cannabis. O trabalho também mostrou que o consumo de drogas foi mais prevalente entre os motoristas que relataram ter sofrido AT no ano anterior. O segundo estudo foi realizado por Oliveira et al. em estradas do Estado de São Paulo e objetivou identificar o uso de anfetaminas entre os caminhoneiros após a implementação da RDC N° 52/2011, que dispõe sobre a proibição do uso das substâncias anfepramona, mazindol e femproporex. Foram coletadas urinas de 427 caminhoneiros e as análises toxicológicas demonstraram positividade em 7% dos casos, sendo 2,7% para anfetaminas, indicando que apesar da proibição, o uso de anfetaminas continuava vigente.

Em 2015, Sinagawa et al. publicou um trabalho que trouxe dados de análises toxicológicas em urina coletada de motoristas (n=993) entre os anos de 2008 e 2011. Os resultados mostraram positividade de 5,4% para anfetaminas, 2,6% para cocaína e 1,0% para cannabis. Já segundo os relatos dos motoristas, a porcentagem de uso das mesmas drogas seria de 5,7% de anfetaminas, 0,7% para cocaína e 0,3% para cannabis, indicando que os entrevistados não relataram o uso de maneira confiável. O estudo também mostrou uma associação significativa entre o consumo de anfetaminas e a distância percorrida, quanto mais longa a viagem, maior o uso desta droga.

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5. Conclusão

Este artigo abordou a relação entre o uso de substâncias psicoativas e acidentes de trânsito, através de um estudo teórico. Foi constatado que as substâncias psicoativas afetam o comportamento ou o estado de espírito e agem alterando o nível de neurotransmissores, estimulando ou bloqueando a sua síntese, ou ainda imitando os mesmos e ocupando o seu lugar nas sinapses. Nesse sentido destaca-se que os principais efeitos das anfetaminas e da cocaína são estimulação cognitiva e psicomotora, euforia, excitação, hipertensão, insônia, tremores. As anfetaminas também causam aumento da autoconfiança, resultando em maior probabilidade de envolvimento em situações de risco no trânsito. Ao passo que os efeitos da maconha são sensação de relaxamento e bem-estar, comprometimento da memória a curto prazo, das tarefas de aprendizagem simples e da coordenação motora (por exemplo, desempenho na direção de automóveis). E finalmente, relacionou-se o uso dessas substâncias a acidentes de trânsito. O fator humano é o principal responsável pela ocorrência dos acidentes de trânsito que são uma causa evitável de morte. Testes realizados em simulador de direção levaram à conclusão de que os efeitos agudos da anfetamina prejudicam o desempenho do motorista, quando passa a não sinalizar corretamente as manobras que pretende executar e as realiza em tempo superior ao necessário à tomada de decisões. O uso da cocaína está associado à condução em excesso de velocidade, perda do controle do veículo, colisões, direção agressiva e desatenta, com execução de manobras de alto risco. A intoxicação por cannabis prejudica a capacidade de dirigir, pois prejudica a memória imediata, o nível de atenção, o tempo de reação, a coordenação motora, a percepção de profundidade, a visão periférica, a percepção do tempo e a detecção de sinais. Portanto, o uso de álcool e outras drogas por motoristas deve ser tratado como um problema de saúde de alta prioridade. A principal limitação dessa pesquisa é que no Brasil não existem estudos sobre o uso de drogas e a sua associação com a ocorrência de acidentes de trânsito. A maioria dos estudos existentes descreve a prevalência do uso de drogas, baseada em relatos de motoristas ou mesmo por análises toxicológicas, porém não são diretamente relacionadas com a ocorrência de AT. A diferença de metodologia entre os estudos existentes (coleta de informações e/ou análises entre diferentes amostras biológicas) tem limitado a comparação de resultados e a construção de um cenário mais fiel à realidade. Estudos empíricos poderiam ser conduzidos a fim de melhor compreender a ligação entre o uso de substâncias psicoativas e acidentes de trânsito.

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