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GÊNERO E SANEAMENTO: O QUE PENSAM AS MULHERES QUE TRABALHAM INFORMALMENTE EM REDENÇÃO-CE.

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Academic year: 2021

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GÊNERO E SANEAMENTO: O QUE PENSAM AS MULHERES QUE TRABALHAM INFORMALMENTE EM REDENÇÃO-CE.

Mona Lisa da Silva1, Orientadora: Jacqueline Britto Pólvora2.

Resumo: Esta pesquisa propõe compreender como as mulheres percebem a questão do saneamento básico em Redenção – CE, a partir da percepção das mulheres em seus trabalhos nos espaços públicos. Este trabalho é um desdobramento do projeto de pesquisa intitulado: Saneamento Básico em Redenção: O que as Mulheres dizem disto. A pesquisa foca nas mulheres, sobretudo porque parte do princípio apontado pela ONU de que as mulheres são a população mais afetada pela presença ou ausência do saneamento básico. A cidade de Redenção é pensada nessa pesquisa enquanto uma cidade pequena, cuja população, em especial as mulheres, é economicamente vulnerável e, portanto, está exposta as consequências da precariedade dos serviços que são ou não oferecidos. A metodologia utilizada na pesquisa é a de cunho qualitativo. Sendo assim, segue o método etnográfico, onde o trabalho de campo e observação participante são as principais estratégias metodológicas para o recolhimento de dados. Importa salientar que o método qualitativo e de cunho etnográfico é o mais apropriado para a antropologia para a proposta de análise de representações e concepções das mulheres sobre os diferentes espaços – públicos e privados – e o saneamento básico presente ou ausente neste. Dessa forma, trata-se de uma análise “de perto e de dentro” (Magnani, 2002). Os relatos nos apontam para o fato de que estes espaços improvisados, assim como a cidade de Redenção, de uma forma geral, não acolhe a presença feminina em suas especificidades. Palavras-chave: cidade, mulheres, saneamento básico, trabalho informal.

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Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Humanidades e Letras, e-mail: monalisa182@gmail.com.

2

Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Humanidades e Letras, e-mail: Jacqueline.polvora@unilab.edu.br.

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa propõe compreender como as mulheres percebem a questão do saneamento básico em Redenção – CE, a partir da percepção das mulheres em seus trabalhos nos espaços públicos. Este trabalho é um desdobramento do projeto de pesquisa intitulado: Saneamento Básico em Redenção: O que as Mulheres dizem disto. O projeto dividia-se em três setores da sociedade: mulheres em suas residências, mulheres em seus trabalhos nos espaços públicos e o setor institucional na área de saúde.

Destaca-se que Saneamento Básico é compreendido nesta pesquisa de acordo com a lei 11.455 de 2007 da Constituição Federal 3que toca a questão do abastecimento de água potável, do esgoto sanitário, da limpeza urbana e isso inclui tanto a coleta, como o transporte, o tratamento e a disposição de esgotos sanitários que envolvem resíduos sólidos oriundos dos domicílios e das vias públicas, como a drenagem e o manejo de águas pluviais.

A pesquisa aqui apresentada foca nas mulheres, sobretudo porque parte do princípio apontado pela ONU de que as mulheres possuem mais contato direto com a presença ou ausência do saneamento básico, sendo assim, a cidade de Redenção é pensada nessa pesquisa enquanto uma cidade pequena, cuja população, em especial as mulheres – foco desta pesquisa -, é economicamente vulnerável e, portanto, está exposta as consequências da precariedade dos serviços que são ou não oferecidos.

Salienta-se que o foco da pesquisa se dá nas mulheres trabalhadoras em espaços públicos, sobretudo as que trabalham com o comércio de rua, principalmente por compreender que as mulheres são as mais afetadas pelas desigualdades sociais provocadas pela pobreza e pelas inúmeras situações de vulnerabilidade bem como em outros em desenvolvimento. Isto posto, o projeto segue as indicações de Dorreen Massey (1991) as quais aponta que a posição de gênero (masculino e feminino) tem profundas implicações geográficas dos espaços.

Dessa forma, é importante destacar que as mulheres aqui apresentadas trabalham com comércio de rua, mais especificamente com vendas de comidas, sobretudo lanches e que a maioria fica por lá até as 10h00min da manhã. Elas estão localizadas nas proximidades da praça que fica próxima à agência da FRETCAR, localizado na rua Cap. Felix Nogueira. Todas possuem filhos – a maioria mais de 04 filhos –, são as responsáveis por contribuir com a

3Os dados referentes a Lei 11.455 da Constituição Federal podem ser visualizados de forma detalhada

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maior parte ou por serem as únicas a contribuírem com a renda familiar. Já em relação a renda familiar, ela varia em torno de um salário mínimo.

Assim posto, este trabalho tem como objetivos analisar – inicialmente através de aplicação de questionário exploratório e mais tarde através de entrevistas, observação participante e trabalho de campo -- as diferentes concepções, bem como as relações que são estabelecidas com as diversas fontes de água (potável ou não) nos espaços públicos onde as mulheres trabalham.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a de pesquisa qualitativa. Sendo assim, segue o método etnográfico, onde o trabalho de campo e observação participante são as principais estratégias metodológicas para o recolhimento de dados (Eckert e Rocha, 2013). Em seguida, somado a metodologia já utilizada, passei a acompanhar algumas das mulheres que trabalhavam nos espaços públicos de Redenção a fim de identificar e compreender em seus trajetos diários pela cidade como essas mulheres percebem e sentem a cidade e quais as dificuldades e barreiras encontradas no caminho. Assim, os itinerários e os olhares das mulheres passaram a ser também objeto de estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De forma geral, na primeira fase da pesquisa, percebe-se que todas as mulheres reconhecem a importância do saneamento básico em Redenção e que as percepções das mulheres quanto ao tema, são comuns na maioria das problemáticas apontadas, sejam na preocupação com os odores, com as chuvas que acabam por alagar as ruas da cidade, com as doenças ocasionadas pela ausência de saneamento básico e de equipamentos públicos na cidade de Redenção. A falta de equipamentos públicos na cidade, por exemplo, aponta para a necessidade dos órgãos públicos de saúde e os serviços de saneamento básico de Redenção garantir o que estava proposto nos Objetivos do Milênio4 que diz precisa suprir com as necessidades de água e saneamento tanto no uso doméstico quanto para o uso público.

Já na segunda fase da pesquisa buscou-se, através do acompanhamento dos itinerários de algumas das mulheres que trabalham com comércio de rua na cidade de Redenção, compreender como o saneamento básico ou sua ausência é percebido e sentido por estas

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mulheres. Assim, fomos capazes de identificar os obstáculos (entulhos, calçadas desniveladas e esgotos a céu aberto, por exemplo) nos trajetos destas mulheres, bem como identificamos as sensações vivenciadas e descritas por elas em suas rotinas de trabalho.

Um ponto a ser considerado é que algumas das mulheres preferem pagar táxi para se locomover de casa/trabalho e vice versa, pois alegam que é muito difícil se locomover pela cidade com seus equipamentos de trabalho (panelas, baldes, bacias, garrafas etc). Isso justifica também o fato de ter sido acompanhado apenas o trajeto de algumas das mulheres que trabalham com comércio de rua e que fizeram parte da primeira fase da pesquisa. Em relação aos trajetos feitos por essas mulheres, percebeu-se dois tipos de posicionamentos, ambos em consonância com as noções do que é considerado “sujo” ou “limpo” apontadas por Mary Douglas (1976), as noções de sujeira e limpeza não são dadas naturalmente, mas sim configuradas a partir de determinadas concepções que acabam por nortear o mundo. Segundo a autora, “sujo” é algo tido como em “desordem” e limpo, “ordenado”. O primeiro grupo de mulheres naturaliza a presença e os incômodos que o saneamento (ou sua ausência) provoca. Durante o acompanhamento em horário de trabalho das participantes, observou-se que esse grupo de mulheres demonstraram descaso em relação a presença ou ausência de esgoto, mesmo quando se referem de forma negativa. Assim, as categorias ativadas pelos sentidos podem ser percebidas quando por exemplo, o olfato dessas mulheres desperta a confirmação de "mau cheiro", de "catinga", de" fedor" e de "podridão". Já a visão identifica o lixo e os entulhos acumulados nas esquinas como sendo "nojento" e "feio".

O segundo grupo aponta os prejuízos que o descaso com o saneamento acarreta. Elas também utilizam as mesmas categorias que as do grupo anterior para classificar suas percepções sobre o saneamento básico (ou sua ausência) na Cidade de Redenção.

CONCLUSÕES

Os relatos nos apontam para o fato de que estes espaços improvisados, assim como a cidade de Redenção, de uma forma geral, não acolhe a presença feminina em suas especificidades. Seja pela ausência de infraestrutura percebida no local de trabalho destas mulheres, o que faz com elas precisem pagar para utilizar um banheiro em condições adequadas para o uso ou que tenham que levar água de sua casa até o galpão onde trabalham e utilizem bacias para lavarem os utensílios que vão sendo utilizados ao decorrer do seu horário 4

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de trabalho, seja pelo mal planejamento da cidade, que embora pequena apresente diversos elementos e problemáticas semelhantes a de cidade grande e não planejada, sem dúvida em decorrência do aumento de moradores que passou a residir na cidade com a chegada da universidade, o que aumentou o número de construções na cidade que acabam por o ocupar diversas ruas com entulhos espalhados pelas ruas e calçadas, sem falar no aumento de acúmulo de lixo, também é evidente em toda a cidade.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à todas as mulheres que trabalham com comércio de rua na cidade de Redenção-CE pela vivência adquirida, bem como pela paciência que tiveram enquanto permaneci em campo. Agradeço também à Professora Orientadora do projeto Jacqueline Britto Pólvora pela oportunidade de fazer parte desta pesquisa, o que sem dúvida contribuiu para meu desenvolvimento acadêmico. Além disso, agradeço aos meus colegas de pesquisa Bacar Balde e Cristiane Freire.

REFERÊNCIAS

Akerman M. A Organização das Nações Unidas (ONU) divulga relatório analisando avanços e dificuldades no alcance das metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: “nós podemos acabar com a pobreza em 2015" [Internet]. Rio de Janeiro: Portal DSS Brasil; 2011 Out 04 [acesso em 12 de outubro de 2015]. Disponível em:< http://cmdss2011.org/site/opinioes/a-organizacao-das-nacoes-unidas-onu-divulga-relatorio- analisando-avancos-e-dificuldades-no-alcance-das-metas-dos-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio-%E2%80%9Cnos-podemos-acabar-com-a-pobreza-em/>

CANTOR, José Guilherme Magnani. DE PERTO E DE DENTRO: notas para uma etnografia urbana. 2002.

DOUGLAS, Mary. Pureza e Perigo. Perspectiva, São Paulo: 1976.

ROCHA, Ana L. C. da & ECKERT, Cornelia. n n n s sobre as formas da vida urbana. 1a. ed., Porto Alegre, Marca Visual, 2013

MASSEY, D. 2000 (1991) Um sentido global do lugar. In : Arantes, O. (org.) O espaço da diferença. Campinas : Papirus..

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