ISSN: 0101-3289 rbceonline@gmail.com
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte Brasil
Tirotti Saragiotto, Bruno; Parma Yamato, Tiê; Hernandez Cosiallsc, Alexandre Marin; Dias Lopes, Alexandre
Desequilíbrio muscular dos flexores e extensores do joelho associado ao surgimento de lesão musculoesquelética relacionada à corrida: um estudo de coorte prospectivo Revista Brasileira de Ciências do Esporte, vol. 38, núm. 1, enero-marzo, 2016, pp. 64-68
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte Curitiba, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=401344482010
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Revista
Brasileira
de
CIÊNCIAS
DO
ESPORTE
ARTIGO
ORIGINAL
Desequilíbrio
muscular
dos
flexores
e
extensores
do
joelho
associado
ao
surgimento
de
lesão
musculoesquelética
relacionada
à
corrida:
um
estudo
de
coorte
prospectivo
Bruno
Tirotti
Saragiotto
a,c,
Tiê
Parma
Yamato
a,c,
Alexandre
Marin
Hernandez
Cosialls
be
Alexandre
Dias
Lopes
c,∗aTheGeorgeInstituteforGlobalHealth,SydneyMedicalSchool,UniversityofSydney,Sydney,Australia
bProgramadePós-Graduac¸ãodeFisioterapiaemOrtopedia,TraumatologiaeDesportiva,FaculdadeInsiprar,SãoPaulo,SP,Brasil cProgramadeMestradoeDoutoradoemFisioterapia,UniversidadeCidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
Recebidoem17defevereirode2013;aceitoem4desetembrode2014 DisponívelnaInternetem16dejaneirode2016
PALAVRAS-CHAVE Corredoresderua; Dinamômetria isocinética; Lesãonacorrida; Esporte
Resumo Oobjetivodesteestudofoiverificarseodesequilíbriodosmúsculosdojoelhopode estar associado com o surgimento de lesões em corredores. Vinte corredores fizeram uma avaliac¸ãoisocinéticanasvelocidadesde60,180e300o/seforamacompanhadosportrêsmeses paraverificaraocorrênciadelesões.Quatroatletas(21%)apresentaramlesõesqueenvolveram aregiãodojoelhoeodesequilíbriomuscularencontradofoiassociadoaosurgimentodelesões, nastrêsvelocidadestestadas(p<0,05).
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados. KEYWORDS Runners; Isokinetic dynamometer; Runninginjury; Sport
Muscleimbalanceofflexorsandextensorsofthekneeassociatedwithrunning-related musculoskeletalinjury:aprospectivecohortstudy
Abstract Theaimofthisstudywastodeterminewhetheramuscleimbalanceofthekneeis associatedwithrunninginjuries.Twentyrunnerswereevaluatedbyanisokineticdynamometer at60,180and300degrees/second.Runnerswerefollowedforthreemonthstodeterminethe incidenceofinjuries.Weusedthechi-squaretesttoverifytheassociationbetweenmuscular
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:aledlopes@yahoo.com.br(A.D.Lopes).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2015.12.005
Desequilíbriomuscularassociadoaosurgimentodelesãoemcorredores 65 imbalanceandtheappearanceofinjury.Fourathletesexperiencedinjuries(21%),allregistered intheknee.Muscleimbalancewasassociatedwithrunning-relatedinjuriesforthethreetested velocities(p<0.05).Toconclude,amuscleimbalancemaybeassociatedwithrunninginjuries. ©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrights reserved. PALABRASCLAVE Corredores; Dinamometría isocinética; Lesionesen corredores; Deportes
Desequilibriomusculardelosflexoresyextensoresdelarodillaasociadoconlesiones musculoesqueléticasenlacarrera:unestudiodecohortesprospectivo
Resumen El objetivo de este estudio fue determinar si el desequilibrio muscular de los músculosdelarodillapuedeestarasociadoconlaaparicióndelesionesencorredores.Veinte corredoresrealizaronunaevaluaciónisocinéticaavelocidadesde60,180y 300o/s. Sehizo unseguimientodelosparticipantesdurantetresmesesparadeterminarlaincidenciadelas lesiones.Seutilizólapruebadechicuadradoparadeterminarlaasociaciónentrelaaparición deundesequilibriomuscularyladelaslesiones.Cuatroatletas(21%)presentaronlesionesen laregióndelarodilla.Eldesequilibriomuscularseasocióconlaaparicióndelesionesenlas tresvelocidadesprobadas(p < 0,05).Seconcluyóqueundesequilibriomuscularpuedeestar asociadoconlaaparicióndelesionesencorredores.
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todoslos derechosreservados.
Introduc
¸ão
Diversosestudostêmreportadoaprevalênciaeaincidência de lesões em corredores e estabelecido taxas entre19 e 92%,ou6,8a59lesõesparacada1.000horasdeexposic¸ão àcorrida(Hreljac,2004;Kretschetal.,1984;Maceraetal., 1989;Tauntonetal.,2003;VanGentetal.,2007).Estudos recentes reportaram que a prevalência de dor deorigem musculoesquelética,emcorredoresderua,momentosantes daparticipac¸ãoemumaprovadecorridafoide25%(Lopes etal.,2011;Yamatoetal.,2011).
As lesões que atingem os corredores, de modo geral, são vistas como resultado de sobrecarga proveniente de microtraumasacumulativos, durante determinadoperíodo de tempo, e determinam lesão por sobrecarga (Hreljac, 2005).
Osfatoresderisco em praticantes decorridasão atri-buídos a três fatores: 1) osrelacionados ao treinamento, 2)osanatômicose3)osbiomecânicos(Martietal.,1988; StrakowskieJamil,2006).Aindanãosesabe,exatamente,a influênciadodesequilíbriomusculardosmembrosinferiores na incidênciadelesõesem praticantesdecorrida.Porém, sabe-sequeotreinoeapráticaesportivaresultamno desen-volvimentode umamusculatura específicarelacionada ao esporte praticado. Essa especificidade, durante o treina-mentodaforc¸amuscular,podedarinícioaodesequilíbriodas forc¸asqueagemnasarticulac¸õesegeraralterac¸õesda pos-turaoudamecânicaarticular.Esse desequilíbriomuscular podepredisporosatletasalesõesediminuic¸ãodo desem-penho(CarnahaneElliott,1987;Siqueiraetal.,2002).
Para avaliar a forc¸a muscular e identificar desequilí-briosprovenientesdapráticaesportiva,temsidousadoum dinamômetro computadorizadoisocinético.Nesse dinamô-metro, o indivíduo faz um esforc¸o muscular máximo ou
submáximo que se acomoda à resistência do aparelho. Assim, se tentar aumentar a velocidade angular do seg-mentoparaalémdavelocidadepredefinida,oequipamento forneceumaresistênciaacomodativacomplacente,oferece velocidadeconstanteeumacorrespondênciaexataentreo torqueaplicadoearesistência(Puaetal.,2008).
Numa avaliac¸ão, a escolha da velocidade depende do objetivodo terapeuta. As velocidades sãodivididas entre lentas(menoresdoque180o/s)e rápidas(maiores doque 180o/s). Paraomelhorestudodopicodetorqueedo tra-balho, usam-se velocidades angulares lentas, pois quanto menoravelocidadeangular,maiorseráotorqueouo tra-balho.Geralmenteusa-seavelocidadede60o/s.Jáparaa avaliac¸ãodapotênciaeresistência,sãousadasvelocidades rápidas,de180a300o/s(Terrerietal.,2001).
O objetivodeste estudo foiverificarse o desequilíbrio dos músculos flexores e extensores do joelho pode estar associadoaosurgimentodelesõesmusculoesqueléticasem corredoresdelongadistância.
Material
e
métodos
O presenteestudo foi aprovado peloComitê de Ética em PesquisadoCentro Universitário SãoCamilo, conforme os requisitosdaResoluc¸ãoCNS466/13(protocolo:13685795). Todasasavaliac¸õesforamfeitasemumaclínicade fisiote-rapiaemedicinaesportivanacidadedeSãoPaulo.
Trata-sedeumestudo decoorteprospectivofeitocom 20atletasparticipantes decorridasdelongadistância.Os critériosde inclusãoforam:participar de provascom dis-tânciaacimade5.000metroshápelomenosumanoeter idadeigual oumaiorde18 anos. Oscritériosde exclusão foram:tersidosubmetidoaalgumprocedimentocirúrgico
nosúltimos12meses;apresentardorouqueixadeorigem musculoesquelética nomomento daavaliac¸ão; e lesão no aparelholocomotornosúltimosdoismeses.
Apósanamnese,foifeitaaavaliac¸ãoisocinéticado joe-lho de cada atleta com o dinamômetro computadorizado isocinético(Cybex®,modeloNORM®,EUA).Asvariáveisde forc¸amuscularanalisadasforamopicodetorquedos mem-bros dominante e não dominante e a razão (ou relac¸ão) agonista/antagonista, nas velocidades de 60◦/s, 180◦/s e 300◦/s,obtidasporsoftware(HUMAC2004®).
Osatletasfizeramaquecimento prévio,decinco minu-tos,emesteiraergométrica,antesdaavaliac¸ãoisocinética. Emseguida,foramposicionadosnodinamômetro,sentados comacadeiraem85deinclinac¸ão,eoeixodemovimentodo equipamentofoialinhadonaalturadoepicôndilolateraldo fêmureaplataformaderesistênciafoiposicionadasuperior aomaléolo medial.Osindivíduosforamestabilizadoscom cintosnotroncoenacoxaparaevitarmovimentos compen-satórios.Aamplitudedemovimentofoilimitadaentre110 deflexão e 0deextensão e0 foidefinidocomo extensão completa.Antesdeiniciarostestes,osatletasexecutaram quatrorepetic¸õessubmáximaspréviasparaafamiliarizac¸ão comoprocedimentodeavaliac¸ão.
O protocolodeavaliac¸ão isocinéticausadofoibaseado emestudosanteriores(Menzeletal.,2013;O’sullivanetal., 2008;Orchardetal.,1997).Todososparticipantesfizeram cincorepetic¸õesmáximas deflexãoe extensãodojoelho, nomodoconcêntrico-concêntrico,navelocidadede60o/s; dezrepetic¸õesem180o/s;e15repetic¸õesem300o/s, bila-teralmente,eaescolhadoprimeiromembroasertestado foi feita de forma aleatória. Todos os atletas receberam estimulac¸ãoverbalduranteostestes,queforamaplicados pelomesmoexaminador.
Os corredores foram acompanhados por três meses, foram feitas três avaliac¸ões, com intervalo de 30 dias, e aincidênciadelesãonosmembrosinferioresfoiverificada por meio de um formulário, aplicado por telefone, que objetivavaidentificarlesãodeorigemmusculoesquelética; localizac¸ão;diagnósticomédico,quandofeito;eseo cor-redorhaviaparticipadodealguma provadecorrida nesse período,assimcomoadistânciapercorrida.
Após a avaliac¸ão da forc¸a muscular, os participantes foramclassificadosemtrêsgrupos:(i)semdesequilíbrio(se odéficitdadiferenc¸aentreosmembrosfossemenordoque 10%);(ii)desequilíbrioleve(oscorredoresqueapresentaram déficitentre10a30%);e(iii)desequilíbriomoderado/grave (déficit maiordo que 30%). Essa classificac¸ão foi adotada de acordocom estudos prévios (Perrin etal., 1987)e de acordocomoprotocolousadopelaclínicaresponsávelpelo equipamento.
Adefinic¸ãodelesãomusculoesqueléticausadanoestudo foi:‘qualquerqueixaoudordeorigemmusculoesquelética queestavarelacionadaàpráticadecorridaequetenhasido severaosuficiente paraalterararotina detreinamentoe impedidoocorredordetreinaroudeparticipardealguma provade corrida’’’ (Macera et al., 1989; Van Middelkoop et al., 2008). Os dados foram submetidos a uma análise descritivadascaracterísticasdoscorredoresedasvariáveis isocinéticas. Para verificar a associac¸ão entrea presenc¸a dedesequilíbrio muscular (desequilíbrioclassificadocomo moderado/grave)eosurgimentodelesõesfoiusadooteste
de qui-quadrado (␣=0,05). Todas asanálises foramfeitas pelosoftwareSPSSv.20.
Resultados
Apósa avaliac¸ãodos20atletasselecionados,umcorredor foi excluídoe, consequentemente,a amostratotal foide 19 corredores, 15(79%) homense quatro(21%) mulheres. Durante o período de acompanhamento de três meses, a médiadeparticipac¸ãofoide1,5provadecorridapor parti-cipanteeasdistânciaspercorridasvariaramentre7e21km. Em relac¸ãoàincidênciadelesões,verificou-sequequatro corredores (21%) tiverampelo menosumalesão, todasna região dojoelho.Adescric¸ãodascaracterísticas demográ-ficas e de treinamentodos corredores está detalhada na
tabela 1. As informac¸ões coletadas durante o período de acompanhamentoestãodescritasnatabela2.
Em relac¸ão à forc¸a muscular, não foram encontra-das diferenc¸as significativas quando comparada a forc¸a através das variáveis de pico de torque e relac¸ão ago-nista/antagonistanasvelocidadesde60,180e300o/s,entre osmembrosdominanteenãodominante,comoapresentado na tabela 3. O desequilíbrio muscular apresentado pelos corredoresfoiassociadoàincidênciadelesõesnastrês velo-cidadestestadas(p<0,05),comodetalhadonatabela4.
Tabela 1 Característicasdemográficas ede treinamento doscorredores
Gênero,n(%)
Masculino 15(79)
Feminino 4(21)
Idade(anos),média(desviopadrão) 39,3(9,3)
IMC(Kg/m2),média(desviopadrão) 24,1(2,3)
Distânciasemanal(km/sem),média(desvio padrão)
60,9(34,5)
No.treinos/sem,média(desviopadrão) 4,6(1,6)
Recebeorientac¸ão,n(%)
Sim 13(68,4)
Não 6(31,6)
Tabela 2 Dados dos corredores durante o período de acompanhamento
Presenc¸adelesão,n(%) 4(21)
Lesãoprévia,n(%)
Sim 1(5)
Não 18(95)
Participac¸ãoemprovas,média(desvio padrão)
1,53(1,12)
Quilometragemdasprovas,média(desvio padrão)
13,91(6,14)
Alterac¸ãonotreinamento,n(%)
Aumento 8(42,1)
Desequilíbriomuscularassociadoaosurgimentodelesãoemcorredores 67
Tabela3 Valoresmédiosedesviopadrãoparaopicodetorque(Nm/kg)earazãoagonista/antagonista(%)entreosmembros dominante(D)enãodominante(ND)doscorredoresavaliados
Velocidades
60o/s 180o/s 300o/s
D ND D ND D ND
Extensores 243,1(52,1) 217,9(42,9) 154,7(28,8) 147,7(27,8) 110,5(22,3) 105,6(22,1)
Flexores 139,8(30,9) 126,1(24,4) 90,6(22,4) 86,6(16,6) 62,9(11,8) 60,3(13,9)
Razãoagonista/antagonista 58,1(9,2) 59,1(12,8) 58,7(6,6) 59,6(11,1) 57,6(8,3) 58,6(14,6)
Tabela4 Associac¸ãoentreodesequilíbriomusculareosurgimentodelesãonoscorredoresavaliados
Desequilíbriomuscular Total,n(%) Semlesão,n(%) Comlesão,n(%) P
60o/s Semdesequilíbrio 15,8(3) 20(3) -Desequilíbrioleve 57,9(11) 66,6(10) 25(1) Desequilíbriomod/grave 26,3(5) 13,3(2) 75(3) 0,043a 180o/s Semdesequilíbrio 47,4(9) 53,3(8) 25(1) Desequilíbrioleve 42,1(8) 46,6(7) 25(1) Desequilíbriomod/grave 10.5(2) - 50(2) 0,015a 300o/s Semdesequilíbrio 26,3(5) 33,3(5) -Desequilíbrioleve 63,2(12) 66,6(10) 50(2) Desequilíbriomod/grave 10,5(2) - 50(2) 0,011a
a p>0,05;associac¸ãosignificativaentreasvariáveispelotestedequi-quadrado.
Discussão
Neste estudo, após três meses de acompanhamento, foi encontradaassociac¸ãoentreopicodetorqueavaliadonas velocidadesde60,180e300o/scomosurgimentodelesões em corredoresdelongadistância.Ataxadeincidênciade lesõesfoide21%earegiãodocorpomaisacometidafoia articulac¸ãofemoro-tibio-patelar.
Osresultadosdesteestudocorroboramosestudos exis-tentesnaliteratura.Sugiuraetal.(2008)avaliaramaforc¸a muscularde42velocistasa60o/seencontraramassociac¸ão entredesequilíbriomusculareosurgimentodelesõesapós umanodeacompanhamento,comdiminuic¸ãodaforc¸a mus-cularnomembrolesionado,assimcomonopresenteestudo. Já Orchard et al. (1997) e Yamamoto (1993) trabalharam com atletascolegiais e jogadoresde futebolamericano e encontraramdiferenc¸asdeforc¸amuscularentreomembro inferior dominantee o nãodominante. Em contrapartida, outrosestudosfeitoscomessa mesmavelocidadeem cor-redoresvelocistasejogadoresdefutebolnãoencontraram essa diferenc¸a (Bennell et al., 1998; Yeung et al., 2009,
Maupasetal.,2002).
Foi encontrada associac¸ão entre o desequilíbrio mus-cular e o surgimento de lesões nas velocidades de 180 e 300o/s, que são consideradas velocidades altas, que geralmentesãousadasparaavaliac¸ãodepotênciae resis-tênciamuscular,respectivamente.Contudo,umestudofeito com 44 corredores velocistas (Yeung et al., 2009) não
evidenciou associac¸ão entre osvalores de pico detorque a180ea240o/scomaincidênciadelesões,apósumanode acompanhamento.Entretanto,acomparac¸ãodesses dados comcorredoresvelocistastorna-selimitadadevidoà dife-rentesolicitac¸ãomuscularexigidaparacadatipodeprova. Corredoresvelocistas usam com maiorfrequênciaa forc¸a eapotênciamuscular,enquantocorredoresfundistasusam predominantementearesistênciamuscular,devidoàlonga distância dos treinos e das provas, geralmente acima de 5.000metros.
Ataxadeincidênciadelesãode21%écorroboradapelos estudosdeBovensetal.(1989),Yamatoetal.(2011)eVan Middelkoop etal. (2007).Porém, umarevisãosistemática (VanGentetal.,2007)apontaqueastaxasdelesõespodem variarentre17a79%,deacordocomotipodepopulac¸ão estudadaeadefinic¸ãoadotadaparalesão musculoesquelé-ticarelacionadaàcorrida,umavezque,nacorrida,aslesões por sobrecarga nos membros inferioresacontecem princi-palmente na articulac¸ão do joelho (Fredericson e Misra, 2007)e,deformasemelhante,nopresenteestudo,aslesões registradasocorreramnessaarticulac¸ão,comoaconteceem corredores de longa distância (Taunton et al., 2002; Van Gentetal.,2007).
Aspossíveislimitac¸õesencontradasnesteestudopodem estar relacionadas ao tamanho da amostra, apesar de ser semelhante a de outros trabalhos (Goulart et al., 2008; Iossifidoue Baltzopoulos, 2000;Perrin etal., 1987,
corredores, que pode não ter sido suficiente para a identificac¸ão de lesões acumulativas por sobrecarga que ocorrema partir demicrotraumas(Hreljac,2005).Outros estudos prospectivos, com maiores amostra e tempo de acompanhamento, devem ser feitos para investigar a relac¸ão entre o desequilíbrio muscular e a incidência de lesõesemcorredoresdelongadistância.
Conclusão
Deacordo com os resultados desteestudo prospectivo, é possívelconcluirquemedidaspreventivaspodemser toma-das através da avaliac¸ão do desequilíbrio muscular em corredoresderua.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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