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CAPOEIRA NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO AUGUSTO MEIRA EM BELÉM/PA

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CAPOEIRA NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO

FUNDAMENTAL E MÉDIO AUGUSTO MEIRA EM BELÉM/PA

Marcelo Pamplona Baccino Acadêmico concluinte do CEDF/UEPA elesbaccino@yahoo.com.br Ricardo Gomes Reis Professor orientador do CEDF/UEPA ricardogomesreis@gmail.com

Resumo:

A pesquisa consiste em estudo sobre o ensino da capoeira no âmbito escolar; na relação entre a capoeiragem e elementos administrativos, docentes, dicentes e cotidianos da escola. Os procedimentos da pesquisa compreenderam etapas como levantamento bibliográfico, observação em campo e entrevistas. A presente investigação objetivou encontrar dificuldades e facilidades de ensino apresentadas no contexto estudado, propondo soluções. O texto, também, expressa informações sobre parte da história da capoeiragem belemense e reflexões quanto ao ensino e práticas da capoeira.

Palavras-chave: Capoeira na Escola. Ensino da Capoeira. Práticas Escolares.

INTRODUÇÃO

Nossa realidade é marcada pela globalização perversa, fundada na tirania da mídia e do lucro, na competitividade, na confusão dos espíritos e na violência estrutural, acarretando o desfalecimento da política feita pelo Estado e a imposição de uma política comandada pelas empresas (SANTOS, 2000). No contexto político, econômico e social nós brasileiros perdemos a corrida na cidadania e na tecnologia para a violência e a degradação física e moral, por não termos uma educação que ofereça aos educandos instrumentos eficazes que lhe permitam lutar por seus direitos e melhorar a realidade.

A presente investigação é uma crítica da escola e da educação capitalista (uma denûncia cadêmica). Tipo de educação que tem como grande arma de dominação utilizada pelas elites à imposição de uma imagem depreciativa do povo subjugado a si mesmo. A autodepreciação transforma-se no instrumento mais poderoso de opressão pela classe dominante. Paulo Freire (2000) em “Pedagogia da indignação” trata sobre esse pragmatismo cruel:

A ideologia que fala, em face das injustiças sociais, de que “a realidade é assim mesmo, de que as injustiças são uma fatalidade contra que nada se pode fazer” solapa e fragiliza o ânimo [...] Com a vontade enfraquecida, a resistência frágil, a identidade em dúvida, a autoestima esfarrapada não se pode lutar. Desta forma, não se luta contra a exploração das classes dominantes, contra a exploração capitalista (FREIRE, 2000, p. 47-48).

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O povo não deve ser tutelado pelas elites, ele deve ser o agente do seu destino. Tal condição pode ter seu alcance facilitado através de um tipo muito particular de educação que ajuda as pessoas a descobrirem em si próprias a coragem e as destrezas

para poderem enfrentar e transformar a realidade. Trato sobre uma

tradição/cultura/educação popular afrobrasileira denominada capoeira. Coletivo de Autores (1992) trata sobre a capoeira - no capítulo três - da seguinte forma:

A capoeira encerra em seus movimentos a luta de emancipação do negro no Brasil escravocrata. Em seu conjunto de gestos, a capoeira expressa, de forma explícita, a “voz” do oprimido na sua relação com o opressor. Seus gestos, hoje esportivizados e codificados em muitas “escolas” de capoeira, no passado significaram saudade da terra e da liberdade perdida; desejo velado de reconquista da liberdade que tinha como arma apenas o próprio corpo (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.76).

Tal prática pode ser eficaz ferramenta para desenvolver sujeitos autônomos, críticos; físico e mentalmente fortes, repletos de cultura endógena, combativos lutadores e transformadores de um mundo que se encontra, em grande parte, em processo de globalização capitalista e neoliberal. Tal processo intensifica o poder dos mais poderosos e debilita mais ainda os fracos.

Para a utilização da capoeira na escola é necessário pensar a prática para teorizá-la, pois o ensino da capoeira ao migrar para instituições depara-se com a delimitação do espaço a ser ensinada, cumprimento de horários mais rígidos, apresentação de planos de aula, presença de intervalos entre aulas, possibilidade de interação entre as tradicionais disciplinas ministradas na escola (educação física, história, geografia, português, artes, entre outras), adequação e organização dos conhecimentos (faixas etárias, períodos letivos, e outros itens), burocratização (relatórios, lista de presença, caderneta etc) e demais componentes que não são usuais na capoeiragem praticada nas ruas, praças, quintais, academias, centros comunitários etc.

Tomando como base a noção de “intelectual orgânico” de Antonio Gramsci, Henry Giroux vê os professores como “intelectuais transformadores” (SILVA, 1999). E é baseado nesse princípio transformador que a presente investigação não fundamenta-se no tecnicismo, mas na construção de uma educação revolucionária, que liberta educador e educando aproveitando-se, principalmente, do potencial corporal dos sujeitos. Corpos que são locais de luta e resistência, contra o corpo privatizado, correlacionado com as relações interpessoais das ideologias de mercado (MACLAREN, 1991).

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Sendo que a escola deveria ser espaço legítimo de educação popular e libertadora, a investigação pensa a prática da capoeiragem com o objetivo de encontrar dificuldades e facilidades ao inserir-se no contexto escolar teórico-prático, mais precisamente o do Ensino Básico, além de propor soluções. A pesquisa incidi no processo de ensino e aprendizagem dos conhecimentos da capoeira em ambiente não-escolar e a adaptação deste processo para o ambiente institucionalizado. Identifica e gera reflexões sobre as dificuldades e facilidades encontradas durante o ensino da capoeira.

Como capoeira-educador foi perceptível a necessidade de produzir um estudo que auxilie no ensino da capoeira em ambiente escolar. Tal ferramenta pode ser de grande utilidade para o capoeira-educador e para o educador físico que atuarão dentro da escola por meio da formação de escolinha de esportes; como atividade de contra-truno; nas escolas de tempo integral; como pratica complementar; tema transversal inserida nos conteúdos da cultura afrobrasileira; contemplando itens dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Física.

Expresso a importância de buscar, conhecer e propagar a cultura afro-brasileira, enaltecê-la e respeitá-la já que grande parte da população brasileira descende de africanos e também pela presença marcante do negro na sociedade paraense desde tempos coloniais na formação e na geração de uma economia que possibilitou, aos donos (invasores) da terra, executar o projeto de assentamento de uma sociedade colonial, nos moldes das demais conquistas, base da formação da sociedade brasileira (SALLES, 2005). Nesse cenário as reflexões e proposições pretendidas sobre o ensino da capoeira no ambiente escolar podem trazer contribuições importantes para o melhor planejamento e execução da cultura popular afrobrasileira dentro das instituições de

ensino e facilitar a relação dos capoeiras1 com a escola e da escola com os capoeiras,

pois o que no presente estudo apresenta-se de forma pontual ocorre(rá), também, em outras instituições.

Para apreciar algo é necessário conhecer, pois ninguém aprecia aquilo que não conhece. Os estimados Mestres de Capoeira já são excelentes artesãos, poetas, dançarinos, percussionistas, compositores musicais, lutadores, contadores de histórias, educadores, oradores etc. Porém, os outros capoeiras-educadores que ainda estão em

1 Segundo dados da pesquisa organizada pelo pesquisador Dr. Lamartine Pereira da Costa (2005), em

2003 o Brasil tinha seis milhões de praticantes de capoeira. No entanto, a capoeira ainda sofre preconceitos e discriminação por ter sido inicialmente praticada pela população negra e ser considerada pela elite como brincadeira de malandro ou luta de marginais (IPHAN, 2007).

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formação, os acadêmicos e qualquer outra pessoa que se interesse pela capoeiragem tem dificuldade de acessar mais informações sobre essa importante manifestação cultural pelo fato da mesma ser uma tradição oral e por isso depender da disponibilidade dos capoeiras em transmitir sua tradição, daí uma das importâncias do presente estudo que registrou materialmente parte do cotidiano em que a capoeira é ensinada.

A carga de informações que o capoeirista aprende é muito grande e conforme o discípulo aprofunda-se na capoeira a quantidade de conhecimentos cresce e se agiganta. Como a memória humana é falha o registro material de algumas informações que a presente pesquisa fez apresenta-se como vantajoso, pois manterá cristalizados tais conhecimentos para futuras consultas, revisões e comparações.

1. MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa classifica-se como uma Pesquisa-ação. A pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento do professor e pesquisador de modo que possa utilizar a pesquisa para aprimorar o ensino e, em decorrência, o aprendizado dos alunos (TRIPP, 2005). A abordagem da investigação é Qualitativa. O tipo do estudo é descritivo e exploratório.

Quanto ao procedimento de coleta de dados, utilizou-se a prática etnográfica ao transformar o discurso oral e corporal em texto. Na pesquisa em campo usou-se o diário de campo, máquina fotográfica e gravador de voz. Desse modo a investigação se assenta em bases de observação no contexto de convivência com o grupo escolar estudado e local de vivência. Os procedimento e análise de dados foram feitos por meio da observação/vivência; descrição; compreensão/interpretação; e apresentação dos significados em narrativa analítica.

O local da pesquisa escolhido foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Augusto Meira. Os sujeitos da pesquisa foram os capoeira-educadores que atuam na escola escolhida. O Critério de Inclusão foi: os capoeira-educadores que ministram aula na escola escolhida; já o Critério de Exclusão é: aqueles capoeira-educadores que não pertençam a escola que foi escolhida.

Importante citar que as informações geradas pela pesquisa não são/serão monopólio do capoeira-autor e o mesmo não pretende tornar-se mentor de uma coletividade.

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A pesquisa desenvolveu-se em quatro fases, são elas: fase 1: nela ocorreu o levantamento e análise bibliográfica dos assuntos relacionados direta e indiretamente ao tema; fase 2: aplicação do questionário aos 02 capoeira-educadores atuantes na escola após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; fase 3: a fase das Considerações Finais trouxe reflexões, proposições e entendimentos que resultaram da análise dos dados colhidos e produzidos nas fases anteriores; fase 4: a fase de “devolução” teve/tem como referência a seguinte expressão encontrada em Teses sobre Feuerbach (MARX, 2018): "Os filósofos têm somente interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo". A fase quatro ocorre e ocorrerá durante toda a investigação e após. Consiste no retorno para a comunidade dos produtos da pesquisa, como: artigos, livros, palestras etc. Na tentativa de obter a participação dos diretamente envolvidos na pesquisa e divulgar o resultado da mesma.

Entre os principais fundamentos teóricos da presente investigação estão os

ensinamentos de Mestre Silvério2, do qual sou discípulo3. Tal atitude baseia-se na

tentativa de analisar o objeto de estudo de um ponto de vista mais próximo da realidade estudada.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. CAPOEIRA NA SOCIEDADE

Na superestrutura existem dois níveis de relações de força, o primeiro é o de forças materiais de produção; o segundo é das forças políticas, que lutam por uma homogeneidade, autoconsciência e organização de vários grupos sociais como igrejas, polícias, universidades, meios de comunicação, escolas, sindicatos, entre outros (GRAMSCI, 2012). No segundo nível está a importância dos movimentos sociais populares, da sociedade organizada resistindo ao poder hegemônico e lutando para tomar o poder. São verdadeiros fortes, fortins, casamatas, barricadas e trincheiras de resistência. Combates que a capoeira sempre travou e continua travando tanto

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Fundador e presidente da associação de capoeiras que atua na E.E.E.F.M.Augusto Meira. Silvério Amaral dos Santos, nasceu em 20 de junho de 1963; formou-se mestre de capoeira em 1997. É árbitro de capoeira formado pela Confederação Brasileira de Capoeira. Já foi diretor técnico da Federação Paraense de Capoeira durante dois mandatos e presidente da Associação de Mestres de Capoeira do Pará.

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culturalmente quanto fisicamente em embates contra as forças opressoras da elite hegemônica regional, nacional e internacional.

Nesse cenário que está inserida a capoeiragem; ela que de ofensa a ordem pública, passível de imediata punição com açoites, passou a ser vista como folclore exótico, digno de preservação da matriz de uma luta genuinamente brasileira (VIEIRA, 1998). Mas recentemente cresceu a ênfase sobre a dimensão cultural da arte, que foi declarada patrimônio imaterial do Brasil (IPHAN, 2007).

Leis foram feitas relacionando a capoeira ao ensino escolar, entre elas destaco a Lei Municipal de Belém nº 8319/2004, que institui a capoeira no currículo escolar do Ensino Fundamental (faz parte do Ensino Básico), como conteúdo transversal. Abaixo seguem dois artigos resumindo a referida lei:

Art. 1º Fica instituído o estudo e a prática da capoeira como conteúdo transversal das disciplinas do currículo escolar do Ensino Fundamental do Município de Belém.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação (BELÉM, 2004, s/p).

Aproveito e cito o Projeto de Lei nº 1966/2015 que tramita na Câmara Federal dos Deputados, uma lei que facilitará a inserção do ensino da capoeira nas escolas brasileiras, pois pretende instituir o reconhecimento do caráter educacional e formativo da capoeira e irá ajudar nas parcerias entre mestres e professores de capoeira com instituições de ensino. Segue o resumo de tal projeto de lei:

Institui o reconhecimento do caráter educacional e formativo da capoeira em suas manifestações culturais e esportivas e permite a celebração de parcerias para o seu ensino nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados (BRASIL, 2015, s/p).

Importante expressar a existência da proposição do ensino de lutas dentro da educação física escolar, o que acarreta em uma das facilidades para o ensino da capoeira em conjunto com os educadores físicos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Física organizam os conteúdos em: conhecimento sobre o corpo; esportes, jogos, lutas e ginásticas; atividades rítmicas e expressivas. Nessa conjuntura está inserida a capoeira, que, inclusive, é citada:

As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação

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específica a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplos de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê (BRASIL, 1998, p.70).

Na já homologada Base Nacional Comum Curricular – BNCC a atividade Luta esta entre uma das seis unidades temáticas apresentadas para Educação Física na Etapa do Ensino Fundamental no BNCC que cita a capoeira entre outras lutas nacionais:

A unidade temática Lutas focaliza as disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário. Dessa forma, além das lutas presentes no contexto comunitário e regional, podem ser tratadas lutas brasileiras: capoeira, huka-huka, luta marajoara etc (BRASIL, 2017, p.214). Existe, também, a presença do ensino da cultura afro-brasileira na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), fato que facilita a relação da capoeira e seu contexto histórico-político-social do passado e presente, por exemplo, com o professor de história. Logo abaixo está o artigo da LDB:

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 4° O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia (BRASIL, 2005, s/p).

Não se pode esquecer que lentamente já se aplica na educação pública brasileira a escola de tempo integral que dará mais ênfase aos temas transversais e variadas atividades culturais em turnos normais e contra-turnos, pois as atividades de educação escolar em tempo integral compreendem estratégias para o acompanhamento pedagógico diário da aprendizagem dos estudantes quanto às linguagens, às ciências da natureza, às ciências humanas, bem como as práticas voltadas ao desenvolvimento de atividades culturais, artísticas, esportivas, de lazer e da cultura digital.

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2.2. EDUCAÇÃO POPULAR

Na aproximação com a realidade escolar - em busca de uma “educação do povo” e não uma “educação para o povo” – recorre-se a autores que tratam sobre a Educação Popular como Paulo Freire (1996), o mesmo ao tratar sobre o conhecimento popular diz que é com o povo que a gente aprende a vida e se faz realmente culto.

Recorro, também, à educadores como Carlos Rodrigues Brandão que apresenta ideias e posturas favorecedoras do que a capoeira representa para a sociedade brasileira ao ser ensinada e propagada por várias gerações. Brandão (1991) expressa que a educação do dominador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na realidade não serve para ser a educação do dominado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.

Para Brandão e Assumpção a cultura popular significa:

[...] a “cultura subalterna” das classes populares por oposição à “cultura dominante” das classes dirigentes; [...] as diferentes formas de um trabalho realizado conjuntamente por/entre educadores populares e grupos populares, dirigido à produção de outra consciência, de outra cultura e de outra ordem social; [...] uma cultura que afirme a primazia do reconhecimento e da liberdade entre os homens e que, sendo em um primeiro momento uma cultura de classe – das classes populares –, venha a ser depois a cultura que se abra ao desvelar do fim das relações antagônicas entre as classes sociais e se transforme em uma cultura universal plenamente democrática (BRANDÃO; ASSUMPÇÃO, 2009, p. 71).

A presenta pesquisa trata da relação entre Educação Formal e Educação Não-formal. A primeira é o modo de ensino com elevada sistematização e inflexível. Ocorre, dentre outras lugares institucionalizados, dentro de escolas e entre quatro paredes; com livros, cadernos e lousa. Ela pertence ao sistema formalizado de ensino que não mais dá conta da realidade social (LIBÂNEO, 2004). Já a Educação Não-formal é aquela organizada fora do sistema tradicional de ensino. Nela socializa-se o respeito mútuo, conhecimento que vai muito além da sala de aula, é flexível e leva em consideração os desejos e anseios da comunidade (LIBÂNEO, 2004). As duas podem se complementar dentro da escola e da educação popular. Rompendo os processos institucionalizados e quebrando paradigmas.

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O interessante é utilizar um espaço – trato da escola – para uma mistura aproveitando os dois tipos de educação, pois o mais importante é o valor do saber e não se o mesmo origina-se das praças, periferia ou centros de doutoramento.

A utilização na escola, por exemplo, da capoeira – uma forma popular de ensinar diversos e amplos saberes – traz a possibilidade de transformação da Educação Formal já que a mesma encontra-se dentro dos moldes engessados e ultrapassados de educar. Essa arte afrobrasileira é uma das ferramentas no Brasil a ser utilizada pelo caminho da educação popular, tendo a capoeiragem como cultura popular que pretende tornar-se um projeto de consumação coletiva; um trabalho educacional de caráter libertador a ser edificado como e por meio da educação popular.

3. PESQUISA EMPÍRICA

3.1. CAPOEIRA EM BELÉM DO PARÁ

O domínio da região amazônica por parte dos portugueses teve fortes obstáculos, como descrevem as narrativas das lutas que os portugueses tiveram contra povos indígenas hostis, notadamente os Tupinambá, nas cercanias de Belém, os Aruac, na ilha do Marajó, e contra holandeses, ingleses, irlandeses e franceses que, ao longo da costa e até mesmo às margens do rio Amazonas, plantaram feitorias e algumas fortificações (SALLES, 2005). Foi o negro enviado aos afazeres agrícolas das fazendas, dos sítios das cercanias de Belém, do Tocantins e da rede do Guamá, Capim, Igarapé-Miri, Acará e Mojú (REIS, 1972). Observa-se que de 1692 até 1782, ou seja 90 anos, a Metrópole introduziu aproximadamente 30.000 escravos na Amazônia (PEREIRA, 1952).

Os mocambos e quilombos começaram a surgir em pleno período colonial, quando a estrutura agrária, que exigiu a introdução da mão-de-obra africana, ainda se podia considerar muito precária. Desorganizada a lavoura, com a busca das drogas do sertão, muitos engenhos em meados do século XVIII entraram em decadência, tudo isso seguido pela expulsão dos jesuítas; deu oportunidade a que os escravizados escapassem ao cativeiro. Depois, sob influência do liberalismo francês, as ideias de Independência do Brasil chegaram e assumiram proporções catastróficas para os senhores de escravos

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(SALLES, 2005). Na Cabanagem4, o negro, que até então fugia para ermos aderiu em massa ao movimento, pretendendo alcançar a liberdade (SALLES, 2005).

O jogo de capoeira cresceu e chegou à maior idade durante a escravidão, espalhando-se por várias províncias. Belém, ao tempo da Cabanagem (1835), já devia estar infestada de capoeiras e os jornais dão notícia da perturbação que faziam. São lembradas as façanhas dos grandes capoeiras, sua ação junto às bandas de músicas e como balizas dos cordões de boi-bumbá (SALLES, 2002, p.77).

A história da capoeiragem no Pará é marcada pela faca, porrete e pelo gingado dos capoeiras que protegiam os desfiles de bandas no carnaval, boi-bumbá e eram recrutados para a capangagem. A capoeira não evoluiu, no Pará, para um tipo de exercício ou jogo atlético como ocorreu particularmente na Bahia, conservou-se nos círculos da malandragem, sendo duramente perseguida pelo Estado (MELO, 2000).

Os afamados e valentes Pé-de-Bola e Cabralzinho não estão mais entre nós; a capoeiragem de Belém acompanhou as mudanças que ocorreram em todo o Brasil com a supremacia dos estilos Angola do Mestre Pastinha e Regional do Mestre Bimba. Após as primeiras décadas do século passado a capoeira por essas bandas permaneceu em um estado latente (ACERVO DO PESQUISADOR). Na década de 70 passa a mostrar-se com maior força, pois apareceu Mestre Bezerra, ele um praticante de capoeira que veio do Maranhão, se estabeleceu aqui em Belém e começou a dar aula de capoeira na sede social do Paysandu e em alguns outros locais da cidade. Logo depois veio o Mestre Romão, dando aula de capoeira no Norte Brasileiro, uma tipo de clube no bairro da Cremação (ACERVO DO PESQUISADOR). Com o renascimento da capoeiragem belemense, outro fato importante aconteceu: a chegada de grandes grupos de capoeira à cidade. O primeiro grande a chegar de fora do Pará foi o Abadá Capoeira, em 1991 (ACERVO DO PESQUISADOR).

Atualmente um contexto importante da capoeira no Pará é a Federação Paraense de Capoeira (FePaC), fundada em 11/05/1995, que tem o papel de direção e representação de diversas associações e grupos de capoeiras paraenses e de organizar campeonatos municipais, intermunicipais e estaduais em vários municípios do Pará. A federação possui 15 associações e grupos filiados, 1.385 atletas registrados, entre estes

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Foi uma revolução popular contra desmandos do governo central brasileiro e a condição miserável em que viviam a maior parte da população. Ocorreu durante o período conhecido como Regencial (1831-1840), a revolta iniciou-se em 1835 e teve fim em 1840. Na revolta mais 40 mil pessoas morreram, sendo que a província do Grão-Pará possui cerca de 100 mil habitantes na época (SCHNEEBERGER, 2003, p.196).

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56 ensinam capoeira em escolas (FEPAC, 2018). No atual momento percebe-se que muitos dos grupos e associações de capoeira estão se organizando, buscando possuir Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ, estatutos, sede fixa, currículo institucional e, para seus membros, currículo pessoal visando o mercado de ensino público e privado ofertando o ensino da capoeira (ACERVO DO PESQUISADOR). Cito a oportunidade de ingresso na rede pública municipal de ensino por meio da ação feita pela Prefeitura Municipal de Belém, através da Secretaria Municipal de Educação – SEMEC que realizou Seleção Publica Simplificada – PSS em agosto de 2017, para a contratação por tempo determinado, de Instrutores de Capoeira para atuarem no Projeto Capoeira nas Escolas da Rede Municipal de Educação. Foram 30 vagas ofertadas para carga horária semanal de 100 horas e com tempo mínimo de contratação de 12 meses. Os principais requisitos para contratação era ter no currículo certificados específicos de ensino e aprendizado da capoeira, declarações do exercício da prática de ensino e experiência com comprovação.

3.2. ASSOCIAÇÃO DE RESGATE À UNIÃO DA ARTE CAPOEIRA

A ARUÃ Capoeira foi fundada em 20 de janeiro de 1997. Quanto às finalidades e objetivos da ARUÃ Capoeira, as mesmas ficam explícitas em vários parágrafos do Art. 2° do Estatuto Social ARUÃ Capoeira:

Art.2°- A ARUÃ Capoeira, tem as seguintes finalidades:

§2°- Estabelecer parcerias e convênios visando a promoção da capoeira.

§3°- Desenvolver atividades de cultura, esporte e lazer voltadas para crianças, adolescentes, jovens e idosos, principalmente os moradores da periferia da cidade, promovendo assim a integração dos mesmos na sociedade e a difusão da capoeira como esporte e lazer.

§4°- Promover o desenvolvimento integral de seus sócios no campo educativo, social, cultural e esportivo.

§5°- Conscientizar os membros da comunidade sobre a importância da capoeira como arte marcial e seus aspectos folclórico, educativo, cultural, social e esportivo.

§8°- Lutar pelos direitos de todos os que praticam a capoeira.

§9°- Transmitir os ensinamentos da capoeira em seus aspectos tradicional e cultural, através de palestras, cursos, exposições e congressos.

§10°- Formar capoeiristas e qualificá-los a ensinar a capoeira.

§11°- Criar um quadro de capoeiristas qualificados a fim de representar a ARUÃ Capoeira em campeonatos a níveis local, municipal, estadual, nacional e internacional.

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§12°- Organizar-se em tantas unidades-pólos de ensino quanto for necessário as quais serão regidas pelo estatuto social e o regulamento interno (ARUÃ CAPOEIRA, 2012, p.1).

A sede da ARUÃ Capoeira localiza-se na Escola estadual de Ensino Fundamental e Médio Augusto Meira. A escola localiza-se em Belém, na Avenida José Bonifácio 799, bairro de São Braz. Foi inaugurado em 01/04/1965. Atua nos três turnos, oferece as etapas de Ensino Fundamental, Médio e Educação para Jovens e Adultos. Possui 30 salas de aula, 165 funcionários e aproximadamente 3.600 alunos (EEEFM AUGUSTO MEIRA, 2018).

Em 2011 a sala cedida para a ARUÃ Capoeira foi tomada pela diretoria da escola. A associação foi remanejada para uma pequena sala ao lado da anterior, a qual somente tem espaço para guardar os instrumentos musicais e outros objetos como livros e revistas sobre capoeira, troféus e medalhas conquistadas nos campeonatos etc. Os treinos e rodas de capoeira ocorrem na quadra externa da escola, ao lado do estacionamento. O número de alunos por treino varia bastante, pois é comum aparecerem alunos de outros polos e até mesmo de outros grupos de capoeira para treinar e participar da Roda de Capoeira; em média tal número aproxima-se de 30 capoeiristas.

A sala perdida foi tomada pela direção da escola com a justificativa de utilização da mesma como sala de aula para uma escola estadual de tempo integral, hoje a sala tem sua porta selada com tijolos e é utilizada como sala de descanso pelos estudantes que por lá se amontoam em colchonetes jogados pelo chão.

Atualmente a associação conta com aproximadamente 300 praticantes, com polos de ensino espalhados por Belém e região metropolitana. O número de alunos é variável, pois os contratos que os professores da associação possuem com as escolas podem estar acabando ou começando, isso implica na inclusão ou exclusão de dezenas de alunos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. DIFICULDADES ENCONTRADAS

Na E.E.E.F.M. Augusto Meira percebe-se a falta de apoio por parte da direção da instituição de ensino que além de não ajudar ainda insere restrições prejudiciais

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como a proibição do uso da quadra externa aos fins de semana para treinos e roda de capoeira5.

Outra situação observada foi ausência total de parceria entre os professores de Educação Física e os capoeiristas, com exceção do compartilhamento do espaço da quadra externa que acontece as vezes; a quadra é dividida com uma metade ocupada pelas aulas escolares e a outra de capoeira. Também não percebi qualquer relação entre os capoeiras e os professores das demais disciplinas como artes, geografia e história. Fato negativo que gera dificuldades de relacionamento entre a comunidade escolar e grande desperdício de rico recurso didático – trato sobre a capoeira - para muitas das disciplinas da grade curricular.

Apresento como dificuldade o fim do Programa Mais Educação. Tal programa era excelente porta de entrada para o ensino da capoeira nas escolas públicas municipais e estaduais por meio de contrato anual remunerado. Houve a reativação do mesmo como Programa Novo Mais Educação, porém o atual programa contempla apenas Matemática e Língua Portuguesa (BRASIL, 2017), excluindo a prática da capoeira e a possibilidade de contratação de capoeiristas para ministrar aulas nas escolas públicas.

Cito como negativo o pequeno número de vagas ofertadas pela SEMEC no edital PSS de agosto de 2017, havendo grande necessidade de ampliação das vagas, alcançando o ideal de uma vaga de capoeira-educador para cada escola existente. A existência de tais vagas na rede pública de ensino estadual e municipal poderia contemplar nossa referida escola e facilitar o ensino da capoeira na mesma.

4.2. FACILIDADES QUE SE APRESENTAM

Diversas foram as vantagens encontradas para o ensino da capoeira na escola – local do estudo – o primeiro que cito mostra que assim como a direção da escola não mostra valor pela capoeiragem outros procuram ajudar como podem, é o caso da direção do Programa de Reeducação Psicomotora – PRP, localizada em prédio anexo á E.E.E.F.M. Augusto Meira, ela disponibilizou uma de suas amplas salas para as aulas de capoeira durante qualquer dia da semana, fato que compensa a limitação dada pela administração da escola nos fins de semana.

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Importante expressar que o uso nos finais de semana foi proibido para os capoeiras e liberado para atividades de uma igreja evangélica afinada com membros da administração da escola.

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Vejo como vantajoso o fato de um dos entrevistados possuir terceiro grau completo – graduado em administração – e o outro ser universitário. Por serem acadêmicos os capoeira-educadores presentes na escola afirmaram não ter dificuldades com a relação institucionalizada entre eles e a instituição de ensino. Portanto ações como apresentação de projeto para o ensino da capoeira e o cotidiano escolar como o de fazer plano de aula, lista de chamada e redigir documentos não são-lhes empecilho. Como referência e auxílio a ARUÃ Capoeira possui a obra "Ensino Escolar da

Capoeira: temas básicos e atividades", um livro6 que apresenta diversas atividades que

podem ser aplicadas no contexto escolar e serve como forma de apresentação da didática empregada pelos capoeira-educadores da referida associação.

Pode-se perceber, também, a existência de excelente didática para o ensino da capoeira com base na cultura tradicional afrobrasileira, oralidade e oitiva. Observei a utilização de sequências de ensino com golpes e movimentações de variados níveis de dificuldades destinadas a todo tipo de praticante. Os alunos tem formação holística adquirindo durante as aulas conhecimentos teóricos e práticos sobre história do Brasil; música da capoeira; golpes e movimentações; alongamento e flexionamento; trabalho em grupo; respeito ao próximo; Samba de Roda e Maculelê (uma espécie de esgrima utilizando bastões e/ou facões).

Outro fator positivo é o fato de a capoeira ser uma prática que não exige equipamentos caros e espaço muito estruturado, as aulas podem ocorrer com a simplicidade de uma roupa folgada e confortável que não limite os movimentos, os instrumento musicais (que em geral são feitos pelos próprios capoeiras de forma artesanal e com baixíssimo custo) e um espaço com piso firme, bem iluminado e de preferencia coberto, pois vivemos em uma região chuvosa.

Pensando de forma generalista pode-se ver como facilitador do ensino o aspecto nacional da capoeira que possui características típicas da maioria negra, mestiça e afroindígena que compõem o povo brasileiro. O jeito de andar (gingado e malemolência), dançar, enfim, movimentar-se. O senso de coletividade ao jogar, lutar, treinar e festejar. As roupas ou abadás que se adaptam facilmente ao clima do local de treino. O uso da língua portuguesa brasileira – de nossa própria fonia e moldagem - que nomeia golpes e movimentações, cantigas, estórias e tudo que se faz na capoeiragem sem estrangeirismos e inclusões alienígenas arbitrárias e maliciosas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A capoeira é expressão de identidade nacional autônoma e independente! A história da capoeira é a dos brasileiros. Entender e praticar a capoeiragem é conhecer e viver a própria realidade brasileira na qual se vive. A Educação Física brasileira precisa resgatar a capoeira (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

A prática da capoeira se mantêm (cri)ativa e com aspectos de outrora, ora afrontando o poder hegemônico, ora adaptando-se às elites para não ser extinta. Na E.E.E.F.M. Augusto Meira as dificuldades se apresentam, principalmente com relação a atual direção escolar, mas, anteriormente, outras direções da instituição e professores tiveram postura diferente, agregando e incluindo a capoeiragem aos discentes e docentes. A história da capoeira de forma pontual ou geral é dinâmica e está em plena (re)invenção por um longo caminho de baixas e elevadas estimas (em uma espécie de guerra milenar ou multisecular). Pessoas, gestões e instituições passam e a capoeira fica, sua força apresenta-se como uma das mais importantes raízes da cultura imaterial brasileira, algo que é plantado e desenvolvido em milhões entre nós desde tempos ancestrais, tanto que predominam os pontos positivos quanto ao ensino, mas os capoeiras ainda encontram brutais dificuldades para manter seu ensinamento, enfrentam problemas financeiros, falta de espaço para ministrar aulas e barreiras para divulgar a arte.

Observa-se a necessidade urgente de políticas públicas que contemplem práticas culturais afrobrasileiras e afroindígenas - como a capoeira - a serem realizadas de forma constante e estável em instituições públicas de ensino e espaços culturais amplamente disponíveis.

Anuncio a alegria por ter recebido precioso auxílio dos camaradas da ARUÃ Capoeira e expresso que, por enquanto, finalizamos aqui no papel, mas continuamos tocando o berimbau Gunga durante o pôr-do-sol na orla de Belém do Pará à margem do grande Rio Amazonas...

O quilombo hoje

Tá na favela e na invasão O capitão-do-mato usa viatura

O senhor de engenho tem canal de televisão Capoeira

É força Capoeira

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É união

Na roda da vida Capoeira faz sentido Contra qualquer inimigo

Descarado e vendido (BACCINO, 2017, p.78).

CAPOEIRA IN THE PUBLIC HIGH AND ELEMENTARY

SCHOOL AUGUSTO MEIRA IN BELÉM/PA

Abstract:

The research consists of a study about the teaching of capoeira in the school environment; in the relationship between capoeira and administrative, teaching, daily and everyday elements of the school. The research procedures included steps such as bibliographic survey, field observation and interviews. The present investigation aimed to find difficulties and teaching facilities presented in the studied context, proposing solutions. The text also expresses information about part of the history of capoeiragem Belemense and reflections on the teaching and practices of capoeira.

Keywords: Capoeira in the School. Teaching of Capoeira. School Practices.

REFERÊNCIAS

ACERVO DO PESQUISADOR. Anotações das aulas de capoeira Angola e Regional

ministradas por Mestre Silvério entre 2009-2015. Belém: Associação de Resgate à

União da Arte Capoeira.

ARUÃ CAPOEIRA. Estatuto Social da Associação de Resgate à União da Arte

Capoeira. Belém: ARUÃ Capoeira, 2012.

BACCINO, Marcelo. Palavras Morenas: poesia das letras e da vida. 2. ed. Lisboa: Kairologia, 2017.

BACCINO, Marcelo Pamplona. Ensino Escolar da Capoeira: temas básicos e atividades. Belém: SantMel, 2013.

BELÉM. Lei Municipal Nº 8319, de 28 de maio de 2004. Institui a capoeira no currículo escolar do ensino fundamental, como conteúdo transversal.

Disponível em: <http://www.leismunicipais.com.br/leisdebelem/pa> Acesso em: 29 nov. 2015.

BELÉM. Edital Capoeira na Escola Processo Seletivo Simplificado Nº 003/2017 -

SEMEC 11/08/2017.

Disponível em: <http://www.belem.pa.gov.br/capoeiranaescola> Acesso em: 03 mar. 2018.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? São Paulo: Brasiliense, 1991. BRANDÃO, Carlos Rodrigues; ASSUMPÇÃO, Raiane. Cultura Rebelde: escritos sobre a educação popular ontem e agora. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2009.

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BRASIL. Programa Novo Mais Educação. Brasília: MEC, 2017 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/junho-2017-pdf/> Acesso em: 18. jan. 2018.

BRASIL. Projeto de Lei nº 1966/ 2015. Institui o reconhecimento do caráter educacional e formativo da capoeira em suas manifestações culturais e esportivas e permite a celebração de parcerias para o seu ensino nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados.

Disponível em:

<http://www.camara.gov.br/proposicoesweb/fichadetramitacao?idproposicao=13147> Acesso em: 22 nov. 2015.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. Brasília: Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal, 2005.

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FOTOS E IMAGENS

Figura 1 – Entrada principal do Augusto Meira Figura 2 – Quadra onde ocorrem os treinos e rodas Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Figura 3 – Entrada da pequena sala sede Figura 4 – Pequena sala 3x3m com acervo Fonte: Arquivo pessoal, 2018. Fonte: Arquivo pessoal, 2018.

Figura 5 – Grande sala utilizada anteriormente Figura 6 – Logotipo da Associação Fonte: Arquivo pessoal, 2011. Fonte: Arquivo pessoal, 2017.

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QUESTIONÁRIO

Qual seu nome e idade? Qual sua corda na capoeira?

A quanto tempo você ensina capoeira? Qual o grupo ao qual pertence?

Você e seu grupo são filiados á alguma entidade, federação etc? Qual o seu mestre de capoeira?

Qual estilo de capoeira pratica e ensina? Por que você é professor de capoeira? Onde ensina capoeira?

Quantos alunos tem?

Quais as dificuldades físicas para ensinar capoeira? Quais as dificuldades didáticas para ensinar capoeira?

Você tem dificuldades com exigências típicas do cotidiano escolar como chamada com listagem de nomes, planos de aula, relatórios etc?

Como é sua relação com a administração da escola?

Como é a relação entre você e os educadores físicos da escola? Como você se relaciona com os professores das demais disciplinas? Quais benefícios materiais a capoeira lhe proporciona?

Quais benefícios não-materiais a capoeira lhe dá? Quais direitos trabalhistas possui?

O que você faria emergencialmente para melhorar o ensina da capoeira?

Sobre as dificuldades para ensinar capoeira você gostaria de acrescentar algum comentário?

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