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A organização e a gestão da produção nas Pequenas e Médias Empresas de edificações de Juiz de Fora/MG

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A organização e a gestão da produção nas Pequenas e Médias

Empresas de edificações de Juiz de Fora/MG

Maria Aparecida Hippert Cintra (UFJF) ahippert@civil.ufjf.br

Ricardo Manfredi Naveiro (UFRJ) ricardo@pep.ufrj.br

Vanderli Fava de Oliveira (UFJF) vanderli@engprod.ufjf.br

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o ambiente das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) de Construção Civil do sub-setor de Edificações de forma a caracterizar um panorama com vistas a atuação do futuro profissional de gestão da construção neste sub-setor. Dentro deste contexto são verificadas as formas de gestão e organização da produção que vem sendo adotados por estas PMEs, em particular, na cidade de Juiz de Fora.

Os resultados iniciais apontam para uma fragmentação no desenvolvimento do projeto, a ausência de projeto para a construção (processos construtivos) e utilização de poucas ferramentas tecnológicas para a gestão do empreendimento.

Palavras chave: Gerência de Projeto, Construção Civil, Inovação Tecnológica.

1. Introdução

A falta de integração entre os profissionais envolvidos no desenvolvimento de um projeto tem sido relatada na literatura como um dos entraves para um maior desenvolvimento do setor da construção civil (BARROS, 1996). Este setor apresenta um grande número de intervenientes atuantes, o que dificulta esta integração e, além disto, “as empresas de construção civil, que constituem o elo principal entre os agentes da cadeia produtiva, possuem um poder de barganha relativamente pequeno, entre outras razões, por serem, em sua maioria, de pequeno porte (ANTAC, 2002)”.

A necessidade da integração entre projeto e execução é importante e tem sido apontada pelas novas filosofias da produção, como por exemplo, a lean construction. Uma característica fundamental desta nova filosofia é o foco no sistema, antes que nos processos componentes. O projeto e a execução deixam de ser concebidos como processos separados executados por diferentes pessoas com diferentes interesses e objetivos (BALLARD, 2000).

Segundo o documento Fórum da Construção (MCT, 2001) para que se promova o desenvolvimento tecnológico e organizacional no setor da construção é necessário a reciclagem e capacitação técnica e de gestão dos profissionais da construção com os novos conceitos de planejamento e controle de empreendimentos para que estes profissionais possam operar em ambientes onde os ganhos são oriundos da produtividade e eficiência do processo produtivo e não mais da cultura inflacionária do passado.

Este artigo apresenta os resultados iniciais de um levantamento junto as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) do sub-setor edificações da cidade de Juiz de Fora quanto aos seus aspectos organizacionais e de gestão da produção, de forma a caracterizar o ambiente de atuação do engenheiro na atividade de gerenciamento da produção da construção civil. Com este intuito foram realizados estudos e analisados dados de empresas relativos a levantamentos recentes realizados na cidade. Este cenário local encontrado, alimentado com informações de outras regiões do país contribui para subsidiar as propostas metodológicas de integração de projeto a serem desenvolvidas nos cursos de graduação de Engenharia Civil e de Produção da

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Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF.

2. O setor da construção civil e as PMEs de edificações

A construção civil é parte integrante de um macrocomplexo econômico que além do setor da construção civil propriamente dito incorpora vários segmentos da indústria de materiais de construção e do comércio (SEBRAE/SP, 2000). O principal setor deste macrocomplexo é a construção civil que, como setor final, é o principal destino da produção dos demais determinando em grande medida o nível de atividade do próprio macrossetor (PROCHNIK, 1987).

Segundo Picchi (1993), a Fundação João Pinheiro apresenta o setor da construção civil dividido nos sub-setores de Edificações, Construção Pesada e Montagem Industrial. Na NBR 8950 (ABNT, 1985) as obras de edificações são aquelas “cujo produto final visa a atender a função de habitar ou residir” e podem ser sub-divididas em obras habitacionais, comerciais, industriais, culturais e esportivas, estações e terminais, assistência médica e social e outras. No sub-setor de edificações predominam as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) que se encontram, normalmente, geograficamente dispersas e, em geral, possuem uma capacitação tecnológica relativamente simples.

A classificação das empresas segundo seu porte tem sido feita tradicionalmente por dois critérios: em função do número de funcionários ou em função do faturamento anual. O primeiro é o critério adotado pelo SEBRAE que considera o porte da empresa por ramos de atividade. Para a indústria, são consideradas pequenas empresas aquelas com até 99 funcionários; médias empresas possuem de 100 a 499 e grandes empresas possuem 500 ou mais funcionários (SEBRAE, 2003). O segundo critério é o previsto na Lei 9317/96 que institui e regulamenta a cobrança de impostos e contribuições pelo “SIMPLES”. Segundo este critério as empresas são classificadas em função do seu faturamento nominal bruto no ano. A aplicação destes critérios à construção civil levanta dois aspectos que merecem ser considerados. Quanto ao número de funcionários, é crescente a terceirização de atividades da empresa construtora o que faz com que a mesma tenha um número menor de funcionários próprios para um grande volume de produção o que distorce a classificação por este critério. Quanto ao capital, há casos, principalmente em Edificações onde o capital da empresa é baixo mas ela possui muitos funcionários e mantém um grande volume de produção, o que também distorce a classificação das empresas segundo este segundo critério. Isto ocorre em função da existência de empresas que operam na maioria das vezes com capital de terceiros, sejam eles investidores ou mesmo clientes finais.

Neste trabalho usamos a classificação proposta por Amorim (1993), que classifica as empresas de edificações em função da metragem quadrada produzida anualmente. Até 3000 m2 são classificadas como Pequenas Empresas, de 3000 a 20000 m2 são classificadas como Médias Empresas e acima de 20000 m2 estão as Grandes Empresas.

3. As empresas do sub-setor de edificações da cidade de Juiz de Fora

Juiz de Fora é uma cidade de porte médio situada na Zona da Mata (leste de Minas Gerais), da qual é cidade pólo, com uma população 456.796 habitantes (quase 99% na área urbana) ocupando uma área de 1.429,875 km², sendo 446,551km² (área urbana) e 983,324km² (área rural) apresentando um PIB per capita de R$ 6,2 mil em maio de 2000 (Prefeitura Municipal de JF, 2002).

Os dados sobre a organização e a gestão da produção nas empresas do sub-setor edificações da cidade de Juiz de Fora foram extraídos de levantamentos recentes realizadas na cidade e encontram-se organizados segundo três aspectos:

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− Tamanho da empresa (porte), área de atuação e quadro técnico; − Desenvolvimento de projetos e execução de obras e;

− Formas de gerenciamento adotadas com ênfase no planejamento e controle.

A caracterização das empresas segundo os dois primeiros aspectos: tamanho, área de atuação e quadro técnico além do desenvolvimento de projeto e execução de obras está baseada na pesquisa denominada “Projeto de Engenharia no Setor de AEC: Desenvolvimento de Metodologias de Integração” – Projaec que vem sendo desenvolvida no Departamento de Engenharia de Produção da UFJF com a participação dos autores deste artigo em continuidade aos levantamentos realizados por Oliveira et all, 2001 e 2002.

O levantamento de Oliveira et all (2001), refere-se a dados de 32 empresas de Engenharia que trabalhavam com projeto e/ou construção em Juiz de Fora. Estes dados vinham sendo coletados desde 1993 através de pesquisas realizadas por professores e de trabalhos realizados por alunos do curso de Engenharia Civil da UFJF com o objetivo de verificar o grau de verticalização das empresas. Na seqüência, com o intuito de se estudar as empresas mais detalhadamente, foram selecionadas quatro empresas da amostra inicial a partir do critério de acessibilidade e disponibilização das informações necessárias (OLIVEIRA et all, 2002). Na fase atual da pesquisa Projaec, o instrumento de coleta de dados utilizado, o questionário, foi estruturado em três seções. Na primeira, estava a identificação da empresa. Na segunda seção, questões objetivas versavam sobre as características da empresa, a natureza da formação de seus empreendimentos, aspectos de elaboração do projeto além da execução da obra. Na terceira e última seção existiam perguntas abertas que solicitavam às empresas informações complementares sobre o desenvolvimento de atividades e inter-relacionamentos estabelecidos pela empresa.

A dificuldade de se encontrar dados sistematizados sobre a organização do sub-setor de edificações junto às entidades ligadas a construção civil, fez com que fossem buscadas novas fontes de consulta que permitissem identificar o número de empresas desse sub-setor na cidade. À listagem do Sinduscon foram acrescidas as empresas relacionadas nas páginas amarelas da lista telefônica local no título “Construção Civil” e chegou-se a um número de 129 empresas. Deste total foram identificadas 72 empresas atuantes no sub-setor de edificações. À estas foram enviados os questionários tendo obtido um retorno de 19 empresas, o que representou 26% da amostra.

Quando existentes, os dados da pesquisa Projaec são confrontados com aqueles obtidos em levantamentos realizados anteriormente (HIPPERT, 1998 e CINTRA et all,2002).

Hippert (1998) fez uma caracterização das estruturas organizacionais das empresas, atuantes no setor de edificações da cidade, a partir de um levantamento realizado junto a 13 empresas que responderam a um questionário enviado pelo correio. Os dados foram levantados em 1997 e, segundo o CREA, estas empresas detinham na época da pesquisa 70% do mercado consumidor de edificações (HIPPERT,1998).

Cintra et all (2002) compilaram os dados de dois levantamentos (HELENO et all, 2002 e PESSANHA et all, 2002), realizados junto às empresas de construção civil da região de Juiz de Fora em 2000/2001, através do Departamento de Construção Civil da UFJF, e analisaram o ambiente do sub-setor de edificações quanto a sua estrutura organizacional e avaliaram o impacto decorrente da aplicação dos novos recursos da Tecnologia da Informação neste ambiente. Utilizou-se dados relativos a vinte empresas o que representou, aproximadamente, 22% do total de empresas atuantes no setor.

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levantamentos, já citados anteriormente, dos autores (CINTRA et all, 2002) e de Hippert (1998) uma vez que a pesquisa Projaec não enfoca esta questão.

A análise dos dados, restritos a cidade de Juiz de Fora, não teve uma preocupação com a validação estatística em virtude da pequena amostra selecionada quando comparada com o total de empresas atuantes no país. O objetivo foi o de apresentar as principais características das empresas do sub-setor de edificações de forma a se caracterizar um panorama para a atuação do futuro profissional de engenharia, em particular o gerente de projetos em pequenas e médias empresas.

4. A organização e a gestão da produção nas PMEs de edificações de Juiz de Fora Porte, atuação e quadro técnico das empresas

As PMEs de edificações são empresas que entregam anualmente um volume de produção de até 20.000 m2 e representam a grande maioria das empresas (94%). Em 2002 registrou-se um valor aproximado de 90% de empresas com produção menor do que 20.000 m2 para a construção local (CINTRA et all 2002) enquanto que na cidade do Rio de Janeiro, Amorim (1993) registrou um percentual próximo de 80%.

As PMEs são, em média, empresas que atuam em um número menor de regiões (79%), com um menor número de obras, o que facilita a sua gestão (HIPPERT, 1998). Quanto ao grau de verticalização, as empresas atuam como incorporadora, projetista e construtora (58%), incorporadora e construtora (26%), construtora e projetista (11%) e somente construtora (5%). Nenhuma das empresas pesquisadas é somente projetista. Os dados demonstram uma grande verticalização das empresas e o fato de não ter sido encontrada nenhuma empresa projetista se deve a amostra pesquisada, que teve por base o termo “construção civil”. Verificou-se também que o tipo de construção predominante é de edificações em estrutura de concreto, alvenaria de blocos cerâmicos e revestimentos argamassados realizadas para um consumidor predominantemente residencial uni e multifamiliar.

As PMEs de edificações da cidade são relativamente recentes e apresentam um quadro técnico e administrativo enxuto, o que é uma característica também predominante em São Paulo (SEBRAE/SP, 2000) e no Rio de Janeiro (AMORIM, 1993). O quadro técnico destas empresas é formado, em sua maioria, pelos próprios sócios proprietários, engenheiros e arquitetos; o que já era constatado nas pesquisas dos autores e também por Hippert (1998). O pequeno número de técnicos já havia sido verificado por Amorim (1993) ao indicar que era crescente o número de empresas com até cinco profissionais técnicos responsáveis por uma parcela também crescente do mercado formal de edificações.

Projeto e Obra

Conforme constatado pela pesquisa em andamento, na maioria das empresas está presente a prática de terceirização dos serviços, quer no desenvolvimento de projetos quer na execução dos serviços na obra.

No caso dos projetos, o Projeto de Arquitetura é desenvolvido por profissional da empresa (54%), por parceiros (23%), ou seja, profissionais ou escritórios que trabalham com freqüência para a empresa, ou por profissionais ou empresas escolhidas mediante processo semelhante à licitação (23%). No trabalho dos autores, 35% das empresas tinham o projeto arquitetônico desenvolvido internamente na própria empresa. Esta pode ser, talvez, uma forma da empresa estabelecer o seu padrão construtivo, com a utilização de materiais e processos já testados anteriormente. Algumas das empresas construtoras mesmo que não desenvolvam estes projetos fazem a concepção do estudo preliminar em “croquis” e repassam aos projetistas/cadistas sub-contratados para o desenvolvimento final do mesmo.

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As demais especialidades de projeto, como por exemplo, projetos de estrutura (57%), instalações elétricas (75%), hidráulicas e de combate a incêndio (58%) são desenvolvidos, normalmente, por profissionais parceiros.

Ainda que os projetos estejam sendo realizados por parceiros, o sub-contratado pouco interage com a contratante, no que se refere à integração com as demais disciplinas do projeto, caracterizando o projeto como sendo desenvolvido de forma fragmentada. Além disto, são vários os agentes da cadeia produtiva, cada um atuando segundo a sua especialidade, engenheiro calculista, arquiteto, orçamentista, etc. com pouca interação e envolvimento dos mesmos com as diversas fases de desenvolvimento de um projeto.

Em geral, são elaboradas plantas, especificações e memoriais, no entanto, quanto menor o empreendimento mais esses “projetos” adquirem características de documentos para satisfação de exigências legais e muitas das “plantas” não passam de esquemas genéricos, que só informam aspectos geométricos, não mostrando detalhes nem fazendo qualquer referência à maioria dos materiais a serem utilizados e suas respectivas especificações (Oliveira et all, 2001).

Na maioria das empresas pesquisadas não foi encontrado um projeto de como construir, isto é, que considere os processos e os métodos de construção. De maneira geral, tem predominado a visão de que o projeto para produção é considerado como implícito ao projeto do produto, isto é, a partir do projeto do que fazer, o como fazer já estaria inserido no mesmo. Os próprios projetos de canteiro são, na sua maioria restritos ao lay-out do mesmo, com o posicionamento de equipamentos e áreas de armazenamento de materiais e muitas vezes realizados na própria obra.

Quanto a compatibilização de projetos, ainda são poucas as empresas que realizam esta atividade. Na pesquisa foram encontradas somente duas empresas construtoras/projetistas e duas empresas incorporadoras/construtoras/projetistas. Em função da forma como foram formuladas estas perguntas no questionário não há como identificar se estas empresas realizam este serviço somente nos seus próprios projetos ou se prestam este tipo de serviço para terceiros.

A falta de coordenação dos projetos se reflete também na obra, com interferências entre os projetos que geram desperdício de material, necessidade de retrabalho e aumento do custo da obra.

Em relação aos serviços necessários à execução da obra, nota-se que as empresas, em sua maioria, executam as instalações do canteiro, as formas (85%), o corte e dobra da armação no próprio canteiro (81%), a execução de estruturas de concreto (90%) sendo este na maioria das vezes, comprado das concreteiras (76%). As empresas ainda realizam as alvenarias (95%), coberturas (74%) e revestimento em argamassa e cerâmicos (86%). As empresas normalmente terceirizam tarefas mais especializadas, como por exemplo, a montagem de estruturas metálicas (100%), a impermeabilização de lajes (90%), a pintura (54%) e as instalações elétricas (65%) e hidráulicas (52%).

Esta terceirização de serviços vem confirmar a tendência verificada no relatório do SEBRAE/SP (2000), qual seja:

“as oportunidades para as MPEs [Medias e Pequenas Empresas] no núcleo do macrossetor são maiores nos grupos de prestadores de serviços para construtoras. Estas oportunidades foram criadas no bojo do processo de terceirização etapas construtivas e devem, ainda por algum tempo, se ampliar, devido aos ganhos de produtividade associados à especialização”.

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Gerenciamento

A diminuta base técnica das pequenas empresas faz com que as atividades de gestão sejam realizadas, na maioria das vezes, pelos próprios sócios proprietários, engenheiros e arquitetos. Somente 15% das empresas do sub-setor tem o seu planejamento realizado por empresa terceirizada (CINTRA et all, 2002).

Hippert (1998) verificou que a maioria das empresas não possuía um departamento específico para o planejamento do empreendimento. Apesar dele ter sido encontrado em 38% das empresas, a autora verificou que o mesmo era, na maioria dos casos, constituído pelos próprios engenheiros (sócios proprietários) e em 61% dos casos, o planejamento era realizado pelo próprio engenheiro de obras. No Rio de Janeiro, Amorim (1993) verificou que 29% da amostra analisada dispunha de um departamento de planejamento, mas este não estava restrito às maiores empresas do grupo pesquisado.

Quanto ao orçamento, Hippert (1998) verificou que o mesmo era realizado, em todas as empresas, por seus engenheiros e/ou arquitetos. Cintra et all (2002) verificaram que o orçamento era também realizado pelos próprios engenheiros/arquitetos sendo que em 10% da amostra esta atividade era terceirizada. Para a realização dos orçamentos eram usadas planilhas de composição de custos próprias da empresa elaboradas a partir de experiências anteriores.

A produção é normalmente acompanhada por engenheiros e/ou arquitetos que fazem visitas diárias às obras. Esta situação se justifica em função do tamanho das empresas e de seus volumes de produção. Por se tratar de obras de pequeno e médio porte situadas em uma cidade de porte médio, as distâncias de deslocamentos são menores e favorecem um acompanhamento mais presente e próximo por parte da área técnica ainda que em tempo parcial (CINTRA et all., 2002).

Quanto às formas de controle, Hippert (1998) indicava que o controle da produção era realizado através do cartão de ponto e medição de tarefa. Esta situação foi também encontrada por Cintra et all (2002). No caso da medição de tarefa, o trabalho é remunerado em função da produção: para os próprios funcionários da empresa define-se um valor hora equivalente a uma determinada unidade de medida; para o sub-empreiteiro, conforme os valores acertados nos contratos de prestação de serviços.

O controle de qualidade praticamente inexistente na época das pesquisas de Hippert (1998) e Amorim (1993) começa a se alterar com a implantação do Programa de Qualidade evolutiva nas empresas. Este é um movimento relativamente recente na cidade. A implantação dos sistemas de qualidades pelas empresas do sub-setor é uma tendência crescente aliada num futuro próximo à implantação integrada de Sistemas de Gestão Ambiental e de Gestão da Higiene e Segurança do Trabalho como já ocorre no setor industrial.

Os recursos utilizados pelas empresas como auxílio para a gestão dos seus projetos são o cronograma de barras (60%), curva “S” (20%) e a rede PERT/CPM (15%) confirmando resultados apresentados na literatura (CINTRA et all, 2002).

5. Considerações finais

As PMEs do sub-setor de edificações da cidade de Juiz de Fora são, em sua maioria, empresas com um quadro técnico e administrativo enxuto. Verifica-se também que estas empresas são predominantemente verticalizadas, atuando desde a incorporação, projeto até a construção. É comum a utilização de “parceiros” tanto no projeto quanto na construção. Esta terceirização ocorre em virtude da necessidade de uma maior especialização para a realização das tarefas. Entretanto, verifica-se que há pouca coordenação entre as diversas atividades desenvolvidas, o

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que caracteriza o projeto como sendo desenvolvido de forma fragmentada.

O crescimento das “alianças estratégicas, redes corporativas e parcerias entre empresas, as quais mantêm vínculos não estritamente comerciais ao longo de diversos empreendimentos” é apontado, como uma tendência para a construção civil, no Plano Estratégico para Ciência, Tecnologia e Inovação, conforme consta do relatório ANTAC (2002).

O planejamento é normalmente realizado pelos próprios dirigentes da empresa e antes de se iniciar o empreendimento. Após iniciado, o controle físico é realizado na maioria das vezes pelo próprio engenheiro de obras. São poucas as ferramentas e instrumentos disponíveis para a realização desta tarefa. A produção é controlada através da medição de tarefa e o andamento físico através do cronograma de barras. Esta situação reforça a necessidade de uma melhor capacitação dos profissionais com novos conceitos de planejamento e controle além de ferramentas que os auxilie a operar nos novos ambientes.

Segundo o MCT (2000) as “novas habilidades e capacitações requeridas para este novo processo produtivo afetam todas as categorias profissionais desde a Engenharia/Arquitetura até as profissões do chamado “chão de fábrica”.

Agradecimentos

CAPES - Fundação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, entidade do Governo Brasileiro voltada para a formação de recursos humanos, que tem a primeira autora como Beneficiária.

FAPEMIG – Financiadora do Projeto de Pesquisa PROJAEC do Departamento de Engenharia de Produção da UFJF.

Este estudo é parte integrante do trabalho de tese que a primeira autora desenvolve no Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ e se insere nas linhas de pesquisa do GEPRO - Grupo de Ensino e Pesquisa em Gestão Integrada de Projeto de Produtos Industriais.

Referências

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