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EXCELENTÍSSIMO SENHOR POLICE NETO VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

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Academic year: 2021

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR “POLICE NETO” VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

A COOPERATIVA DE TRABALHO DE

PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SÁUDE - COOPERSAUD, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 03.820.942/0001 -04, vêm, por meio deste documento, retratar as dificuldades que as cooperativas de trabalho vêm enfrentando quanto a incidência do ISS sobre os serviços prestados pelos sócios cooperados.

A COOPERSAUD é sociedade cooperativa, criada com o fim de prestar serviços a terceiros, e constituída em conformidade com as disposições legais da Lei nº 5.764/71.

Em decorrência disto, possui como objetivo a congregação de profissionais para prestação de serviços nas atividades de saúde.

Ao se associarem às cooperativas, os profissionais colocam sua atividade profissional à disposição da sociedade, para que a prestação de serviços oferecida por seus associados, os quais a lei denomina cooperados, venha a ser ofertada coletivamente a eventuais interessados. Em razão disto, a COOPERSAUD é mera intermediária de seus associados, posto que a atividade que exerce é de proveito comum, sem finalidade lucrativa.

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2 Assim, a sociedade cooperativa de trabalho é instrumento que viabiliza a contratação global da atividade dos seus sócios, relacionando o trabalho destes, em conjunto, aos usuá rios de seus serviços, de sorte que esse trabalho não perca sua individualidade e autonomia e não gere qualquer tipo de lucro na intermediação.

A Organização Internacional do Trabalho – OIT, por meio da Resolução 193, aprovada por unanimidade, recomendou a os países em desenvolvimento que adotassem a estrutura cooperativista no ramo de trabalho, nas atividades pessoais que podem ser exercidas sem as intermediações que só servem para produzir lucro indevido e deteriorar o teor da qualidade desse trabalho.

Não há como se confundir os atos da cooperativa com os atos dos profissionais que a compõem. Os atos de tais sociedades visam exclusivamente organizar e planejar o labor de seus sócios, representando-os na sua contratação. Esta é a atividade fim de uma socied ade cooperativa.

A sociedade nada aufere, pois apenas propicia aos seus membros a oportunidade de operar autonomamente, oferecendo o objeto da contratação que a sociedade realiza em seu nome.

Por via de consequência, extrai-se das ilações supramencionadas que os objetivos das sociedades cooperativas são somente de organização, planejamento e a instrumentalização dos contratos entre seus sócios e os eventuais contratantes, não interferindo no objeto da contratação e execução, que são responsabilidade dos co operados.

O movimento cooperativista não é um movimento fundado com a finalidade de fraudar a legislação trabalhista, previdenciária e tributária, ao revés, foi um fenômeno derivado da necessidade humana, não tendo sido precedido de nenhum estudo filosófic o. O cooperativismo nasceu da própria luta social, sendo uma doutrina de origens motivadas por situações práticas.

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3 Os Pioneiros de Rochdale definiram precisamente o método cooperativo de repartição do produto social. A partir da fundação de sua cooperativa, sob o nome de “Rochdale Society of Equitable Pioneers”, em 28 de outubro de 1844, é que foi estabelecida a base de um programa completo contendo os princípios teóricos e as regras práticas da organização e do funcionamento das cooperativas.

Os tecelões tinham normas para o funcionamento da cooperativa, e estas mais tarde se constituíram nos princípios da doutrina cooperativista. Desde então, o movimento se expandiu por toda Europa, e hoje o cooperativismo é conhecido em todo o mundo.

Uma cooperativa caracteriza-se por ser uma sociedade de pessoas, não uma sociedade de capital, e seu objetivo é fortalecer aos seus cooperados para a obtenção, por parte destes, de vantagens econômicas ao trabalharem conjuntamente.

A vantagem conquistada dentro deste panorama, é transferida aos cooperados, e não incorporada pela cooperativa, e nem poderia, pois esta, em sua essência, não visa o lucro, conforme preceitua o art. 3º da lei nº 5.764/71, abaixo transcrito, que regula o Cooperativismo brasileiro:

“Art. 3°. Celebram contrato de sociedade cooperativa as pes soas que reci procamente se obri gam a cont ribui r com bens ou servi ços para o exercí cio de uma ativi dade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.”

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4 Portanto, é clara a distinção entre uma sociedade cooperada e uma sociedade de capital: na primeira os ganhos obtidos são, na realidade, incorporados pelos seus sócios, ou seja, ao patrimônio deles são agregados os ganhos obtidos pela sociedade cooperada, transcendendo a própria sociedade, pelo caráter pessoal ca racterístico deste tipo de entidade; ao contrário, na sociedade de capital, que visa a obtenção do lucro, este é incorporado ao patrimônio da própria sociedade. Em relação aos ganhos obtidos é onde se percebe de forma cristalina a distinção entre as duas personalidades.

Todavia, em razão do caráter empreendedor das sociedades cooperativas, o legislador constituinte, além de assegurar tratamento tributário privilegiado às sociedades cooperativas, fez constar também o fomento a tal atividade, conforme se infe re pela análise do art. 174, §2º, da Constituição Federal de 1988, abaixo transcrito:

“Art. 174. Como agente normativo e regulador da ativi dade econômica, o Est ado exercerá, na forma da l ei , as funções de fis calização, incenti vo e pl anej am ento, sendo est e determi nant e para o s etor público e indi cat ivo para o setor privado.

(...)

§ 2º - A l ei ap oiará e esti mul ará o cooperati vis mo e outras formas d e associ ativismo. ” (gri fos nossos )

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5 Deste modo, tem-se que a cooperativa age como uma espécie de mandatária de seus sócios cooperados, praticando atos exclusivamente cooperativos não ligados a qualquer operação mercantil, devendo receber adequado tratamento tributário nos termos do artigo 146, III, “c” da Constituição Federal.

“Art. 146. Cabe à lei complementar: (...)

III – est abel ecer normas gerais em m at éri a de l egi slação tributári a, especi alm ent e s obre:

(...)

c) adequ ado tratamen to tributári o ao ato coop erati vo

praticado p elas soci edad es cooperativas ; ” (grifos

noss os)

Ainda, nos termos do art. 79 da Lei nº 5.764 /71: “Art. 79. Denominam-se atos cooperativos os praticados ent re as cooperati vas e seus associados, ent re est es e aquel as e pel as cooperativas ent re s i quando associ adas , para a cons ecuçãodos obj eti vos soci ais.

Parágrafo úni co. O ato coop erativo não i mpli ca operação d e mercado, nem contrato d e comp ra e vend a de p rodu to ou mercadori a .” (gri fos nos s os)

Também não se pode olvidar que os sócios -cooperados recolhem, mensalmente, diversos tributos como autônomos, inclusive o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Na tureza, levando em conta o valor recebido em razão dos serviços prestados.

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6 Em verdade, a COOPERSAUD, ao intermediar a contratação de seus sócios-cooperados junto às empresas contratantes, está praticando ato essencialmente cooperativo, nos exatos termos da Lei 5.764/71, devendo receber tratamento tributário adequado, consoante anteriormente exposto.

Esta premissa deve ocorrer com a finalidade de atender aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva insertos na estrutura constitucional tributária h aja vista a natureza específica das cooperativas.

Em virtude disto, a COOPERSAUD não está sujeita a inúmeros tipos de tributos previstos às outras sociedades civis, com fins lucrativos, inclusive o ISSQN, que aliás, é cobrado individualmente dos sócios-cooperados.

Portanto, não se pode admitir que se iguale uma sociedade do tipo cooperativa com uma mercantil, eis que possuem objetivos totalmente distintos.

Neste momento, não se pode olvidar que o artigo 146, III, “c” da Carta de Princípios deve ser analisad o a luz do que o artigo 174, § 2º do mesmo diploma dispõe, que é basicamente o estímulo e o apoio ao cooperativismo.

A interpretação a ser dada ao texto constitucional deve atribuir um sentido favorável a cooperativa e não prejudicá -la.

Assim sendo, a COOPERSAUD, ao intermediar a contratação de seus associados cooperados pelas empresas tomadoras de serviço, está praticando ato cooperativo, devendo receber um tratamento privilegiado nos termos dos preceitos constitucionais aplicados, de forma que o ISSQN tornara-se inconstitucional e ilegal.

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7 O adequado tratamento no ato cooperativo existe para protegê-lo, evitando desta forma sua tributação excessiva, além da equiparação das sociedades cooperativas às empresas mercantis.

Portanto, o ato cooperativo não pode s er objeto de tributação pelo ISS por tratar-se de ato não-mercantil, não-oneroso e sem fins lucrativos.

Em outras palavras, a isenção tributária que envolve as cooperativas aplica-se aos atos cooperativos, ou seja, aqueles exercidos com vistas a atender os interesses dos cooperados, sem a finalidade de lucro ou negocial.

Sob tal aspecto, está consolidada a jurisprudência: “TRIBUTÁRIO. COOPERATIVA. NÃO INCIDÊNCIA DE

IS SQN EM ATOS COOP ERADOS AR T. 79 DA LE I N. 5.764/71 PR ECEDENTES REENQUADR AM ENTO FÁT ICO MATÉR IA DE PROVA SÚMULA 7/STJ . 1. Dis cut e-se nos aut os a incidênci a de ISSQN sobre atos prati cados por cooperativa m édi ca considerados nas inst âncias ordinári as como tipi cam ent e cooperati vos . 2. A Sujei ção à in cid ência do ISSQ N dá -se apenas nos atos não coop erad os , ou seja, aquel es decorrentes d e relação juríd ica negocial advinda da prestação ser s ervi ços a terceiros, o que in caso não ocorreu [...] Agravo regimental improvido.” (STJ. AgRg no R Esp 1102763 / SP. Relator: Minist ro HUMBERTO MARTINS. 2ª Turm a . J. 03/12/2009. Dj e 15/12/ 2009). (grifos nossos)

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8 “TRIBUTÁRIO. C OOPERATIVAS DE TRABALHO

MÉD ICO – IS S: NÃO- INC IDÊNC IA -VALORES

REPASSADOS PELA C OOP ER AT IVA AOS

COOP ERADOS EM RAZÃO DO SER VIÇ O MÉD ICO PRESTADO – ATO COOPER AT IVO – V IO LAÇ ÃO DO ART. 535 DO CPC: INEXIS TÊN C IA – SÚMULA 7/STJ . 1. Afast a-se a al egação de ofens a ao art . 535 do CPC s e inexist ent es as omi ssões e cont radi ções apontadas. 2. Configu ra -s e ato coop erado o repasse d e verbas recebidas dos pacientes p ela coop erativa aos s eus coop erados pel os s ervi ços méd i cos por el e p restados, nos termos do art. 79 da L ei 5.764/71. Portan to, tais valores não es tão s ujei tos à incidên ci a do ISS, o que não afasta a obri gação do profiss ion al autôn omo de recolher o tributo n a forma do art. 9º, parágrafo úni co, do Decreto -lei 406/68. 2. Hipótese que s e disti ngue daquela em que a cooperativa prati ca ato negoci al quando vende pl anos de saúde. 3. Incide o óbice da Súm ula 7/STJ quando a const at ação de ofens a à l ei federal dem anda o reexam e do cont exto fáti co -probat ório. 4. R ecurso especi al não provido. ” (STJ . R Esp 819242 / PR. R elatora: Minist r a ELIANA CALMON . 2ª Turm a. J . 19/ 02/2009. Dje 27/04/ 2009). (grifos nossos)

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9 Portanto, a receita tributável não deve abranger os valores pagos ou reembolsados aos cooperados, para que não rest e caracterizada a cobrança em duplicidade, já que os cooperados recolhem o ISS individualmente.

Contudo, este não é o entendimento da Municipalidade de São Paulo quanto a não incidência do ISSQN sobre os serviços prestados pelas cooperativas quanto a valor es recebidos e repassados aos cooperados, eis que são alvos de fiscalizações e lavratura de autos de infração.

Por todo o exposto, solicitamos a intervenção de Vossa Excelência, de modo a encontrarmos uma solução para o adequado tratamento tributário do IS S.

Na certeza de nosso pronto atendimento,

Desde já agradecemos,

São Paulo, 14 de agosto de 2014.

COOPERSAUD – COOPERATIVA DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE

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