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Crises na Democracia. Legitimidade, participação e inclusão

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Academic year: 2021

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Legitimidade, participação e inclusão

A publicação deste livro foi apoiada pelo Projeto Democracia Participativa - Emenda Parlamentar Deputado Patrus Ananias nº 14080020 TED 8974 - 699225 (Projeto subsídios para entender a crise da democracia no Brasil).

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Legitimidade, participação e inclusão

LEONARDO AVRITZER PRISCILA DELGADO DE CARVALHO

(OrganizadOres)

Belo Horizonte 2021

Projeto Democracia Participativa

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341.234 Crises na democracia: legitimidade, participação e inclusão / [Organizado por] D383 Leonardo Avritzer [e] Priscila Delgado de Carvalho. Belo Horizonte:

2021 Arraes Editores, 2021. 335 p.

ISBN: 978-65-5929-041-3 ISBN: 978-65-5929-040-6 (E-book) Vários autores.

1. Democracia. 2. Neoliberalismo. 3. Participação social – Brasil. 4. Cidadania social. 5. Democracia liberal. I. Avritzer, Leonardo (Org.). II. Carvalho, Priscila Delgado (Org.). I. Título.

CDDir – 341.234 CDD(23.ed.)–321.8043

Belo Horizonte 2021

CONSELHO EDITORIAL

Elaborada por: Fátima Falci CRB/6-700

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico, inclusive por processos reprográficos, sem autorização expressa da editora.

Impresso no Brasil | Printed in Brazil

Arraes Editores Ltda., 2021.

www.arraeseditores.com.br arraes@arraeseditores.com.br

Álvaro Ricardo de Souza Cruz André Cordeiro Leal André Lipp Pinto Basto Lupi Antônio Márcio da Cunha Guimarães Bernardo G. B. Nogueira Carlos Augusto Canedo G. da Silva Carlos Bruno Ferreira da Silva Carlos Henrique Soares Claudia Rosane Roesler Clèmerson Merlin Clève David França Ribeiro de Carvalho Dhenis Cruz Madeira Dircêo Torrecillas Ramos Edson Ricardo Saleme Eliane M. Octaviano Martins Emerson Garcia Felipe Chiarello de Souza Pinto Florisbal de Souza Del’Olmo Frederico Barbosa Gomes Gilberto Bercovici Gregório Assagra de Almeida Gustavo Corgosinho Gustavo Silveira Siqueira Jamile Bergamaschine Mata Diz Janaína Rigo Santin Jean Carlos Fernandes

Jorge Bacelar Gouveia – Portugal Jorge M. Lasmar

Jose Antonio Moreno Molina – Espanha José Luiz Quadros de Magalhães Kiwonghi Bizawu

Leandro Eustáquio de Matos Monteiro Luciano Stoller de Faria

Luiz Henrique Sormani Barbugiani Luiz Manoel Gomes Júnior Luiz Moreira Márcio Luís de Oliveira Maria de Fátima Freire Sá Mário Lúcio Quintão Soares Martonio Mont’Alverne Barreto Lima Nelson Rosenvald

Renato Caram

Roberto Correia da Silva Gomes Caldas Rodolfo Viana Pereira

Rodrigo Almeida Magalhães Rogério Filippetto de Oliveira Rubens Beçak

Sergio André Rocha Vladmir Oliveira da Silveira Wagner Menezes William Eduardo Freire

Coordenação Editorial: Produção Editorial e Capa:

Revisão: Tradução dos Capítulos 4, 5 e 8: Padronização das Referências:

Fabiana Carvalho Danilo Jorge da Silva

Fabiana Carvalho e Raquel Rezende Victoria Frois

Arthur Lopes

matriz

Av. Nossa Senhora do Carmo, 1650/loja 29 - Bairro Sion Belo Horizonte/MG - CEP 30330-000

Tel: (31) 3031-2330

Filial

Rua Senador Feijó, 154/cj 64 – Bairro Sé São Paulo/SP - CEP 01006-000

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utores

ALANA FONTENELLE

Doutoranda no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília – UnB.

ALEM ASMELASH WEREDE

Mestre pela Universidade de Addis Ababa, Etiópia. Mestrando em Roads to Democracies na Universidade de Siegen, Alemanha.

ALEXANDRE ARNS

Doutorando no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília – UnB.

ALEXANDRE GOMES

Doutorando no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, professor voluntário do Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada da UnB.

ALFREDO RAMOS PEREZ

Doutor em Ciência Política pela Universidade Complutense de Madri, Espanha. Pesquisador associado do INCT – Democracia e Democratização da Comunicação.

BEATRIZ FRANCO

Mestranda em Ciência Política pela Universidade de Brasília – UnB.

BRUNO DIAS MAGALHÃES

Mestrando no Programa de Gestão de Políticas Públicas da Uni-versidade de São Paulo – USP. Mestre em Democracia y Buen Gobierno pela Universidade de Salamanca, Espanha.

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VI

CIRO ANTÔNIO DA SILVA RESENDE

Doutorando no Departamento de Ciência Política da Universida-de FeUniversida-deral Universida-de Minas Gerais – UFMG. Pesquisador do Centro Universida-de Estudos Legislativos (CEL) da UFMG.

EMMA ROSE ÁLVAREZ CRONIN

Mestre em Desenvolvimento Econômico e Políticas Públicas pela Universidade Autônoma de Madri.

FLÁVIA DE PAULA DUQUE BRASIL

Professora da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Ge-rais - UFMG.

GABRIEL MATTOS ORNELAS

Mestrando no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (bolsista CAPES/PROEX).

LEONARDO ASSIS SILVA

Mestre pelo Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Consultor legislativo na Câ-mara Municipal de Belo Horizonte.

LEONARDO AVRITZER

Professor titular do Departamento de Ciência Política da Univer-sidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Coordenador do Proje-to Democracia Participativa (Prodep) e do INCT – Democracia e Democratização da Comunicação. Doutor em Sociologia Política pela New School for Social Research, EUA.

LETÍCIA BIRCHAL DOMINGUES

Doutoranda no Departamento de Ciência Política da Universida-de FeUniversida-deral Universida-de Minas Gerais – UFMG.

LORENA VILARINS

Mestranda no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília – UnB.

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VII

MARISA VON BÜLOW

Professora Associada do Instituto de Ciência Política da UnB. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Resocie - Repensando as Relações entre Estado e Sociedade. Doutora em Ciência Política pela Universidade Johns Hopkins, EUA.

MAX STABILE

Doutorando no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília – UnB. Diretor-Executivo do IBPAD.

PEDRO ABELIN

Mestrando no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília – UnB. Bolsista Capes no INCT - Democracia e da De-mocratização da Comunicação.

PRISCILA DELGADO DE CARVALHO

Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Pesquisadora de pós-doutorado no INCT – De-mocracia e Democratização da Comunicação.

TEÓGENES MOURA

Graduado em Engenharia de Computação pela Universidade de Brasília – UnB.

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IX

s

umário

inTrOdUÇÃO

Priscila Delgado de Carvalho, Leonardo Avritzer ... 1

CapíTUlO 1

CRISE DA DEMOCRACIA COMO UM PROCESSO DE DESDEMOCRATIZAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE OS CASOS LATINO-AMERICANOS

Leonardo Avritzer ... 7

PARTE I

DIREITOS, PARTICIPAÇÃO E INCLUSÃO EM CRISE .... 27

CapíTUlO 2

CRISE DA DEMOCRACIA, NEOLIBERALISMO E PROTESTOS: ENQUADRAMENTOS DE DESIGUALDADE ECONÔMICA E SERVIÇOS PÚBLICOS DE QUALIDADE EM OCCUPY WALL STREET E EM JUNHO DE 2013

Letícia Birchal Domingues ... 29

CapíTUlO 3

DESCONSTRUÇÕES E RESISTÊNCIAS DEMOCRÁTICAS: O CASO DA INSTITUIÇÃO LEGAL DO SISTEMA

NACIONAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Bruno Dias Magalhães, Gabriel Mattos Ornelas,

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CapíTUlO 4

CIDADANIA SOCIAL E A CRISE DA DEMOCRACIA - REFORMA DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA RADICALMENTE DEMOCRÁTICA

Emma Rose Álvarez Cronin... 89

CapíTUlO 5

DEMOCRACIA ESPANHOLA DIANTE DO DESAFIO DO CORONAVÍRUS

Alfredo Ramos Perez... 115

PARTE II

CRISE E TECNOLOGIA: INTERNET E IMPACTOS

NA DEMOCRACIA ... 135

CapíTUlO 6

GOOGLE E AS ELEIÇÕES BRASILEIRAS DE 2018

Lorena Vilarins, Max Stabile, Marisa von Bülow, Teógenes Moura, Alexandre Arns, Alexandre Gomes,

Beatriz Franco e Alana Fontenelle ... 137

CapíTUlO 7

CRISE DA DEMOCRACIA LIBERAL E AS NOVAS TECNOLOGIAS: UM ESTUDO DE CASO DO MOVIMENTO BRASIL LIVRE

Pedro Abelin ... 171

PARTE III

A CRISE NAS INSTITUIÇÕES E NA OPINIÃO

PÚBLICA ... 219

CapíTUlO 8

RENÚNCIA: UMA NOVA ESTRATÉGIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS DOMINANTES NA ÁFRICA PARA MANTER O PODER?

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XI

CapíTUlO 9

INSTITUIÇÕES JUDICIAIS E CRISE DA DEMOCRACIA NO BRASIL

Leonardo Assis Silva ... 253

CapíTUlO 10

CONFIANÇA NA DEMOCRACIA E EM INSTITUIÇÕES POLÍTICAS: UMA ANÁLISE DAS PERCEPÇÕES DOS DEPUTADOS FEDERAIS BRASILEIROS

Ciro Antônio da Silva Resende ... 273

CapíTUlO 11

SENTIDOS DO AUTORITARISMO NO BRASIL DE 2019: UM REGIME REABILITADO?

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ntroDução

Priscila Delgado de Carvalho Leonardo Avritzer

Este livro trata da crise contemporânea da democracia em diálogo com as recentes teorias que identificam como caracterís-ticas centrais desses processos a erosão das instituições (Levitsky e Ziblatt, 2018), a erosão de valores democráticos e da confiança – seja na política, seja no futuro (Mounk, 2019), ou a degrada-ção econômica (Przeworski, 2019). Para esse último autor, crises não duram indefinidamente, levando a desfechos em termos de ruptura ou retomada. Wendy Brown (2019), em outra linha, si-tua as origens da crise na expansão da racionalidade neoliberal que estreita o espaço da política e mina a possibilidade de rela-ções igualitárias essenciais à democracia. Os textos aqui reuni-dos oferecem análises sobre as crises e os problemas que assolam democracias na América do Sul, na África e no Sul da Europa, lançando olhares sobre países que não estão necessariamente no centro das atenções de autores que vêm estabelecendo o cânone da área. Os textos indicam temas e abordagens teóricas que preci-sam de atenção para que avancemos no entendimento das crises contemporâneas, apontando potencialidades e limites das teorias que circulam globalmente e, por vezes, propondo articulações e categorias teóricas inovadoras.

Leonardo Avritzer, no primeiro capítulo, diferencia crises que ocorrem em países com democracias consolidadas e em de-mocracias da terceira onda (1974-2010). Nas primeiras, o autor

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Leonardo avritzer / PrisciLa deLgadode carvaLho (orgs.)

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sugere tratar das crises como processos de desconsolidação, en-quanto em países nos quais a construção democrática ainda é um desafio seriam mais bem entendidos como processos de des-democratização – no sentido usado por Tilly (2007). Para esses, Avritzer propõe que, ao lado da degradação das instituições e da desconfiança da opinião pública, é necessário levar em conta ou-tras três dimensões, que se desdobram em paralelo: a) alterações no equilíbrio de poderes, que incluem b) a politização das insti-tuições judiciais, e c) o desencaixe da economia com processos de-mocráticos e com os sistemas de direitos. Para esses últimos, usa o termo “desembeddedness”, dessa vez em diálogo com Polyani (1959) e Blyth (2002).

As múltiplas dimensões das crises contemporâneas oferecem um bom ponto de partida para entender as relações entre os tex-tos que compõem o volume, dividido em três eixos: o primeiro reúne temas que tratam de direitos e de interseções entre formas de participação e a crise democrática; o segundo aproxima tec-nologia e internet; e o terceiro retoma debates sobre crise nas instituições e na opinião pública.

O primeiro eixo do livro enfoca direitos e participação nas democracias em crise e, no geral, discute o problema do desencaixe entre processos democráticos, sistemas de direitos e a economia. A contribuição de Bruno Magalhães, Gabriel Ornelas e Flávia Duque Brasil organiza as leituras sobre a crise no Brasil entre abordagens estrutural, institucional ou política, para en-tão analisar os desafios colocados à participação desde a frustra-da tentativa de construção de Sistema Nacional de Participação Social em 2014. Os autores analisam também os decretos de Jair Bolsonaro em 2019, extinguindo espaços e mecanismos de participação social.

A relação entre participação (não eleitoral) e crise é abordada também por Letícia Birchal Domingues, que provoca um debate sobre o lugar do ciclo global de protestos na caracterização das crises nas democracias liberais contemporâneas. No texto, em que discute especialmente os enquadramentos dos ativistas no Occupy Wall Street, de 2011, nos EUA, e Junho de 2013, no Brasil, a

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sistema esvaziado pelo neoliberalismo e os limites encontrados na efetivação de demandas.

As relações entre direitos e democracia são objeto de dois artigos de pesquisadores radicados na Espanha. Emma Alvarez toca no cerne da democracia em seu capítulo “Cidadania social e a crise da democracia”. A jovem pesquisadora trata da crise do es-tado de bem-estar social e do mercado de trabalho após reformas neoliberais na Europa em diálogo com os debates sobre renda básica universal, com o feminismo, com o ambientalismo e com a necessidade de reconhecimento e redistribuição. Alvarez propõe uma revisão do conceito de cidadania social desde uma visão radi-calmente democrática que leve em conta o trabalho de cuidado e garanta a inclusão de mulheres e minorias para além dos direitos ligados ao trabalho. Um texto sobre uma “democracia radical-mente inclusiva” em meio ao cenário de crise é uma lufada de ar fresco capaz de mostrar como, mesmo em meio à crise, é central manter espaço para pensar em políticas democráticas. O texto ganha atualidade dada a reativação do debate sobre renda mínima em muitos países em meio à pandemia do novo Coronavírus.

Em um livro produzido em meio à pandemia, consideramos essencial incluir o tema entre os artigos. O atualíssimo capítulo de Alfredo Ramos discute os impactos da Covid-19 na Espanha a partir de um olhar sobre os impactos da crise sanitária na de-mocracia. O autor discute como as respostas do poder público foram pouco abertas ao acúmulo sobre participação, com impac-tos sobre direiimpac-tos, para além da saúde. Para um livro publicado no Brasil, o texto vale ainda como registro de como outros países, apesar das dificuldades e dos limites à participação, foram capazes de realizar um mínimo de debate público não só sobre a crise sanitária e econômica, mas sobre os caminhos para a saída dela. Um olhar crítico a esses esforços, como o oferecido por Ramos, contribui com a qualificação dos debates e nos lembra dos senti-dos senti-dos processos participativos que oferecem contribuições não apesar dos, mas sobretudo nos momentos de crise.

Gênero é um tema central das crises contemporâneas e as dis-putas em torno do conceito afetam os processos de inclusão e a construção de direitos, como apontam trabalhos recentes (Biroli,

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Leonardo avritzer / PrisciLa deLgadode carvaLho (orgs.)

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Machado e Vaggione, 2020). Embora este livro não traga um capí-tulo específico sobre o tema, diversos trabalhos incluem um olhar da teoria feminista para a crise da democracia, incluindo no debate sobre crises temas como a redistribuição e o reconhecimento, a divisão sexual do trabalho e a feminização do cuidado ao lado da masculinização da gestão – como vemos em Alvarez e Ramos. We-rede aporta ainda um olhar sobre geração.

O segundo eixo do livro traz um debate da internet, tema que vem ganhando destaque nas leituras contemporâneas sobre as crises das democracias e que não poderia estar ausente deste volume (Mounk, 2019; Runciman, 2018). Os debates situam-se na interseção entre teoria política, tecnologias, liberdade de expres-são e direito à comunicação. Ambos os textos do eixo expres-são frutos do trabalho do grupo de pesquisa Resocie – Repensando as Rela-ções entre Sociedade e Estado, com sede no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), e partes das pesqui-sas contaram com apoio do INCT-IDDC. O capítulo “Google e as eleições brasileiras de 2018”, assinado por nada menos que oito pesquisadores do grupo, traz o resultado de um experimen-to inédiexperimen-to sobre o uso do Google como ferramenta de busca de informações por eleitores durante o pleito presidencial de 2018, aportando dados e reflexões sobre tecnologia e democracia. Já Pedro Abelin articula o debate sobre tecnologia com populismo e a rearticulação da direita, no Brasil, ao estudar o uso de redes sociais e seu potencial para contornar os gatekeepers tradicionais,

especialmente entre os partidos políticos. Abelin esmiúça no caso do Movimento Brasil Livre que, ao mesmo tempo, duvida das instituições – inclusive dos partidos – e interage com eles.

Por fim, no terceiro eixo, o livro trata da dimensão institu-cional e da opinião pública. A degradação das instituições é abor-dada no texto de Alem Werede. Ele mostra que o uso da renúncia por lideranças políticas do Zimbábue, África do Sul, Seychelles, Angola e Etiópia, entre 2016 e 2018, indica mais do que um efeito dominó: trata-se de uma estratégia de partidos dominantes para se manter no poder.

No texto “Instituições judiciais e crise da democracia no Bra-sil”, Leonardo Assis revisita uma das dimensões elencadas por

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Crisesna DemoCraCia 5

Avritzer, aprofundando a questão da politização do poder judi-ciário no Brasil e discutindo impactos da atuação das instituições de controle democráticos em termos de alterações no equilíbrio de poderes. Trata-se de tema que tem se mostrado central nas crises do Brasil e de outros países latino-americanos, renovando também o olhar institucional sobre a crise.

Ainda em diálogo com as instituições democráticas, mas se aproximando dos debates de opinião pública, o capítulo de Ciro Resende discute a confiança na democracia e em instituições po-líticas comparando percepções de deputados federais brasileiros e da população em geral e encontrando um forte descompasso. Os dados articulam surveys aplicados pelo Instituto Nacional de

Ciência e Tecnologia – Instituto da Democracia e Democratiza-ção da ComunicaDemocratiza-ção (INCT-IDDC) e pelo Centro de Estudos Le-gislativos da Universidade Federal de Minas Gerais (CEL-UFMG) em parceria com a Universidade de Salamanca, Espanha.

Opinião pública está presente no livro também a partir de um segundo olhar, agora qualitativo, sobre como cidadãos bra-sileiros entendem temas como o autoritarismo e quais sentidos associam ao termo. No capítulo de Priscila Delgado de Carvalho, são analisados sentidos e usos de termos como “autoritarismo” e “regimes não democráticos” em grupos focais realizados pela equipe do INCT-IDDC ao longo de 2019. Tendo encontrado sen-tidos relativos à força, à resolutividade e à segurança aliados a uma fraca preocupação com as instituições democráticas, o texto lança hipóteses que podem ajudar a entender a maior abertura de brasileiros e brasileiras a regimes não democráticos identificada em diversos surveys de anos recentes.

Cada texto, a seu modo, retoma os debates correntes sobre crise na democracia, jogando luz sobre como os aspectos vêm sendo discutidos e apresenta contribuições para a literatura.

Os textos que compõem este volume têm três origens.

Al-guns foram apresentados e discutidos durante o workshop The

Crisis and the Challenges of Democracy, organizado pelo INCT –

Instituto da Democracia (INCT-IDDC) e pelo programa de dou-torado “Democracia no século 21” do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em novembro de 2019. Outros

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textos foram ensaios preparados por estudantes do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (DCP/UFMG) que, no primeiro semestre de 2020, participaram do curso Crise da democracia: entre teoria global e aspectos locais. Há ainda textos de integrantes do INCT-IDDC. O resultado é a reunião de trabalhos de pesquisadores e pesquisa-doras jovens em estágios finais de formação ou recém-doutores ao lado de trabalhos de professores da área. Esperamos que os textos contribuam para o amadurecimento dos debates sobre as crises e os desafios das democracias.

REFERÊNCIAS

Biroli, Flavia; Machado, Maria das Dores Campos; Vaggione, Juan Marco (2020), Gênero, neoconservadorismo e democracia. São Paulo: Boitempo.

Blyth, Mark (2002), Great transformations: Economic ideas and institutional change in the

twentieth century. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. Brown, Wendy (2019), Nas ruínas do neoliberalismo. São Paulo: Politeia.

Levitsky, Steven; Daniel Ziblatt (2018), Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar.

Mounk, Yascha (2019), O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como

salvá-la. São Paulo: Companhia das Letras.

Polanyi, Karl (1959), Anthropology and economic theory. Readings in Anthropology, 2, 161-184.

Przeworski, Adam (2019), Crises of democracy. Cambridge: Cambridge University Press.

Runciman, David (2018), Como a democracia chega ao fim. São Paulo: Todavia.

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