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Don't ask, don't tell: uma análise fílmica sobre política e homossexualidade no exército americano

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Don't ask, don't tell: uma análise fílmica sobre política e

homossexualidade no exército americano

Flávio Vilas-Bôas Trovão*

Em janeiro deste ano, o presidente americano Barack Obama assinou a lei que pôs fim à política de banimento dos homossexuais no Exército americano, implementada no ano de 1994. Tal fato representa mais um episódio das relações envolvendo homossexuais e forças armadas nos Estados Unidos. Nessas notas de pesquisa que seguem, procuramos apontar alguns elementos históricos que permitem contextualizar melhor fatos e personagens que se relacionam com a lei recentemente abolida, conhecida em sua época como Don't ask, don't tell.1 Nessa esteira de reflexão, somos guiados pelas imagens presentes em "Streamers" (O Exército Inútil) filme de Robert Altman2 lançado em 1983, cuja análise nos permitiu uma reflexão sobre a situação dos homossexuais dentro do exército americano nos anos 1980, entre outras questões.3

A película narra a história de quatro soldados que estão em vias de serem enviados ao Vietnã em guerra, nos anos do governo Johnson. O mote do filme gira em torno da (homo) sexualidade de Richie, questionada ao longo de toda a trama e nunca afirmada claramente, embora seja enunciada em várias sequências fílmicas. Richie tenta seduzir Billy, seu colega de quarto. Este prefere não acreditar nas "tendências" homossexuais do companheiro de caserna. A homossexualidade da personagem é enunciada sob outros registros, como na linguagem cinematográfica, ou seja, no campo do enquadramento, iluminação, som, figurino e cujas análises nos mostram que a questão principal da trama não era saber se Richie é ou não homossexual, mas sim, se ele tem a coragem de dizer isso inserido na lógica militar da caserna, espaço privilegiadamente masculino e ortodoxo em relação à sexualidade.

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2 A caserna retratada em O Exército Inútil é entendida, portanto, como representação da própria condição política do país nos anos 1980, guiada na época por um discurso bastante radical, conservador não apenas em seus aspectos econômicos mas também e, principalmente, em suas relações com sujeitos e movimentos sociais da época, como mulheres, negros, homossexuais e latinos.

Carlyle e Roger são as personagens negras da trama, formando a terceira dupla: dois sargentos, dois soldados brancos e, agora, dois soldados negros. Essas aproximações não significam que as personagens compartilhem necessariamente as mesmas experiências econômicas ou sociais. Carlyle ao perceber o jogo de sedução entre Richie e Billy, inverte a situação ao aceitar a provocação de Richie e decide "transar" ali mesmo no alojamento, diante dos demais. Nesse momento da narrativa, todas as personagens estão muito alteradas e a carga dramática se amplifica com os conflitos que passam a se suceder no alojamento. Esse serve de cenário principal para, praticamente, todas as ações no filme, num estilo hius clos.4 Acuado e bastante atormentado, Carlyle ataque e mata Billy, que se recusava a permitir o ato homossexual no dormitório, bem como mata, também, o sargento Roonie, quando esse lhe dava voz de prisão. Carlyle consegue sair do exército somente sob a condição de criminoso e seu destino é o presídio, condição que muitos negros nos anos 1980 enfrentaram diante de algumas políticas do gabinete Reagan, em especial, a "Guerra contra as drogas".5 Na sequência final, Roger pergunta a Richie, em tom acusatório, porque ele simplesmente não disse que era homossexual, como se essa fosse a causa da sequencia trágica que ambos acabaram de viver. Ao que a personagem, finalmente, fala: "eu estava dizendo, mas vocês não ouviam".

O filme foi lançado em 1983, momento em que o gabinete do presidente Ronald Reagan se via envolvido, externamente, em conflitos militares na América Central, além da região entre o Irã e o Iraque.6 Portanto, a temática militar estava em voga naquele momento histórico, seja do ponto de vista das ações do governo federal no exterior, como também nas produções cinematográficas da época.7

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3 Até o ano de 1994 os homossexuais que integrassem as Forças Armadas Americanas estavam sob a ameaça do banimento. Se fosse comunicado às instâncias superiores alguma ação que demonstrasse uma conduta homossexual no exército, os sujeitos "acusados" sofreriam um processo disciplinar interno e poderiam ser desligados do efetivo, com a denominação de “Baixa Honrosa”. Nos anos 1950 os homossexuais eram expulsos sob a denominação de "baixa desonrosa", fazendo com que muitos homens e mulheres, ex-combatentes de guerra, não voltassem para suas cidades natais, formando as primeiras comunidades gays de São Francisco, por exemplo, onde havia uma importante base militar.8

Com a ascensão de Bill Clinton à Presidência da República, um grupo de estudos foi elaborado para pensar a questão. Em pauta, a necessidade de criar uma política onde os homossexuais não fossem tão expostos e que, ao mesmo tempo, não deslegitimasse a hierarquia e a “seriedade” do exército.9

Clinton, na verdade, havia se comprometido durante a campanha, em buscar a liberação para que os homossexuais pudessem atuar como militares com liberdade. Porém, o alto comando das Forças armadas durante seu governo manteve, sob liderança das tropas, os mesmos nomes do antigo gabinete de Bush Pai, governo que pode ser considerado uma extensão do governo Reagan. Em outras palavras, Clinton tinha diante de si um dilema: atender aos movimentos homossexuais, parte de sua base de apoio e, ao mesmo tempo, não desagradar aos senhores da guerra americanos.10

Dessa forma nasceu um programa que foi apelidado com o codinome Don’t ask, don’t tell. Em tese, o conjunto de leis aprovados poderia ser resumido do seguinte modo: os questionamentos sobre a orientação sexual dos candidatos a ingressar nas forças armadas seriam retirados dos formulários e, ao mesmo tempo, os homossexuais não deveriam tornar pública sua “orientação” sexual.

“Sob esta abordagem, o Departamento de Defesa não fará a pergunta sobre a orientação sexual dos futuros membros das forças armadas, e as pessoas seriam obrigadas a manter ou a

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4 sua orientação homossexual para si, ou, se não, seriam desligados já no serviço de alistamento ou negada nomeação se pretende aderir ao serviço.”11

Nesse sentido, a política aprovada pelo governo Clinton buscava acalmar as reivindicações dos movimentos homossexuais, ao mesmo tempo, conciliar as posturas conservadoras presentes no alto comando das forças armadas estadunidenses. O que a política Don’t Ask, don’t tell criou foi um dispositivo para que os homossexuais fossem atendidos, porém, sua orientação sexual deveria permanecer em segredo. No mesmo relatório, existe uma declaração de um superior das Forças Armadas dizendo que caso algum homossexual fosse delatado apenas por tornar pública a sua orientação sexual, esse provavelmente não seria desligado ou rechaçado em sua carreira.

“A orientação sexual é considerado um assunto privado e pessoal, e a orientação homossexual não é uma barreira para a entrada no serviço (militar) ou sua continuidade, a menos que se manifeste por uma conduta homossexual”. (idem)

Em resumo, a questão fechava em torno do seguinte acordo: o indivíduo pode ser homossexual e integrar as forças armadas, desde que não se manifeste como tal.

“Funcionários do governo insistiram que o presidente estava apenas tentando buscar um acordo que levasse em conta as preocupações do Congresso e dos militares, mas também minimizar a discriminação contra homossexuais.”12

O que se percebe no enunciado da lei é que a mesma foi tratada como uma forma de "inclusão" dos homossexuais dentro das forças armadas. Ora, sabe-se (via obra de Michel Foucault, por exemplo) que esses espaços sempre foram também espaços de presença homossexual. Eles sempre estiveram lá, mas nem sempre foram vistos ou ouvidos. Em seu codinome, a lei já revela o

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5 caráter conservador que possui: os homossexuais podem estar mas não se manifestarão como tal.

Em 1993, estimava-se que as Forças Armadas americanas contava com aproximadamente 22.400 homossexuais, de um total de 1 milhão e 400 mil militares em serviço.13 Os grupos homossexuais argumentam que, durante o estado de guerra (o que no caso americano subentende a maior parte da segunda metade do século XX) a política de desligamento dos homossexuais que manifestassem algum comportamento que evidenciasse suas orientação eram mais toleradas criando, assim, tratamentos distintos sobre o grupo: tolerância menor em tempos de paz, tolerância maior em tempos de guerra.

Podemos entender, então, que a Don't ask don't tell insere os homossexuais naquilo que Michel Foucault caracterizou como prática do mutismo. Foucault salienta que a sociedade moderna impôs uma lógica da censura sobre a questão sexual por meio de três interdições: afirmar que não é permitido, impedir que se diga e negar que exista. Segundo o autor, a conciliação dessas interdições acabou por criar mecanismos de censura cuja “lógica do poder sobre o sexo seria a lógica paradoxal de uma lei que poderia ser enunciada como injunção de inexistência, de não manifestação e de mutismo”.14

Como já afirmamos, a presença de homossexuais no exército não é uma questão recente tão pouco desconhecida dentro das Forças Armadas. Por vezes, sua presença era permitida e tolerada seja para cumprir o número de efetivos necessários para uma batalha, seja como meio de disciplinarização dos desviados.

Em 1980, ao final do governo Carter e ascensão de Ronald Reagan à Presidência da República o efetivo em serviço nas Forças Armadas chegava em 2 milhões e 100 mil. Desde 1981, o número de homossexuais desligados do Exército foi crescendo. Entre os anos de 1981 e 1983, uma média de 1.800 homossexuais foram desligados das forças americanas por ano. No total das forças, em torno de 2 milhões e 100 mil, os números representam uma cifra de 0,085. Em 1982 o número de homossexuais desligados das Forças Americanas sobe a 0,095 para baixar em 1983 para 0,085.

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6 Em 1983 os Estados Unidos entravam em operações militares efetivas em Granada, na região da América Central, além dos embates militares no Líbano e no Irã. Nesse sentido, a queda do número de dispensas por motivos de orientação sexual diminuíram em tempo de Guerra.15

Portanto, a política instituída no governo Clinton, aclamada pela Casa Branca como um avanço nos direitos de igualdade entre homossexuais dentro das Forças Armadas, revelou-se ineficaz e não garantia sua segurança entre os demais colegas de tropa.

Os grupos homossexuais denunciavam que a Don’t ask, don’t tell fomentava a homofobia e expunha à violência os homossexuais nas forças armadas, por criar uma legislação separada das punições aos heterossexuais. Em outras palavras existia, portanto, uma discriminação tolerada e legitimada por uma lei conservadora.

Em "Military Trade" o escritor e militante homossexual Steven Zeeland compilou uma série de depoimentos de homens cujo desejo é seduzir militares para aventuras homossexuais.

Trade tradicionalmente refere-se aos homens que aceitam os

avanços sexuais de outros homens em virtude de necessidade financeira, miséria sexual, estupor alcoólico, ou outras razões "situacionais", e não por causa de alguns desejos gay inatos. 16

Os militares "trades" seriam, portanto, aqueles homens das forças armadas que permitem uma série de jogos e aventuras homoeróticas em função de "situações específicas" (necessidade financeira, efeito de alcool, etc.) visto que a homossexualidade, nesse sentido, feriria os princípios militares, inclusive. O autor esclarece que para muitos dos seus depoentes simplesmente o fato de se tratar de soldados já dava a esses sujeitos um estatuto masculino superior, como sendo "homens de verdade", o que subentende que o homossexual não o seja. É claro que se tais ideias são vivenciadas dentro das casernas, o discurso político não será descolado dessa realidade e, ao contrário, nela encontra o terreno para sua edificação enquanto norma disciplinar.

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7 Para certos depoentes os militares são sedutores por serem uma espécie de "heróis" contemporâneos; para outros, pessoas que dado sua força física podem ser moldadas sentimentalmente. Mas para a maioria dos depoimentos, a ideia ligada a força física, uso da violência durante o ato sexual bem como os atrativos físicos são as grandes justificativas para a atração sexual por militares. Curiosamente ao corresponder aos desejos dos "barganhadores", aqueles homens que seduzem esses militares "possíveis", eles não são vistos como homossexuais, mas sim, como "homens de verdade".

Entre os vários depoimentos, destacamos o de "Tom", que se autodenomina "o irmão dos marines". 17 Ele é um membro das Forças Armadas (Marines) e é homossexual, servindo entre os anos em que vigorou a Don't ask don't tell. Em seu relato comenta que nunca "desrespeitou" a amizade e o companheirismo dos colegas de caserna, ainda que tivesse por eles desejos e fantasias. Ao mesmo tempo, não se mostrava como homossexual.

"A única razão pela qual eu estava em condições de sobreviver na unidade de infantaria por seis anos era porque eu cresci muito reprimido no Alabama. Porque eu era acostumado a reprimir meus sentimentos sexuais, eu tinha condições de servir. Mas eu não acho que um homem gay assumido consiga fazê-lo."18

Ao impedir que os homossexuais se manifestassem, a política celebrada por Clinton buscava, na verdade, ocultar tal presença entre as tropas, dando a sensação de sua inexistência, negando, portanto, àqueles sujeitos a condição de existência: sua fala. Portanto a lei mantinha a política de repressão da homossexualidade, mesmo aplicando o princípio de "não falar". O que se combatia era a possibilidade de emergir naquele espaço um discurso assumidamente homossexual. Mesmo dilema posto ao personagem Richie, de "O Exército Inútil".

Finalmente, como podemos compreender a ação política do gabinete Clinton, que acabou por desagradar ao mesmo tempo, militantes homossexuais e militares? Dois fatos históricos podem nos ajudar a elucidar a questão.

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8 Logo que foi eleito Clinton não contou com a maioria e a presidência tanto da Câmara de Deputados como do Senado. Nas eleições legislativas de 1992, os democratas não obtiveram sucesso no parlamento e esse passou a fazer oposição direta às ações do Executivo. Sob o comando dos Republicanos, a Casa Branca não encontrou espaço para implementar parte de seus projetos, em especial os mais polêmicos. A Don't ask don't tell portanto, pode ser entendida como uma derrota do governo que teve de se contentar com uma alteração mínima sobre a questão homossexual no exército: seria retirada a pergunta dos formulários de inscrição militar. Os homossexuais, por sua vez, deveriam manter suas relações homoafetivas no campo do "privado" ou do "segredo".

O segundo fato deve-se ao fim da Guerra Fria. Desde a queda definitiva da URSS em 1991, os Estados Unidos tinham diante de si outro dilema a resolver, qual seja, as razões para existência da OTAN, agora sem seu inimigo clássico. Desde esse período, o que se viu foram envolvimentos das Forças militares da OTAN, que são majoritariamente definidas conforme os interesses americanos, atuarem em função de uma suposta "defesa da democracia e dos direitos humanos".19 Sob o risco de ter de dissolver a Aliança ou não encontrar uma razão para sua existência, qualquer mudança nas forças armadas americanas, em especial, uma liberalização para o ingresso de homossexuais nas tropas, poderia expor a frágil Aliança que buscava se manter.

Nossa análises sobre três fontes de tipologias muito específicas como os documentos de estado, relatos publicados e filme apontam para algumas possibilidades de compreensão da Don't ask don't tell como resultado da disputa de forças entre o governo Clinton, o congresso (configurado, naquele momento, por uma maioria republicana) e as forças armadas americanas, comandadas por conservadores em diferentes matizes.

Por trás do interdito "não fale" que a lei asseverava, o que estava oculto, na verdade, mais do que essa ou aquela prática sexual, era a derrota do governo Democrata em suas primeiras incursões pelo congresso americano e com o comando das Forças Militares Ocidentais.

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9 As situações criadas com a política de Estado que Clinton tentava empreender como progressista podem ser entendidas nesse contexto como representativas daquele período da História dos Estados Unidos: contraditória, belicista e emudecida. Sabe-se que ao analisarmos as tensões políticas em um determinado processo histórico, não se pode ausentar os sujeitos de suas ações de integração, negociação e rejeição das normas e leis, como o depoimento de Tom, o brotherhood nos permitem considerar. Porém, ao calar os homossexuais dentro das forças armadas, a lei não poderia ser mais clara e audível. Talvez, tal qual a personagem Richie de "O Exército Inútil", a fragilidade do governo democrata também estava sendo enunciada de alguma forma, mas se preferiu não escutá-la.

*

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Contato: flaviotrovao@hotmail.com

1

"Não pergunte, Não conte."

2

O EXÉRCITO Inútil (Streamers). Direção: Robert Altman. Produção: Robert Altman e Nick J. Mileti. Roteiro: David Rabe. Intérpretes: Matthew Modine, Michael Wrigth, Mitchell Lichstein, David Alan Grier, Guy Boyd, George Dzundza. Los Angeles: Fox Filmes, 1983. 1 VHS (118 min), mono. color. english (sem legendas).

3

Entre as demais questões estudadas, destacam-se as políticas hollywoodianas de produção cinematográfica, as políticas de saúde pública para a AIDS e as políticas sociais que atendiam a população negra no primeiro mandato de Ronald Reagan. Ver: TROVÃO, Flávio Vilas-Bôas. O Exército Inútil de Robert Altman: cinema e política. São Paulo: Anadarco, 2010.

4

Expressão francesa e título de obra dramatúrgica de Sartre que significa “entre quatro paredes”. Essa estratégia cênica de O Exército Inútil "confina os personagens entre quatro paredes, numa situação de espera, gerando as tensões que, agravadas pelo comportamento transgressivo de Richie, caminham para o desfecho sangrento. David Rabe e Robert Altman transcendem a crítica ideológica da caserna – não se trata mais de um filme sobre o Vietnã – e atingem uma dimensão metafísica, expondo o inferno de toda existência autêntica." em: NAZARIO, Luiz. O Exército Inútil: Robert Altman. Cadernos Apontamentos, São Paulo, v. 104, p. 9-20, 1992. p. 15.

5

Sobre esse tema ver a obra de Loïc Wacquant, Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. A onda punitiva, Editora Revan, 2003, onde o autor afirma que nas três últimas décadas do século XX a ideia de pobreza e criminalidade nos Estados Unidos foi sendo periodicamente associada à imagem dos negros pobres moradores das periferias urbanas.

6

Para uma melhor contextualização do período ver: GADDIS, John Lewis. A Guerra Fria. Lisboa: Edições 70, 2005; e HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Do ponto de vista da política interna, o governo Reagan estava empenhado na implantação de um programa neoliberal de diminuição das ações sociais do estado. Ver: PIVEN, Francês F.; CLOWARD, Richard A. The new class war: Reagan´s attack on the wellfare state and its consequences. New York: Pantheon Books, 1982.

7

Os anos 1980 são marcados por uma "retomada do tema do Vietnã" segundo Douglas Kellner, onde vários filmes de guerra agora abordam a guerra do Vietnã não mais sob o olhar crítico de produções que marcaram os anos 1970, mas sim, sob uma apologia à guerra e ao individualismo. Personagens como Rambo, Bradock e filmes sequências sobre o tema, constituem um subgênero em plena expansão naquele momento na indústria cinematográfica

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10 hollywoodiana: os filmes da "Nova Guerra Fria". Ver: PRINCE, Stephen. A new pot of gold. Hollywood under the eletronic rainbow, 1980-1989. Berkeley; Los Angeles; London: University of California Press, 2000.

8

Ver: ROTELLO, G. Comportamento sexual e AIDS: a cultura gay em transformação. São Paulo: Summus, 1998.

9

Cf. BURELLI, D. e DALE, C. Homossexuals and U.S. Military policy: current issues. Washington: The Library of Congress, may 2005.

10

Entendemos que o governo Clinton, nesse sentido, pode ser lido como uma grande

continuidade da chamada "Era Reagan". Cf. WILENTZ, Sean. The age of Reagan. A history (1974-2008). New York: Harper Collins, 2008.

11 Livre tradução de: “Under this approach, the Department of Defense would not ask question

concerning the sexual orientation of prospective members of the military, and individuals would be required to either keep their homosexual orientation to themselves, or, if they did not, they would be discharged if already in the service or denied enlistment/appointment if seeking to join the service.”

Cf. BURELLI, David. op.cit.

12 Livre tradução de: “Administration officials insisted that the president was merely trying to

pursue a compromise that would take into account the concerns of the Congress and the military, but would also minimize discrimination against homosexual.” op. cit.

13

Cf. BURELLI, D. e DALE, C. op. cit. p. 11.

14Em suas palavras: “liga o inexistente, o ilícito e o informulável de tal maneira que cada um

seja, ao mesmo tempo, princípio e efeito do outro: do que é interdito não se deve falar até ser anulado no real; o que é inexistente não tem direito a manifestação nenhuma, mesmo na ordem da palavra que enuncia sua inexistência; e o que deve ser calado encontra-se banido do real como o interdito por excelência”. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988. p. 82.

15

Cf. BURELLI, D. e DALE, C. op. cit. Homosexual Conduct Administrative Separation Discharge Statistic – Table 1. P.12

16

Livre tradução de: " Trade traditionally refers to men who accept the sexual advances of other men owing to financial need, sexual deprivation, alcoholic stupor, or other "situational" reasons, and not because of some "innate" gay desire.” Em: ZEELAND, Steven. Military Trade. New York; London: Harrington Pak Press, 1999. p. 1

17

Os depoimentos coletados por Zeeland são anônimos e cada depoente se atribui um codinome. No caso de Tom o depoente se identifica como brotherhood, amigo, parceiro, "irmão" no sentido de uma amizade muito próxima. Os Marines são os militares de uma divisão das Forças Armadas Americanas equivalente aos fuzileiros navais brasileiros. Correspondem, também, ao grupo mais popular entre os militares em combate.

18

Livre tradução de: "The only reason that I was able to survive in a Marine infantry unit for six years was because I grew up so pressed in Alabama. Because I was accustomed to shutting down my sexual feelings, I was able to do it. But I don't think that the average out gay man can." op. cit. p.253.

19

Sobre essa tese ver o artigo de BARROSO, Juliana L. V. Segurança e uso da força no contexto da Otan pós-Guerra Fria. Revista de Sociologia e Política. Curitiba, UFPR, Número 27, novembro 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n27/05.pdf

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