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MISSÃO FRANCISCANA NO SUL DE MATO GROSSO: ENSINO E CATOLICISMO ( )

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MISSÃO FRANCISCANA NO SUL DE MATO GROSSO: ENSINO E CATOLICISMO (1940-1972)

Claudiani Rodelini1 claudiani_rodelini@hotmail.com Maria do Carmo Brazil2

mariabrazil@ufgd.edu.br

RESUMO

Em 1938, chegaram em Mato Grosso (uno) os primeiros missionários franciscanos, oriundos da Província de Turíngia, Alemanha. Os missionários vieram para o MT fugindo das perseguições do nazismo alemão. Para evitarem a extinção da Província e preservarem a integridade física dos seus membros, dentre outros fatores, os Franciscanos optaram, pela dispersão, em diferentes países, da maioria dos seus membros. Assim, o Mato Grosso, onde se estabeleceram, tornou-se um desses “lugares de refúgio”.

Anteciparam possibilidades de expansão da ação pastoral, qual era, de assumirem instituições escolares, sendo favorecidos por aquisições realizadas pelo arcebispo antes mesmo de sua chegada. Acrescenta-se a este contexto fatores como a precariedade das escolas públicas existentes e a incapacidade do governo em prover um sistema escolar em quantidade suficiente para todo o território matogrossense, além de difusão da fé cristã católica.

A investigação fundamentada em análise documental, imagens, projetos arquitetônicos, regimentos escolares, regras e regulamentos, relatórios de inspeção e, principalmente, documentos iconográficos (fotografias e imagens), constituíram nas fontes principais dos dados obtidos. A Ordem Franciscana esteve presente em varias instituições educativas no Sul de Mato Grosso, as irmãs franciscanas desempenhavam varias função nestas instituições dentre elas as de professora e diretora. O trabalho esta articulado em uma instituição localizada no município de Itaporã, o Grupo Escolar (GE) Antonio João Ribeiro, que esteve sobre o comando das Franciscanas (1957 - 1972) .O presente trabalho tem como foco a relação

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Professora de História da SED/MS. Mestre em Educação UFGD, linha de pesquisa: História da Educação, Memória e Sociedade e membro do grupo de pesquisa GEPHEMS.

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Professora Titular em História do Brasil da Universidade Federal da Grande Dourados. Docente da Faculdade de Educação. Faz parte do corpo docente permanente do Programa de Pós Graduação em Educação e do Programa de Pós-Graduação em História da UFGD. Atualmente faz parte da Comissão Editorial da Editora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Social. Disciplinas ministradas: História Regional, Pesquisa Histórica, História do Brasil (Império), Educação e História da África, Currículo e Diversidade Tópicos de Historiografia, Poder e Instituições, Historiografia da Educação Brasileira. Membro de do grupo de pesquisa GEPHEMS.

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educação/igreja/sociedade, buscando resgatar informações que revelem as marcas da presença franciscana.

Palavras-chave: Historiografia Sul-Mato-Grossense; Educação franciscana; Cultura material.

A ESCOLA E A IGREJA

Para discorrer sobre a instalação da Congregação Franciscana em Mato Grosso (uno) faz-se necessário reportar aos estudos desenvolvidos pelo pesquisador Jerri Roberto Marin (2012), que faz uma interessante análise sobre as experiências de missionários franciscanos/alemães no Estado (uno). Estes missionários teriam migrado da Província de Santa Isabel, da Turíngia (Alemanha), para Mato Grosso por motivos políticos ou religiosos. Marin enfoca os referidos religiosos como imigrantes em suas vivências e experiências de deslocamento, voluntário ou involuntário, e sua condição de estrangeiros. Frades e freiras viram-se forçados a atuar numa região em que o cenário religioso lhes era alheio, ou seja, o referencial alemão em nada correspondia com o que foi ali encontrado: “tiveram de improvisar e aprender a desenvolver uma maquinaria de imposição católica que se adaptasse ao cenário religioso de Mato Grosso” (MARIN, 2012, p. 205).

O propósito expansionista da Igreja Católica estampou-se a partir de janeiro de 1937, quando a Província da Imaculada Conceição do Sul do Brasil, conciliada à Província Franciscana da Turíngia (Alemanha) estabeleceram a concessão da área de Mato Grosso como “terra de missão”. O referido acordo resultou na chegada dos quatro primeiros missionários franciscanos alemães na região, quais sejam frei Eucário Schmitt, frei Antônio Schwenger, frei Wolfam Pasmanne e frei Francisco Brugger, em junho de 1937 (AMARAL, 2005). No mesmo ano, frei Teodardo Leitz, com o aval do Comissariado Franciscano, promoveu o deslocamento de freiras para Dourados no sentido de contribuir com o trabalho de catequese, criação de escolas de ensino primário de ambos os sexos, bem como organizar um internato feminino.

No que se refere à jurisdição política, Dourados era distrito pertencente a Ponta Porã, quando, em 1935, foi elevado à categoria de município. Quanto à circunscrição diocesana, ressalte-se que a mesma era subordinada à administração eclesiástica do Bispado de Corumbá, a qual envolvia todo o sul de Mato Grosso sob direção de Dom Orlando Chaves. Apesar da complexidade desse fator, Dom Vicente Maria Priante criou, no ano de 1940, em Dourados, a Paróquia de Imaculada Conceição, com autorização da Diocese de Corumbá. Isto significa que, do ano de 1935 a 1940, a Grande Dourados foi assistida por missionários franciscanos da paróquia de Rio Brilhante (na época denominada Entre Rios).

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A necessidade de expansão da Igreja Católica na região sul de Mato Grosso exigiu a elaborar projetos de construção de igrejas, escolas e ações sociais. Em 1940, Frei Higino Lateck tornou-se o primeiro vigário da capela de Dourados, criando no ano seguinte a Escola Paroquial “Imaculada Conceição”.

Marin chama atenção para o risco iminente que corria a missão de ser extinta. Isto fez com que seus membros revissem métodos e expectativas. Este risco residia nas perseguições, em virtude da ascensão e consolidação do nazismo na Alemanha, impondo desafios terríveis aos franciscanos:

Para evitar a extinção da Província e preservar a integridade física dos frades, os Superiores optaram, embora não o desejassem, pela dispersão, em diferentes países, da maioria dos seus membros. O Mato Grosso, onde se estabeleceram a partir de 1938, tornou-se um desses “lugares de refúgio” (MARIN, 2012, p. 205).

Marin dá conta de que os quatro primeiros frades assumiram as paróquias de Entre Rios (atual Rio Brilhante) em 6 de fevereiro de 1938 e Rosário do Oeste, no dia 20 de março. Eram paróquias distantes umas das outras (mais de mil quilômetros), além do dispêndio de enorme de recursos para o exercício conventual. Discorre também o historiador sobre as sérias dificuldades materiais dos membros da missão:

O superior da missão de Mato Grosso, Eucário Schmitt, sem prever o número de missionários que viriam ao Brasil, aceitou todas as ofertas de paróquias feitas pelos bispos de Corumbá e pelo arcebispo de Cuiabá D. Francisco de Aquino Corrêa. Eram as paróquias desprezadas pelas demais Ordens e Congregações Religiosas que atuavam em Mato Grosso, por serem as mais extensas (algumas com 20.000 km), as recentemente criadas, as que ficaram vacantes durante várias décadas, as com baixa densidade demográfica, as que não permitiam a sobrevivência de um único padre e aquelas que exigiam trabalhos mais penosos e menos remunerados (MARIN, 2012, p. 206).

Esta importante informação dada por Marin (2012, p. 206) refere-se ao fato de que, em Mato Grosso, “os interesses materiais se sobrepuseram aos religiosos na divisão do mercado religioso católico”, ou seja, aos franciscanos, considerados sócios menores no universo das Ordens e Congregações Religiosas, eram destinados àquelas paróquias recusadas ou abandonadas pelas demais que atuavam no estado. Muitas dessas paróquias não possuíam prédios religiosos e casas paroquiais. As poucas que possuíam alguma infraestrutura física eram pequenas e em estado precário de conservação, verdadeiras “taperas” sem adornos ou paramentos necessários ao culto. Marin faz ainda a seguinte observação:

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Como decorrência desse cenário, a missão franciscana caracterizou-se pela dispersão espacial, isolamento dos confrades, impossibilidade de manter a vida conventual e pela dificuldade de administrar a missão. Devido as possibilidades de crescimento da missão e para dar maior autonomia, foi criado, em 15 de outubro de 1938, o Comissariado de Mato Grosso (MARIN, 2012, p. 206).

Na década de 1940, o fluxo diásporo cessou, explicado pela eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Na década de 1940, os franciscanos operavam em quatro paróquias da arquidiocese de Cuiabá, das oito existentes. Na diocese de Corumbá a missão administrava sete das quinze paróquias criadas. E, a partir de 1941, assumiram com exclusividade a prelazia da Chapada dos Guimarães, onde não havia em todo o território, que era de 142.000 Km, um único edifício religioso (MARIN, 2007).

Nas décadas de 1950 e meados da de 1960, o fluxo imigratório diminuiu significativamente. Em 1965 foi encerrada a imigração franciscana com a chegada do último frei à região. Um aspecto importante ressaltado por Marin refere-se à justificativa apresentada pela ordem franciscana aos fiéis, vejamos:

A diáspora involuntária para o Brasil, imposta pelas perseguições nazistas, foi a alternativa encontrada, pois não havia perspectivas de futuro na Alemanha. Todo imigrante é um emigrante de outro lugar. A ausência da Alemanha e presença no Brasil obrigaram a Província de Santa Isabel, da Turíngia, e os frades a produzirem uma série de discursos cuja função era legitimar o deslocamento e sua presença em Mato Grosso. Ao justificá-las evocavam as perseguições na Alemanha, às necessidades do momento da Igreja Católica no Brasil e, sobretudo em Mato Grosso. No Brasil, sua presença vinculava-se ao movimento de reforma que o episcopado mato-grossense estava estruturando a fim de criar uma Igreja homogênea, centralizada e criar meios para que a instituição se tornasse a mais presente e importante da sociedade (MARIN, 2012, p. 206).

Enquanto a ordem salesiana justificava sua presença em território mato-grossense, lugar longínquo para o “embalo civilizatório”, a ordem franciscana, como forma de sintonizar-se com hábitos e valores europeus, ressaltava a ação civilizatória e catequética da Igreja Católica com voz autorizada para “intervir, falar, orientar, decidir, disciplinar, punir os leigos”. Mas, não raro, precisavam mencionar as perseguições sofridas na Alemanha para, em seguida, abrandar o discurso explicando o deslocamento vinculado “às necessidades do momento da Igreja Católica no Brasil e, sobretudo em Mato Grosso” (MARIN, 2012, p. 206).

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Com a chegada dos migrantes de diversas regiões do país a Itaporã, o município recebeu uma nova demanda de crianças em idade escolar intensificando a necessidade de investimento na escolarização dessa infância. Assim, foi criado através do Decreto Nº 1.927 de 14 de julho de 1954, as escolas Reunidas de Itaporã, na cidade de Itaporã e, posteriormente, pelo decreto Nº 2.197 de 17 de agosto de 1955 de autoria do governador Fernando Corrêa da Costa, transforma as Escolas Reunidas da cidade de Itaporã em Grupo Escolar com a denominação de “Antonio João Ribeiro”, o nome atribuído à escola em homenagem ao grande herói da colônia militar de Dourados Antônio João Ribeiro, (1823-1864)3. No primeiro ano de seu funcionamento, assumiu a direção da escola o professor Marcelino Lopes de Oliveira. No ano seguinte a direção da escola passa para a professora Anice Raslan Câmara.

Em 1957 assumem a direção e o corpo docente do Grupo, as irmãs franciscanas, oriundas do Rio Grande do Sul. Segundo a Irmã Sérgia Worfart (depoimento em 10/01/2013), elas foram escolhidas por famílias e políticos de Itaporã, considerando o grau de instrução das missionárias e suaexperiência na área da educação escolar. As irmãs franciscanas já estavam presentes na educação do Patronato São Francisco em Dourados. A viagem de Dourados para Itaporã foi relatada por elas:

Não faltaram as peripécias durante a viagem com as estradas barrentas, fomos impedidas por alguns carros, que se achavam atolados e assim cortando o trânsito. Sem temor nos vimos obrigadas a descer do carro e andar pela lama uns 400 metros, servindo-nos de acento os tocos das derrubadas. Prevendo a situação do caminho seguimos viagem com muita cautela.

Ao longe apontava a cidade de Itaporã, já ia escurecendo e o carro na sua marcha vagarosa entrava na cidade. (CRÔNICAS, 1958, p.1)

Depois de longa viagem de Dourados a Itaporã, ocorrida no ano de 1958, algumas das religiosas da congregação franciscana, como Madre Liuba (Superiora do Patronato de Dourados), Irmã Maria Rosita Mayer, Irmã Maria Paulina Neutzling e Irmã Maria Sérgia Wolfart chegaram ao local almejado para trabalhar na educação e evangelização das crianças. No entanto, ninguém estava à espera das missionárias.

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Antônio João era filho de Manuel Ribeiro de Britto e Rita de Campos Maciel. Nasceu em 24 de novembro de 1823, na vila de Poconé/Mato Grosso. Aos 18 anos se tornou praça voluntário. Anos mais tarde se elevou a Cabo em 01 de abril de 1841. Posteriormente se tornou furriel em 03 de agosto de 1841. No ano de 1841 foi 2º Sargento, em 1845 se tornou 1º Sargento. Em 1860 Antônio João chegou ao posto de. 1º tenente. Antônio João e foi morto durante a batalha, na Colônia Militar de Dourados em 29 de dezembro de 1864, instituído “Patrono do quadro auxiliar de oficiais” (Dec. Nº 85.097, de 29 de agosto de 1980).

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Ainda segundo o livro de Crônicas, a casa que iria abrigar as irmãs estava quase pronta, só faltava o fogão. Assim a família Rodrigues colaborou durante um período com a alimentação das irmãs. No dia seguinte, 28 de fevereiro de 1958, houve muitas visitas às franciscanas recém chegadas, as quais foram presenteadas com variados tipos de cereais. Ainda em sua chegada, as franciscanas encontraram uma capela, completamente erigida, mas faltavam mobílias e paramentos religiosos. Nesta viagem até Itaporã, as religiosas viajavam em companhia da Madre Liuba, que permaneceu por três dias em sua companhia. Posteriormente realizava visitas semanais a fim de transmitir orientações quanto ao trabalho a ser desenvolvido.

FIGURA 1. Participação da Igreja Católica na organização do GE Antônio João Ribeiro. Fonte: Acervo particular da irmã Sérgia Wolfart.

A Figura 1 mostra a chegada das irmãs ao Grupo Escolar Antonio João Ribeiro em 1958. Da esquerda para direita estão: Irmã Sérgia Worfart, Irmã Evita Sedl, irmã Iracema Grings, Irmã Verônica Willers. Os demais integrantes da foto eram professores do GE e políticos da cidade.

De acordo com as Crônicas da Escola Santo Antônio (1958-2002), quando as irmãs chegaram à cidade de Itaporã em 1958, havia duas escolas na região, uma Escola Municipal, com o nome de Escola Reunida de Itaporã, que se localizava do lado do cemitério, e a outra era o Grupo Escolar Antônio João Ribeiro.

Em 1958, as atividades no Grupo Escolar Antonio João Ribeiro se iniciaram, no dia 01 de março de 1958, neste ano o Grupo Escolar era constituído por 295 alunos. Podemos considerar que a presença das religiosas na região possibilitou o aumento do número de

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matriculas de alunos, isto porque no ano anterior o número de alunos no Grupo Escolar não chegava a 80.

Ainda no mesmo ano a Irmã Paulina foi nomeada diretora do Grupo Escolar. Entre as professoras atuantes no momento, em que a congregação assumiu a administração do Grupo Escolar, destacaram-se a Irmã Maria Sérgia e a Irmã Rosita, esta como auxiliar. Além das irmãs lecionavam no Grupo Escolar também 10 professoras leigas, isto é, sem formação para o magistério.

Segundo relatos da Irmã Maria Sérgia Wolfart era grande o problema de locomoção na cidade de Itaporã, na década de 50. Como o Grupo Escolar se localiza distante da casa das irmãs, e não havia veículos e nem transportes públicos na cidade, assim o meio de transporte escolhido pelas irmãs foi a bicicleta, devido ao baixo custo e à excelente mobilidade proporcionada por este veículo, dessa maneira as irmãs faziam o trajeto entre a casa e escola, de bicicleta.

As atividades ocorriam da seguinte forma no Grupo Escolar; semanalmente a Madre Liuba, se deslocava de Dourados a Itaporã para realizar visitas de supervisão as irmãs de Itaporã, onde esta orientava e prescrevia os exercícios, que deveriam ser ministrados aos alunos do Grupo Escolar que elas administravam. Para além dos compromissos educacionais, a congregação tinha grande interesse na ampliação da fé católica na região. Isto se materializava nos eventos promovidos pela Igreja, como quermesses, primeira comunhão, procissões entre outros eventos vinculados às atividades educacionais. Exemplo disso foi que no dia 12 de outubro de 1958, houve a primeira comunhão das crianças do Grupo Escolar e as da Escola Reunida. Sempre que possível, as festividades cívicas ocorriam em consonância com as atividades religiosas.

Ainda analisando as Crônicas 1958, o documento relata que as festividades do dia 07 de setembro de 1958, foram transferidas para o dia seguinte , devido a forte chuva. Assim no dia 08 de setembro de 1958 os alunos do Grupo Escolar se apresentaram pela primeira vez em um desfile, paramentados com seu novo uniforme. A primeira comunhão realizou-se no dia 11 de setembro de 1958, com a chegada da Madre Tarcísia Kleinubing.

No final do ano de 1958 ocorreu a formatura de 45 alunos do Grupo Escolar, entre estes encontravam-se 9 juvenistas ( jovens que desejam viver em uma comunidade de Irmãos Maristas), dentre elas 6 ingressaram no curso Normal em Dourados. Para reforçar a missão educacional, as irmãs recebem no inicio de 1959 duas novas missionárias, a Irmã Maria Gonda Kreutz e a Irmã Verônica Willers, assim neste ano elas passaram a fazer parte do quadro de professoras no Grupo Escolar Antonio João Ribeiro. No mesmo ano no mês de

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fevereiro veio transferida de Dourados a Irmã Helenita Lopes, que também passou a lecionaria no Grupo Escolar.

No ano 1959 as matriculas foram iniciadas no Grupo Escolar, destaque para o dia 15 de Fevereiro, primeiro dia de matricula, onde foram matriculadas mais de 100 crianças. Nos anos seguintes houve um aumento considerável de matriculas, aonde no ano de 1960, essas chegam 415 alunos matriculados. Análises feitas nas Crônicas 1958, reforça a importância da chegada das irmãs ao Grupo Escolar. No mesmo ano além das atividades educacionais as irmãs eram responsáveis, pelo ensino religioso (catequese) assim no dia 07 de setembro após a missa, os alunos do Grupo Escolar participaram dos festejos patrióticos também organizados pelas irmãs, este ato ocorreu em frente à sede da prefeitura de Itaporã.

Após três anos de atividades no município de Itaporã, junto ao Grupo Escolar Antonio João Ribeiro as atividades das irmãs ganham destaque e se consolidam perante a comunidade, este fato pode ser observado com destaque para o ano de 1961. Aos 15 de fevereiro de 1961 houve o inicio das matriculas no Grupo Escolar e em 01 de março o inicio das aulas com 615 alunos. Ainda no mesmo ano, a pedido de políticos de Itaporã as irmãs aceitaram administrar a Escola Municipal, com o nome de Escola Reunida de Itaporã, Irmã Maria Verônica, foi nomeada diretora.

O cotidiano do Grupo Escolar, sua rotina, festividades e ações religiosas são possíveis de ser encontrado no livro de Crônicas (1958) de que, por ser de autoria das irmãs, relatam uma versão da história que ressalta a participação da Igreja na formação da infância de Itaporã.

Além de professoras, as irmãs também estiveram à frente das atividades administrativas do Grupo Escolar Antonio João Ribeiro a saber : Irmã Paulina 1957 a 1958 – ; 1959 a 1961 – Irmã Maria Helenita; 1962 a 1964 – Irmã Sérgia Worfart;1965 a 1969 – Irmã Maria Auxiliadora Stein;1970 – Irmã Sérgia Worfart; 1971 a 1972 – Irmã Gladis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos limites deste texto, foi possível verificar que a temática histórica das instituições escolares se constitui, nos últimos anos, em um relevante objeto de estudo na área da História da Educação e ocupa lugar significativo na historiografia educacional brasileira.

O trabalho tentou identificar a extensão da Ordem Franciscana nas atividades educacionais do Grupo Escolar Antonio João Ribeiro, bem como, de que forma este ensino se organizava e se sistematizava. Assim com a presente investigação podemos afirmar que a Ordem Franciscana, presente na direção do Grupo Escolar Antonio João Ribeiro (1957 - 1972)

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Tinham objetivos além dos educacionais, a congregação tinha grande interesse na ampliação da fé católica na região. Isto se materializava nos eventos promovidos pela Igreja, como quermesses, primeira comunhão, procissões entre outros eventos vinculados às atividades educacionais. Exemplo disso é que muitos eventos escolares, sempre que possível eram agregados as festividades cívicas e religiosas .

Entretanto, vale ressaltar que há lacunas, silêncios historiográficos que precisam ser quebrados para fazer avançar os estudos escolares em Mato Grosso do Sul, dado que pouquíssimas Instituições Escolares foram eleitas como objeto de análise, seja em área de fronteira, seja em áreas que compreendem o território do Estado de MS como um todo.

REFERÊNCIAS

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FONTES DOCUMENTAIS Documentos da escola

LIVRO DE CRÔNICAS DA ESCOLA SANTO ANTÔNIO, Itaporã, 1958-2002.

LIVRO DE REGISTROS de alunos do Grupo escolar Antonio João Ribeiro – 1955-1959. LIVRO ATA DAS REUNIÕES do Grupo Escolar Antonio João Ribeiro, 1958-1976.

ENTREVISTAS E DEPOIMENTOS

WOLFART, Maria Sérgia. Depoimento (jun. 2013). Entrevistadora: Claudiani Rodelini.Dourados - MS, 2013.

Referências

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