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O amor de Deus pela humanidade

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Academic year: 2021

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O amor de Deus pela humanidade

Pe Daniel D’Agnoluzzo Zatti

Se pudéssemos expressar a revelação de Deus – aquilo que Ele nos diz sobre quem Ele é –, poderíamos utilizar uma única palavra: amor. Nenhuma seria melhor que essa, se não tivéssemos um alguém que nos fizesse compreender de que tipo de amor Deus nos está comunicando. Portanto, amor pode não ser a melhor palavra. Quem nos mostra a face do Deus vivo é seu próprio Filho, Jesus de Nazaré. A partir d’Ele conhecemos tudo o que professamos. Ele nos mostra duas coisas essenciais: quem é Deus, mas também quem é o homem.

1. Jesus, o primogênito de toda a Criação

Jesus é a figura sobre a qual gravita toda a fé cristã, e por isso, é eixo de toda a Criação. Ela parte d’Ele e é apontada para Ele. Todos os títulos e hinos de glorificação e todas as narrativas, dos evangelhos ao Apocalipse, reúnem em Jesus de Nazaré as duas pontas do universo: antecipadamente, ele é a

glorificação última e, retrospectivamente, ele é a criação primeira do universo.

A vida de Jesus conosco, ainda, deve ser significada a partir do evento para o qual se preparou a vida toda: a Páscoa. Ela é modelo e causa da Páscoa da Criação inteira, ou seja, da ressurreição e transfiguração de tudo e de todos. Em Jesus, por causa dessa boa nova da vida eterna, toda criatura tem a causa, o modelo e o acesso para experimentar a promessa da Nova Criação.

É Ele a primícia de toda a Criação, o fruto amadurecido antecipando a grande colheita (1Cor 15,23). Como nos diz Paulo, “se alguém está em Cristo, é uma

nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo” (2Cor

5,17-18a). Ao aderirmos a Ele, deixamos de sermos cegos com a cegueira que nascemos, mas vemos a realidade como ela é. A partir d’Ele, todas as coisas são renovadas, pois renova nossa relação com tudo.

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Uma relação renovada é fruto de uma compreensão madura de quem somos. Exige respostas maduras sobre as perguntas básicas sobre nossa existência. Quanto mais maduras, mais refletidas e contempladas. As aspirações infantis de sermos como Deus vão se diluindo na realidade de nossa existência. A espiritualidade da encarnação faz-nos perceber com mais clareza qual é a verdadeira grandeza de Deus, e portanto, também dos homens. A contemplação de Jesus de Nazaré como Messias glorificado, Criação por excelência e aquele que leva à plenitude toda a criação, provoca a nossa compreensão do processo inverso: não sobe a Deus quem primeiro não desceu de Deus (cf. Ef 4,10). A exaltação levou à compreensão da encarnação do Messias no tempo, do Filho de Deus “antes de todos os tempos”.

“Gloria maior Deus humilis”, dizia Santo Agostinho sobre a Sua verdadeira grandeza (a maior glória de Deus está em sua humildade). Encarnado, em berço improvisado, partilha com a humanidade seu status divino. Adota para si toda a Criação outrora transviada. A encarnação possibilita a divinização de toda a criatura.

Um Deus assim não cansa de demonstrar sua proximidade com todos. É um Deus Criador que se importa com o decorrer processual da história. Nos faz ver que o estuário da história é mais belo do que a sua fonte. Não temos um Deus que tudo cria de forma fixa, pronta a uma independência estrutural. Temos um Deus que se relaciona a cada instante na Criação, com cada criatura, de forma que até a mais ínfima é dotada de sentido.

O Pai e Filho e Espírito Santo estão na Criação e a Criação n’Ele. A compreensão trinitária do amor de Deus nos permite crer não só um Pai criador, como o motor-imóvel aristotélico; não só um Pai e Filho, criador e redentor, com este tendo de ser mitificado para elevar-se de sua humilde encarnação. Cremos também no Espírito, que nos permite experimentar um Deus vivo; é a vida de Deus na encarnação abraçando e envolvendo-nos como o útero da mãe envolve em sua placenta a criança que ela está gestando. Como dizia, novamente, Santo Agostinho: “É no vosso Dom (o Espírito) que

repousamos. Nele gozaremos de vós. É o nosso descanso, o nosso lugar. É para lá que o amor nos arrebata (...). Na vossa boa vontade temos a paz. (...)

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As coisas que não estão no próprio lugar agitam-se, mas, quando o encontram, ordenam-se e repousam. O meu amor é o meu peso. Para qualquer lugar que eu vá, é ele quem me leva. O vosso Dom inflama-nos e arrebata-nos para o alto. Ardemos e partimos (...) é o vosso fogo, o vosso fogo benfazejo que nos consome enquanto vamos e subimos para a paz da Jerusalém Celeste”.

2. Jesus, Servo e Cordeiro de Deus

Ao mesmo tempo em que vive e sofre a crise chamada da Galiléia, quando entende que seu messianismo não pode ser de poder, mas sim de serviço, Jesus vai ficando cada vez mais sozinho, com o grupo de discípulos. As multidões já não o seguem. Ele se dirige, então, resolutamente, para Jerusalém, sede do judaísmo oficial, onde sebe que um mortal confronto o aguarda.

Jesus parte para um jornada sem volta, para cumprir a missão que compreendia ser sua: o anúncio da chegada do Reino de Deus. O último lugar que escolheu foi justo onde se encontravam seus inimigos, mas também o centro de toda a expressão da fé judaica: Jerusalém. Tratava-se de anunciar o tempo escatológico, quando da plena libertação do povo de Israel; o cumprimento da promessa do eterno banquete ao lado de Deus.

Entra em Jerusalém, portanto, um homem que não veio para governar, mas para anunciar o governo de Deus. Cumpre-se a profecia de Zacarias: “Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém. Eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso. Ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta”(Zc 9,9).

Jesus acreditava numa messianidade que não passava pelo trono, mas derivava do Reino de Deus. Não pela herança davídica, mas pela justiça e vida abundante. Na ótica de Jesus, a Lei e os Sacrifícios como eram conduzidos, prestavam nada menos que um desserviço ao povo e fugiam da vontade de Deus.

Jesus não só anuncia o Reino de Deus, mas é também sinal de um Reino que chegou. Abre Ele a porta que dá entrada à realidade do final dos tempos: o

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Reino divino, pleno de justiça e de misericórdia, de esperança para uns e julgamento para outros. Isso estaria sempre mais claro quanto melhor as pessoa entendessem a gravidade de seu momento e se dispusessem a viver a vontade de Deus.

Dentro da consciência de agir em nome de Deus estava a criação de um espaço concreto de convivência para todos que entendessem os sinais do momento novo que lhes estava acontecendo. Com esse grupo, Jesus muda a ordem estabelecida no mundo e esclarece que todas as relações sociais precisam de uma nova compreensão.

Jesus é o Servo de Deus e o Cordeiro de Deus. A expressão Cordeiro de Deus, tão própria ao quarto evangelho, reclama uma referência ao serviço de Deus. Tal como descrito em Is 53, texto tão importante para o entendimento do ser de Jesus como Messias, tanto para o próprio Jesus como para a comunidade Cristã.

3. Deus o constituiu Senhor e Cristo

O centro da fé cristã é a ressurreição de Jesus. A partir dessa realidade que se constroem todas as outras. Qualquer obra literária do cristianismo primitivo, escrita por cristãos sérios, vão se referir a Jesus como “o vivente”.

A esperança na ressurreição pelo povo judeu inicia na fé de que seriam libertados do exílio. Uma passagem bíblica importante para retratar essa espera está em Ez 37,1-14 (a visão do vale de ossos secos). Apesar de antiga a história dessa esperança, e sendo liberto algumas vezes de povos dominadores, os judeus até Jesus não se consideravam completamente livres do exílio.

Para os judeus, a ressurreição era uma doutrina revolucionária, que dizia respeito ao futuro de Israel. Os mortos eram imaginados como continuando a viver antes de sua ressurreição em um estado comparável ao dos anjos ou espíritos. Ressurreição significa, portanto, incorporação, reintegração da totalidade da existência vital. Não algo apenas individual, mas de todo o povo.

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Para os cristãos, a palavra Ressurreição não admite em seu significado compreensões vagas e especulações gerais. Era clara e simples: ressurreição significa atravessar a morte e sair do outro lado em um novo modo de existência.

“Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação; vazia também é a nossa fé... Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa fé; ainda que estais nos vossos pecados” (1Cor 15,14.17)

A afirmação incontestável da ressurreição por parte do Novo Testamento não quer significar a reanimação de um cadáver, mas a manifestação plena e gloriosa daquele que foi visto vivo e depois morto e agora se apresenta com sua corporeidade pneumatificada, animada pelo Espírito da vida e sobre quem a morte já não tem poder.

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