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O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH) E SUAS IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM

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Volume 2 / Número 1 / Jan-Mar - 2011

O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)

E SUAS IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM

Alcione Alves de Souza COSTA¹; Euda Maria RODRIGUES² ¹ Pedagoga, Pós-Graduanda em Psicopedagogia - FURNE/UNIPÊ, PB

²Mestre em Saúde Coletiva; Psicóloga; Pedagoga; Orientadora - FURNE/UNIPÊ. euda.mrodrigues@hotmail.com

RESUMO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH apresenta diversas implicações na aprendizagem dos alunos. A falta de conhecimento acerca do assunto é apontada como uma das principais dificuldades para o professor lidar com este problema. Objetivos da pesquisa: compreender a problemática do TDAH e suas implicações na aprendizagem; verificar o conhecimento dos professores sobre TDAH; conhecer as dificuldades dos professores em lidar com o aluno com TDAH; analisar o papel da escola e da família na aprendizagem do aluno com TDAH; oferecer subsídios para a escola e a família lidar com esta problemática. Para tal, realizou-se um aprofundamento teórico e entrevistas semi-estruturadas com quatro professoras do Município de Aroeiras. Resultados apontados: desconhecimento do TDAH; despreparo em lidar com o problema; influência do TDAH na aprendizagem. Considera-se a relevância desse estudo, sobretudo, por oferecer subsídios para a escola e a família lidar com o TDAH e, assim, contribuir para a aprendizagem do aluno com este transtorno.

Palavras-chave: TDAH. Aluno. Aprendizagem.

ABSTRACT

The Attention Deficit Hyperactivity Disorder – ADHD shows several implications on the students learning. The lack of knowledge about the subject is aimed as one of the major difficulties for teachers to handle with. Research objectives: comprehend the problematic of ADHD and its implications on learning process; check the knowledge of teachers about ADHD; know the difficulties of teaches to deal with students with ADHD; analyze the role of school and family on the learning process of the student with ADHD; offer subsidies to school and family to deal with this problematic. For such, a theoretical deepening and semi-structured interviews with four teachers from Aroeiras town was performed. Results presented: ADHD unawareness; lack of lead up to deal with the problem; ADHD influence on learning. Considers the relevance of this study, specially, for offer subsidies to school and family to handle with ADHD and, therefore, contribute for the student learning process with the disorder.

Keywords: ADHD. Student. Learning.

1. INTRODUÇÃO

A escola exerce um papel de extrema importância na formação humana de indivíduos, visto que contribui para o desenvolvimento das capacidades intelectuais e profissionais dos cidadãos. Nesse sentido, o professor é figura importante no processo de formação do aluno, desenvolvendo um papel não só relacionado ao ensino/aprendizagem, mas também, atuando como profissional que promove sua inserção na sociedade e no mundo em que vive.

É bastante comum observarmos na escola crianças com problemas como dificuldades de atenção, excesso de atividade motora e impulsividade, levando aos educadores, muitas vezes, por falta de conhecimento, a rotular estas crianças de indisciplinadas. No entanto, tais comportamentos

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podem surgir a partir de um distúrbio denominado de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que, por afetar diretamente o comportamento, gera muitos problemas para as crianças em basicamente três áreas: família, escola e no âmbito social.

Apesar de ser um assunto bastante pesquisado, pouco se conhece sobre o TDAH. Por este motivo, os professores têm elaborado "diagnósticos" sobre seus alunos problemáticos sem embasamento teórico que justifique determinar que uma criança seja hiperativa tomando como referência apenas seu comportamento. Conhecer os sintomas e aprender a lidar com esse problema é um desafio para a escola, especialmente para os professores, responsáveis pela aprendizagem do aluno.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH vem sendo apontado como um dos maiores problemas que afetam a sala de aula, causando grande preocupação aos profissionais da educação, os quais, muitas vezes, não se encontram preparados para lidar com o problema e agem de forma equivocada. Trata-se de uma perturbação neurobiológica inata transmitida em grande parte geneticamente que afeta de forma variada e persistente a vida dos que a apresentam (SCANDAR, 2009). É um dos transtornos com maior incidência na infância e adolescência e caracteriza-se por uma tríade de sintomas principais: desatenção, hiperatividade e impulsividade (ROHDE; HALPERN, 2004). É de origem genética, causado pela pouca produção dos neurotransmissores (adrenalina e noradrenalina) responsáveis pela atenção, pelo comportamento motor e a motivação (SILVA, 2004).

No cotidiano escolar é comum ver alunos agitados, que não conseguem se concentrar e nem ficar muito tempo sentados, não concluem as tarefas solicitadas e, por vezes são agressivos. Esse comportamento, comumente confundido com indisciplina, é característico do TDAH que atinge cerca de 5% das crianças e adolescentes de todo o mundo. Conhecer os sintomas e aprender a lidar com esse problema é um desafio para a escola, especialmente para os professores, responsáveis pela aprendizagem do aluno. A demora em diagnosticar o problema pode acarretar sérias conseqüências ao processo de aprendizagem deste. A criança hiperativa é sempre candidata ao fracasso escolar, pois seu comportamento turbulento e suas dificuldades de aprendizagem fogem à norma escolar e ao que é esperado de um bom aluno (PATTO, 1991). Ser professor de crianças com TDAH é uma tarefa difícil, pois requer muita dedicação, paciência e, sobretudo um vasto conhecimento sobre o distúrbio (SCANDAR, 2009). O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente.

Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivos compreender a problemática do TDAH e suas implicações na aprendizagem; verificar o conhecimento dos professores sobre TDAH; conhecer as dificuldades dos professores em lidar com o aluno com TDAH; discutir o papel da escola e da família na aprendizagem do aluno com TDAH; oferecer subsídios para a escola e a família lidar com a problemática do TDAH.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização do estudo

O presente estudo é de abordagem qualitativa, sendo realizado, inicialmente um estudo bibliográfico sobre TDAH, buscando-se a visão de vários autores, os quais ofereceram subsídios para que, posteriormente fosse realizada uma pesquisa de campo.

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização das variáveis. (MINAYO, 1994, p.21).

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Conforme Triviños (1987, p.170), a pesquisa qualitativa “favorece a flexibilidade na análise das informações, pois, a dimensão subjetiva dessa abordagem permite a passagem constante entre informações reunidas e interpretadas para novas possibilidades e novas buscas de informações”.

De acordo com Gonçalves (2003), a pesquisa bibliográfica caracteriza-se pela identificação e análise dos dados escritos em livros, artigos e revistas, dentre outros. Tem por finalidade colocar o investigador em contato com o que já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa.

Deste modo, mediante a pesquisa de campo, utilizou-se a técnica da entrevista (TRIVIÑOS, op cit) que tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Complementa o referido autor, afirmando que:

A entrevista semi-estruturada “[...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade [...]” além de manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de informações (p. 152).

2.2 Contexto do estudo

Na pesquisa de campo, nosso olhar foi voltado para a Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Luzia, localizada na zona rural do município de Aroeiras, PB. Esta foi fundada em 1968, quando funcionava na casa de um professor, em situação precária, sendo apenas este local para atender a uma turma de multisseriado com 32 alunos.

Hoje, a referida escola funciona em um grupo escolar, composto por três salas de aula, dois sanitários, uma diretoria, uma cantina e um pátio de recreação. O corpo docente conta com seis professores, três auxiliares de serviços gerais e uma diretoria. Atende a uma clientela de 83 alunos, com faixa etária entre 4 a 15 anos de idade, nos turnos manhã e tarde, em turmas que vão desde o pré-escolar até ao 5° ano. Os alunos são oriundos de classe baixa, sendo filhos, em sua maioria de pais analfabetos, sobreviventes de programas governamentais, a exemplo do Programa Bolsa Família.

2.3 Sujeitos participantes

Fizeram parte deste estudo, quatro professoras que lecionam na escola supracitada, com crianças do pré-escolar, 1°, 2° e 3° anos do Ensino Fundamental. Quanto à formação acadêmica das entrevistadas, apenas a professora da turma do 2º ano possui graduação em Pedagogia, sendo que as outras três, que ensinam no pré-escolar, nos 1º e 3º anos, cursaram apenas o Ensino Normal, a nível médio.

2.4 Coleta e análise das informações

Após o contato inicial com a Instituição pesquisada e a devida autorização para a realização da pesquisa, entrou-se em contato com cada profissional solicitando sua participação na pesquisa. Tendo a permissão de todos, iniciou-se a coleta das informações com a realização de uma entrevista semi-estruturada com cada participante.

A utilização da entrevista teve como propósito conhecer a opinião de cada entrevistado a respeito da temática abordada, quando foram levantadas doze questões, dentre elas: Conhecimento do TDAH; Característica; Diagnóstico; Diferença do aluno com TDAH do indisciplinado; A influência do TDAH na aprendizagem; O papel da escola e da família na aprendizagem do aluno com TDAH, entre outros.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para uma melhor apreensão das respostas e uma discussão mais abrangente, os resultados foram sistematizados através de Quadros explicativos e analisados à luz da teoria estudada.

QUADRO 3.1

QUESTÃO 1: VOCÊ SABE O QUE É TDAH?

P1 “Não, na verdade nunca ouvi falar sobre isso”. P2

“Já ouvi falar sobre o assunto, mas não tenho muita certeza. No entanto, acredito que se trata de mau comportamento de crianças, ou seja, aqueles que não param um só momento e tiram a paciência dos professores, pais e de todos que convivem com ele”.

P3 “Trata-se de um problema que afeta crianças na escola, pois são inquietas, não se concentram e atrapalham a turma e prejudicam sua própria aprendizagem”.

P4 “Penso que seja uma doença que faz com que algumas crianças não consigam se controlar, ficar parados, prestar atenção, fazendo com que, muitas vezes, imaginamos que seja falta de educação”.

De acordo com as respostas obtidas, observou-se que a maioria das professoras entrevistadas tem uma noção do que seja o TDAH, mesmo que equivocada e duvidosa. Sabe-se que, para se lidar com qualquer tipo de problema ou manifestação em sala de aula, o professor precisa ter clareza sobre o problema. O que nos leva a ressaltar a importância do conhecimento acerca deste transtorno.

A esse respeito, Scandar (2009) alerta que ser educador/professor de crianças com TDAH é uma tarefa difícil, pois requer deste profissional muita dedicação, paciência e, sobretudo, um amplo conhecimento sobre o problema, vez que este é um fator de risco importante para que uma criança sofra atrasos escolares e até fracasso escolar.

QUADRO 3.2

QUESTÃO 2: VOCÊ CONHECE AS CARACTERÍSTICAS DO TDAH?

P1 “Não”.

P2 “Imagino que seja inquietação”.

P3 “Mais ou menos, mas penso que seja a hiperatividade, pois não param, e a falta de atenção.”

P4 “Talvez todas não, mas algumas são: falta de atenção, inquietação e agitação”.

Diante das expressões utilizadas pelas professoras, é possível notar a incerteza quanto às características do TDAH, onde as mesmas usaram palavras de ordem duvidosa como: “imagino, mais ou menos, talvez”.

No entanto, observou-se que, a maioria das entrevistadas conseguiu apontar algumas das características do distúrbio, mesmo que não tivessem clareza quanto a todos os sintomas apresentados.

Ao citarem alguns sintomas do TDAH, as professoras P2, P3 e P4, corroboram com Goldstein & Goldstein (1994), quando dizem que o TDAH tem como característica uma tríade de sintomas, sendo eles: desatenção, hiperatividade e impulsividade.

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Volume 2 / Número 1 / Jan-Mar - 2011 QUADRO 3.3

QUESTÃO 3: VOCÊ TEM ALGUM ALUNO COM TDAH?

QUEM FEZ ESSE DIAGNÓSTICO?

P1 “Não sei informar”.

P2 “Suponho que tenha um, pois pelo que já ouvi falar sobre o assunto, tem relação com o comportamento do mesmo. Nunca foi feito diagnóstico, apenas é uma suposição”.

P3 “Acredito que não”.

P4 “Sim, no entanto, nunca foi feito diagnóstico, sou eu mesma que imagino que seja um aluno com TDAH.”

Analisando as respostas dadas pelas entrevistadas, principalmente as professoras P2 e P4, constatou-se que a falta de conhecimento, mais uma vez, faz com que as mesmas desenvolvam o seu trabalho pedagógico com suposições acerca das dificuldades de aprendizagem, conhecimento este bastante necessário para lidar com os problemas cotidianos, por conseguinte, seu desconhecimento pode acarretar na rotulação dos alunos, vez que não se conhece as causas para tais comportamentos.

É preciso ter cuidado ao se caracterizar ou “diagnosticar” uma criança como portadora do TDAH, na verdade somente um médico, psicólogo especializado ou terapeuta ocupacional, podem confirmar a suspeita de outros profissionais, como: fonoaudiólogo, educadores ou psicopedagogos, os quais devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico, ressalta Araújo (2000).

QUADRO 3.4

QUESTÃO 4: VOCÊ SABE COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DO TDAH?

P1 “Não”.

P2 “Não”.

P3 “Creio que seja por uma equipe, composta por médico, psicólogo e professor”.

P4 “Acredito que um médico”.

As professoras P1 e P2, mostraram-se desconhecedoras de como é feito o diagnóstico do TDAH, enquanto que P3 e P4 apresentam suposições, e não certezas quanto a quem cabe fazer o diagnóstico do TDAH. Com isso afastam-se do raciocínio de Topczewski (1999) que diz: é pertinente salientar que o diagnóstico de TDAH é um processo de vários aspectos, pois diversos problemas biológicos e psicológicos podem contribuir para a manifestação de sintomas similares apresentados pelos portadores de TDAH, e que diagnósticos apresentados e equivocados têm feito

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pessoas mal-educadas a ficarem à vontade para manter seu comportamento usando o pretexto de que estão dominadas pelo TDAH.

QUADRO 3.5

QUESTÃO 5: VOCÊ SABE COMO DIFERENCIAR O ALUNO COM TDAH DO ALUNO INDISCIPLINADO?

P1 “Não”.

P2 “Não, pois o comportamento dos dois é muito parecido”.

P3 “Não”.

P4 “Não, pelo fato de que as atitudes do aluno portador de TDAH se parecem com as do aluno indisciplinado.”

Todas as professoras entrevistadas explicitaram suas dificuldades em diferenciar o portador de TDAH do aluno indisciplinado, e que de acordo com P2 e P4 as atitudes comportamentais de ambos são bastante precisas, o que confundem as professoras.

Diante das dificuldades das professoras entrevistadas, Mattos (2004), aponta três fatores que podem ajudar aos professores a distinguir crianças portadoras de TDAH, dentre elas está a contínua agitação motora, a impulsividade e a impossibilidade de se concentrar.

Nesse sentido, Razera (2001) alerta para o fato de que os professores devem ter ainda o conhecimento do conflito que envolve os aspectos relacionados tanto a incompetência, quanto a desobediência, e deste modo, aprender a discriminar entre os dois tipos de problemas.

QUADRO 3.6

QUESTÃO 6: VOCÊ SE SENTE PREPARADA PARA LIDAR COM O ALUNO COM TDAH? POR QUÊ?

P1 “Não, pela falta de conhecimento sobre o assunto”.

P2 “Não, pois meu conhecimento é muito limitado sobre o TDAH”.

P3 “Não, por falta de treinamento; por pouco conhecimento a respeito do problema”.

P4 “Não, pois conheço o assunto apenas por leitura na revista escola”.

É bastante perceptível nestes discursos que, a falta de conhecimento sobre a temática TDAH é um empecilho para que todas as professoras entrevistadas possam atender e saber lidar com alunos portadores de TDAH.

Nessa mesma linha de pensamento, Scandar (2009), comenta sobre a tarefa difícil de ser professor de crianças com TDAH, pois esta requer do profissional muita dedicação, paciência e,

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principalmente, possuir um vasto conhecimento sobre o distúrbio e suas implicações para a aprendizagem, pois este pode ocasionar na criança atrasos escolares e até mesmo fracasso escolar.

A este respeito Patto (1991) esclarece que a criança hiperativa é sempre uma candidata ao fracasso escolar, por conta do seu comportamento turbulento e de suas dificuldades de aprendizagem, as quais não permitem que assimile às normas escolares.

Schettini (1997) também discute esta questão e considera que o comportamento hiperativo atrapalha as relações com as demais pessoas. Desse modo, a convivência com a criança hiperativa torna-se difícil para todos que fazem parte de suas relações.

QUADRO 3.7

QUESTÃO 7: VOCÊ RECEBEU ALGUMA ORIENTAÇÃO PARA LIDAR COM O ALUNO COM TDAH? QUAL?

P1 “Não”. P2 “Nenhuma”. P3 “Não”.

P4 “Apenas em um encontro pedagógico, foi debatido sobre essa temática.”

Dentre as professoras entrevistadas três afirmam não ter recebido nenhuma orientação para lidar com o aluno com TDAH; apenas P4, disse ter participado de um encontro pedagógico onde foi debatido sobre o assunto, o que na verdade é insuficiente, pois o TDAH é um problema que requer do educador muita informação e habilidade para trabalhar com os alunos que possuem o distúrbio, de modo que estes não venham trazer-lhes prejuízos na aprendizagem.

Conforme Schettini (1997) é no ambiente escolar que o aluno hiperativo precisa receber orientação adequada, para que possa obter um bom rendimento adequando-se à sua capacidade, pois ao contrário pode isolar-se ou ter outros problemas.

Nessa perspectiva, Rohde e Halpern (2004) propõem intervenções escolares no sentido de buscar maior controle do problema em sala de aula. Assim, os autores destacam que o aluno com TDAH precisa sentar sempre próximo ao professor, este deverá evitar a escassez e o excesso de estímulos visuais, proporcionando um ambiente tranquilo, e um maior tempo para realizar as atividades, devendo, ainda, estimular o aluno com elogios, e, sobretudo, estruturar a rotina em sala de aula, com o intuito de ajudar na aprendizagem dessas crianças e adolescentes.

QUADRO 3.8

QUESTÃO 8: QUAIS AS DIFICULDADES QUE O PROFESSOR TÊM EM LIDAR COM O ALUNO COM TDAH?

P1 “Não sei”.

P2 “A falta de estratégia que faça com que a criança pare por alguns minutos e se concentre na aula.” P3 “Não sei, pois nunca lidei com este tipo de aluno.”

P4 “Para mim, é prender a atenção do aluno, fazendo com que ele pare de perturbar a aula e tirar a concentração das colegas.”

De acordo com as respostas dadas pelas professoras de P1 e P2, percebe-se que ambas desconhecem as dificuldades que o professor tem em lidar com o aluno com TDAH, enquanto que P3 e P4 apontam a falta de manejo para conseguir chamar a atenção do aluno com TDAH, de forma que este se concentre na aula e não atrapalhe o restante do grupo.

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Novamente observamos que a falta de orientação e/ou capacitação lava ao professor a ter muitas dificuldades em lidar com o aluno com TDAH. Um primeiro passo, como indicam Goldstein & Goldstein (1994), seria o diagnóstico correto nas crianças que apresentam tal distúrbio, ajudando-as a elevar sua concentração, superar problemajudando-as de relacionamento, e, também, na orientação ao professor para lidar com o problema.

Andrade (2000) complementa observando que o diagnóstico clínico deve ser feito com base no histórico da criança e a observação de pais e professores é fundamental. Deste modo, com o diagnóstico e tratamento correto, grande número de problemas como: repetência escolar, abandono de estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas de relacionamento, bem como o uso de drogas, podem ser adequadamente tratados e até mesmo evitados.

QUADRO 3.9

QUESTÃO 9: VOCÊ TEM ALGUM TRABALHO PEDAGÓGICO VOLTADO PARA O ALUNO COM TDAH?

P1 “Não”. P2 “Não”. P3 “Não”. P4 “Não”.

Observando as respostas obtidas, onde todas as entrevistadas respondem que não têm nenhum trabalho pedagógico voltado para o aluno com TDAH, nos interrogamos qual será o motivo que as levam a não realização de um trabalho específico para os alunos com esse tipo de dificuldade, será por falta de informação sobre o assunto, será falta de interesse do próprio professor, ou outros motivos?

É curioso, nos dias atuais se falar tanto sobre educação inclusiva, necessidades educativas especiais, respeito à diversidade, e, no entanto, o que se percebe na prática, é que todos os discursos, politicamente corretos, estão descontextualizados, vez que, a escola não dispõe de meios e recursos para incluir o aluno “diferente”, nem tampouco, atender as mínimas necessidades dos alunos com dificuldades de aprendizagem específicas, tal como o TDAH.

Deste modo, os projetos pedagógicos, quando contemplam esse tipo de aluno, são inviáveis na prática, exatamente pelo despreparo da escola e dos profissionais que nela atuam.

Nessa perspectiva, Rohde e Halpern (2004) argumentam ser importante que os educadores se mostrem abertos à mudanças e compreensivos quanto ao TDAH, buscando informações e transformações na sua atuação pedagógica, tomando algumas atitudes como: mudança na organização da sala de aula, estruturar a sala em rotinas, prevenção de situações de conflitos e até mesmo oferecer apoio afetivo.

QUADRO 3.10

QUESTÃO 10: EM SUA OPINIÃO, O TDAH INFLUENCIA NA APRENDIZAGEM DO ALUNO? COMO?

P1 “Não sei”.

P2 “Sim, a inquietação tira a sua concentração.”

P3 “Creio que sim, pois não é possível assimilar o conteúdo dado pelo professor, se o aluno não presta atenção e não para pra escutar.” P4 “Com certeza, pois por mais inteligente que seja, a desatenção e a inquietação faz com que ele perca o

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Com base nas respostas dadas pela maioria das entrevistas, compreende-se que o TDAH pode provocar efeitos negativos na aprendizagem do aluno, pois seu comportamento inquieto e desatento prejudica na hora de se concentrar na aula.

Decerto que a complexidade do processo de ensino e aprendizagem exige esforço, tanto por parte do professor, o qual deverá ser conhecedor das peculiaridades de cada aluno, desenvolvendo estratégias diversificadas para lidar com a heterogeneidade da turma, como do aluno que, por sua vez, necessita estar focado na aula.

Dessa forma, corroboramos, mais uma vez, com Patto (1991), quando afirma que o comportamento turbulento e conflituoso do TDAH, resulta nas dificuldades de aprendizagem, fugindo das normas da escola e do que se espera de um bom aluno, tornando-os sempre candidatos ao fracasso escolar.

QUADRO 3.11

QUESTÃO 11: VOCÊ ACHA QUE O ALUNO COM TDAH DEVE SER TRATADO DE FORMA DIFERENTE?

POR QUÊ?

P1 “Não sei responder”.

P2 “Sim, pois se trata de um aluno com comportamento inadequado, que pode não só prejudicá-lo, mas também o restante da turma, desta forma o professor precisa encontrar meios para ajudá-lo”.

P3 “Sim, assim como possui comportamento diferente, deve receber tratamento diferente também, de forma que seu comportamento não venha causar danos à turma e a si próprios”.

P4 “Sim, este aluno necessita de um tratamento diferenciado dos demais alunos, pois precisa de ajuda para controlar sua agitação e falta de atenção, comportamentos estes que podem afetar sua aprendizagem”.

Fundamentando-se nas respostas dadas por três das professoras entrevistadas, é pertinente afirmar que concordam quando diz que o aluno portador de TDAH deve receber tratamento diferenciado em relação aos outros alunos, pois seu comportamento inconveniente pode interferir na sua aprendizagem, como no dos outros alunos.

Nesse sentido, é importante destacarmos o que afirma Farrel (2008/2009), para quem, o aluno com TDAH, por decorrências das dificuldades com seu comportamento pode perder muito tempo na escola, e mesmo quando não ocorre essa perda de tempo, o descaso ou a falta de traquejo para lidar com o TDAH da própria escola, associados à falta de atenção para realizar as atividades cobradas em sala de aula, bem como uma rotina rigorosa, causam desempenho inferior na aprendizagem.

QUADRO 3.12

QUESTÃO 12: QUAL É O PAPEL DA ESCOLA E DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM

TDAH?

P1 “Não sei”.

P2 “É muito importante que tanto a família quanto a escola conheçam bem sobre o problema só assim poderão ajudar ao aluno com TDAH a enfrentar os problemas que o TDAH lhes causa”.

P3

“Acredito que seja encontrar métodos que facilitem ou que proporcionem uma melhor concentração em sala de aula, também procurar ajuda de especialistas em comportamentos, para que os mesmos não tenham atrasos na aprendizagem, por causa do seu comportamento desatento e hiperativo”.

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Mediante os resultados obtidos em entrevista com as quatro professoras, nota-se que a maioria tem um ponto de vista bem semelhante a respeito do papel da família na aprendizagem do aluno com TDAH, onde mencionam que tanto a família quanto a escola precisam conhecer o distúrbio, como também ambas devem encontrar alternativas que possibilitem a essa criança um bom desenvolvimento escolar, assim como ajudá-la a controlar o seu comportamento turbulento.

Contudo, Silva (2003), a esse respeito, elucida que sinais indicativos de que a criança portadora de TDAH, por vezes, são dados à família, que não percebe, porém, é na escola que tais sinais revelam sua potencialidade problemática. Diante disto, seu papel é fundamental na observação da criança, que geralmente apresenta alguns comportamentos, como: se meter em brigas durante o intervalo, brincar quase sempre sozinha, chamar a atenção ou se comportar como se fosse alienada.

Na visão de Goldstein & Goldstein (1994), é preciso que os pais de crianças hiperativas possuam uma compreensão realista dos tratamentos médicos e não médicos adequados, sabendo que não existe cura, no entanto, pais e educadores, podem encontrar formas para ajudá-los a serem bem sucedidos.

4. CONCLUSÕES

Ao término deste estudo pudemos constatar o quanto o mesmo foi envolvente. A escolha do tema deu-se em função de lidarmos com muitas crianças agitadas ou mesmo sem limites, ditas como hiperativas, daí a importância de buscarmos conhecimentos para sabermos melhor conviver com elas e identificar se o mal comportamento é simplesmente falta de limites ou se trata do distúrbio do TDAH. A cada fonte pesquisada víamos, com nossa curiosidade aguçada, a gama de informações novas que adquiríamos e registrávamos passo a passo, de como proceder e agir com uma criança de TDAH.

Constatamos que o TDAH é um distúrbio e como tal deve ser tratado, sendo que não tem cura e que o tratamento apenas melhora os sintomas e que deve ser administrado de acordo com o grau de comprometimento, ministrando-se, caso necessário, medicamento para diminuir a hiperatividade motora e melhorar a atenção. Em alguns casos mais leves, o auxílio de uma terapia comportamental com o portador do distúrbio e com a família já ameniza os sintomas do TDAH. Em casos mais graves, contudo, exige-se uma ação multidisciplinar: pais, professores, médicos, terapeutas, e medicamentos.

Compreendemos que o papel do professor é fundamental para auxiliar no diagnóstico do TDAH, visto que a hiperatividade só fica evidente no período escolar, quando é preciso aumentar o nível de concentração para aprender. Deste modo, é importantíssimo o professor estar bem orientado e ter conhecimento sobre o TDAH para identificar uma criança sem limites de uma hiperativa.

Quanto ao portador do TDAH, precisa ter na escola um acompanhamento especial, já que não consegue conter seus ímpetos, tumultuando a sala de aula, a vida dos colegas e dos professores. É preciso, portanto, aplicar uma ação didática pedagógica direcionada para esta criança, visando estimular sua autoestima, levando em conta a sua falta de concentração, e criando atividades diversificadas para que não haja um comprometimento durante sua aprendizagem.

Deste modo, o professor será o elo entre a família e o especialista, durante o tratamento, pois o seu papel não é o de dar diagnóstico, mas sim de esclarecer aos pais que este distúrbio se não for tratado, gera inúmeras complicações para seu convívio social, levando-o à depressão e até mesmo à busca de drogas à insatisfação e à infelicidade, a um conflito interno por não atender as atividades banais do dia a dia, e a rejeição gerada pelos demais companheiros da escola, que não se trata apenas de uma questão de disciplina, mas de um problema genético com conseqüências bem mais graves.

A escola e a família devem trabalhar juntas com o portador de TDAH, auxiliando no seu tratamento, na sua socialização, não esquecendo, porém, de que impor limites necessários, pois esta

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criança vive numa sociedade cheia de regras e não deve se prevalecer desta patologia para agredir, para complicar a vida dos outros, visto que hoje em dia com o avanço das pesquisas sobre a hiperatividade, o tratamento ameniza bastante os sintomas, proporcionando ao portador de TDAH uma vida mais tranquila.

Por fim, concluímos que a hiperatividade não tem cura, mas precisa ser tratada e que nem todas as crianças que apresentam comportamentos não aceitáveis são hiperativas e sim precisam de limites para aprender a conviver.

5 REFERÊNCIAS

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FARREL, M. O aluno com necessidades especiais na escola regular. Pátio, revista pedagógica. Ano XII. N.° 48. Nov 2008 / Jan 2009, p. 12-15.

GOLDSTEIN & GOLDSTEIN. Hiperatividade: Como desenvolver a capacidade e a atenção da criança. Campinas, SP: Papirus, 1994.

GONÇALVES, E. P. Iniciação à pesquisa científica. Campinas, SP: Alínea, 2003.

MINAYO, M. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: ________. Pesquisa

Social: teoria, método e criatividade. 14 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1991.

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