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IMPACTOS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS NO CÓRREGO BALIZA GOIÂNIA GOIÁS

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Academic year: 2021

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IMPACTOS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS NO CÓRREGO BALIZA – GOIÂNIA – GOIÁS

Alyne Alves Lessa - Mestranda em Engenharia do Meio Ambiente - Escola de Engenharia Civil - Universidade Federal de Goiás - alynelessa@gmail.com

Gervásio Barbosa Soares Neto – Mestrando em Geografia – Universidade Federal de Goiás - Goiânia- Goiás- legeographe@gmail.com

Karla Maria Silva de Faria – Doutoranda em Geografia - Universidade Federal de Goiás - Goiânia- Goiás karlaairam@gmail.com

Resumo

O município de Goiânia é uma metrópole regional em ascensão que, mesmo com política de ordenamento territorial, apresenta vários problemas de ordem socioeconômica e socioambientais, especialmente nos cursos d’água do município. A situação não foi diferente com o córrego Baliza, curso d’água situado na porção sudoeste do município, que abrange loteamentos que estão em processo de urbanização acelerado, com implantação de infra-estrutura (pavimentação, galerias pluviais), induzindo, portanto, a identificação dos impactos ambientais para possível controle e mitigação dos mesmos. A implantação do sistema de galeria pluvial resultou em impactos significativos nos cursos d’ água. A metodologia baseou-se na elaboração de roteiros para as vistorias em campo, identificação dos impactos ambientais tendo como auxílio fotografias aéreas de 1992 e imagens de satélite (Quick Bird e Google Earth), trenas e GPS. Foram identificados significativos impactos ambientais relacionados principalmente a desmatamento/ausência da mata de galeria, extração de espécies nativas, antropização da Zona de Proteção Ambiental; assoreamento do leito do córrego Baliza e 20 processos erosivos caracterizados como ravinas. Os dez lançamentos de água pluvial identificados neste córrego não apresentam estruturas de dissipação de energia. A identificação desses impactos foi de suma importância para a proposição de medidas de controle ambiental e de correção das obras das galerias pluviais.

Palavras-chaves: impactos ambientais; drenagem pluvial; processos erosivos. Abstract

The municipality of Goiânia is a regional city on the rise, even with spatial planning policy has several problems in the socioeconomic and social, especially the courses `d 'water in the municipality. The situation was no different to stream buoys, water courses located in the southwest portion of the municipality, which includes lots that are in the process of accelerated urbanization, with implantation of estutura infrastructure (paving, galleries rain) drive, so the identification of to control environmental impacts and possible mitigation of these. The deployment of the galery of rain resulted in significant impacts to water courses. The methodology was based on development of road maps for field surveys, identification of environmental impacts and had the aid of aerial photographs in 1992 and satellite images (Quickbird and Google Earth), GPS and sledges. We identified significant environmental impacts mainly related to deforestation / absence of gallery forest, extraction of native species, antropização the Area of Environmental Protection; siltation of the stream bed of the goal and 20 characterized as gully erosion processes. The ten releases for rainwater identified in this stream do not have structures for dissipation of energy. The identification of these impacts was of great importance to the proposal of measures for environmental control and correction of works from galleries rain. Keywords: environmental impacts; pluvial drainage, erosion processes.

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Introdução

O ambiente urbano é o lugar na cidade onde os elementos naturais e sociais estabelecem uma relação dinâmica, em constantes mutações e interações. Isto resulta na transformação do meio natural e construído, criando neste ambiente uma complexa relação entre sociedade, política e natureza.

Os problemas ambientais e os impactos que são identificados nas grandes cidades, não emergem da noite para o dia, exceto aqueles decorrentes de saturação instantânea. Da mesma forma não podem ser resolvidos em pequeno intervalo de tempo. A complexidade da tarefa social em minimizar ou até mesmo corrigir os impactos ambientais permeia o viés educacional da sociedade, envolve mudanças estruturais quanto à formação humana para o exercício pleno do direito do ambiente.

A superação de determinados problemas do cidadão com seu ambiente na cidade depende de uma alteração do processo de estruturação interna da cidade, como também depende, concomitantemente, de mudanças de comportamentos sociais e culturais. (FARIA, SILVA e SILVA, 2004).

A cidade de Goiânia foi fundada na década de 1930, com a concepção de uma capital moderna para abrigar 50.000 habitantes.Passadas três décadas após sua fundação, contudo, já contava com o triplo da população em relação ao previsto no projeto original. Vários fatores contribuíram para o crescimento do município, entre eles pode-se citar: o surgimento de Brasília, sendo Goiânia um ponto de apoio a construção da nova Capital Federal; o Projeto “Marcha para o Oeste”, através de reestruturação viária, como a construção da rodovia Belém-Brasília - BR-153; e ainda, a expansão dos limites das fronteiras agrícolas.

Nos primeiros anos de sua ocupação, o crescimento urbano da cidade esteve associado à especulação imobiliária, que contribuiu para acentuar a grande quantidade de loteamentos, configurando, já nas primeiras décadas de sua fundação, um desordenamento na estrutura de ocupação, um inchaço de Goiânia e o processo de desestruturação da zona rural do município. Atualmente, este município tornou-se um centro metropolitano do Estado de Goiás, atraindo investimentos e população para seus domínios espaciais.

A região da bacia de drenagem do córrego Baliza começou a ser ocupada na década de 1980, com a ocupação do Bairro Itaipu para, em seguida, abrigar vários bairros que apenas recentemente começaram a receber a infra-estrutura mínima para a ocupação de uma região. De acordo com o novo Plano de Diretor do Município de Goiânia, a margem esquerda do córrego Baliza encontra-se em zona urbana, enquanto a margem direita está na área considerada como zona rural do Dourados.

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A área já foi alvo de diagnóstico ambiental, que constatou alta fragilidade ambiental, devido as características do meio físico e da ocupação não planejada (FARIA, et al. 2008). O objetivo do presente trabalho foi identificar os impactos ambientais provocados pela urbanização desta área com a finalidade de fornecer subsídios aos órgãos públicos no controle ambiental e planejamento.

Materiais e Métodos A área de estudo

O córrego Baliza localiza-se na porção sudoeste do município de Goiânia (Figura 01), tem uma extensão de 5 km, sendo afluente da margem esquerda do Ribeirão Dourados, classificado como curso d’água de 2ª ordem. Esse córrego, de acordo com o mapa geológico do CPRM, encontra-se encaixado em uma falha geológica, possivelmente de cizalhamento, apresentando, portanto, uma calha rasa e estreita.

Sua bacia drena uma área de 15,3 km2, onde se localizam total ou parcialmente 18 loteamentos urbanos. Como se trata de uma área antropizada, predomina o uso do solo para loteamentos já consolidados, que contemplam infra-estrutura e apresenta-se ocupado em 50%, e áreas com aprovação de parcelamento em fase de implantação.

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Toda a sub-bacia encontra-se sobre a Unidade geológica do Grupo Araxá Sul de Goiás, que se apresenta constituído basicamente por xisto-verdes, micaxistos e migmatitos, materiais friáveis e facilmente perceptíveis nas áreas expostas nesta sub-bacia. Sobre esta unidade geológica desenvolveram-se as Unidades Geomorfológicas caracterizada como Fundo de Vale - faixas de transição, ao longo do curso d’água de diferentes ordens de grandeza, entre os processos areolares e lineares, obtendo declives que podem atingir até mais de 40%, onde são identificados principalmente os solos da classe de Gleissolos; Planalto Rebaixado de Goiânia - extenso planalto rebaixado e dissecado, sobre os quais se desenvolvem Latossolos Vermelho - Escuros e Vermelho – Amarelo; e os Chapadões de Goiânia (CASSETI, 1992; NASCIMENTO, 1992) (Figura 2).

Figura 2 - Mapas de caracterização do meio físico da área.

Procedimentos metodológicos

Os procedimentos metodológicos envolveram as seguintes etapas: 1. Revisão bibliográfica sobre a temática;

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2. Identificação na imagem de satélite da área drenada pelo córrego Baliza, as quais são disponibilizadas pelo Google Earth e imagem Quick Bird do município de Goiânia; 3. Delimitação da bacia e divisão da mesma em trechos a serem vistoriados;

4. Caracterização ambiental da área com base em informações obtidas na Carta de Risco de Goiânia.

5. Fotomontagem de mosaico de fotografias aéreas, em escala de 1:40.000 da década de 1990 (1992);

6. Identificação da evolução do uso antrópico da bacia.

7. Identificação das erosões lineares, já mapeadas pelo Cadastro de Erosões Urbanas de Goiânia, realizado pela Gerência de Contenção e Recuperação de erosões e Afins da Agência Municipal de Meio Ambiente.

8. Identificação na imagem de satélite e em fotografias áreas e com a identificação de possíveis impactos.

9. Trabalhos de campo (vistorias) ao longo da bacia, para identificação pontual e in loco dos impactos ambientais.

Resultados e Discussões

A sub-bacia do córrego Baliza caracteriza-se com uma das áreas do município onde persiste o contraste entre o urbano e o rural. São identificados de 18 loteamentos, sendo que três ainda estão em fase de ocupação e várias chácaras que ocupam os trechos lindeiros ao córrego, estando situadas, portanto dentro da Área de Preservação Permanente (APP) do manancial.

A APP, conforme o Plano Diretor do Município (Lei Complementar Nº. 171 de 29 de Maio de 2007), trata-se de área com caráter de proteção integral:

“Art. 106. Constituem as APP’s as Áreas de Preservação Permanente, correspondentes às Zonas de Preservação Permanente I - ZPA I e as Unidades de Conservação com caráter de proteção total e pelos sítios ecológicos de relevante importância ambiental”. E que, portanto, a faixa de proteção deveria obedecer aos

“limites das faixas bilaterais contíguas aos cursos d’água temporários e permanentes, com largura mínima de 50m (cinqüenta metros), a partir das margens ou cota de inundação para todos os córregos (...)”.

Entretanto a lei N°. 8617, de 09 de Janeiro de 2008, que dispõem sobre a regulamentação do controle das atividades não residenciais e dos parâmetros urbanísticos estabelecidos para a Macrozona Construída, através do artigo 10, permite que:

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“construções em lotes em que o limite de fundo coincida com o talvegue do curso

d’água ou fundo de vale a fim de garantir sua ocupação, admite-se o afastamento de fundo de 30m (trinta metros), medidos a partir do talvegue do curso d’água, conforme estabelece o Código Florestal Brasileiro”.

As chácaras identificadas na área têm como principal atividade a agropastoril, com o cultivo de hortaliças, criação de gado, cabrito, porcos, entre outros, em pequeno porte, mas que influenciam no desmatamento da mata galeria e também no desenvolvimento de processos erosivos marginais do córrego.

É importante ressaltar que parte da área desta sub-bacia já foi explorada, por vários anos, pela atividade mineratória (classe mineral II) e que não houve a recomposição/restauração do solo e da vegetação. Esse fato foi responsável, pelo assoreamento do curso d’água em vários pontos.

Além da ocupação da APP, por chácaras, foram identificadas os seguintes impactos:

• Desmatamento/ausência da mata de galeria com a extração de espécies nativas da fisionomia do Bioma Cerrado, como o Buriti; presença de bambus, bananeiras, coqueiros e cultivo de hortaliças, mandioca, cana de açúcar e pastoreio de gado em Zona de Proteção Ambiental - ZPA; lançamento de animais mortos na margem do córrego; represamento do curso do córrego, presença de carvoarias (Figuras 3 a 6 );

Figura 4 – Área da APP desmatada. Solo exposto. Fonte: Faria, 2009.

Figura 3 - Presença de carvoaria na APP. Fonte: AMMA, 2007

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• Assoreamento do leito do córrego;

• Foram contabilizados 22 processos erosivos lineares (20 ravinas e 02 voçorocas), sendo que as mesmas formaram-se sobre a classe de solo do Latossolo Vermelho Amarelo exposto.

As ravinas de maior expressão comprometem parte da infra-estrutura da área, em especial a pavimentação, e contribuem para o assoreamento do curso d’água à jusante, além de serem usadas para depósito de resíduos domésticos e animais mortos, especialmente, carcaças de bovinos. As larguras dessas ravinas variam de 0,50 cm a 2 metros e algumas atingem até 6 metros de profundidade (Figuras 7 e 8).

As erosões lineares que se desenvolveram na área obedeceram ao caminho natural de escoamento da água pluvial em superfícies pavimentadas, ou apenas compactadas, como é o caso de alguns arruamentos nos setores desta sub-bacia. Em análise do levantamento bibliográfico sobre área, foi possível constatar que os processos erosivos lineares são recorrentes, desde a ocupação dos setores. Inferiu-se também que:

Figura 7 - Processo erosivo que causou o assoreamento do córrego Baliza. Fonte: AMMA, 2007.

Figura 8 - Processo erosivo em solo exposto, próximo a arruamento. Fonte: AMMA, 2007. Figura 6 – Presença de resíduos sólidos no curso d`água. Fonte: AMMA, 2007.

Figura 5 – Pastoreio na APP. Fonte: AMMA, 2007.

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• A nascente encontra-se confinada em uma “caixa de concreto” em uma área particular;

• Foram identificados 10 lançamentos de água pluvial, sendo que em nenhum deles foram constatadas estruturas de dissipação adequadas, o que contribui para assoreamento do curso d’água e desenvolvimento de erosões fluviais no leito do córrego (Figura 9).

.

A figura 10 apresenta a localização dos processos erosivos lineares e também dos lançamentos de água pluvial. Faria et al (2008) já havia constado a fragilidade ambiental da área e os reflexos ambientais negativos da instalação inadequada dos lançamentos de água pluvial.

Figura 10- Mapa de localização dos processos erosivos e das galerias de água pluvial da Sub-bacia do córrego Baliza.

Figura 9 – Lançamento sem estrutura de dissipação. Fonte: Faria, 2009.

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Conclusões

O córrego Baliza encontra-se em uma área que foi intensamente explorada por atividade de mineração e que atualmente está sujeito as ações da urbanização acelerada, que se refletem nos impactos ambientais constatados no local.

Trata-se de uma área onde o contraste urbano e rural é expressivo. São identificadas pequenas propriedades rurais que exercem atividades agropastoris de subsistência, que fazem o uso da APP. Paralelos a estas propriedades estão os loteamentos com infra-estrutura precária.

O leito do córrego encontra-se encaixado em uma falha estrutural e é o destino de dez lançamentos de água pluvial dos setores adjacentes a sua área, mas que não possuem estrutura de dissipação, contribuindo, assim, para o processo de aceleração da degradação ambiental.

Trabalhos anteriores já haviam alertado para a necessidade de controle de ocupação e instalação de infra-estruturas adequadas ao meio físico. Espera-se que este trabalho somado aos anteriores forneça subsídios aos órgãos de planejamento e controle ambiental para melhor tratamento urbano da região.

Agradecimentos

À Gerência de Contenção e Recuperação de Erosões e Afins da Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia.

Referências Bibliográficas

CASSETI, Valter. Geomorfologia do município de Goiânia. Bol. Goiano Geografia., Ed.

CUNHA, Sandra Batista. da; Guerra, A. J. T. A Questão Ambiental: Diferentes Abordagens. 2ª edição. Rio de Janeiro; Editora Bertrand Brasil, 1998.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solo. Sistema brasileiro de classificação de solo: 4ª aproximação / Centro Nacional de Pesquisa do Solo – Rio de Janeiro, 1999. 169p.

FARIA, K.M.S de; ROMA, R.M.L; Cardoso, L. M.; ANJOS, C. A dos. Diagnóstico Ambiental da Sub- Bacia do Córrego Baliza – Goiânia (GO). IN: Edição Especial da Revista Geografia Ensino e Pesquisa, 12 (1). p.2408 a 2420. 2008.

GOIÂNIA. Lei Complementar Nº 171, de 29 de Maio de 2007. Dispõe sobre o Plano Diretor e o processo de planejamento urbano do Município de Goiânia e dá outras providências. Diário Oficial [Município de Goiânia], Goiânia. No. 4.147, 26 jun.2008.

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GOIÂNIA. Lei N°. 8617, de 09 de Janeiro de 2008. Dispõe sobre a regulamentação do controle das atividades não residenciais e dos parâmetros urbanísticos estabelecidos para a Macrozona Construída, conforme art. 72, da Lei Complementar n° 171, de 29 de maio de 2007 – Plano Diretor de Goiânia e dá outras providências. Diário Oficial [Município de Goiânia], Goiânia. No. 4.286, 17 Jan.2008.

NASCIMENTO, Maria Amélia S. do. Geomorfologia do estado de Goiás. Boletim Goiano de Geografia, Ed. UFG, Goiânia 12(1): 1-22. vol. 12 – Nº 1, 1992.

Referências

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