• Nenhum resultado encontrado

PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL. Via Académica

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL. Via Académica"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

PROVA ESCRITA

DE

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

33.º CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL PARA OS TRIBUNAIS JUDICIAIS

Via Académica

AVISO DE ABERTURA: AVISO N.º 320-A/2017, PUBLICADO NO D.R.

2.ª SÉRIE, N.º 05, DE 06 DE JANEIRO DE 2017

DATA: 04 DE MARÇO DE 2017

1.ª CHAMADA

HORA: 14H15M (

DE ACORDO COM O DISPOSTO NO ART .º 12.º DO

REGULAMENTO INTERNO DO CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS, O TEMPO DE DURAÇÃO DA PROVA INICIA-SE DECORRIDOS 15 MINUTOS APÓS A HORA

DESIGNADA

)

(2)

PROVAESCRITADE

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

Via Académica – 04 de março

1 - A presente prova é composta por DOIS grupos, ambos de resposta obrigatória.

2 - Cotações:

Grupo I - 14 valores.

Grupo ll - 6 valores (2 valores para cada questão).

3 - A atribuição da cotação máxima à resposta a cada questão pressupõe um tratamento

completo das várias questões suscitadas, que deverá ser coerente e corretamente

fundamentado, com indicação dos preceitos legais aplicáveis.

4 - Na cotação atribuída serão tidos em consideração a pertinência do conteúdo, a qualidade da

informação transmitida em relação à questão colocada, a organização da exposição, a

capacidade de argumentação e de síntese e o domínio da língua portuguesa.

5 - As/os candidatas/os que na realização da prova não pretendam utilizar a grafia do "Acordo

Ortográfico da Língua Portuguesa" (aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º

26/91 e ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 43/91, ambos de 23 de agosto),

deverão declará-lo expressamente no quadro "Observações" da folha de rosto que lhes será

entregue, escrevendo "Considero que o Acordo Ortográfico aprovado pela Resolução da

Assembleia da República n.º 26/91, não está em vigor com carácter de obrigatoriedade", sendo a

prova corrigida nesse pressuposto.

6 - Os erros ortográficos serão valorados negativamente: 0,25 por cada um, até um máximo de

3 valores, para o total da prova.

7 - As folhas em que a prova é redigida não podem conter qualquer elemento identificativo

da(o) candidata(o). A identificação constará apenas do destacável da folha de rosto, sob pena

de anulação da prova.

(3)

ARTE DE MARTE, Lda. (doravante apenas ARTE DE MARTE) é uma sociedade por quotas que tem por objeto a compra e venda de obras de arte, tendo como gerentes ANTÓNIO e BEATRIZ. No dia 14 de fevereiro de 2016, PETER deslocou-se às instalações da ARTE DE MARTE, em Lisboa, onde manteve uma longa conversa com o ANTÓNIO sobre arte sacra.

No decurso de tal conversa, PETER disse a ANTÓNIO que tinha conhecimento que no Museu de Arte Sacra da AASA - ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE SANTO ANTÓNIO, INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE SOLIDARIEDADE SOCIAL, pessoa coletiva de utilidade pública (doravante apenas AASA), em Lisboa, estavam expostas três estátuas de Santo António, do século XVIII, propriedade dessa associação, cada uma com o valor de 100.000 €, estando ele disposto a dar, a quem lhe entregasse as três, discretamente, como sublinhou, 50.000 €.

Nesse mesmo dia (14), ANTÓNIO encontrou casualmente CARLOS, seu colega de escola primária, ficando a saber que este era funcionário da AASA, como contabilista. Durante a conversa, ANTÓNIO, que pretendia fazer com que a ARTE DE MARTE saísse da difícil situação económica em que se encontrava, propôs a CARLOS um plano para retirarem do museu as três referidas estátuas, que depois ANTÓNIO venderia, entregando - nessa altura - 5.000 € em notas a CARLOS. Para isso, CARLOS teria de, no dia seguinte (15), ser o último a abandonar as instalações da AASA, deixar as três estátuas junto à porta, o sistema de alarme e videovigilância do museu desligado e a porta apenas encostada, sendo que, depois, ANTÓNIO arranjaria forma de, às 03h00, as dali retirar. CARLOS, que se considerava mal pago pela AASA, disse que o faria.

No dia 15, e conforme combinado com ANTÓNIO, CARLOS foi o último a abandonar as instalações da AASA, tendo - antes de sair - deixado as três estátuas junto à porta e o sistema de alarme e videovigilância do museu desligado. CARLOS deixou ainda a porta encostada. Ainda no dia 14, ANTÓNIO ordenou a DANIEL, motorista da ARTE DE MARTE, que se deslocasse às 03h00 (do dia 15), às instalações do Museu de Arte Sacra, que entrasse pela porta (que não estaria fechada) e que delas retirasse as três estátuas que estariam logo à entrada, levando-as depois para a sede da ARTE DE MARTE.

DANIEL, de imediato, retorquiu dizendo que aquilo “não lhe cheirava bem e que o patrão queria pô-lo a fazer serviço sujo”. ANTÓNIO disse-lhe – assertivamente - que aquilo era uma ordem e que, ou cumpria, ou seria despedido.

Ao final da tarde (do dia 14), não encontrando DANIEL, ANTÓNIO manuscreveu e deixou sobre a secretária daquele um bilhete com o seguinte teor: “NÃO TE ESQUEÇAS: 3 DA MANHÃ!”. Cerca das 02h00 (do dia 15), DANIEL, não obstante saber que aquelas estátuas eram da AASA, temendo ser despedido, decidiu fazer o que ANTÓNIO lhe dissera e, na sua carrinha, deslocou-se ao Mudeslocou-seu de Arte Sacra. Encontrou a porta encostada e, pelas 03h00, por aí entrou, vendo três estátuas junto à entrada. De imediato transportou uma delas para a carrinha. Tal estátua, porém, era apenas uma réplica da original (que havia sido mandada fazer na China para permanecer em exposição enquanto a original estava em restauro) e que, por isso, valia apenas 100 €, facto que não era conhecido de ANTÓNIO, PETER, CARLOS ou DANIEL.

Entretanto, CARLOS, que não conseguia dormir com remorsos pelo que fizera, ativou remotamente o sistema de alarme e videovigilância do museu e adormeceu tranquilo.

GRUPO I

(4)

Quando DANIEL voltou a entrar no museu, o alarme de imediato soou. Não o conseguindo silenciar, DANIEL correu para fora do museu sem levar as duas estátuas restantes, dirigindo-se às instalações da ARTE DE MARTE, onde deixou a estátua.

Na manhã seguinte, BEATRIZ viu a estátua no armazém, observou-a atentamente, reconheceu-a como uma das peças do Museu de Arte Sacra e, de imediato, pediu explicações ao seu irmão ANTÓNIO.

Este acabou por contar toda a verdade sobre tal peça a BEATRIZ e sobre a sua intenção de a vender a PETER. Surpreendentemente para ANTÓNIO, BEATRIZ disse-lhe que ele “fizera muito bem, pois a sociedade estava bem necessitada de dinheiro”, e que “fosse em frente com o plano”.

Depois de contactado telefonicamente por ANTÓNIO, PETER deslocou-se de imediato às instalações da ARTE DE MARTE, onde BEATRIZ, porque ANTÓNIO se ausentara temporariamente, lhe exibiu a estátua e lhe disse que por ela queria 20.000 €.

Maravilhado ao observar a obra de arte, PETER disse a BEATRIZ que, porque há muito sonhava com a estátua, ficaria com ela, de imediato lhe entregando 20.000 € em notas, sendo que, no meio de alguns dos maços, ele havia previamente inserido cem notas de 100 € e cem de 50 €, semelhantes às notas desses valores emitidas pelo Banco Central Europeu, mas, na realidade, resultantes de reprodução daquelas por meio de impressão policromática a laser, que o seu filho JOHN, de 16 anos de idade, havia feito com computador e impressora para brincar no carnaval e ele encontrara casualmente em casa nessa manhã. Nada de errado encontrando nas notas, BEATRIZ recebeu-as e entregou a estátua a PETER.

PETER levou a estátua consigo para casa. Quando a limpava, antes de a colocar exposta, viu na base da mesma uma gravação com os dizeres “Made in China”.

De imediato, furioso, PETER deslocou-se à Esquadra da Polícia de Segurança Pública mais próxima da sua residência e relatou ao agente EURICO, que o atendeu, que fora enganado por ANTÓNIO e BEATRIZ, da sociedade ARTE DE MARTE, na compra de uma estátua, que afinal era contrafeita.

Entretanto, ANTÓNIO descobriu que verdadeiramente só recebera 5.000 € de PETER e foi depositá-los na conta bancária da ARTE DE MARTE, deixando as demais notas sobre a sua secretária, num envelope fechado. Não entregou qualquer quantia a CARLOS, desistindo de o fazer.

Ao final da tarde, EURICO dirigiu-se às instalações da ARTE DE MARTE, onde encontrou apenas PAULA, que disse ser técnica de restauro da ARTE DE MARTE. EURICO identificou-se e perguntou-lhe se poderia “dar uma vista de olhos pelas instalações”, ao que PAULA respondeu “então a Polícia não há-de poder entrar?!”.

Sem mais, EURICO entrou no armazém e no escritório e encontrou, dentro de um envelope, as cem notas de 100 € e as cem de 50 € que ANTÓNIO deixara, bem como o bilhete que na véspera este escrevera a DANIEL (“NÃO TE ESQUEÇAS: 3 DA MANHÃ!”). Considerando-os prova relevante, levou as notas e o bilhete consigo.

Na Esquadra, não se apercebendo que as notas não eram do Banco Central Europeu, guardou-as consigo, decidido a utilizá-las para comprar um automóvel que pretendia. Elaborou um “Auto de Apreensão” (nele mencionando a apreensão apenas do bilhete) e um “Relatório” (onde descreveu o que PETER lhe contara, a sua deslocação às instalações da ARTE DE MARTE e a apreensão de um bilhete manuscrito). Depois, enviou esse relatório e o auto de apreensão ao seu superior hierárquico, o qual, por sua vez, os enviou ao Ministério Público.

(5)

Aprecie a responsabilidade dos diversos sujeitos identificados no texto à luz do Código Penal.

(6)

Caso 2

Responda às questões colocadas.

1 - Durante o inquérito, CARLOS foi detido e sujeito a primeiro interrogatório judicial.

No decurso desse ato, declarou que a sua namorada, TERESA, podia testemunhar no sentido de que ele estivera toda a noite em casa com ela e que, por isso, não podia ter cometido os factos que naquele momento lhe imputavam.

O advogado de CARLOS, invocando o disposto nos artigos 61.º, n.º 1, alínea g), e 340.º, n.º 1, do Código de Processo Penal, requereu a imediata inquirição de TERESA naquela diligência, informando que ela estava nas instalações do tribunal.

2. No julgamento, JOSÉ, mecânico de automóveis, uma das testemunhas inquiridas, referiu que, em finais de fevereiro de 2016, o arguido ANTÓNIO lhe pedira um orçamento para reparação da carrinha da empresa, dizendo que fora o seu empregado DANIEL que com ela batera, dias antes, quando ia fazer um serviço noturno a seu pedido.

ANTÓNIO, que no processo sempre recusara prestar declarações, recusou também responder às perguntas do tribunal sobre essa alegação.

3. Durante o inquérito, por autorização do juiz de instrução, foi realizada interceção e gravação das comunicações feitas pelo telefone de ANTÓNIO.

A única conversa que foi entendida por relevante e assim transcrita foi uma em que a mãe de ANTÓNIO, MARTA, lhe dizia: “Por que foste tu roubar a estátua, ANTÓNIO?!”.

No julgamento, MARTA recusou prestar depoimento invocando o disposto no artigo 134.º do Código de Processo Penal.

GRUPO II

Considere a situação factual descrita no Grupo I com os desenvolvimentos agora indicados.

(6 valores)

Qual deveria ser a decisão do juiz de instrução? (2 valores)

Pode o tribunal valorar estas declarações de JOSÉ? (2 valores)

Pode o tribunal valorar a referida transcrição de conversa telefónica?

Referências

Documentos relacionados

Assim sendo, da mesma forma que a emergência do feminismo associa-se ao surgimento de uma teoria feminista, como defende Marco Monteiro (2013, p.339), as implicações e

Os entrevistados responderam perguntas sobre preferências quanto aos atributos dos frutos no que diz respeito à cor (da casca e da polpa da banana madura), sabor

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

frugiperda com escamas a duração da fase larval , foi igual (Tabela 2) à encontrada por KATO (1996) oferecendo como presa ovos de A.. kuehniella e próxima do resultado obtido por

Os roedores (Rattus norvergicus, Rattus rattus e Mus musculus) são os principais responsáveis pela contaminação do ambiente por leptospiras, pois são portadores

Para alcançar as finalidades enunciadas na introdução deste documento, os responsáveis do Movimento dos Focolares em Portugal, criaram uma comissão, denominada Comissão para

A portaria designando os membros da Comissão Geral de Seleção, juntamente com as declarações de inexistência de impedimento e suspeição de cada membro dessa Comissão em função

The purpose of this study is to recognize and describe anatomical variations of the sphenoid sinus and the parasellar region, mainly describing the anatomy of