OS ORIXÁS
OS ORIXÁS
(2001) – Giramundo Teatro de Bonecos
(2001) – Giramundo Teatro de Bonecos
CENA I - NI IGBA KAN
CENA I - NI IGBA KAN
NARRADOR NARRADOR NI IGBA KAN NI IGBA KAN
Nada dormia, não havia a noite Nada dormia, não havia a noite Nada andava, não havia o dia Nada andava, não havia o dia Não havia água, não
Não havia água, não choviachovia Não havia fogo, nada queimava. Não havia fogo, nada queimava.
Pois o tudo era nada Pois o tudo era nada E o nada era nada E o nada era nada
Só Olodumaré dormia no nada Só Olodumaré dormia no nada Só Olodumaré dormia no nunca Só Olodumaré dormia no nunca
No nunca e no nada Olodum sonhava. No nunca e no nada Olodum sonhava.
Olodum sonhou. Olodum sonhou.
Olodum em 4 partes, o
Olodum em 4 partes, o mundo sonhou.mundo sonhou. Olokun, o mar.
Olokun, o mar. Orumilá, Ifá, o
Orumilá, Ifá, o destino.destino. Oduduá, a terra.
Oduduá, a terra. Obatalá, o céu. Obatalá, o céu.
Quatro colunas para Olodum se
Quatro colunas para Olodum se sentar.sentar. Olodum se senta no trono.
Olodum se senta no trono.
Vê o corpo de Olokun infinito horizonte. Vê o corpo de Olokun infinito horizonte. Água d'água, água-oceano sem fim. Água d'água, água-oceano sem fim. Olodum chama Obatalá.
Olodum chama Obatalá. Chama Obatalá de Oxalá. Chama Obatalá de Oxalá. Êpa Babá, Oxalá
Êpa Babá, Oxalá
Oxalá dono da coisa sagrada. Oxalá dono da coisa sagrada.
Ele dá a quem tem e toma de quem não tem. Ele dá a quem tem e toma de quem não tem. Ele dorme na casa e
Ele dorme na casa e escora a porta com chumbo.escora a porta com chumbo. Oxalá, guerreiro cuja barba embeleza a
Oxalá, guerreiro cuja barba embeleza a boca.boca. Homem belo como a folha do egberi.
Homem belo como a folha do egberi. Orixá Okô que mata egum e come. Orixá Okô que mata egum e come. Pega a árvore e engole.
Pega a árvore e engole. Obatalá pai de Xangô. Obatalá pai de Xangô. Obatalá pai de Orumilá. Obatalá pai de Orumilá.
Ele come mel, come com doçura. Ele come mel, come com doçura.
Ele apaga a lâmpada e ilumina com o fogo de seus olhos fulgurantes. Ele apaga a lâmpada e ilumina com o fogo de seus olhos fulgurantes. Êpa Babá, Oxalá.
Êpa Babá, Oxalá.
Olodumaré pede para Oxalá criar o mundo. Olodumaré pede para Oxalá criar o mundo. E dá pra
E dá pra Oxalá o saco da criação.Oxalá o saco da criação. Dentro do saco tem um pozinho. Dentro do saco tem um pozinho. Será terra?
CENA II - EXU
CENA II - EXU
NARRADORA NARRADORA
Oxalá devia cumprir obrigação. Oxalá devia cumprir obrigação. Para ir além do Além, Orum. Para ir além do Além, Orum. Pôs-se a caminhar.
Pôs-se a caminhar.
E encontrou Exu, guardião do Portal de Orum. E encontrou Exu, guardião do Portal de Orum. Exu nascido ainda não tinha.
Exu nascido ainda não tinha. Mas teimoso já exigia.
Mas teimoso já exigia. Pagamento na portaria. Pagamento na portaria.
CANTIGA 1: GANGARA PENSOÊ CANTIGA 1: GANGARA PENSOÊ
CANTIGA DE EXU CANTIGA DE EXU Ungira gira mavambu, Ungira gira mavambu,
Coro responde Coro responde Gangara pensoê, Gangara pensoê, Gangara pensoê, Gangara pensoê, Gangara pensoâ, Gangara pensoâ, Ungira gira mavambu, Ungira gira mavambu,
Gangara pensoê. Gangara pensoê. EXU
EXU
Êpa Babá, Oxalá. Êpa Babá, Oxalá. O que me trazes aí. O que me trazes aí.
Para ir daqui. Pro lado de lá? Para ir daqui. Pro lado de lá? NARRADOR
NARRADOR
Mas Obatalá, altivo e orgulhoso. Mas Obatalá, altivo e orgulhoso.
Não respondeu e passou direto pelo Portal de Orum. Não respondeu e passou direto pelo Portal de Orum.
EXU EXU
Ah, meu pai. Ah, meu pai.
Deserto ainda não há. Deserto ainda não há. Mas de sede, já morreu. Mas de sede, já morreu.
E Oxalá mais sede que o deserto terá. E Oxalá mais sede que o deserto terá. NARRADOR
NARRADOR
Oxalá, sedento, vê um pote de vinho de palma. Oxalá, sedento, vê um pote de vinho de palma. Seiva pura e refrescante do pé de dendê.
Seiva pura e refrescante do pé de dendê. EXU
EXU
Que tal um bocadinho? Que tal um bocadinho?
Bebe, bebe pra sede de Oxalá. Bebe, bebe pra sede de Oxalá. Ir-se embora e nunca mais
Ir-se embora e nunca mais voltar.voltar. NARRADOR
NARRADOR
Bebe um cuité de vinho. Bebe um cuité de vinho. Bebe outro cuité de vinho. Bebe outro cuité de vinho.
Bebe mais um cuité de vinho. Bebe mais um cuité de vinho. Oxalá tem sono.
Oxalá tem sono. EXU
EXU
Só mais um
Só mais um cuitézincuitézinho só...ho só... Oxalá tem sono.
Oxalá tem sono. Oxalá dorme. Oxalá dorme.
Oxalá voltou pro nada. Oxalá voltou pro nada. Oxalá saltou da mão. Oxalá saltou da mão. O saco da criação. O saco da criação. Hahahahaha! Hahahahaha! NARRADOR NARRADOR
Que tal o vinho, Oxalá? Que tal o vinho, Oxalá? Cadê o vinho, Oxalá? Cadê o vinho, Oxalá? Que te fez o vinho, Oxalá? Que te fez o vinho, Oxalá?
Tuas pálpebras pesam pedras, Oxalá. Tuas pálpebras pesam pedras, Oxalá. Tua boca abre e boceja.
Tua boca abre e boceja. Oxalá dorme.
Oxalá dorme.
CENA III – ODUDUÁ
CENA III – ODUDUÁ
NARRADORA NARRADORA
Das vagas ondas do nada. Das vagas ondas do nada. Vem que vem vindo Oduduá. Vem que vem vindo Oduduá.
Vem nas ondas do nada que um dia será mar. Vem nas ondas do nada que um dia será mar. Vem pé ante pé.
Vem pé ante pé. Não acorda Oxalá. Não acorda Oxalá.
Pisa, pisa, pisá. Pisa, pisa, pisá. Não pisa em Oxalá. Não pisa em Oxalá.
NARRADOR NARRADOR Oduduá semeia. Oduduá semeia. A semente da criação. A semente da criação. Vai jogando um pozinho. Vai jogando um pozinho. Nas águas de Olokun. Nas águas de Olokun.
Será terra? Será terra?
E nas águas vão se
E nas águas vão se formando.formando. Montinhos de terra.
Montinhos de terra. Oduduá coloca então. Oduduá coloca então. Uma galinha para ciscar. Uma galinha para ciscar. E esparramar a terra. E esparramar a terra. Será terra? Será terra? Aqui e ali. Aqui e ali. Um morro aqui. Um
Um morro aqui. Um riozinho ali.riozinho ali. Um lago. Um lago. E lá adiante. E lá adiante. Uma cidade. Uma cidade.
Onde Okó, o homem. Onde Okó, o homem. Um dia há de morar. Um dia há de morar.
Oduduá muito contente. Oduduá muito contente. Sai para passear.
Sai para passear.
E conhecer Ile-Aiyê, a Terra, E conhecer Ile-Aiyê, a Terra, Aganju, a terra firme,
Aganju, a terra firme, Olokun, a Água, Olokun, a Água, E Ojo Orum, o Céu. E Ojo Orum, o Céu. Cheio de estrelas e de Ar. Cheio de estrelas e de Ar. E o Fogo de
E o Fogo de derreter e esquentar.derreter e esquentar.
CANTIGA 2: MONAÊ LEMBÊ OXALÁ CANTIGA 2: MONAÊ LEMBÊ OXALÁ
CANTIGA DE OXALÁ CANTIGA DE OXALÁ
Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá
Coro responde Coro responde Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá
Coro responde Coro responde Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá Monaê lembê Oxalá
CENA IV - OKIKISHI E IYÊ
CENA IV - OKIKISHI E IYÊ
OXALÁ OXALÁ
Olodumaré, meu pai. Olodumaré, meu pai.
Onde o saco da criação está? Onde o saco da criação está? VOZ:
VOZ:
Debaixo do pote estará? Debaixo do pote estará? OXALÁ
OXALÁ
Olodumaré, meu pai. Olodumaré, meu pai.
Onde o saco da criação está? Onde o saco da criação está? VOZ:
VOZ:
Debaixo da tampa do pote estará? Debaixo da tampa do pote estará? OXALÁ
OXALÁ
Olodumaré, meu pai. Olodumaré, meu pai.
Onde o saco da criação está? Onde o saco da criação está? VOZ
VOZ
Debaixo do cuité estará? Debaixo do cuité estará?
OXALÁ OXALÁ Não, não está. Não, não está.
Na história da História ninguém de mim falará. Na história da História ninguém de mim falará. O mundo está pronto pronto o que falta faltar? O mundo está pronto pronto o que falta faltar? VOZ:
VOZ:
Falta Okikishi
Falta Okikishi, o , o sal da Terra, que chamarão: o Homem.sal da Terra, que chamarão: o Homem. Falta Iyê, a vida, que chamarão: Mulher.
Falta Iyê, a vida, que chamarão: Mulher. Pega então desta argila que te doou. Pega então desta argila que te doou. E modela o corpo de
E modela o corpo de Okurin e Obinrin.Okurin e Obinrin. E no calor do
E no calor do fogo. Ponha os dois para secar.fogo. Ponha os dois para secar. NARRADOR
NARRADOR
Oxalá dá forma ao barro. Oxalá dá forma ao barro. E põe para queimar. E põe para queimar.
Mas um queima demais, É preto. Mas um queima demais, É preto. Outro queima pouco, É branco. Outro queima pouco, É branco.
Orungã, o Vento, vem ver o que faz Oxalá. Orungã, o Vento, vem ver o que faz Oxalá. Venta, venta, venta.
Venta, venta, venta. Esfria e racha o barro. Esfria e racha o barro. E assim nasce a mulher. E assim nasce a mulher. MULHER
MULHER O Ko Arô,
O Ko Arô, Okirin Alaya'MiOkirin Alaya'Mi HOMEM
HOMEM
O Ko Arô, Iawô Mi. O Ko Arô, Iawô Mi.
CANTIGA 3: NANÃ BULAIÔ CANTIGA 3: NANÃ BULAIÔ
CANTIGA DE NANÃ CANTIGA DE NANÃ Ô Nanã abulaiô Ô Nanã abulaiô Que pembê Que pembê Iaiá ô que pembê Iaiá ô que pembê
Aruê orerê Aruê orerê Iaiá ô que pembê Iaiá ô que pembê Coro responde Coro responde Ô Nanã abulaiô Ô Nanã abulaiô Que pembê Que pembê Iaiá ô que pembê Iaiá ô que pembê
Aruê orerê Aruê orerê Iaiá ô que pembê Iaiá ô que pembê Ô Nanã abulaiô Ô Nanã abulaiô
Que pembê Que pembê Iaiá ô que pembê Iaiá ô que pembê
Aruê orerê Aruê orerê Iaiá ô que pembê Iaiá ô que pembê
CENA V - NANÃ
CENA V - NANÃ
NARRADORA NARRADORA
Salubá, Nanã Buruquê. Salubá, Nanã Buruquê. Mãe das águas paradas! Mãe das águas paradas!
Mãe dos lagos, mãe dos pântanos! Mãe dos lagos, mãe dos pântanos! Poderosa, entra na cidade
Poderosa, entra na cidade Sem dançar.
Sem dançar.
Quem tem um frango não Quem tem um frango não O depena vivo.
O depena vivo. Ela entra n'água, Ela entra n'água,
Os peixes não se assustam. Os peixes não se assustam. Ah, Nanã, muita chuva faz Ah, Nanã, muita chuva faz A canoa virar.
A canoa virar.
O trovão não fala como O trovão não fala como O farfalhar da
O farfalhar da palmeira.palmeira. Ela mata o carneiro Ela mata o carneiro Sem usar faca. Sem usar faca.
Foi Nanã que deu a Oxalá o barro para fazer o Homem. Foi Nanã que deu a Oxalá o barro para fazer o Homem. Quando a alma do homem se
Quando a alma do homem se for,for, Nanã pede o barro de
Nanã pede o barro de volta.volta. NARRADORA
NARRADORA
Nanã Buruquê domina o Egum, Nanã Buruquê domina o Egum,
Egum espírito do morto que morreu Egum espírito do morto que morreu E não foi pra
E não foi pra lugar nenhum.lugar nenhum. OXALÁ
OXALÁ
Salubá, Nanã Buruquê. Salubá, Nanã Buruquê. Que poder eu vejo! Que poder eu vejo!
Eis aqui Oxalá teu esposo, Nanã vai querer? Eis aqui Oxalá teu esposo, Nanã vai querer? Oxalá quer dividir tudo com Nanã.
Oxalá quer dividir tudo com Nanã.
Nanã divide seu poder com teu esposo Oxalá? Nanã divide seu poder com teu esposo Oxalá?
NANÃ: NANÃ:
Oxalá tem tudo de Nanã. Oxalá tem tudo de Nanã. Meu jovem Okirin.
Meu jovem Okirin. Mas o poder sobre
Mas o poder sobre Egum Egum.Egum Egum. Vem deles, não vem de mim. Vem deles, não vem de mim.
CANTIGA 4: ME DÂ TUA FORÇA CANTIGA 4: ME DÂ TUA FORÇA
CANTIGA DE NANÃ CANTIGA DE NANÃ Me dá tua força Me dá tua força Nanã Nanã Me dá o teu Ibiri Me dá o teu Ibiri
Nanã Nanã
Teu bento cajado Teu bento cajado
Nanã Nanã
Teu Egum domado Teu Egum domado
Coro responde Coro responde Me dá tua força Me dá tua força Nanã Nanã Me dá o teu Ibiri Me dá o teu Ibiri Nanã Nanã
Teu bento cajado Teu bento cajado
Nanã Nanã
Teu Egum domado Teu Egum domado
CENA VI - EGUN
CENA VI - EGUN
OXALÁ OXALÁ
Egum, egum, egum. Egum, egum, egum.
Aqui, aqui, aqui ao pé de Oxalá! Aqui, aqui, aqui ao pé de Oxalá! Egum, egum, egum.
Egum, egum, egum.
Aqui, aqui, aqui ao pé de Oxalá! Aqui, aqui, aqui ao pé de Oxalá! NARRADOR:
NARRADOR:
Oxalá ficou sem o poder sobre os eguns. Oxalá ficou sem o poder sobre os eguns.
Descuidou do casamento e não deu a Nanã o filho que prometeu. Descuidou do casamento e não deu a Nanã o filho que prometeu. NANÃ: NANÃ: Vinho de palma Vinho de palma E cento e um caramujinhos E cento e um caramujinhos
E um filho de Oxalá Este feitiço vai me dar. E um filho de Oxalá Este feitiço vai me dar. OXALÁ:
OXALÁ:
Este jardim de eguns está Este jardim de eguns está Cheirando morte e podridão Cheirando morte e podridão O vinho aquece o coração O vinho aquece o coração Deste magoado Oxalá. Deste magoado Oxalá. Nanã, Nanã, Nanã. Nanã, Nanã, Nanã.
CENA VII - OBALUAIÊ
CENA VII - OBALUAIÊ
NARRADOR NARRADOR
O feitiço fez seu efeito O feitiço fez seu efeito
Mas por causa dele o filho de Nanã. (que tantos filhos dos outros fez nascer) Mas por causa dele o filho de Nanã. (que tantos filhos dos outros fez nascer) Nasceu feio, deformado, torto.
Nasceu feio, deformado, torto. Nanã, desesperada, atira-o no mar. Nanã, desesperada, atira-o no mar.
Seu nome: Obaluaiê. Seu nome: Obaluaiê. CASAL
NARRADOR NARRADOR Um corpo em
Um corpo em chagas. Estraçalhchagas. Estraçalhadoado Mãos feridas. Pés furados
Mãos feridas. Pés furados
Olhos de sangue. Braços, pernas.
Olhos de sangue. Braços, pernas. Corpo cortadosCorpo cortados O coração Mais que tudo
O coração Mais que tudo Dilacerado
Dilacerado
Obaluaiê, ferido na alma, Obaluaiê, ferido na alma,
Tem vergonha de mostrar seu corpo. Tem vergonha de mostrar seu corpo.
Mas Okirin e Iawô teceram para ele um manto de palha da costa chamado ganzé e com ele Mas Okirin e Iawô teceram para ele um manto de palha da costa chamado ganzé e com ele Obaluaiê se cobriu e assim saiu da noite onde se escondeu. Tomou do Xaxará e saiu pelo Obaluaiê se cobriu e assim saiu da noite onde se escondeu. Tomou do Xaxará e saiu pelo mundo com a missão de curar os enfermos e debelar as epidemias pelo resto das eras, épocas mundo com a missão de curar os enfermos e debelar as epidemias pelo resto das eras, épocas e tempos.
e tempos.
CANTIGA 5: MARÉ TÁ CHEIA CANTIGA 5: MARÉ TÁ CHEIA
CANTIGA DE OBALUAÊ CANTIGA DE OBALUAÊ Maré tá cheia Maré tá cheia Nanã Nanã Venha me passar Venha me passar Quando eu morrer Quando eu morrer Obaluaiê Obaluaiê Coro responde Coro responde Venha me salvar Venha me salvar Maré tá cheia Maré tá cheia Nanã Nanã Venha me passar Venha me passar Quando eu morrer Quando eu morrer Obaluaiê Obaluaiê Venha me salvar Venha me salvar Ô Nanã Ô Nanã Venha me valer Venha me valer Nanã Nanã Coro responde Coro responde Ô Nanã Ô Nanã Venha me valer Venha me valer Nanã Nanã Ô Nanã Ô Nanã Venha me valer Venha me valer Nanã Nanã Coro responde Coro responde Ô Nanã Ô Nanã Venha me valer Venha me valer
Nanã Nanã
Quem tá te chamando Nanã Quem tá te chamando Nanã
É o teu filho É o teu filho Nanã Nanã Obaluaiê Obaluaiê Nanã Nanã Coro responde Coro responde
Quem tá te chamando Nanã Quem tá te chamando Nanã
É o teu filho É o teu filho Nanã Nanã Obaluaiê Obaluaiê Nanã Nanã
CENA VIII - IEMANJÁ
CENA VIII - IEMANJÁ
NARRADOR NARRADOR
Com a benção de Orumilá Com a benção de Orumilá Obatalá, o Céu
Obatalá, o Céu
E Oduduá, a Terra, se
E Oduduá, a Terra, se casaramcasaram
Daí nasceram Iemanjá, Rainha do Mar Daí nasceram Iemanjá, Rainha do Mar E Aganju, Senhor da Terra Firme
E Aganju, Senhor da Terra Firme Obatalá está contente
Obatalá está contente Oduduá está contente. Oduduá está contente.
Só o silêncio não está contente pois precisa ir embora. Só o silêncio não está contente pois precisa ir embora. Por isso Obatalá e Oduduá
Por isso Obatalá e Oduduá
Resolveram comemorar com uma festa Resolveram comemorar com uma festa O nascimento de Aganju e Iemanjá O nascimento de Aganju e Iemanjá E mudaram três
E mudaram três jovens cantores,jovens cantores, Run, Rumpi e Lê, Run, Rumpi e Lê, Em atabaques: Em atabaques: Run, Rumpi e Lê Run, Rumpi e Lê
E ordenaram às peles deles que saudassem a chegada de Iemanjá. E ordenaram às peles deles que saudassem a chegada de Iemanjá.
CANTIGA 6: IEMANJÁ CANTIGA 6: IEMANJÁ Iê, Iemanjá Iê, Iemanjá Coro responde Coro responde Iê, Iemanjá Iê, Iemanjá Rainha das ondas Rainha das ondas Sereia do mar Sereia do mar Coro responde Coro responde Rainha das ondas Rainha das ondas Sereia do mar Sereia do mar
Mãe D’Água o seu canto é bonito Mãe D’Água o seu canto é bonito
Coro responde Coro responde
Mãe D’Água o seu canto é bonito Mãe D’Água o seu canto é bonito
É bonito o canto de Iemanjá É bonito o canto de Iemanjá
Coro responde Coro responde
É bonito o canto de Iemanjá É bonito o canto de Iemanjá Faz até o pescador chorar Faz até o pescador chorar
Coro responde Coro responde Faz até o pescador chorar Faz até o pescador chorar Quem ouvir a Mãe D’Água cantar Quem ouvir a Mãe D’Água cantar
Vai com ela pro fundo do mar Vai com ela pro fundo do mar
Coro responde Coro responde
Quem ouvir a Mãe D’Água cantar Quem ouvir a Mãe D’Água cantar
Vai com ela pro fundo do mar Vai com ela pro fundo do mar Vai com ela pro fundo do mar Vai com ela pro fundo do mar
Iemanjá Iemanjá Coro responde Coro responde Iê, Iemanjá Iê, Iemanjá Iê, Iemanjá Iê, Iemanjá Rainha das ondas Rainha das ondas Sereia do mar Sereia do mar Coro responde Coro responde Rainha das ondas Rainha das ondas Sereia do mar Sereia do mar
Mãe D’Água o seu canto é bonito Mãe D’Água o seu canto é bonito
É bonito o canto de Iemanjá É bonito o canto de Iemanjá NARRADOR
NARRADOR Odó Iyá! Iemanjá. Odó Iyá! Iemanjá.
Rainha das águas profundas Rainha das águas profundas Mãe que tem os seios úmidos Mãe que tem os seios úmidos
Iemanjá, descontente arruína as pontes Iemanjá, descontente arruína as pontes Ela cura como um médico
Ela cura como um médico
Ela sai do rio como um arco-íris Ela sai do rio como um arco-íris Odó Iyá! Iemanjá.
CENA IX - ORUNGÃ
CENA IX - ORUNGÃ
CANTIGA 7: CORRENTES DE OURO CANTIGA 7: CORRENTES DE OURO
Correntes de ouro Correntes de ouro Mas também tem laço de fita Mas também tem laço de fita
Coro responde Coro responde Correntes de ouro Correntes de ouro Mas também tem laço de fita Mas também tem laço de fita
Para a Dona Janaína Para a Dona Janaína Qu’ela é a moça bonita Qu’ela é a moça bonita
Coro responde Coro responde Para a Dona Janaína Para a Dona Janaína Qu’ela é a moça bonita Qu’ela é a moça bonita NARRADORA
NARRADORA
Orungã, o Vento é filho de Iemanjá com seu irmão Aganju Orungã, o Vento é filho de Iemanjá com seu irmão Aganju O coração de Orungã bate forte por
O coração de Orungã bate forte por Iemanjá.Iemanjá.
Orungã, Orungã, não te lembras que tua vida nasceu de
Orungã, Orungã, não te lembras que tua vida nasceu de Iemanjá?Iemanjá? Iemanjá não pode receber em seu ventre a
Iemanjá não pode receber em seu ventre a semente de Orungã.semente de Orungã.
CENA X - ASSENTAMENTOS
CENA X - ASSENTAMENTOS
NARRADOR NARRADOR Mãe das águas! Mãe das águas! Iemanjá
Iemanjá
De teus seios doridos De teus seios doridos Jorram rios de
Jorram rios de cristal,cristal, Iemanjá
Iemanjá
Fontes entre pedras Fontes entre pedras Lagos adormecidos Lagos adormecidos Mares, marés móveis Mares, marés móveis Iemanjá
Iemanjá
Mãe das águas e dos
Mãe das águas e dos orixásorixás De seu ventre fendido De seu ventre fendido
Nascem pés e mãos do Universo Nascem pés e mãos do Universo
De teu ventre fendido De teu ventre fendido
Nascem cabeça, tronco, tripa e coração Nascem cabeça, tronco, tripa e coração
Do Universo Do Universo
Do teu ventre fendido Do teu ventre fendido Nascem o sopro que cura Nascem o sopro que cura
A água que limpa A água que limpa O fogo que aquece O fogo que aquece A terra que devora e
A terra que devora e esqueceesquece Iemanjá.
Iemanjá. VOZ:
CENA XI- EXU EXIGE EBÓ
CENA XI- EXU EXIGE EBÓ
CANTIGA 8: CANTIGA DE EXU CANTIGA 8: CANTIGA DE EXU
Na terra de Virgem Santa Na terra de Virgem Santa
Exu também é pai Exu também é pai Coro responde Coro responde Na terra de Virgem Santa Na terra de Virgem Santa
Exu também é pai Exu também é pai
Segura seus filhos na giroganga Segura seus filhos na giroganga
Filhos de pemba não cai Filhos de pemba não cai
Coro responde Coro responde
Segura seus filhos na giroganga Segura seus filhos na giroganga
Filhos de pemba não cai Filhos de pemba não cai
(BIS) (BIS) IALORIXÁ
IALORIXÁ
Andando pra Aruanda, Okurin? Andando pra Aruanda, Okurin? Estás no Reino de Elegbára, Obinrin. Estás no Reino de Elegbára, Obinrin. Cadê o Ebó? Cadê o Ebó? OKURIN OKURIN Ebó? Ebó? IALORIXÁ IALORIXÁ
Ebó pra Exu Elegbára. Ebó pra Exu Elegbára. Exu exige ebó.
Exu exige ebó.
Cachaça, charuto, vela preta. Cachaça, charuto, vela preta. OBINRIN OBINRIN Vela preta ? Vela preta ? OKURIN OKURIN
Não temos nada. Não temos nada.
Uma casa Uma casa Um pasto Um pasto
Um monjolo vamos fazer. Um monjolo vamos fazer. OBINRIN OBINRIN Um fogão, um tanque. Um fogão, um tanque. Uma gamela. Uma gamela. Um pote. Um pote.
Uma tigela vamos fazer. Uma tigela vamos fazer. OKURIN OKURIN Uma porta Uma porta Uma janela Uma janela Uma rede Uma rede
Uma tramela Uma tramela Um quarto escuro Um quarto escuro Vamos fazer. Vamos fazer. OBINRIN OBINRIN Um berço Um berço Um terço Um terço Uma bola Uma bola Um quintal Um quintal Vamos fazer. Vamos fazer. IALORIXÁ IALORIXÁ Um ebó Um ebó Dois ebó Dois ebó Três ebó Três ebó Vamos fazer. Vamos fazer. NARRADOR NARRADOR
Senhor das Encruzilhadas Senhor das Encruzilhadas
Tranca Rua, Exu Caveira, Exu Tiriri, Exu Giramundo, Exu Marabô, Obá, Bará, Elegbara, Tranca Rua, Exu Caveira, Exu Tiriri, Exu Giramundo, Exu Marabô, Obá, Bará, Elegbara, Laroiê, Exu!
Laroiê, Exu!
CANTIGA 9: CADÊ GIRAMUNDO PEMBA CANTIGA 9: CADÊ GIRAMUNDO PEMBA
CANTIGA DE EXU CANTIGA DE EXU Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba
Coro responde Coro responde
Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba
Tá no terreiro pemba Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba Com seus cambonos, pemba
Coro responde Coro responde Tá no terreiro pemba Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba Com seus cambonos, pemba O veado no mato é corredor O veado no mato é corredor Cadê o meu mano caçador Cadê o meu mano caçador
Coro responde Coro responde
O veado no mato é corredor O veado no mato é corredor Cadê o meu mano caçador Cadê o meu mano caçador Cadê meu caboclo Ventania Cadê meu caboclo Ventania Este caboclo é nosso guia. Este caboclo é nosso guia.
Coro responde Coro responde
Cadê meu caboclo Ventania Cadê meu caboclo Ventania Este caboclo é nosso guia. Este caboclo é nosso guia.
Exu sai rindo, às gargalhadas. Exu sai rindo, às gargalhadas.
OBINRIN OBINRIN Você viu? Você viu? OKURIN OKURIN Vi e você? Vi e você? OBINRIN OBINRIN Elegante senhor. Elegante senhor. OKURIN OKURIN Belo chapéu. Belo chapéu. OBINRIN OBINRIN É ... É ... OKURIN OKURIN Branco. Branco. OBINRIN OBINRIN Vermelho. Vermelho. OKURIN OKURIN
Belo chapéu branco. Belo chapéu branco. OBINRIN
OBINRIN
Belo chapéu vermelho. Belo chapéu vermelho. OKURIN
OKURIN
O chapéu era branco. O chapéu era branco. OBINRIN:
OBINRIN:
O chapéu era vermelho. O chapéu era vermelho. OKURIN:
OKURIN:
Você não viu direito. Era branco. Você não viu direito. Era branco. OBINRIN
OBINRIN
Quem não enxerga direito é você. Era
Quem não enxerga direito é você. Era vermelho.vermelho. OKURIN
OKURIN Cega! Cega!
OBINRIN:
OBINRIN: Vesgo!Vesgo! OKURIN
OKURIN Caolha! Caolha!
OBINRIN OBINRIN Topeira! Topeira! OKURIN OKURIN Idiota. Idiota. OBINRIN OBINRIN
Não encosta a mão em mim,
Não encosta a mão em mim, tarado!tarado! OKURIN OKURIN Histérica! Histérica! OBINRIN OBINRIN
Suma da minha frente. Suma da minha frente. OKURIN
OKURIN
Desapareça da minha vista. Desapareça da minha vista. OBINRIN OBINRIN Okirin! Okirin! OKURIN OKURIN Obinrin! Obinrin! OBINRIN OBINRIN Okirin mi. Okirin mi. OKURIN OKURIN Obinrin mi. Obinrin mi. OBINRIN OBINRIN Oré mi. Oré mi. OKURIN OKURIN Iawô mi. Iawô mi. NARRADOR NARRADOR
Exu matou um pássaro ontem com a
Exu matou um pássaro ontem com a pedra que atirou hoje.pedra que atirou hoje. Laroiê, Exu!
Laroiê, Exu!
Exu faz erro virar acerto,
Exu faz erro virar acerto, acerto virar erro.acerto virar erro. Eh! Exu!
Eh! Exu!
Exu carrega azeite na peneira. Exu carrega azeite na peneira. Eh! Exu!
Eh! Exu!
Exu quando está com raiva assenta na pele da formiga. Exu quando está com raiva assenta na pele da formiga. Eh! Exu!
Eh! Exu!
Exu quando assenta bate com a cabeça no teto. Exu quando assenta bate com a cabeça no teto. Eh! Exu!
Eh! Exu!
Exu quando levanta não alcança o cano da botina. Exu quando levanta não alcança o cano da botina. Eh! Exu!
NARRADOR
NARRADOR Exu sumiu, sumiu na poeira da estrada.Exu sumiu, sumiu na poeira da estrada. Foi contar o caso pro
Foi contar o caso pro seu irmão Ogum.seu irmão Ogum.
CENA XII - OGUM E OKUNRIN
CENA XII - OGUM E OKUNRIN
OKURIN OKURIN Ai ai ai! Ai ai ai! Ai que fome. Ai que fome.
Meu estômago é uma caixa vazia. Meu estômago é uma caixa vazia. Onde rola uma pedra dentro, ai. Onde rola uma pedra dentro, ai. Ai como me doem
Ai como me doem as pernas.as pernas.
Ai, e os pés? Ai, como me doem os pés. Ai, e os pés? Ai, como me doem os pés. Ai, a boca seca.
Ai, a boca seca. Ai, a língua grossa. Ai, a língua grossa. Ai, a língua?
Ai, a língua?
Ai, minha língua está rachando. Ai, minha língua está rachando. Tenho sede!
Tenho sede!
Não tenho nada que me cubra os ossos! Não tenho nada que me cubra os ossos! Nada que me cubra a cabeça!
Nada que me cubra a cabeça!
A cabeça? Leva chuva, leva sol, minha cabeça, ai. A cabeça? Leva chuva, leva sol, minha cabeça, ai. Uma esteira, alguém aí!
Uma esteira, alguém aí! Durmo no meio de
Durmo no meio de pedras e aranhas.pedras e aranhas. Durmo? Não durmo. Fico acordado. Durmo? Não durmo. Fico acordado. Aranhas e escorpiões, ai.
Aranhas e escorpiões, ai. Estou perdido nas trevas. Estou perdido nas trevas. Quero luz! luz! luz! Quero luz! luz! luz! OGUM
OGUM
Queres luz, meu filho? Queres luz, meu filho? OKURIN
OKURIN
Quero, quero, quero sim. Quero, quero, quero sim. OGUM
OGUM
Então pare de
Então pare de choramingachoramingar, r, humanozinhhumanozinho.o. OKURIN
OKURIN Ai, ai, ai. Ai, ai, ai. OGUM OGUM Pare de se
Pare de se lamentalamentar, mortalzinho.r, mortalzinho. OKURIN
OKURIN
Sim senhor. Sim senhor. Sim senhor. Sim senhor. OGUM
OGUM
Quem te enfiou nesta cabeça oca que tu, Quem te enfiou nesta cabeça oca que tu,
Mortalzin
Mortalzinho preto, ho preto, mereces alcançar a luz?mereces alcançar a luz? OKURIN:
OKURIN: Ah !... eu... é...a
Ah !... eu... é...a fome, tenho fome.fome, tenho fome. OGUM
OGUM
Eu também tenho fome. Eu também tenho fome. Venho de mais de cem
Venho de mais de cem guerras e de cem batalhas em cada guerra.guerras e de cem batalhas em cada guerra. Tenho fome. Tenho sede.
Tenho fome. Tenho sede.
Sou Ogum, que tem água , mas se lava com sangue. Sou Ogum, que tem água , mas se lava com sangue. Ogum comedor de cachorro.
Ogum comedor de cachorro. Ogum que se morde a
Ogum que se morde a si mesmo sem piedade.si mesmo sem piedade.
Ogum que mata o ladrão, e o dono da casa roubada. Ogum que mata o ladrão, e o dono da casa roubada. Ogum que mata quem vende e
Ogum que mata quem vende e quem compra um saco de vento.quem compra um saco de vento. NARRADOR NARRADOR Ogum ê! Ogum ê! OKURIN OKURIN Ai! Ai!
CANTIGA 10: OGUM E SUA BANDEIRA CANTIGA 10: OGUM E SUA BANDEIRA
CANTIGA DE OGUM CANTIGA DE OGUM Ogum, olha a sua bandeira Ogum, olha a sua bandeira
Como ela é branca, verde e encarnada Como ela é branca, verde e encarnada
Coro responde Coro responde Ogum, olha a sua bandeira Ogum, olha a sua bandeira
Como ela é branca, verde e encarnada Como ela é branca, verde e encarnada
Ogum nos campos de batalha Ogum nos campos de batalha
Ele venceu a guerra Ele venceu a guerra E não perdeu
E não perdeu soldadossoldados Coro responde Coro responde
Ogum nos campos de batalha Ogum nos campos de batalha
Ele venceu a guerra Ele venceu a guerra E não perdeu
E não perdeu soldadossoldados Bandeira branca de Ogum Bandeira branca de Ogum Está inçada lá no Humaitá Está inçada lá no Humaitá
Coro responde Coro responde Bandeira branca de Ogum Bandeira branca de Ogum Está inçada lá no Humaitá Está inçada lá no Humaitá E representa general de Umbanda E representa general de Umbanda
Ogum venceu demanda Ogum venceu demanda
Vamos todos saravá Vamos todos saravá
Coro responde Coro responde
E representa general de Umbanda E representa general de Umbanda
Ogum venceu demanda Ogum venceu demanda
Vamos todos saravá Vamos todos saravá OGUM
OGUM
Hora de matar a
Hora de matar a fome, mortalzinhfome, mortalzinho.o. Quero gente da terra aqui.
Quero gente da terra aqui. Vocês dois, vem cá, vem cá! Vocês dois, vem cá, vem cá! Estou no Reino de Irê?
Estou no Reino de Irê?
Falem. Estou no Reino de Irê? Falem. Estou no Reino de Irê? Tenho de comer.
Tenho de comer.
Estou no Reino de Irê, que há muito tempo deixei? Estou no Reino de Irê, que há muito tempo deixei?
Não respondem? São mudos? Não têm boca? Não têm língua? Não respondem? São mudos? Não têm boca? Não têm língua?
Ficarão também sem
Ficarão também sem cabeça!cabeça!
Você fala, não fala, pequeno ser humano? Você fala, não fala, pequeno ser humano? OKURIN
OKURIN
Falo, falo, falo muito. Converso, canto, conto caso, danço. Falo, falo, falo muito. Converso, canto, conto caso, danço. OGUM
OGUM
Vou te dar esta bigorna, este martelo, ferro
Vou te dar esta bigorna, este martelo, ferro e forja.e forja. Vou te ensinar como fazer arma
Vou te ensinar como fazer arma para caçar bicho do mato.para caçar bicho do mato. Vou te ensinar como fazer ferramenta para fazer casa, roça,
Vou te ensinar como fazer ferramenta para fazer casa, roça, moinho, monjolmoinho, monjolo, ponte e barco.o, ponte e barco. Vai agora na cidade de Irê,
Vai agora na cidade de Irê, E traz comida pra gente comer. E traz comida pra gente comer. OKURIN
OKURIN
Inhame, feijão, farofa, acarajé, milho branco, leite de côco, camarão, caramujo, Inhame, feijão, farofa, acarajé, milho branco, leite de côco, camarão, caramujo, tudo no azeite de dendê.
tudo no azeite de dendê. Pra matar a sede dendê, mel
Pra matar a sede dendê, mel e água, tudo misturado.e água, tudo misturado.
Ah! Meu pai, o povo tá muito alegre com sua chegada, mas não podem falar nada porque hoje Ah! Meu pai, o povo tá muito alegre com sua chegada, mas não podem falar nada porque hoje é dia Santo, têm que ficar calado, não é falta de respeito, por isso que aqueles dois...
é dia Santo, têm que ficar calado, não é falta de respeito, por isso que aqueles dois... NARRADOR
NARRADOR
Ogum estremeceu, deu um berro e desapareceu chão adentro numa nuvem de fumaça. Ogum estremeceu, deu um berro e desapareceu chão adentro numa nuvem de fumaça.
CENA XIII –
CENA XIII – CAMARINHA
CAMARINHA
OKURIN OKURIN
Ai, que medo. Sumiu. Desapareceu. Ai, que medo. Sumiu. Desapareceu. Estou sozinho na escuridão!
Estou sozinho na escuridão! Eh, alguém aí, me ajude! Eh, alguém aí, me ajude! Estou perdido nas trevas... Estou perdido nas trevas... Quero luz! Luz! Luz! Quero luz! Luz! Luz!
VOZ DA IALORIXÁ VOZ DA IALORIXÁ Cê quer luz, filho meu? Cê quer luz, filho meu? OKURIN
OKURIN
Aiaiai! Quero sim. Aiaiai! Quero sim. IALORIXÁ
IALORIXÁ
Cê precisa de luz por Cê precisa de luz por fora.fora. Cê precisa de luz por
Cê precisa de luz por dentro.dentro. Cê não enxerga nada.
Cê não enxerga nada. OKURIN
OKURIN
Aiaiai ... Não enxergo, não ... Aiaiai ... Não enxergo, não ... IALORIXÁ
IALORIXÁ
Cê tira 21 dias desta vida, cê
Cê tira 21 dias desta vida, cê entra pra camarinha e de lá entra pra camarinha e de lá não sai.não sai. É procê, ter humildade pra seguir a
É procê, ter humildade pra seguir a lei dos Orixás.lei dos Orixás. Okurin precisa aprender a
Okurin precisa aprender a cantar rezas e cantigas da cantar rezas e cantigas da tradição.tradição. Okurin tem precisão de conhecer as ervas que curam
Okurin tem precisão de conhecer as ervas que curam o corpo e a o corpo e a alma do teu irmão.alma do teu irmão. Ah, Muzenza! Ah, Muzenza! OKURIN OKURIN Aiaiai... Aiaiai... IALORIXÁ IALORIXÁ
Okurin vai dar bori de Oxalá. Okurin vai dar bori de Oxalá. Okurin vai dar a salva de Obaluaê. Okurin vai dar a salva de Obaluaê. Okurin vai dar a salva de Nanã. Okurin vai dar a salva de Nanã. Ah, Muzenza.
Ah, Muzenza. OKURIN OKURIN
Ah, vou sim. Vou sim. Ah, vou sim. Vou sim. IALORIXÁ
IALORIXÁ
Cê raspa seu cabelo. Cê raspa seu cabelo.
Cê lava sua cabeça nas águas de Oxalá. Cê lava sua cabeça nas águas de Oxalá. Cê toma banho de amaci na madrugada. Cê toma banho de amaci na madrugada.
Cê prepara seu nascimento para comunhão com os Orixás. Cê prepara seu nascimento para comunhão com os Orixás. Ah, Muzenza!
Ah, Muzenza! Salva teu santo, ê! Salva teu santo, ê! OKURIN OKURIN Saravá! Saravá! IALORIXÁ IALORIXÁ Saravá, ê! Saravá, ê! OKURIN OKURIN
Saravá, meu santo! Saravá, meu santo!
IALORIXÁ IALORIXÁ
Okurin vai sair de branco, pintado de branco. Okurin vai sair de branco, pintado de branco. Vai sair de chita, pintado de todas as cores. Vai sair de chita, pintado de todas as cores. Vai sair na vestimenta do santo
Vai sair na vestimenta do santo e vai dançar pra ele, ê!
e vai dançar pra ele, ê! OKURIN
OKURIN
A benção, minha mãe. A benção, minha mãe. Vou saravá meu santo. Vou saravá meu santo. IALORIXÁ
IALORIXÁ
Vai lá, vai lá, vai lá ... Vai lá, vai lá, vai lá ...
CANTIGA 11: Ê MUZENZA EM DELE CONGO CANTIGA 11: Ê MUZENZA EM DELE CONGO
Ê, muzenza Ê, muzenza Em dele Congo Em dele Congo Coro responde Coro responde É mamã É mamã
(Repete mais treze vezes) (Repete mais treze vezes)
CENA XIV – OGUN E IANSÃ
CENA XIV – OGUN E IANSÃ
NARRADOR NARRADOR Ogum ê!
Ogum ê!
Ogum, guerreiro e caçador, entra na mata atrás
Ogum, guerreiro e caçador, entra na mata atrás de caça de pêlode caça de pêlo De caça de couro.
De caça de couro.
Que faz um búfalo na mata? Que faz um búfalo na mata?
Búfalo quer pasto alto e lama que refresca. Búfalo quer pasto alto e lama que refresca. Epa hei Oyá!
Epa hei Oyá! É Iansã no seu
É Iansã no seu disfarce de bicho de pêlo.disfarce de bicho de pêlo.
Oyá é a única que pode agarrar os chifres do búfalo. Oyá é a única que pode agarrar os chifres do búfalo. Oyá cujos pés são embelezados com pó vermelho. Oyá cujos pés são embelezados com pó vermelho. Ela bate a cabeça do mentiroso no chão com toda força. Ela bate a cabeça do mentiroso no chão com toda força. Mulher corajosa que carrega uma
Mulher corajosa que carrega uma espada.espada. Tempestade que espalha as folhas
Tempestade que espalha as folhas Epa hei, Oyá!
Epa hei, Oyá! OGUM
OGUM
Hum, que pele perfumada. Hum, que pele perfumada.
Que formosa a Obinrin que veste a Que formosa a Obinrin que veste a pele.pele.
Pele de búfalo, me sirva de leito e me traga bons sonhos! Pele de búfalo, me sirva de leito e me traga bons sonhos!
Bela Obá Obinrin da pele de búfalo, Obinrin de Ogum, te levo da mata, te corôo rainha do Bela Obá Obinrin da pele de búfalo, Obinrin de Ogum, te levo da mata, te corôo rainha do reino de Irê. Oyá, a que pega o búfalo pelo chifre, ela é o vento forte que derruba a árvore, a reino de Irê. Oyá, a que pega o búfalo pelo chifre, ela é o vento forte que derruba a árvore, a mão que carrega a espada. Oyá, a que devora o coração doído do guerreiro cansado
IANSÃ
IANSÃ Guerreiro!Guerreiro! OGUM
OGUM
O guerreiro das 100 batalhas é chão pra
O guerreiro das 100 batalhas é chão pra Iansã pisar.Iansã pisar. IANSÃ
IANSÃ
A pele de búfalo é proteção daquele que atravessa a floresta. A pele de búfalo é proteção daquele que atravessa a floresta. OGUM
OGUM
A pele de búfalo passou por aqui na
A pele de búfalo passou por aqui na direção de Irê.direção de Irê. IANSÃ
IANSÃ
Iansã viu o guerreiro deitado sobre ela. Iansã viu o guerreiro deitado sobre ela. OGUM
OGUM
Quando Ogum se levantou, ela voou para Irê. Quando Ogum se levantou, ela voou para Irê. IANSÃ
IANSÃ
A pele veste, aquece e disfarça Iansã. A pele veste, aquece e disfarça Iansã. OGUM
OGUM
A pele de búfalo espera Oyá no
A pele de búfalo espera Oyá no Reino de Irê.Reino de Irê. NARRADOR
NARRADOR
Iansã foi morar com Ogum no reino de Irê. Iansã foi morar com Ogum no reino de Irê.
CANTIGA 12: CANTIGA DE IANSÃ CANTIGA 12: CANTIGA DE IANSÃ
Ogum e Oyá Ogum e Oyá Vem pra saravar Vem pra saravar Coro responde Coro responde
Ogum e Oyá Ogum e Oyá Vem pra saravar Vem pra saravar
Ogum com sua espada guerreia Ogum com sua espada guerreia
Oyá vem caçar Oyá vem caçar Coro responde Coro responde
Ogum com sua espada guerreia Ogum com sua espada guerreia
Oyá vem caçar Oyá vem caçar NARRADOR
NARRADOR
Iansã foi morar com Ogum no reino de Erê. Iansã foi morar com Ogum no reino de Erê.
CENA XV – XANGÔ
CENA XV – XANGÔ
NARRADOR NARRADOR
Kaô Kabiencile, Xangô! Kaô Kabiencile, Xangô!
Xangô Jacutá, atirador de pedras. Xangô Jacutá, atirador de pedras. Ele ri quando vai à casa de Oxum Ele ri quando vai à casa de Oxum Ele se demora na casa de Oyá Ele se demora na casa de Oyá
Oh! É um elefante que anda com dignidade Oh! É um elefante que anda com dignidade Ele é Xangô que cozinha o inhame com o ar Ele é Xangô que cozinha o inhame com o ar Que sopra de seu nariz
Que sopra de seu nariz Só de franzir o
Só de franzir o nariz, o mentiroso fogenariz, o mentiroso foge Xangô tem o Livro Sagrado
Xangô tem o Livro Sagrado
Xangô tem as 7 Chaves da Sabedoria Xangô tem as 7 Chaves da Sabedoria
Xangô do Raio, do Trovão, da Tempestade. Xangô do Raio, do Trovão, da Tempestade. Kaô Kabiencile, Xangô!
Kaô Kabiencile, Xangô!
CANTIGA 13: LÁ DO ALTO DA PEDREIRA CANTIGA 13: LÁ DO ALTO DA PEDREIRA
Quando ele grita lá no alto da pedreira Quando ele grita lá no alto da pedreira As aves voam em seu louvor em revoada As aves voam em seu louvor em revoada
Coro responde Coro responde
Quando ele grita lá no alto da pedreira Quando ele grita lá no alto da pedreira As aves voam em seu louvor em revoada As aves voam em seu louvor em revoada
Os rios correm nos mares
Os rios correm nos mares e cachoeirase cachoeiras Os negros cantam em seu louvor Os negros cantam em seu louvor
Coro responde Coro responde Os rios correm nos mares
Os rios correm nos mares e cachoeirase cachoeiras Os negros cantam em seu louvor Os negros cantam em seu louvor E tudo isso em homenagem a
E tudo isso em homenagem a XangôXangô Coro responde
Coro responde E tudo isso em homenagem a
E tudo isso em homenagem a XangôXangô Xangô de Ogum Xangô de Ogum Xangô de Ode Xangô de Ode De Iemanjá e Oxum De Iemanjá e Oxum Coro responde Coro responde Xangô de Ogum Xangô de Ogum Xangô de Ode Xangô de Ode De Iemanjá e Oxum De Iemanjá e Oxum Oh, oh, oh, oh, oh, oh Xangô Oh, oh, oh, oh, oh, oh Xangô
Oh, oh, oh, oh, oh, oh Kaô Oh, oh, oh, oh, oh, oh Kaô
Coro responde Coro responde
Oh, oh, oh, oh, oh, oh Xangô Oh, oh, oh, oh, oh, oh Xangô Oh, oh, oh, oh, oh, oh Kaô Oh, oh, oh, oh, oh, oh Kaô XANGÔ
XANGÔ
No meu coração há um
No meu coração há um pequeno pedaço ainda vaziopequeno pedaço ainda vazio.. Não quer Oxum entrar nele e lá pro resto da vida morar? Não quer Oxum entrar nele e lá pro resto da vida morar?
OXUM OXUM
Não e nem posso, cuido do meu muito velho pai Oxalá. Não e nem posso, cuido do meu muito velho pai Oxalá.
XANGÔ XANGÔ
Oxum, eu cuido dele. Entre no meu coração. Oxum, eu cuido dele. Entre no meu coração. OXUM
OXUM
Não posso deixar meu pai que de velho não anda mais. Não posso deixar meu pai que de velho não anda mais.
XANGÔ XANGÔ
Pois eu carrego seu pai no pescoço pro resto da minha vida. Para onde Xangô for, Oxalá irá Pois eu carrego seu pai no pescoço pro resto da minha vida. Para onde Xangô for, Oxalá irá com Xangô.
com Xangô. OXUM OXUM
Seja as pernas de meu velho pai que me caso com Xangô. Seja as pernas de meu velho pai que me caso com Xangô. NARRADOR
NARRADOR
Xangô chama seus servos. Xangô chama seus servos. Biri, as trevas Biri, as trevas Fefé, o vento Fefé, o vento E lhes ordena: E lhes ordena: XANGÔ XANGÔ
Xangô quer aqui enquanto pisca um olho um colar de contas vermelhas Xangô quer aqui enquanto pisca um olho um colar de contas vermelhas misturadas com contas brancas.
misturadas com contas brancas.
Biri busca as vermelhas dentro de fogo Biri busca as vermelhas dentro de fogo Fefé busca as brancas nas nuvens do céu. Fefé busca as brancas nas nuvens do céu. XANGÔ
XANGÔ
Cá está Xangô, rei de Oyá, levando no pescoço o pai de Oxum, Oxalá Cá está Xangô, rei de Oyá, levando no pescoço o pai de Oxum, Oxalá OXUM
OXUM
Ela não vê seu pai no pescoço de Xangô. Ela não vê seu pai no pescoço de Xangô. XANGÔ
XANGÔ
Pois Oxum que abra seus lindos olhos e veja o colar que no pescoço trago Pois Oxum que abra seus lindos olhos e veja o colar que no pescoço trago E trarei pro resto
E trarei pro resto da minha vida.da minha vida.
Nele as contas vermelhas são de Xangô e as brancas de Oxalá, seu pai. Nele as contas vermelhas são de Xangô e as brancas de Oxalá, seu pai.
Case agora comigo. Conforme o
OXUM OXUM
Contas brancas não são iguais À sabedoria de meu pai. Contas brancas não são iguais À sabedoria de meu pai. Afaste-se dela, Afaste-se dela, Oh poderoso Xangô. Oh poderoso Xangô. XANGÔ XANGÔ
Nunca, nada ou ninguém negou Nunca, nada ou ninguém negou Cumprir um chamado de Xangô Cumprir um chamado de Xangô
Vem e tome posse do faminto coração Vem e tome posse do faminto coração Do rei dos raios e do trovão.
Do rei dos raios e do trovão. OXUM
OXUM
Afasta de Oxum teu ignóbil braço. Afasta de Oxum teu ignóbil braço. Ela não te permite nem um
Ela não te permite nem um simples abraço.simples abraço.
CANTIGA 14 – CANTIGA DE XANGÔ CANTIGA 14 – CANTIGA DE XANGÔ
Vermelho é o fogo Vermelho é o fogo O branco é nuvem do céu O branco é nuvem do céu
Coro responde Coro responde Vermelho é o fogo Vermelho é o fogo O branco é nuvem do céu O branco é nuvem do céu
Xangô carrega Oxalá Xangô carrega Oxalá Pra Oxum agradar Pra Oxum agradar
Coro responde Coro responde Xangô carrega Oxalá Xangô carrega Oxalá Pra Oxum agradar Pra Oxum agradar
CENA XVI – XANGÔ E EXU
CENA XVI – XANGÔ E EXU
EXU EXU
O gavião tem garras longas e afiadas. O gavião tem garras longas e afiadas. A pomba iriça as penas para
A pomba iriça as penas para voar.voar.
Afasta-se, rei de Oyá, meu irmão Xangô. Afasta-se, rei de Oyá, meu irmão Xangô. XANGÔ
XANGÔ
Exu, Exu, não te atrevas a
Exu, Exu, não te atrevas a ficar entre Xangô e seu desejo. Toma!ficar entre Xangô e seu desejo. Toma! EXU
EXU
Para, para, Gavião! Para, para, Gavião! XANGÔ
XANGÔ Para fora Exu! Para fora Exu!
EXU EXU
Para, para, Rei de Oyá,
Para, para, Rei de Oyá, meu irmão Xangô.meu irmão Xangô. XANGÔ XANGÔ Para trás Exu! Para trás Exu! EXU EXU
Para, para, Rei do Raio
Para, para, Rei do Raio e do Trovão, Xangô, meu irmão.e do Trovão, Xangô, meu irmão. XANGÔ:
XANGÔ:
Se não vem com o Rei de Oyá Se não vem com o Rei de Oyá Presa na torre para sempre
Presa na torre para sempre estará.estará.
CENA XVII – PRISÃO DA PEDREIRA
CENA XVII – PRISÃO DA PEDREIRA
EXU EXU
Ai, meu pai Obatalá. Ai, meu pai Obatalá.
Oxum está presa na prisão da pedreira. Oxum está presa na prisão da pedreira. Condenada pela esfomeada paixão Condenada pela esfomeada paixão
De Xangô, que tanta beleza nunca conheceu. De Xangô, que tanta beleza nunca conheceu. Tenha dó dela, meu pai, que ser bela
Tenha dó dela, meu pai, que ser bela É o único crime (
É o único crime (se é crime) que ela se é crime) que ela cometeu.cometeu. NARRADOR:
NARRADOR:
Obatalá no alto de sua grandeza Obatalá no alto de sua grandeza
A voz longínqua de Exu, o mensageiro ouviu A voz longínqua de Exu, o mensageiro ouviu E dando asas à beleza
E dando asas à beleza Tornou Oxum em pomba Tornou Oxum em pomba E a pomba para
E a pomba para longe, rompendo ares, partiu.longe, rompendo ares, partiu.
CENA XVIII – ODÉ
CENA XVIII – ODÉ
CANTIGA 15: ONDE MORA ODÉ CANTIGA 15: ONDE MORA ODÉ
Odé, aonde mora Odé Odé, aonde mora Odé
Odé de Arerê Odé de Arerê Odé, aonde mora Odé Odé, aonde mora Odé Senhor Oxossi venha me valer Senhor Oxossi venha me valer
Coro responde Coro responde Odé, aonde mora Odé Odé, aonde mora Odé
Odé de Arerê Odé de Arerê Odé, aonde mora Odé Odé, aonde mora Odé Senhor Oxossi venha me valer Senhor Oxossi venha me valer
Eu tenho pai, eu tenho mãe Eu tenho pai, eu tenho mãe Ah, eles vão chorar por Ah, eles vão chorar por mimmim
A minha mãe é Nossa
A minha mãe é Nossa SenhoraSenhora E o meu pai Senhor do Bonfim E o meu pai Senhor do Bonfim
Coro responde Coro responde Eu tenho pai, eu tenho mãe Eu tenho pai, eu tenho mãe Ah, eles vão chorar por Ah, eles vão chorar por mimmim A minha mãe é Nossa
A minha mãe é Nossa SenhoraSenhora E o meu pai Senhor do Bonfim E o meu pai Senhor do Bonfim NARRADOR
NARRADOR
Odé, Rei das Matas e dos caçadores, vivia no meio da floresta com sua mulher Oxum. Odé, Rei das Matas e dos caçadores, vivia no meio da floresta com sua mulher Oxum. OXUM
OXUM
Odé não devia caçar hoje. Odé não devia caçar hoje. É dia de Ifá.
É dia de Ifá.
Ifá proíbe a caça no dia de Ifá. Ifá proíbe a caça no dia de Ifá. ODÉ ODÉ Odé é caçador. Odé é caçador. Caçador caça. Caçador caça.
Todo dia é dia de comer. Todo dia é dia de comer. Todo dia é dia de caça. Todo dia é dia de caça. OXUM
OXUM
Odé, tua casa está cheia de comida. Odé, tua casa está cheia de comida. Deixa um dia a caça em paz.
Deixa um dia a caça em paz.
Ifá é poderoso, é dono do ar que Odé respira. Ifá é poderoso, é dono do ar que Odé respira. Ifá conhece o hoje e o amanhã.
Ifá conhece o hoje e o amanhã. ODÉ
ODÉ
A caça bebe água agora. A caça bebe água agora. Não vai beber
Não vai beber água amanhã.água amanhã. Já vejo sua trilha.
Já vejo sua trilha.
Como um caminho aberto na mata. Como um caminho aberto na mata. NARRADOR
NARRADOR
Odé não dá ouvidos a sua mulher Oxum. Odé não dá ouvidos a sua mulher Oxum. E sai para caçar no dia de Ifá.
E sai para caçar no dia de Ifá. Odé caminha pela mata. Odé caminha pela mata.
Nem o silencio escuta o pisar leve de seus pés. Nem o silencio escuta o pisar leve de seus pés.
ODÉ ODÉ
Bicho cobra, seu dia chegou. Bicho cobra, seu dia chegou. Vai virar comida na casa do Rei
Vai virar comida na casa do Rei da Mata.da Mata. SERPENTE
SERPENTE (cantando)(cantando)
Eu não sou bicho de pena. Eu não sou bicho de pena. Pra Odé me matar.
ODÉ ODÉ
Diz adeus a tua árvore. Diz adeus a tua árvore. Onde teu corpo de cobra se
Onde teu corpo de cobra se enrola.enrola. Como a linha se enrola no meu dedo. Como a linha se enrola no meu dedo. Diz adeus ao teu riacho.
Diz adeus ao teu riacho. Que te dá de beber. Que te dá de beber. SERPENTE
SERPENTE (cantando)(cantando)
Eu não sou bicho de pena. Eu não sou bicho de pena. Pra Odé me matar.
Pra Odé me matar. ODÉ
ODÉ
Adeus, cobra que canta. Adeus, cobra que canta. Toma, toma, toma. Toma, toma, toma. NARRADOR NARRADOR
Odé não ouve o canto da serpente. Odé não ouve o canto da serpente. Mata a cobra.
Mata a cobra.
Corta seu corpo em sete pedaços. Corta seu corpo em sete pedaços.
Põe dentro de capanga e volta pra casa. Põe dentro de capanga e volta pra casa. E põe a
E põe a serpente pra cozinhar.serpente pra cozinhar. SERPENTE
SERPENTE (cantando)(cantando)
Eu não sou bicho de pena pra Odé me matar. Eu não sou bicho de pena pra Odé me matar.
CANTIGA 16 – CANTIGA DA
CANTIGA 16 – CANTIGA DA SERPENTESERPENTE Não sou bicho de pena para Odé me matar Não sou bicho de pena para Odé me matar
Coro responde Coro responde
Não sou bicho de pena para Odé me matar Não sou bicho de pena para Odé me matar
(Repete mais três vezes) (Repete mais três vezes)
CENA XIX - OXOSSI
CENA XIX - OXOSSI
NARRADOR NARRADOR
A serpente que Odé matou, picou e comeu, é Oxumaré, filho de Nanã e Oxalá. Oxumaré a A serpente que Odé matou, picou e comeu, é Oxumaré, filho de Nanã e Oxalá. Oxumaré a serpente, é o arco-íris que leva água da
serpente, é o arco-íris que leva água da Terra pro Céu de Terra pro Céu de Olodum. Por isso Odé foi castigado.Olodum. Por isso Odé foi castigado. Sete anos se passaram e sete anos Oxum chorou, pedindo para Odé voltar. Olodumaré, Sete anos se passaram e sete anos Oxum chorou, pedindo para Odé voltar. Olodumaré, compadecido, perdoou Odé e permitiu sua volta a terra como Orixá: Oxossi, Rei dos índios e compadecido, perdoou Odé e permitiu sua volta a terra como Orixá: Oxossi, Rei dos índios e caboclos.
caboclos. Okê Arô. Okê Arô.
Okê Arô, Oxossi. Okê Arô, Oxossi.
Com uma só mão abate duas palmeiras Com uma só mão abate duas palmeiras Ele não ativa na corça morta
Ele não ativa na corça morta
Ah, 400 búfalos fazem 800 chifres Ah, 400 búfalos fazem 800 chifres
Ah, a árvore grande faz
Ah, a árvore grande faz sombra na água.sombra na água.
CANTIGA 17: BALANCEOU CANTIGA 17: BALANCEOU
Balanceou as matas virgens Balanceou as matas virgens
Oh na cidade da Jurema Oh na cidade da Jurema Oxossi chegou do reino Oxossi chegou do reino
Saravou seus filhos Saravou seus filhos
Saravou congá Saravou congá Balanceou Balanceou Coro responde Coro responde
Balanceou as matas virgens Balanceou as matas virgens
Oh na cidade da Jurema Oh na cidade da Jurema Oxossi chegou do reino Oxossi chegou do reino
Saravou seus filhos Saravou seus filhos
Saravou congá Saravou congá
CENA XX - KATENDÊ
CENA XX - KATENDÊ
NARRADOR NARRADOROxossi está na floresta Oxossi está na floresta
A floresta é a casa de Katendê A floresta é a casa de Katendê Ossaim é mago mágico
Ossaim é mago mágico
Faz mágica com flores e ervas Faz mágica com flores e ervas E feitiço com raízes e folhas. E feitiço com raízes e folhas. Aroni, Aroni, traz as ervas para
Aroni, Aroni, traz as ervas para Katendê!Katendê! KATENDÊ
KATENDÊ
Caapeba, cabelo-de-milho, capim santo, erva cidreira, cipó-caboclo, um pouco d’água, vira, Caapeba, cabelo-de-milho, capim santo, erva cidreira, cipó-caboclo, um pouco d’água, vira, vira, vira, cipó-camarão, cipó-cravo, côco de iri, erva curraleira, folha de goiabeira, guaco, vira, vira, cipó-camarão, cipó-cravo, côco de iri, erva curraleira, folha de goiabeira, guaco, guanxuma, guiné caboclo, alfazema de caboclo, um pouco d’água,, vira, vira, vira, jaborandi, guanxuma, guiné caboclo, alfazema de caboclo, um pouco d’água,, vira, vira, vira, jaborandi, jacatirã
jacatirão, jurema o, jurema e pitangatuba, vira, vira, vira, e pitangatuba, vira, vira, vira, ôa, esfria.ôa, esfria. Tá pronto.
Tá pronto.
Aroni, pega e põe no caminho de Oxossi. Aroni, pega e põe no caminho de Oxossi. É pra ele tomar e ficar aqui.
É pra ele tomar e ficar aqui. Tomando conta da mata. Tomando conta da mata. Mata caçador, Oxossi! Mata caçador, Oxossi! Mata lenhador, Oxossi! Mata lenhador, Oxossi! NARRADOR:
NARRADOR:
E assim Oxossi, enfeitiçado por Ossaim, ficou para sempre na floresta onde a bela Oxum, E assim Oxossi, enfeitiçado por Ossaim, ficou para sempre na floresta onde a bela Oxum, rainha das águas doces, das fontes e riachos vai visitá-lo, murmurando docemente carinhos e rainha das águas doces, das fontes e riachos vai visitá-lo, murmurando docemente carinhos e carícias em seu ouvido.
CANTIGA 18 – CANTIGA DE OXUM CANTIGA 18 – CANTIGA DE OXUM
Nas águas cristalinas eu vi Nas águas cristalinas eu vi
Mamãe Oxum eu vi Mamãe Oxum eu vi
Coro responde Coro responde Nas águas cristalinas eu vi Nas águas cristalinas eu vi
Mamãe Oxum eu vi Mamãe Oxum eu vi Sentada na cachoeira Sentada na cachoeira Ao lado de uma pedreira Ao lado de uma pedreira
Mamãe Oxum eu vi Mamãe Oxum eu vi Coro responde Coro responde Sentada na cachoeira Sentada na cachoeira Ao lado de uma pedreira Ao lado de uma pedreira
Mamãe Oxum eu vi Mamãe Oxum eu vi
CENA XXI - OXUM
CENA XXI - OXUM
NARRADOR NARRADOR Oraieiê, Oxum Oraieiê, Oxum
Ialodê rainha das águas doces Ialodê rainha das águas doces Rainha das fontes
Rainha das fontes
Oxum faz o que o médico não faz Oxum faz o que o médico não faz Cura doença com água fria
Cura doença com água fria Ajuda a mulher a ter criança Ajuda a mulher a ter criança
Lava suas jóias antes de lavar seus filhos Lava suas jóias antes de lavar seus filhos Oraieiê, Oxum
Oraieiê, Oxum Fortuna e beleza Fortuna e beleza
Riacho de água pura que penetra na floresta virgem Riacho de água pura que penetra na floresta virgem Murmurar de amor
Murmurar de amor
Que penetra no coração de Oxossi, Que penetra no coração de Oxossi, O caçador.
O caçador. NARRADOR NARRADOR
Oxossi não pode amar Oxum pois Oxum mora no palácio proibido. Para entrar no palácio, há Oxossi não pode amar Oxum pois Oxum mora no palácio proibido. Para entrar no palácio, há tanto amor! Oxossi se veste de mulher e passa como se fosse amiga de Oxum. Assim passam tanto amor! Oxossi se veste de mulher e passa como se fosse amiga de Oxum. Assim passam horas a sós.
horas a sós. NARRADOR NARRADOR
O amor voa de Oxossi para Oxum O amor voa de Oxossi para Oxum NARRADORA
NARRADORA
O amor nada de Oxum para Oxossi O amor nada de Oxum para Oxossi NARRADOR
NARRADOR Olu A Ô
CENA XXII - LOGUN EDÊ
CENA XXII - LOGUN EDÊ
NARRADORA
NARRADORA Nasceu assim tão bonito. Nasceu assim tão bonito. NARRADOR
NARRADOR
Mas, porque Oxossi usou saia, Logun Edê é metade homem/metade mulher. 6 meses vive Mas, porque Oxossi usou saia, Logun Edê é metade homem/metade mulher. 6 meses vive sobre a terra comendo caça (é
sobre a terra comendo caça (é Oxossi).Oxossi). NARRADOR
NARRADOR
6 meses vive debaixo d'água comendo peixe (é Oxum). 6 meses vive debaixo d'água comendo peixe (é Oxum).
CANTIGA 19 – LOGUN EDÊ CANTIGA 19 – LOGUN EDÊ
Menino caçador Menino caçador Flecha da beira do rio Flecha da beira do rio
Coro responde Coro responde Menino caçador Menino caçador Flecha da beira do rio Flecha da beira do rio Banha nas águas claras Banha nas águas claras Na beira da cachoeira Na beira da cachoeira
Coro responde Coro responde Banha nas águas claras Banha nas águas claras Na beira da cachoeira Na beira da cachoeira
Coroa r
Coroa reluzenteluzentee Todo ouro Todo ouro Todo azul Todo azul Coro responde Coro responde Coroa r
Coroa reluzenteluzentee Todo ouro Todo ouro Todo azul Todo azul Menino caçador Menino caçador Meio Oxossi Meio Oxossi Meio Oxum Meio Oxum Coro responde Coro responde Menino caçador Menino caçador Meio Oxossi Meio Oxossi Meio Oxum Meio Oxum NARRADORA NARRADORA
Ele é muito só e muito belo Ele é muito só e muito belo Ele é belo até na voz
Não se põe a mão em seu peito Não se põe a mão em seu peito
Ele tem um peito que atrai a mão das pessoas Ele tem um peito que atrai a mão das pessoas Homem esbelto
Homem esbelto
Ele é fresco como a folha de Odundun Ele é fresco como a folha de Odundun altivo como o carneiro
altivo como o carneiro Ele usa roupas finas Ele usa roupas finas E tem olhar sagaz E tem olhar sagaz Ele anda gingando Ele anda gingando
Ele tem o corpo muito belo Ele tem o corpo muito belo
Ele dá o filho à mulher que precisa. Ele dá o filho à mulher que precisa.
CENA XXIII - OBINRIN
CENA XXIII - OBINRIN
OBINRIN OBINRIN
Ah, quem me deu Ah, quem me deu Meu filho meu Meu filho meu Sumiu,
Sumiu, Desapareceu Desapareceu Numa briga atoa Numa briga atoa
Agora só Agora só
No mato escuro No mato escuro
Vago, divago Vago, divago Como lenta mó Como lenta mó Moendo remoendo Moendo remoendo Histórias de fazer dó. Histórias de fazer dó.
Trago em meu ventre inchado Trago em meu ventre inchado Meu filho meu, filho teu Meu filho meu, filho teu Só por mim, por
Só por mim, por ninguém esperadoninguém esperado Nem mais um passo. Findou, aconteceu. Nem mais um passo. Findou, aconteceu.
IALORIXÁ IALORIXÁ Ah, minha filha Ah, minha filha
Andou tanto, padeceu Andou tanto, padeceu Nestes caminhos de Deus Nestes caminhos de Deus
Vamos chamar Vamos chamar Para te ajudar Para te ajudar
Vamos fazer oferendas Vamos fazer oferendas Para grande mãe Oxum Para grande mãe Oxum
CANTIGA 20: Ê FILHO MEU CANTIGA 20: Ê FILHO MEU
CANTIGA DE OXUM CANTIGA DE OXUM
Eh, filho meu (2x) Eh, filho meu (2x) Coro responde Coro responde Eh, filho meu (2x) Eh, filho meu (2x)
Oxum embalou Oxum embalou Ora ieieu Ora ieieu Coro responde Coro responde Oxum embalou Oxum embalou Ora ieieu Ora ieieu Eh, filho meu (2x) Eh, filho meu (2x) Coro responde Coro responde Eh, filho meu (2x) Eh, filho meu (2x)
Oxum embalou Oxum embalou Foi Deus Foi Deus Quem me deu Quem me deu Coro responde Coro responde Oxum embalou Oxum embalou Foi Deus Foi Deus Quem me deu Quem me deu
CANTIGA 21: CADÊ GIRAMUNDO PEMBA CANTIGA 21: CADÊ GIRAMUNDO PEMBA
CANTIGA DE EXU CANTIGA DE EXU Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba
Coro responde Coro responde
Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba Eh, cadê Giramundo, pemba
Tá no terreiro pemba Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba Com seus cambonos, pemba
Coro responde Coro responde Tá no terreiro pemba Tá no terreiro pemba Com seus cambonos, pemba Com seus cambonos, pemba
CENA XXIV: EXU E IALORIXÁ
CENA XXIV: EXU E IALORIXÁ
EXU EXU
Chamou Exu, minha filha? Chamou Exu, minha filha? IALORIXÁ
IALORIXÁ Laroiê Exu! Laroiê Exu! Chamei, meu pai. Chamei, meu pai.
É prá Exu
É prá Exu juntar juntar O que um dia separou O que um dia separou
Juntar Okurin com sua Iawô Juntar Okurin com sua Iawô Os dois andam sem parar Os dois andam sem parar No mato perdidos na
No mato perdidos na escuridãoescuridão Dá pena ouvir seus gemidos Dá pena ouvir seus gemidos Coração chamando coração Coração chamando coração EXU
EXU
Pra juntar Okurin e Iawô Pra juntar Okurin e Iawô Só as ervas de
Só as ervas de Katendê.Katendê. Para Katendê as ervas te dar Para Katendê as ervas te dar Meu filho há de pagar
Meu filho há de pagar
Com mel, fumo e o que mais haverá. Com mel, fumo e o que mais haverá.
CENA XXV - IALORIXÁ E KATENDÊ
CENA XXV - IALORIXÁ E KATENDÊ
KATENDÊ KATENDÊ
Toma essa: é prá resfriado. Toma essa: é prá resfriado. IALORIXÁ
IALORIXÁ
Não. Eu preciso é prá
Não. Eu preciso é prá casal separado.casal separado. KATENDÊ
KATENDÊ
Toma essa: é prá febre e
Toma essa: é prá febre e calor.calor. IALORIXÁ
IALORIXÁ
Não. Eu preciso é prá
Não. Eu preciso é prá casal sofredor.casal sofredor. KATENDÊ
KATENDÊ
Toma essa: é prá dor
Toma essa: é prá dor de ouvido.de ouvido. IALORIXÁ
IALORIXÁ
Não. Eu preciso é prá
Não. Eu preciso é prá casal no mato perdido.casal no mato perdido.
CANTIGA 22: AS FOLHAS LÁ NA MATA CANTIGA 22: AS FOLHAS LÁ NA MATA
CANTIGA DE IANSÃ CANTIGA DE IANSÃ Olha as folhas lá na mata Olha as folhas lá na mata
Que o vento já levou Que o vento já levou
Coro responde Coro responde Olha as folhas lá na mata Olha as folhas lá na mata
Que o vento já levou Que o vento já levou Iansã foi quem soprou Iansã foi quem soprou
E o seu vento carregou E o seu vento carregou
Coro responde Coro responde Iansã foi quem soprou Iansã foi quem soprou E o seu vento carregou E o seu vento carregou
Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié
Coro responde Coro responde Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié
Coro responde Coro responde Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié Eh, insaba orum aié
(bis) (bis)
CENA XXVI - ERVAS DE KATENDÊ
CENA XXVI - ERVAS DE KATENDÊ
NARRADOR NARRADOR
Iansã a pedido de Xangô Iansã a pedido de Xangô Provoca tal ventania Provoca tal ventania Que as ervas de Katendê Que as ervas de Katendê Voam noite voam dia Voam noite voam dia Cobrindo a face de Ilê-Ayé Cobrindo a face de Ilê-Ayé
Chegando até as pontas de Orum Chegando até as pontas de Orum Mas uma delas uma só
Mas uma delas uma só Caiu leve aos pés de Okurin Caiu leve aos pés de Okurin E o leva até a sua Iawô E o leva até a sua Iawô E o casado casal ficou E o casado casal ficou Ao redor do
Ao redor do doce Omobinrindoce Omobinrin Amamentand
Amamentando o o o futuro amanhãfuturo amanhã
Com as bênçãos de Obá, Oxum e Iansã Com as bênçãos de Obá, Oxum e Iansã E como raios de sol
E como raios de sol De uma linda manhã De uma linda manhã Um bando alegre de erês Um bando alegre de erês A festa veio para ver A festa veio para ver Aos gritos, pulos e risadas Aos gritos, pulos e risadas Com balas, bolos, cocadas Com balas, bolos, cocadas E seu jeitinho de ser E seu jeitinho de ser Falam, falam que falam Falam, falam que falam
CENA XXVII - ERÊS
CENA XXVII - ERÊS
ERÊ I ERÊ I Me dá, me dá, me dá, tio. Me dá, me dá, me dá, tio. ERÊ II ERÊ II
Uma balinha, tio, tá docinha, quer? Uma balinha, tio, tá docinha, quer? ERÊ III
ERÊ III
Cê não me pega, cê não me pega. Cê não me pega, cê não me pega.
CANTIGA 23: ERÊ CANTIGA 23: ERÊ Oh, foi numa linda manhã de sol Oh, foi numa linda manhã de sol
Coro responde Coro responde
Êrerê Êrerê
Oh, foi numa linda manhã de sol Oh, foi numa linda manhã de sol
Coro responde Coro responde Êrara Êrara (bis) (bis) NARRADOR: NARRADOR:
Orumilá, o destino, de tão feliz Orumilá, o destino, de tão feliz Chamou Olodumaré para ver Chamou Olodumaré para ver E Olodumaré que a todos conduz E Olodumaré que a todos conduz Tão contente ficou
Tão contente ficou Que inundou
Que inundou
Nosso mundo de luz! Nosso mundo de luz!