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SENTENÇA. Foi determinada a notificação dos denunciados (evento12.1).

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1 Vistos e examinados estes autos de Ação Penal nº 0016204-49.2016.8.16.0031, 0016208-86.2016.8.16.0031, 0016211.41.2016.8.16.0031, 0016213-11.2016.8.16.0031, 0016214-93.2016.8.16.0031, 0005749-88.2017.8.16.0031, 0016212-26.2016.8.16.0031, em que é autor o Ministério Público e réus ABIMAEL PAULA DA COSTA, ADRIANO DE LIMA, AMAURI APUCHKEVITCH, CAROLINE MARCONDES DE LIMA, CELSO LARA DA COSTA, DIRLENE BONFIM, EDONY ANTONIO KLUBER, EMERSON ROBERTO WENDLER, INGRID DAUTERMANN, JANDIRA DE FATIMA DA SILVA LIMA, JOÃO VILSON GUTUBIR, LUIZ CARLOS FAVARÃO, MARCIA ANDREIA DE BRITO, MARCIO LUIS CARNEIRO DO NASCIMENTO e RAQUEL TAVARES DE ANDRADE CAMPOS.

SENTENÇA 1. RELATÓRIOS

Do processo 0016208-86.2016.8.16.0031

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ofereceu denúncia em face de MÁRCIO LUIS CARNEIRO DO NASCIMENTO, EMERSON ROBERTO WENDLER, MÁRCIA ANDREIA DE BRITO e DIRLENE BONFIM qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A c/c artigo 29, ambos do Código Penal (por duas vezes), pela prática dos fatos delituosos descritos na exordial (mov. 1.1).

Foi determinada a notificação dos denunciados (evento12.1). Os denunciados foram notificados nos eventos 22.1, 31.1, 37.1 e 43.1.

Os denunciados Marcia e Marcio apresentaram defesa preliminar (eventos 27.1 e 53.1) por meio de defensores constituídos, os denunciados Dirlene e Emerson apresentam defesa preliminar (evento 29.1 e 75.1), por meio de defensores nomeados.

O procurador constituído da denunciada Marcia renunciou ao mandato (evento 57.1.)

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2 A denúncia foi recebida em 15/03/2017 (mov. 84.1).

Os réus Emerson, Dirlene e Márcia apresentaram resposta à acusação (eventos 95.1, 112.1 e 165.1) por meio de defensores nomeados.

O réu Marcio apresentou resposta à acusação (evento 144.1) por meio de defensor constituído.

A audiência de instrução e julgamento foi designada em conjunto com os demais feitos envolvendo os réus (evento 167.1).

No evento 318.1 o Ministério Público realizou ajuntada do Inquérito Civil nº MPPR-0059.17.001107-2.

No evento 339.4 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Ponta Grossa/PR, com o interrogatório da ré Marcia.

Com a unificação dos feitos, este passou a tramitar no processo principal, qual seja 0016204-49.2016.8.16.0031.

É o relatório.

Do processo 0016211-41.2016.8.16.0031

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ofereceu denúncia em face de EDONY ANTÔNIO KLÜBER, AMAURI OPUCHKEVITCH MÁRCIA ANDREIA DE BRITO e JOÃO VILSON GUTUBIR, qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A c/c artigo 29, ambos do Código Penal, pela prática dos fatos delituosos descritos na exordial (mov. 1.1).

Foi determinada a notificação dos denunciados (evento 12.1). Os denunciados Edony, Marcia e Amauri apresentaram defesa preliminar (eventos 27.1, 30.1 e 34.1) por meio de defensores constituídos e o denunciado João apresentou defesa preliminar (evento 31.1), por meio de defensor nomeado.

A denúncia foi recebida em 06/12/2016 (mov. 36.1).

Os réus Amauri, Marcia e Edony apresentaram resposta à acusação (eventos 44.1, 45.1, 71.1) por meio de defensores constituídos.

O procurador constituído dos denunciados Amauri e Marcia renunciou aos mandatos (eventos 51.1 e 82.1).

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3 O réu João apresentou resposta à acusação (evento 90.1) por meio de defensor nomeado.

A audiência de instrução e julgamento foi designada em conjunto com os demais feitos envolvendo os réus (evento 97.1).

No evento 245.12 o Ministério Público realizou ajuntada do Inquérito Civil nº MPPR- 0059.17.001096-7.

No evento 276.2 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Ponta Grossa/PR, com o interrogatório da ré Marcia.

Com a unificação dos feitos, este passou a tramitar no processo principal, qual seja 0016204-49.2016.8.16.0031.

É o relatório.

Do processo 0016213-11.2016.8.16.0031

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ofereceu denúncia em face de EDONY ANTÔNIO KLÜBER, AMAURI OPUCHKEVITCH, RAQUEL TAVARES DE ANDRADE CAMPOS, MÁRCIA ANDREIA DE BRITO e, JANDIRA DE FÁTIMA DA SILVA LIMA, qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A c/c artigo 29, ambos do Código Penal, pela prática dos fatos delituosos descritos na exordial (mov. 1.1).

Foi determinada a notificação dos denunciados (evento 13.1). Os denunciados Edony, Amauri e Raquel apresentaram defesa preliminar (eventos 42.1, 46.1 e 71.1) por meio de defensores constituídos e as denunciadas Jandira e Márcia apresentaram defesa preliminar (evento 53.1 e 57.1), por meio de defensores nomeados.

A denúncia foi recebida em 02/06/2017 (mov. 75.1).

Os réus Amauri, Raquel e Edony apresentaram resposta à acusação (eventos 99.1, 112.1 e 138.1) por meio de defensores constituídos.

As rés Márcia e Jandira apresentaram resposta à acusação (evento 96.1 e 118.1) por meio de defensores nomeados.

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4 A audiência de instrução e julgamento foi designada em conjunto com os demais feitos envolvendo os réus (evento 141.1).

No evento 259.1 o Ministério Público realizou a juntada do Inquérito Civil nº MPPR- 0059.17.001102-3.

Foram arbitrados honorários à defensora nomeada à ré Márcia, Dra. Lívia Balhestero Morgado (evento 293.1).

No evento 329.3 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Ponta Grossa/PR, com o interrogatório da ré Marcia.

Com a unificação dos feitos, este passou a tramitar no processo principal, qual seja 0016204-49.2016.8.16.0031.

É o relatório.

Do processo 0016214-93.2016.8.16.0031

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ofereceu denúncia em face de EDONY ANTÔNIO KLÜBER, AMAURI OPUCHKEVITCH MÁRCIA ANDREIA DE BRITO e LUIZ CARLOS FAVARÃO, qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A c/c artigo 29, ambos do Código Penal, pela prática dos fatos delituosos descritos na exordial (mov. 1.1).

Foi determinada a notificação dos denunciados (evento 12.1). Os denunciados Amauri, Marcia, Edony apresentaram defesa preliminar (eventos 26.1, 27.1, 41.1 e 42.1) por meio de defensores constituídos e o denunciado Luiz apresentou defesa preliminar (evento 50.1), por meio de defensor nomeado.

O procurador constituído dos denunciados Amauri e Márcia renunciou aos mandatos (evento 31.1, 77.1).

A denúncia foi recebida em 17/02/2017 (mov. 53.1).

Os réus Amauri, Edony apresentaram resposta à acusação (eventos 87.1, 91.1) por meio de defensores constituídos.

Os réus Luiz e Márcia apresentaram resposta à acusação (evento 97.1 e 112.1) por meio de defensores nomeados.

A audiência de instrução e julgamento foi designada em conjunto com os demais feitos envolvendo os réus (evento 114.1).

(5)

5 No evento 216.1 o Ministério Público realizou ajuntada do Inquérito Civil nº MPPR- 0059.17.001076-9.

No evento 270.3 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Ponta Grossa/PR, com o interrogatório da ré Marcia.

Com a unificação dos feitos, este passou a tramitar no processo principal, qual seja 0016204-49.2016.8.16.0031.

É o relatório.

Do processo 0005749-88.2017.8.16.0031

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ofereceu denúncia em face de CELSO LARA DA COSTA, INGRID DAUTERMANN, ADRIANO DE LIMA e MÁRCIA ANDREIA DE BRITO, qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A c/c artigo 29, ambos do Código Penal, pela prática dos fatos delituosos descritos na exordial (mov. 1.1).

Foi determinada a notificação dos denunciados (evento 13.1). Os denunciados Ingrid e Celso apresentaram defesa preliminar (eventos 53.4, 56.1) por meio de defensores constituídos e os denunciados Adriano e Marcia apresentaram defesa preliminar (evento 57.1 e 61.1), por meio de defensores nomeados.

A denúncia foi recebida em 12/07/2017 (mov. 63.1).

Os réus Ingrid e Celso apresentaram resposta à acusação (eventos 76.1/143.1 e 140.1) por meio de defensores constituídos.

Os réus Adriano e Marcia apresentaram resposta à acusação (evento 148.1 e 153.1) por meio de defensores nomeados.

A audiência de instrução e julgamento foi designada em conjunto com os demais feitos envolvendo os réus (evento 155.1).

No evento 243.1 o Ministério Público realizou a juntada de documentos referentes ao conteúdo dos CDS de fls. 15 e 881, integrante do Procedimento Investigatório Criminal nº 0059.16.001260-1, o qual subsidia a presente ação; bem como de outros remanescentes, produzidos no bojo do Inquérito Civil nº MPPR-0059.17.001091-8.

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6 No evento 308.3 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Ponta Grossa/PR, com o interrogatório da ré Marcia.

Foram arbitrados honorários à defensora nomeada à ré Márcia, Dra. Lorrane Roceti Botan (evento 313.1).

Com a unificação dos feitos, este passou a tramitar no processo principal, qual seja 0016204-49.2016.8.16.0031.

É o relatório.

Do processo 0016212-26.2016.8.16.0031

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ofereceu denúncia em face de CELSO LARA DA COSTA, CAROLINE MARCONDES DE LIMA e MÁRCIA ANDREIA DE BRITO, qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A c/c artigo 29, ambos do Código Penal, pela prática dos fatos delituosos descritos na exordial (mov. 1.1).

Foi determinada a notificação dos denunciados (evento 11.1). Os denunciados Caroline, Celso apresentaram defesa preliminar (eventos 22.1, 29.1) por meio de defensores constituídos e a denunciada Marcia apresentou defesa preliminar (evento 50.2), por meio de defensor nomeado.

O procurador constituído da denunciada Caroline renunciou ao mandato (evento 26.1).

A denúncia foi recebida em 29/05/2017 (mov. 52.1).

O réu Celso apresentou resposta à acusação (evento 94.1) por meio de defensor constituído.

As rés Márcia e Caroline apresentaram resposta à acusação (eventos 101.1 e 109.1) por meio de defensores nomeados.

A audiência de instrução e julgamento foi designada em conjunto com os demais feitos envolvendo os réus (evento 111.1).

No evento 198.1 o Ministério Público realizou ajuntada do Inquérito Civil nº MPPR -0059.17.001092-6.

No evento 222.6 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Ponta Grossa/PR, com o interrogatório da ré Marcia.

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7 Com a unificação dos feitos, este passou a tramitar no processo principal, qual seja 0016204-49.2016.8.16.0031.

É o relatório.

Do processo 0016204-49.2016.8.16.0031 (feito principal)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ ofereceu denúncia em face de CELSO LARA DA COSTA, CAROLINE MARCONDES DE LIMA, MÁRCIA ANDREIA DE BRITO e ABIMAEL PAULA DA COSTA, qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A c/c artigo 29, ambos do Código Penal, pela prática dos fatos delituosos descritos na exordial (mov. 1.1).

Foi determinada a notificação dos denunciados (evento 12.1). Os denunciados Caroline, Márcia e Celso apresentaram defesa preliminar (eventos 29.1, 31.2 e 32.1) por meio de defensores constituídos e o denunciado Abimael apresentou defesa preliminar (evento 37.1), por meio de defensor nomeado.

A denúncia foi recebida em 10/01/2017 (mov. 39.1).

O procurador constituído das denunciadas Caroline e Marcia renunciou aos mandatos (eventos 70.1 e 73.1).

O réu Celso apresentou resposta à acusação (eventos 93.1/2) por meio de defensor constituído.

Os réus Caroline, Abimael e Marcia apresentaram resposta à acusação (eventos 118.1, 124.1, 133.1) por meio de defensores nomeados.

A audiência de instrução e julgamento foi designada em conjunto com os demais feitos envolvendo os réus (evento 136.1).

No evento 255.1 o Ministério Público realizou ajuntada do Inquérito Civil nº 0059.17.001104-9.

Na audiência de instrução foi determinado o apensamento dos autos 0016208-86.2016.8.16.0031, 0016211.41.2016.8.16.0031, 0016213-11.2016.8.16.0031, 0016214-93.2016.8.16.0031, 0005749-88.2017.8.16.0031, 0016212-26.2016.8.16.0031 ao presente feito para tramitação processamento e julgamento conjunto, sendo deliberado ainda quanto os advogados de cada réu (evento 259.16), aberta a audiência

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8 foram colhidos os depoimentos de 05 testemunhas de acusação e 10 testemunhas de defesa (eventos 259.17/31).Ainda foram ouvidas 04 testemunhas de defesa (eventos 268.6/9).

No evento 301.1 a Serventia acostou as denúncias e defesas dos processos apensados.

Os réus foram interrogados nos eventos 307.17/33.

No evento 319.4 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Ponta Grossa/PR, com o interrogatório da ré Marcia.

No evento 321.1 o Ministério Público requereu a declaração a nulidade dos interrogatórios avulsos, nos diferentes feitos reunidos, da ré Marcia, com a determinação de expedição de nova deprecata.

No evento 323.1 este juízo indeferiu o pedido retro, visto que a inquirição da ré em atos diversos, relativos a cada feito em separado, não acarretaria prejuízo à defesa e à acusação, eis que Márcia foi interrogada em todos os processos em que foi denunciada, ainda que de forma separada, bem como determinou a serventia que certificasse quais as testemunhas ouvidas por carta precatória ou que ainda estivessem pendentes de inquirição.

No evento 393.9 foi acostada a carta precatória expedida à Comarca de Imbituva/PR, com a inquirição de testemunha de defesa.

A ré JANDIRA realizou a juntada de documentos (eventos 440.2/6).

Em sede de alegações finais o Ministério Público requereu o julgamento parcialmente procedente das denúncias, para o fim de condenar os réus ABIMAEL, ADRIANO, AMAURI, CAROLINE, CELSO, DIRLENE, EMERSON, INGRID, JANDIRA, JOÃO VILSON, LUIZ CARLOS, MARCIA, MARCIO, RAQUEL, absolver o réu EDONY de todas as imputações realizadas e absolver o réu AMAURI da imputação correspondente a ação penal 0016213- 11.2016.8.16.0031, com fundamento no art. 386, inciso V, do Código Processo Penal, em respeito ao princípio in dubio pro reo (evento 480.1).

A defesa do réu ABIMAEL, em sede de alegações finais, requereu seja o réu absolvido tendo em vista que não há qualquer prova de sua participação nos fatos em apuração (evento 501.1).

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9 A defesa da ré INGRID, requereu, em sede de alegações finais, seja a ré absolvida tendo em vista que não há qualquer prova de sua participação nos fatos em apuração (evento 515.1).

A defesa da ré RAQUEL em sede de alegações finais, requereu, a absolvição da ré pela atipicidade da conduta, bem como diante da insuficiência de provas e pela dúvida a respeito da existência de crime (evento 517.1). Juntou documentos (evento 517.2)

A defesa da ré JANDIRA, requereu, em sede de alegações finais, a absolvição da ré, uma vez que as provas do processo demonstram a atipicidade da conduta ou não sendo o entendimento deste juízo seja absolvida tendo em vista a dúvida a razoável despertada a respeito da existência de crime, ou levando em consideração o estado de necessidade de atendimento médico urgente que a ré carecia ou em caso de condenação seja diminuída a pena por ser ínfima sua culpabilidade, se tratando de uma pessoa doente e simples (evento 519.1). Juntou documentos (evento 591.2/3.

A defesa da ré MARCIA requereu a absolvição da ré das acusações formuladas em seu desfavor, tendo em vista que a acusação não esvaiu o mérito como seria necessário, deixando de comprovar fatos sensíveis a análise do pleito, decaindo assim em seu ônus legal, em caso de condenação, requereu seja a pena do tipo penal aplicada no patamar mínimo, levando-se em consideração todos os benefícios a que a Ré faz jus (evento 520.1).

A defesa do réu ADRIANO requereu a absolvição do réu sob o fundamento de ausência de provas para a condenação e pela não comprovação do dolo em sua conduta, medida que se impõe tendo como fundamento o princípio do in dubio pro reo (evento 521.1).

A defesa do réu AMAURI afirmou que não há materialidade em ambos os casos, o Ministério Público perdeu a oportunidade de ser coerente com a instrução processual ao pugnar pela condenação de Amauri nos autos 0016211-41.2016.8.16.0031 e 0016214- 93.2016.8.16.0031; que que não se justifica decisão condenatória apoiada exclusivamente em inquérito policial, pois se viola o princípio constitucional do contraditório. Requereu o recebimento das alegações finais por memoriais e o julgamento direcionado a acolher os argumentos da defesa (evento 522.1).

A defesa do réu LUIZ CARLOS requereu a absolvição do réu pela ausência de provas de que este concorreu para a prática do crime tipificado no art. 313-A, do Código Penal, nos termos do art. 386, V do CPP ou por não existir prova suficiente para a condenação, com base no art.

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10 386, VII, do CPP, em caso de condenação, seja a pena fixada em seu mínimo legal (evento 523.1).

A defesa do réu MARCIO alegou preliminarmente a inépcia da denúncia, a nulidade das interceptações telefônicas, no mérito requereu a absolvição do réu tendo em vista a atipicidade da conduta, ou haja vista não existir prova de que ele concorreu para a infração penal ou não existir prova suficiente para a condenação, subsidiariamente requereu o reconhecimento do concurso formal de crimes entre o primeiro e o segundo fato (art. 70, do CP) ou do crime continuado (art. 71, do CP), bem como seja a pena fixada em seu mínimo legal, com o reconhecimento da causa de diminuição prevista no art. 29, § 1º, do Código Penal, aplicada no máximo legal (evento 524.1).

A defesa do réu EDONY alegou preliminarmente a inépcia das denúncias, a nulidade das interceptações telefônicas, no mérito requereu a absolvição do réu haja vista estar comprovado que ele não concorreu para a infração penal ou que sua conduta foi atípica, ou por não existir prova de que ele concorreu para a infração penal ou não existir prova suficiente para a condenação, subsidiariamente requereu o reconhecimento do crime continuado (art. 71, do CP), bem como seja a pena fixada em seu mínimo legal, com o reconhecimento da causa de diminuição prevista no art. 29, § 1º, do Código Penal, aplicada no máximo legal (evento 525.1).

A defesa do réu CELSO alegou preliminarmente a inépcia das denúncias, a nulidade das interceptações telefônicas, no mérito requereu a absolvição do réu tendo em vista a atipicidade da conduta, ou haja vista não existir prova de que ele concorreu para a infração penal ou não existir prova suficiente para a condenação, subsidiariamente requereu o reconhecimento do crime continuado (art. 71, do CP), bem como seja a pena fixada em seu mínimo legal, com o reconhecimento da causa de diminuição prevista no art. 29, § 1º, do Código Penal, aplicada no máximo legal (evento 526.1).

A defesa do réu JOÃO VILSON requereu seja o réu absolvido pela ausência de provas de que este concorreu para a prática do crime tipificado no art. 313-A, do Código Penal, nos termos do art. 386, V do CPP ou, por não existir prova suficiente para a condenação, com base no art. 386, VII, do CPP, e em caso de condenação seja a pena aplicada em seu mínimo legal (evento 531.1).

A defesa do réu EMERSON requereu a absolvição do réu pela ausência de provas de que este concorreu para a prática do crime tipificado no art. 313-A, do Código Penal, nos termos do art. 386, V do CPP ou, por não existir prova suficiente para a condenação, com base no art. 386, VII, do

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11 CPP e em caso de condenação seja a pena aplicada em seu mínimo legal (evento 540.1).

A defesa da ré DIRLENE requereu a absolvição da ré pela atipicidade da conduta, artigo 386, III do CPP e inexigibilidade de conduta diversa nos termos do artigo 386, VI do CPP, caso não seja o entendimento deste juízo, requereu a aplicação da pena do mínimo legal (evento 543.1). Juntou documentos (evento 543.2/3).

A defesa da ré CAROLINE requereu a absolvição da ré pela atipicidade da conduta, artigo 386, III do CPP e obediência hierárquica nos termos do artigo 386, VI do CPP, caso não seja o entendimento deste juízo, requereu a aplicação da pena do mínimo legal (evento 544.1).

São os relatórios.

Passa-se à fundamentação e decisão. 2. FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação penal promovida pelo Ministério Público em desfavor de ABIMAEL PAULA DA COSTA, ADRIANO DE LIMA, AMAURI APUCHKEVITCH, CAROLINE MARCONDES DE LIMA, CELSO LARA DA COSTA, DIRLENE BONFIM, EDONY ANTONIO KLUBER, EMERSON ROBERTO WENDLER, INGRID DAUTERMANN, JANDIRA DE FATIMA DA SILVA LIMA, JOÃO VILSON GUTUBIR, LUIZ CARLOS FAVARÃO, MARCIA ANDREIA DE BRITO, MARCIO LUIS CARNEIRO DO NASCIMENTO e RAQUEL TAVARES DE ANDRADE CAMPOS, qualificados nos autos, como incurso nas penas do artigo 313-A do CP.

De acordo com as informações coligidas aos autos e considerando que o procedimento foi regularmente observado, verifica-se que a relação processual se encontra preparada para julgamento.

As condições da ação foram respeitadas, mormente quanto à legitimidade das partes, visto que a ação penal foi proposta pelo Ministério Público, nos moldes do art. 129 da Constituição Federal. O interesse de agir manifesta-se na efetividade/utilidade revelada pelo processo. Por sua vez, resta presente a possibilidade jurídica do pedido, já que a pretensão condenatória encontra plena correspondência no ordenamento jurídico-penal. Finalmente, evidente se mostra a justa causa para a persecução penal na hipótese, já que perfectibilizados, à primeira vista, elementos concretos mínimos, coerentes entre si, de materialidade e autoria delitivas, colhidos com o devido respeito a todas as garantias e liberdades individuais.

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12 Da mesma forma, os pressupostos processuais de existência e validade foram devidamente observados, sendo que a demanda se desenvolveu sob o pálio de um juiz competente e imparcial, com respeito à capacidade processual e postulatória das partes, à citação válida e à regularidade formal da peça acusatória.

2.1. Das preliminares

Existindo preliminares apresentadas pelas defesas dos réus MARCIO, EDONY e CELSO, passo à análise.

a) Da alegada inépcia da inicial acusatória

Em relação à inépcia das denúncias, não lhes assiste razão, visto que se constata que estão presentes a justa causa, os pressupostos processuais e as condições para o exercício da Ação Penal, havendo na denúncia elementos suficientes que possibilitem a plena defesa dos acusados, bem como a completa narração do fato e sua individualização nas pessoas dos réus, propiciando-lhes o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa.

Ademais, a denúncia preenche todos os requisitos do artigo 41 do CPP e, descreve de forma clara, precisa e objetiva, todas as condutas perpetradas pelos réus, as quais se amoldam às elementares do tipo penal. Importante mencionar que, quanto as condutas especificas de cada um dos réus para o cometimento do crime em questão, estas serão analisadas e descritas com detalhes quando da análise do mérito.

Assim sendo, rejeito a questão suscitada. b) Da alegada nulidade das interceptações telefônicas

A defesa técnica dos réus MARCIO, EDONY e CELSO, alegam, preliminarmente, que a decisão judicial que deferiu a medida de interceptação telefônica e as demais decisões de prorrogação da medida, padecem de nulidade porque não atenderiam aos requisitos da Lei nº 9.296/96, pois foram deferidas com base em fundamentação genérica, não havendo motivação tanto para o pedido quanto para o deferimento.

Em que pese os argumentos suscitados pelas defesas, compulsando os autos, observo que a decisão proferida nos autos 009623-86.2014.8.16.0031 (evento 12.1), observou rigorosamente os requisitos legais, assim como as demais decisões prolatadas no bojo dos referidos

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13 autos quando dos deferimentos das prorrogações da interceptação, as quais observaram os requisitos e prazos legais estabelecidos.

Sobressai das referidas decisões que houve indicação de suficientes indícios de autoria e que os fatos objeto da investigação consistiam em condutas ilícitas com previsão de punição de reclusão.

Assim, verifica-se que ao contrário do que alegou a defesa dos réus, as interceptações não ocorreram sem fundamentação ou com base em fundamentação genérica, pelo contrário, as decisões foram devidamente fundamentadas, seguindo os requisitos da Lei 9.296/1996.

De outra sorte, anote-se que para a apreciação dos fatos imputados nas denúncias e formação do juízo de convicção deste julgador, será realizada profunda apuração das provas produzidas em juízo em cotejo com os elementos colhidos durante a interceptação telefônica – a qual, frise-se, não será utilizada de forma individualizada -, independentemente de qualquer “anotação” de teor interpretativo realizado pela investigação.

Portanto, afasto a preliminar suscitada.

Superadas as preliminares arguidas pelas defesas dos réus, vislumbra-se que as condições da ação foram respeitadas, mormente quanto à legitimidade das partes, visto que a ação penal foi proposta pelo Ministério Público, nos moldes do art. 129 da Constituição Federal. O interesse de agir manifesta-se na efetividade/utilidade revelada pelo processo. Por sua vez, resta presente a possibilidade jurídica do pedido, já que a pretensão condenatória encontra plena correspondência no ordenamento jurídico-penal. Finalmente, evidente se mostra a justa causa para a persecução penal na hipótese, já que perfectibilizados, à primeira vista, elementos concretos mínimos, coerentes entre si, de materialidade e autoria delitivas, colhidos com o devido respeito a todas as garantias e liberdades individuais.

Da mesma forma, os pressupostos processuais de existência e validade foram devidamente observados, sendo que a demanda se desenvolveu sob o pálio de um juiz competente e imparcial, com respeito à capacidade processual e postulatória das partes, à citação válida e à regularidade formal da peça acusatória, não havendo que se falar em nulidades relativas ora passíveis de eventual convalidação, tampouco em nulidades absolutas que poderiam acarretar qualquer vício na presente relação processual.

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14 Em outros termos, todas as garantias constitucionais e processuais foram devidamente asseguradas aos acusados, tendo a prestação da tutela jurisdicional se realizado de forma adequada e efetiva.

Dito isso e conforme já relatado, as ações penais – 0016204-49.2016.8.16.0031, 0016208-86.2016.8.16.0031, 0016211-41.2016.8.16.0031, 0016212-26.2016.8.16.0031, 0016213-11.2016.8.16.0031, 0016214-93.2016.8.16.0031 e 0005749-88.2017.8.16.0031 – foram reunidas por força da decisão proferida no mov. 159.1 dos presentes autos, bem como, sendo a instrução realizada de forma unificada.

Assim como o relatório trouxe separadamente o que ocorreu em cada um daqueles processos, a fundamentação ocorrerá da mesma forma, já que embora o crime tenha sido o mesmo em todos os autos (Crime de Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações), envolveu acusados e situações diferentes em cada um deles.

Passo, desta forma, a individualizar a materialidade e autoria de cada feito:

2.2. Do processo 0016208-86.2016.8.16.0031

Na denúncia consta que a denunciada MÁRCIA ANDREIA DE BRITO, com o apoio dos denunciados MÁRCIO LUIS CARNEIRO DO NASCIMENTO e EMERSON ROBERTO WENDLER (todos funcionários públicos e prevalecendo-se de seus cargos), inseriu dados falsos do sistema informatizado FASTMEDIC, que gerencia as filas de espera de consultas médicas do CISGAP, com a finalidade de obter vantagem indevida para a usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) IRACEMA BONFIM, bem como que a denunciada DIRLENE BONFIM, com consciência e vontade para a prática do ilícito, solicitou ao vereador MÁRCIO LUIS CARNEIRO DO NASCIMENTO e ao seu assessor EMERSON ROBERTO WENDLER para que estes exercessem sua influência decorrente de seus cargos com o objetivo de agilizar indevidamente o processo junto ao SUS referente a uma cirurgia para sua genitora IRACEMA BONFIM.

Da materialidade

A materialidade do crime imputado aos acusados restou positivada, conforme Relatório de Auditoria nº 014/ 2016 (mov. 1.73- 1.77), Mídia digital integrante do ANEXO I do Relatório de Auditoria nº 014/2016 (mov. 1.76, p. 7, 17.1, 18.1), Informação de Auditoria 096/2016 (mov. 1.78. p. 5-6), Índice nº 14678115 de Interceptação Telefônica (mov. 1.43, p. 1), Índice nº 14700223 de Interceptação Telefônica (mov. 1.43, p. 1), Índice nº

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15 14727617 de Interceptação Telefônica (mov. 1.43, p. 1), Mídia digital, contendo matéria jornalística da RPC TV (mov. 319.3) e pelas provas orais produzidas no curso da instrução processual.

Da autoria

Empreendida análise pormenorizada de todo o acervo probatório coligido aos autos, incluindo os elementos probantes colhidos ainda na fase inquisitorial, depreende-se que a autoria delitiva recai de forma incontroversa sobre os acusados Márcio, Emerson e Márcia. Senão vejamos.

Interrogado em Juízo o réu MÁRCIO LUIZ CARNEIRO DO NASCIMENTO (mov. 307.30), negou a autoria dos fatos, relatou “que a Dirlene filha da Iracema é sua vizinha e a procurou, porque fazia mais de um ano que sua mãe estava na fila de espera de uma consulta; que pediu para o seu assessor ir até o CISGAP ver qual era a situação da consulta; que o seu assessor Emerson repassou para ela a informação, de que a consulta dela já tinha sido marcada e repassou a data para ela; que a Dirlene era vizinha e morava no bairro; que tem um mercado no bairro e as conhecia; que ela ou a família não faziam parte de sua base eleitoral nessa campanha, mas de repente na primeira pode ser; que é vereador do bairro e ela é do bairro, então acha que ela teve mais facilidade e por que se conhecem; que ela pediu sobre a consulta da mãe dela, o porquê estava demorando tanto, pois há havia mais de um ano que ela estava esperando uma consulta; que se propôs que ia mandar se informar no Cisgap o que estava acontecendo por que estava demorando tanto; que pediu para seu assessor Emerson ir até o Cisgap para levantar a informação e foi informado no balcão que já estava marcado para mais uns 90 dias; que a Dirlene entrou em contato via telefone e lhe repassaram a informação; que tem quase certeza que a posição em que a Iracema estava na fila não foi alterada depois desse contato, porque a informação que foi repassada para o seu assessor era de que a consulta de Iracema iria demorar mais uns 90 dias e quando chegou a vez dela consultar parece que ela nem compareceu na consulta; que essa consulta que ela falou já estava na agenda normal; que no dia quando ela lhe ligou, disse para ela que poderiam tentar um encaixe para ela na segunda feira, pois as vezes os pacientes não compareciam e eles chamavam quando era mais urgente; que não era um contato, que iriam repassar o nome para a coordenadora do Cisgap, a Márcia; que tinha o contato normal com a Márcia, de vereador e chefe de recepção, como ela era; que tinha o celular dela; que se quisesse ligar para ela, poderia ligar, todos os vereadores ligavam se quisessem informações; que esteve algumas vezes na sala da Márcia, pois tem um projeto de sua autoria no Cisgap, que é colocação de um elevador no Cisgap; que conhece a Gabriela pois ela é nora de uma funcionária de seu mercado; que ela lhe procurou

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16 em seu gabinete umas quatro ou cinco vezes, mas para ver assuntos particulares dela, mas não sabia que era ela quem tinha acesso ao agendamento de consultas; que soube que ela trabalhava no Cisgap e era subordinada a Márcia; que não teve contato com a Marcia sobre a Iracema, apenas repassou a informação que o Emerson buscou no balcão que a consulta já estaria marcada pra frente; que esse contato ele não pegou com a Márcia e sim no balcão; que não falou com a Márcia sobre isso, por que a Iracema já tinha uma consulta agendada lá; que ela não foi pedir para ser adiantada ou passada na frente, ela queria saber o motivo da demora da consulta da mãe dela; que não sabe o motivo do porquê da Marcia ter pedido para que estagiária modificar e inserir uma prioridade para ela; que não conversou com a Iracema, e sim com a Dirlene, filha dela; que a Dirlene nem sabe o porquê sua mãe faltou na consulta; que quando emprega a palavra adiantar significa passar na frente; que se recorda da ligação que Dirlene fez para o seu assessor Emerson e que pegou o telefone e disse que iria ver se conseguia adiantar a consulta para a segunda-feira; que o Emerson Ribeiro Wendler era seu assessor; que conhece Vinicius Bernardini Pereira, se for um menino, filho de um primo seu; que Aldo Lucas Carneiro é seu sobrinho; que não lembra o porquê de ter documentos e exames médicos do sobrinho Aldo Lucas; que não conhece Jacir Kostekza; que não sabe o porquê tinha uma anotação com o nome de Jacir indicando o oftalmologista Dr. Mauro em sua casa; que não lembra de conhecer Sonia de Fátima Fiuza Barbosa; que não sabe do porquê ter uma anotação em sua casa escrito prótese dentária em nome de Sonia; que é comum as pessoas pedirem socorro, enquanto vereador, para terem acesso a informações do CISGAP; que geralmente o pessoal procura todos os vereadores; que seu reduto eleitoral é mais da Palmeirinha e muitas vezes não sabem onde é o CISGAP; que quando indagado sobre ter feito algum procedimento legislativo para facilitar o acesso da população ao sistema do CISGAP, afirmou que fez indicações e requerimentos; que está em seu segundo mandato e mora no bairro Boqueirão; que é comum as pessoas fazerem pedidos a toda hora; que quem chega em sua casa, independente se é seu eleitor, se puder contribuir, vai fazer; que não solicitou a Márcia alguma ilegalidade, mudança de colocação de pessoas na frente, adiantamento de consulta; que esse “ adiantar” que o promotor perguntou, seria verificar, levantar; que no Cisgap tem consultas pré agendadas, e o paciente na segunda se ele não comparecer, o médico vai receber pela consulta igual; que no caso da dona Iracema ia ver para tentar o encaixe, como era algo de urgência, mas não foi preciso pois sua consulta já estava agendada; que esse encaixe não quer dizer furar fila; que se a pessoa for lá e faltar paciente pode ser atendido; que foi apenas o caso da Dirlene Bonfim, mas não foi furado fila ou adiantado; que hoje foi feito TAC e os vereadores não tem acesso com os secretários, antes iriam despachar com o secretário ou com o chefe de setores; que o pessoal ainda continua o procurando, mas tem indicado em casos de doença a procurarem o Ministério Público, que tem

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17 condições de fazer um pedido; que já chegou a comprar remédio com seu dinheiro, mas hoje não faz mais; que conheceu a Marcia, contato profissional por ser vereador e ela chefe de setor; que teve contato telefônico com a Márcia, umas duas ou três vezes; que seus assessores não tinham contato com ela; que os requerimentos não eram feitos para a Márcia, eles iam para o legislativo e o legislativo distribuía ao setor certo; que uma vez que foi conversar com a Márcia, foi pedido a instalação de um elevador no Cisgap, que até hoje não tem; que foram feitos orçamentos; que solicitou a pintura do Cisgap, entrada para ambulância, coisas de trabalho; que com relação a problemas médicos de eleitores e não eleitores nunca foi dito nada; que foi sugerido, pois não existia, os mutirões que atendiam nos bairros; que algumas pessoas não compareciam nas consultas do Cisgap, pois tinham sido atendidas no mutirão; que não tem conhecimento se há possibilidade de fazer alteração nas filas de espera no sistema FASTMEDIC; que não tem conhecimento se a Márcia, com algum outro vereador, tinham troca de favores, ligação com algum partido político; que as vezes que conversou com a Márcia, ela não te atendeu como vereador e sim atendia todos os vereadores, todas as pessoas que a procuravam ela atendia, sempre foi receptiva; que avalia a gestão da Márcia no Cisgap como muito boa; que a Dirlene não lhe pediu para que recolocasse sua mãe Iracema em uma posição anterior na fila de consultas ou cirurgia, ela simplesmente lhe procurou para saber o porquê da demora, pois fazia mais de um ano que sua mãe estava em uma fila de espera; que ela não pediu para adiantar; que o assessor vai fazer o que o vereador pede, é um braço direito do vereador; que as vezes se não pode ir tirar informação com a secretaria, pede para o assessor, o que inclui diligências no polo do vereador, Cisgap; que os assessores batem o cartão até as seis horas, mas eles são assessores 24 horas, a hora que o vereador precisa eles estão juntos.”

Interrogado em Juízo o réu EMERSON RIBEIRO WENDLER (mov. 307.24), negou a autoria dos fatos, relatou “que o vereador Marcio Carneiro o pediu para que visse para quando seria a consulta no CISGAP da paciente Iracema; que foi até o balcão do CISGAP, perguntou lá e eles lhe deram a data da consulta e o interrogado passou para o Márcio Carneiro; que a Dirlene ligou no celular do interrogado, pois o vereador passou o número e o interrogado disse que a consulta já estava marcada no Cisgap, e passou o número do Márcio Carneiro; que acha que a Dirlene procurou o Marcio diretamente antes para tratar dessa consulta e ele passou o celular do interrogado; que o Márcio pediu para que fosse no Cisgap ver como estava o andamento, se tinha alguma data da consulta, se era para dali um mês, um ano, ou quando era; que não lembra como estava o andamento, que eles lhe deram, mas passou para o Márcio; que foi a única vez que isso aconteceu no gabinete; que não sabe por que ela entrou em contato com o Márcio; que além de ter consultado a posição na fila, não tomou outra

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18 providência, nem ligou para alguém pedindo informação; que não entrou em contato diretamente com a Márcia sobre essa situação; que não sabe o porquê a Márcia teria pedido para a estagiária Gabriela modificar a posição em que constava a Iracema; que não sabe como ela soube que haveria essa necessidade; que acha que mais ninguém do gabinete sabia dessa solicitação da Iracema; que desse caso só tratou o interrogado e o Márcio; que não sabe como essa solicitação chegou até a diretora do Cisgap; que a Iracema ou sua filha Dirlene não entraram em contato com o interrogado perguntando se tinha modificado a posição dela na fila ou se poderia ter um encaixe de consulta e para outra pessoa o interrogado não sabe; que não sabe se ela foi atendida com prioridade ou não; que acha que ela não foi na consulta, mas não sabe informar ao certo; que sempre passava as informações para o Márcio; que não tinha autonomia, era tudo com o Márcio; que só tomava medidas se ele mandasse fazer; que recebeu uma ligação da Dirlene e depois passou o telefone para o Márcio, e ele conversou com ela, mas não lembra o que ele disse; que a sua função era quando chegava alguma coisa para o vereador; que ele pedia para confirmar se era verdade que não tinha medicamentos nos postos, quanto ao mal atendimento; que quanto na saúde, secretaria de esportes, educação, o que ele pedia iria ver.”

Interrogada em juízo a ré MÁRCIA ANDREIA DE BRITO (evento 339.4, processo 0016208-86.2016.8.16.0031) disse “que não conhece as pessoas de Iracema Bonfim e Dirlene Bonfim; que conhecia o vereador Marcio Carneiro, que é uma pessoa que gosta, mas não é seu amigo; que jamais atendeu qualquer pedido dele, respondeu algumas perguntas dele de encaminhamentos, como funcionava, já levou muita bronca dele por que as coisas não andavam e ele lhe cobrava; que ele não fez pedido em relação a essa paciente e nenhum pedido assim; que todos os questionamentos que ele lhe fez, foi no sentido de como fazer para resolver; que não lembra do assessor Emerson; que ele nunca lhe solicitou nada em relação a essa paciente; que ele pode ter ido no Cisgap e falado com a interrogada, mas a interrogada sempre passou para todas as pessoas que estiveram no Cisgap, qual era o fluxograma de como funcionava; que nega ter determinado a estagiária Gabriela que incluísse a paciente Iracema na fila, mas levava os encaminhamentos toda manhã para o departamento, os que eram para serem atendidos na sua reserva legal; que não lembra dos fatos em relação a Iracema; que os pacientes que passavam na frente era nas situações de urgência, perigo de vida, sempre com pedido do médico; que nunca fez atendimento a solicitação de político, vereador, assessor sem que houvesse necessidade médica; que as intervenções que fez na fila foram feitas em razão da urgência do atendimento, nunca a pedido de determinado político; que não sabe por que está sendo acusada; que no âmbito político, não tem relacionamento com o vereador Márcio; que todas as informações que passavam para vereador, assessor, Ministério Público, ou qualquer pessoa

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19 que perguntasse, era quanto o fluxo de como as coisas funcionavam e providencias a serem tomadas; que não podem passar informações sobre o paciente e o que ele tem para ninguém; que com relação a fila de espera todo mundo pode saber; que o lugar na fila era repassado ao paciente; que para uma pessoa estranha que esteja com o encaminhamento, consegue saber em que posição está; que não tinham acesso a prontuários médicos; que tendo havido uma priorização pelo setor de auditoria essa priorização vai constar no Fastmedic.”

Interrogada em juízo (evento 307.21) a ré DIRLENE BONFIM disse “que não manipularam nada; que sua mãe já estava na fila fazia mais de um ano e não chamavam ela; que ligou para o Márcio ver se tinha como ver se ia demorar muito ou não; que conhecia o Márcio do bairro; que não tinha convivência ou amizade; que ele tinha o comércio próximo do seu; que não fez parte da base eleitoral dele; que ele era o único vereador que conhecia, pois morava próximo de sua casa; que ligou para ele, no número que ele tinha passado; que pediu para ele ver se ia demorar muito a consulta da sua mãe; que ele disse que ia ver como estava; que ele ia mandar o seu assessor ver se ia demorar; que ele não retornou; que não sabe como ele iria verificar; que não obteve resposta; que ligou para ele umas duas vezes sobre essa consulta, mas não lembra o que ele falou, se havia dado certo ou não; que em momento algum ele falou que ia passar ela na frente, ele só ficou de ver se ia demorar muito; que não tentou entrar em contato com o Cisgap; que como vereador pode pedir ajuda para ele; que pediu para ele simplesmente ver se ia demorar muito, que as vezes o paciente não vai e nessa falta de alguém, para ela consultar; que não sabe se sua mãe foi adianta na fila; que ninguém ligou para sua mãe; que não está sabendo dessa ligação sobre a consulta; que não tentou contato com o Cisgap para obter as informações; que como trabalha não tinha tempo de verificar; que não tentou nem ligar pois não lhe passou pela cabeça; que pretendia que ele exercesse algum tipo de influência sobre isso pela qualidade de vereador; que falou com o assessor Emerson e com o Márcio; que não lembra o que foi falado, mas lembra da ligação; que não objetivava que sua mãe Iracema fosse atendida antes de outras pessoas; que antes de ligar para o Márcio não sabia quanto tempo demoraria para a cirurgia de sua mãe; que não retornaram essa ligação sobre o tempo que demoraria; que o seu objetivo ter a informação de quanto tempo demoraria para a cirurgia; que trabalha aqui em Guarapuava das 09h:00 às 18h:30 e não tem disponibilidade de sair no meio do expediente para fazer esse tipo de consulta; que não lembra o horário da ligação; que o Márcio não prometeu de alterar a ordem; que seu objetivo era ver quanto tempo demoraria a cirurgia de sua mãe; que acha que sua mãe não foi beneficiada pelo Márcio; que apenas fez a ligação, mas ele ou sua assessoria não retornaram falando o quando seria atendida.”

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20 A testemunha de acusação GABRIELI APARECIDA SOLTO, ouvida em Juízo (mov. 259.25), relatou “que trabalhou no Cisgap no período de 2010/2011 como estagiária e saiu por que venceu seu contrato; que utilizava o sistema FASTMEDIC; que a primeira vez que teve acesso a senha do FASTMEDIC é por que trabalhava na recepção; que recepcionava, fazia o acolhimento e mandava para pré-consulta, mas era a única senha que tinha; que depois foi para a marcação de consulta, onde eles liberaram para fazer a marcação de retorno e era a única coisa que tinha acesso; que quanto o cancelamento e inclusão da Sra. Iracema no sistema FASTMEDIC, feito com o login da depoente, disse que não lembra desse nome, por que como era estagiária trabalhava apenas 06 horas, das 07h da manhã até as 13h, e como haviam entrado outros estagiários, a depoente deixava seu computador aberto com a senha e as meninas marcavam consultas em seu nome, todo mundo tinha acesso a sua senha; que tinha consultas que eram marcadas no período da tarde e não estava mais no Cisgap; que sua sogra Eliane é empregada do Márcio Carneiro; que era comum vários vereadores frequentarem o gabinete da Marcia, que lembra bastante do Márcio, viu algumas o Edony, o Celso Costa viu uma vez só; que lembra do assessor do Márcio Carneiro, que sempre estava lá, juntou com ele, ou ia sozinho, mas não lembra do nome dele; que na época as pessoas comentavam que eram assessores do Neto Rauen, mas não sabia se era realmente; que esses assessores não iam claramente pedir para furar fila; que sempre os viam lá, eles entregavam alguns maços de consultas que ficavam na mesa de suas chefes lá na marcação de consulta; que em relação a afirmação feita quando foi ouvida pelo Dr. Vitor Hugo de que as filas ficavam paradas em razão da diretora Márcia liberar cotas de consultas esporadicamente e que essas liberações serviam basicamente para atender os vereadores, disse que isso geralmente é verdadeiro, pois só a senha dela que dava acesso para poderem mexer nos parâmetros e que as vezes ela deixava a senha para poder fazer esse tipo de alteração, pois quando deixava 0 no parâmetro a fila de espera ficava fechada; que no caso de pessoas de outros postos de saúde que estavam na fila de espera, você tirava ele, colocava 0 e colocava 100% no outro parâmetro para poder puxar ele para a Secretaria, para conseguir agendar a consulta, para por exemplo, puxar ele na frente dos outros; que quando fala em parâmetros, está falando do parâmetro do sistema da Márcia, pois só o da administração que consegui fazer isso; que não sabe se outras pessoas tinham a senha dela, que acha que a Eni e o Wagner tinham a senha, mas eles vinham e colocavam no computador em seu ambiente de trabalho, na marcação de consulta; que eles falavam no Cisgap, na época, que o Wagner, era primo ou sobrinho da Márcia; que em relação a afirmação feita quando foi ouvida pelo Dr. Vitor Hugo de que o Wagner utilizava o login da diretora para ir até o setor e marcar muitas consultas que visavam furar filas de espera, disse que chegou a essa conclusão pois como trabalhava no balcão, fazia o atendimento principal dos pacientes que chegavam até lá, e seu balcão,

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21 principalmente a cadeira onde sentava, dava até o fim do corredor do Cisgap, onde terminava na sala de consulta oftalmológica e sempre tinha uma fila quilométrica ali e falavam para os pacientes que não tinha consulta, que o cardiologista ou oftalmologista só dali 03 meses para eles voltarem, mas nesse meio tempo o Wagner sempre entrava na sala, com maços de consultas e marcavam, então eles conseguiam fazer essa alteração do parâmetro, marcando as consultas pra eles; que é verdade que disse que se sentia mal de lembrar do tempo que trabalhou lá; que foi estagiária, então o salário que ganhava, pagava a faculdade, já era casada, então sabia que estava fazendo coisa errada, mas ao mesmo tempo precisava do salário para sobreviver e o que lhe fazia mais mal era que escutava e via pessoas que estavam a muito tempo, retornavam, tentavam marcar consulta e não conseguiam e isso lhe deixava muito mal; que o volume desses acontecimentos era tão grande, que as filas naturalmente não andavam; que no parâmetro a Márcia dava acesso para fila de cirurgia e para consultas; que o Cisgap controlava consultas, exames e cirurgias e também tinha um livro onde acompanhavam e marcavam esses nomes das cirurgias que estavam aguardando para ser marcado; que era bem comum as pessoas marcarem e não irem, principalmente nas consultas; que o encaixe que faziam muito no Cisgap, pois por exemplo chegavam situações de emergência, um oftalmo no dia e a pessoa não ia, começavam a distribuir as senhas na recepção a partir das12h e o oftalmo chegava 13h, 13h30, então até ali tinha noção de quantas pessoas tinham vindo; que falavam se o caso fosse de emergência e que veriam se faltasse alguém, poderiam colocar no lugar; que passavam para o médico, ele levava para a administração e era feito o encaixe; que era retirada a pessoa da lista de espera para colocar no encaixe; que nesses casos quando os pacientes iam até lá, só poderiam fazer se fosse através da administração, tinham que ter a autorização deles, sem a senha deles não conseguiam fazer nada; que a senha da administração seria a senha da Márcia; que não lembra do nome Iracema Bonfim; que lembra da Dirlene Bonfim pois conhece e a via no Cisgap; que era comum as pessoas irem até o Cisgap verificar a posição em que estavam, se iria demorar para consultarem e em alguns casos conseguiam ter acesso; que com a depoente os assessores não foram verificar posição; que trabalhava na recepção, depois passou para marcação de consultas e trabalhava no balcão; que não sabe quem é Caroline Marcondes; que não sabe quantos vereadores tem no município de Guarapuava e conhece só por nome; que os vereadores Celso, Edony e Marcio não solicitaram diretamente para a depoente alguma alteração na fila; que com os estagiários eles não tinham contato; que era feito o rodízio dos estagiários, as vezes estava na recepção, depois na marcação de exames, até acharem que estavam bem em algum setor, que como ficou lá, vinham as estagiárias que trabalhavam na recepção e eles trabalhavam no período da tarde e vinham para ficar na marcação de consultas e a depoente quando sai para ir embora deixava seu computador aberto e

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22 ficava logado no sistema, então quando era feito algum agendamento, acolhimento, aparecia pela senha da depoente; que não se lembra de ter visto demais vereadores, secretários ou prefeito no local; que não sabe qual funcionário específico que gerenciava a fila de espera do Fastmedic; que a sua senha não fazia alterações, só a senha do administrativo que fazia alterações, a sua senha fazia o acolhimento e marcava retorno quando estava aberto a senha; que alterando os padrões do sistema a sua senha poderia fazer as alterações e liberava a agenda dos médicos, mas o padrão do sistema só é alterado pela senha do administrativo para liberar para os demais; que após essa alteração do sistema não realizou mudança na fila, pois a sua senha não acesso a mudança, apenas retorno para pessoas que já estavam consultando no Cisgap, só a senha dela que conseguia fazer isso; que não sabe de outra senha de alguém de dentro do Cisgap que tivesse os mesmos poderes para alterar o padrão do sistema; que não conhece as pessoas de Amauri ou Raquel Tavares.”

As testemunhas Dioni, Eliane, Eurípio, Fabio, Juarez, Juliana de Fátima Mores, Marcia Maria, Carmineles, Sandra, Stefan, Margarete, Marilene, Lídia, Cesar, Ana Paula, João Maria, Lídia e Stefan, em nada relataram sobre os fatos, além do contido nos autos e relatado pelos réus, apenas se manifestando quanto a boa conduta dos acusados.

Da prova produzida, não há dúvidas que houve a prática do crime de inserção de dados falsos em sistema de informações, pelos réus Márcio, Emerson e Márcia, com a finalidade exclusiva de garantir a paciente IRACEMA BONFIM, que fosse atendida antes dos demais pacientes que esperavam pela consulta médica na mesma especialidade pelo mesmo tempo que ela ou até por tempo maior.

Essa prioridade dada a paciente IRACEMA consistiu na vantagem perseguida pela indevida exclusão e inclusão de dados em sistema de informática, como será demonstrado a seguir:

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23 Da análise dos dados colacionados acima, verifica-se que a paciente Iracema Bonfim ingressou na fila de espera de forma legítima, por meio do estabelecimento solicitante ESF BOQUEIRÃO em data de 14/05/2014, com o agendamento feito em data de 06/01/2015, para consulta em data de 20/01/2015, importante ressaltar que a data de saída da autoria realizada, se deu em data de 21/05/2014.

Denota-se ainda que foi incluída de forma ilegítima, em outra fila de espera em data de 15/10/2014 por meio do estabelecimento solicitante SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, para consulta em data de 25/11/2014, na qual constou como “faltoso”, sendo que já no dia seguinte em 26/11/2014, através da SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, houve novo agendamento para consulta em data de 01/12/2014, data em que foi atendida, sendo ainda atendida em data de 13/01/2015 data em que foi incluída na fila de espera de cirurgia.

O método de agendamentos de consultas de forma ilegal é devidamente demonstrado pela estagiária Gabriele em seu depoimento judicial, a qual ainda afirma que se sentia mal de lembrar do tempo em que trabalhou do Cisgap, diante dos acontecimentos narrados: “[...] que em relação a afirmação feita quando foi ouvida pelo Dr. Vitor Hugo de que as filas ficavam paradas em razão da diretora Márcia liberar cotas de consultas esporadicamente e que essas liberações serviam basicamente para atender os vereadores, disse que isso geralmente é verdadeiro, pois só a senha dela que dava acesso para poderem mexer nos parâmetros e que as vezes ela deixava a senha para poder fazer esse tipo de alteração, pois quando deixava 0 no parâmetro a fila de espera ficava fechada; que no caso de pessoas de outros postos de saúde que estavam na fila de espera, você tirava ele, colocava 0 e colocava 100% no outro parâmetro para poder puxar ele para a Secretaria, para conseguir agendar a consulta, para por exemplo, puxar ele na frente dos outros; que quando fala em parâmetros, está falando do parâmetro do sistema da Márcia, pois só o da administração que consegui fazer isso; [...] que em relação a afirmação feita quando foi ouvida pelo Dr. Vitor Hugo de que o Wagner utilizava o login da diretora para ir até o setor e marcar muitas consultas que visavam furar filas de espera, disse que chegou a essa conclusão pois como trabalhava no balcão, fazia o atendimento principal dos pacientes que chegavam até lá, e seu balcão, principalmente a cadeira onde sentava, dava até o fim do corredor do Cisgap, onde terminava na sala de consulta oftalmológica e sempre tinha uma fila quilométrica ali e falavam para os pacientes que não tinha consulta, que o cardiologista ou oftalmologista só dali 03 meses para eles voltarem, mas nesse meio tempo o Wagner sempre entrava na sala, com maços de consultas e marcavam, então eles conseguiam fazer essa alteração do parâmetro, marcando as consultas pra eles; que é verdade que disse que se sentia mal de lembrar do tempo que trabalhou lá; que foi estagiária,

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24 então o salário que ganhava, pagava a faculdade, já era casada, então sabia que estava fazendo coisa errada, mas ao mesmo tempo precisava do salário para sobreviver e o que lhe fazia mais mal era que escutava e via pessoas que estavam a muito tempo, retornavam, tentavam marcar consulta e não conseguiam e isso lhe deixava muito mal; que o volume desses acontecimentos era tão grande, que as filas naturalmente não andavam; [...]”

Os agendamentos ilegais feitos pela ré Márcia, são ainda corroborados pelo depoimento da ex-funcionária do Cisgap, Cirlene Bastos, a qual afirmou em juízo: “que é verdade que haviam muitas marcações fora da fila de espera por ordem da diretora, muitas vezes trazidas pela assessora da direção”.

Da análise das planilhas extraídas do sistema Fastmedic, verifica-se que não consta outra data de auditoria, a qual justificaria o adiantamento da consulta da paciente Iracema em outra lista de espera mais curta. Ademais, a ré Dirlene não acostou qualquer exame médico em nome de sua mãe, apto a comprovar que o adiantamento se deu em razão de urgência.

A urgência nesse caso não restou devidamente comprovada, primeiramente, pois após a saída da auditoria (21/05/2014) a consulta da paciente Iracema foi marcada de forma legítima para a data de 20/01/2015, o que por óbvio, se fosse constatado caso de urgência, seria marcada em data anterior, bem como pelo fato de que já na listagem ilegítima, a paciente faltou na primeira consulta em data de 25/11/2014, sendo atendida apenas em 01/12/2015 o que leva a entender que não era uma situação emergencial.

Desta forma, resta claro que houve a inserção da paciente Iracema Bonfim, de forma ilegítima, em uma fila de espera mais curta, por duas vezes (agendamento em 15/10/2014 para consulta em 25/11/2014 e novo agendamento em 26/11/2014 para consulta em 01/12/2014), com a finalidade exclusiva de garantir que fosse atendida antes dos demais pacientes que esperavam pela consulta médica na mesma especialidade pelo mesmo tempo que ela ou até por tempo maior.

Restou evidenciado ainda, que as duas inserções ilegítimas foram realizadas com o login da estagiária Gabriele, a qual, como já dito acima, explicou o método de agendamentos de consultas de forma ilegal, ficando demonstrado que a ré Márcia realizava alterações nos parâmetros do sistema Fastmedic, o que possibilitou as inserções indevidas.

(25)

25 Justamente por ser pessoa dotada de login e respectiva senha para acesso e manipulação no referido sistema de informática, qualifica-se ela como funcionária autorizada, qualidade de autor reclamada pelo tipo do art. 313-A do Código Penal.

Quanto a tipificação do Crime de Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações, dispõe o art. 313-A do Código Penal:

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.

Pena – reclusão, de 02 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Pode-se ainda destacar que o crime de “inserção de dados

falsos em sistema de informações” é crime que tem como elemento

subjetivo do tipo o dolo específico consistente na finalidade de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano, não se punindo a figura culposa; ademais o elemento normativo do tipo consubstanciado na palavra “indevidamente”, constante da descrição do artigo, indica que, para a configuração do crime, necessário se faz que a inserção dos dados praticada seja indevida.

Importante ressaltar que o crime ora analisado, trata-se de crime próprio, ou seja só pode ser praticado por funcionário público, contudo, há que se atentar, para o que preceituam os artigos 29 e 30 do Código Penal:

“ Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. ” “Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.”

Assim, tratando-se a condição de funcionário público, como dito, de uma elementar do crime em apreço, bem como em havendo concurso de funcionário autorizado com não autorizado ou terceiro, nada impede que ela se comunique aos demais denunciados que não ostentam tal qualidade, a exemplo dos terceiros/pacientes e que todas respondam pela mesma infração.

Ocorre que no caso dos autos, em relação a ré DIRLENE, não restou evidenciado a existência de concurso de agentes, entre ela (terceira não autorizada) com os demais réus, não ficando caracterizado a

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26 existência de liame subjetivo, essencial para o reconhecimento do concurso de pessoas, o que transforma a sua conduta, qual seja a ligação realizada em prol da consulta de sua mãe, em isolada e autônoma em relação as demais condutas dos réus.

Veja-se que não houve conluio entre a ré Dirlene com os demais réus, visto que em nenhum momento durante as interceptações ( índices 14678115, 14700223 e 14727617), pede para que sua mãe seja passada na frente dos demais pacientes, apenas, muito provável, em um momento de desespero, sem saber a quem recorrer, visto que, sabe-se a situação precária da saúde pública, procurou um vereador de sua confiança e de seu bairro e lhe pediu ajuda, não restando caracterizado seu dolo em prejudicar terceiros.

Quanto a ausência de liame subjetivo, assim tem se manifestado a jurisprudência em caso análogo:

PENAL. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES. ART. 313-A DO CP. INCLUSÃO DE VÍNCULO TRABALHISTA PARA FINS DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CONCURSO ENTRE FUNCIONÁRIO DO INSS E PARTICULAR. ABSOLVIÇÃO DA SERVIDORA DO INSS POR AUSÊNCIA DE DOLO. DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA DO PARTICULAR PARA ESTELIONATO. ART. 171, § 3º, DO CP. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 1.Tratando-se a conduta prevista no art. 313-A de crime funcional próprio, afastada a responsabilidade do servidor, não há como prevalecer a condenação do particular por este delito, por absoluta ausência de liame subjetivo, essencial para o reconhecimento do concurso de pessoas. A ausência deste elemento psicológico desnatura o concurso eventual de pessoas, transformando-o em condutas isoladas e autônomas. [...] (TRF-4 - ACR: 110611120074047000 PR 0011061-11.2007.404.7000, Relator: TADAAQUI HIROSE, Data de Julgamento: 23/11/2010, SÉTIMA TURMA, Data de Publicação: D.E. 02/12/2010).

Assim, a absolvição da ré Dirlene é medida que se impõe, nos termos do artigo 386, inciso IV do CPP.

Ao contrário dos demais réus, onde resta devidamente caracterizado o concurso de agentes, pois se vê que a ré Marcia Andreia de Brito, atuando como funcionária autorizada, com domínio do fato e valendo-se da estagiária Gabriele, promoveu as duas indevidas invalendo-serções de dados falsos no sistema Fastmedic, agindo a pedido do vereador, ora réu, Márcio

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27 Carneiro do Nascimento e seu assessor Emerson Roberto Wendler, os quais se utilizaram de sua influência política para praticarem tais atos.

Veja-se que entre as conversas de Dirlene com Márcio e Emerson ( 10/10/2014 e 13/10/2014) e a data em que ocorreu a primeira inserção falsa, qual seja 15/10/2014, se passaram poucos dias, bem como que em havendo a falta da paciente Iracema na data da primeira consulta de 25/11/2014, já no dia seguinte, 26/11/2014, houve a marcação de uma nova consulta para a data de 01/12/2014, o que fica evidenciado que os réus Márcio e Emerson, se utilizaram da influência polícia de Márcio para intervirem junto a diretora Márcia, para que as inserções indevidas fossem efetivadas.

Ademais, como esclareceu o Ministério Público em suas alegações finais, o agendamento de consulta com médico da especialidade de cirurgia geral era passo necessário para que a cirurgia fosse agendada, na medida em que só a partir do momento que tal especialista indicasse a cirurgia, esta poderia ser pautada, o que mostra o porquê da busca por agilização da realização da cirurgia passasse necessariamente pela agilização da consulta na especialidade de cirurgia geral.

No caso dos autos, na lista de espera legítima, a paciente Iracema consultaria apenas em data de 20/01/2015, tendo sua consulta adiantada de forma ilegítima, por duas vezes, por meio da influência e facilitação dos réus Márcio e Emerson, e inserção de dados falsos por meio da ré Márcia, a qual se utilizou do login da estagiária Gabriele, como já dito.

Desta forma, em análise de todo o conjunto de elementos fáticos e circunstâncias permitem identificar o concurso entre os réus – MÁRCIO, EMERSON e MÁRCIA – na prática das infrações penais em questão, nos verbos “inserir e facilitar”.

2.3. Do processo 0016211-41.2016.8.16.0031

Na denúncia consta que a denunciada MÁRCIA ANDREIA DE BRITO, com o apoio dos denunciados AMAURI OPUCHKEVITCH e EDONY ANTÔNIO KLÜBER (todos funcionários públicos e prevalecendo-se de seus cargos), inseriu dados falsos do sistema informatizado FASTMEDIC, que gerencia as filas de espera de consultas médicas do CISGAP, com a finalidade de obter vantagem indevida para o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) JOÃO VILSON GUTUBIR, qual seja, a de ser atendido antes dos demais usuários que ingressaram anteriormente na fila de espera de consultas da especialidade cirurgia geral.

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28 Da materialidade

A materialidade delitiva restou demonstrada, conforme ampla prova documental, em especial pelo Relatório de Auditoria n. 014/2016 (mov. 1.73/1.74); Mídia Digital integrante do Anexo I do relatório de Auditoria n. 14/2016 (mov. 1.76 – p. 7, 17.1 e 18.1); Informações de Auditoria n. 096/2016 (mov. 1.78 – p. 5/6); Interceptações telefônicas Índice n. 14364550 e n. 14367131 (mov. 1.41 – p. 3/4); Mídia Digital (mov. 249.1), bem como pelos depoimentos colhidos ao longo da instrução criminal. Da autoria

Sobressai-se da apreciação minuciosa de todo o acervo probatório, incluindo os elementos probantes colhidos ainda na fase inquisitorial, que há provas suficientes da prática do crime noticiado, pelos acusados AMAURI e MÁRCIA. Senão vejamos.

Interrogado em juízo (mov. 307.22/23) o réu EDONY ANTONIO KLUBER disse “que não é verdade que solicitou ao Amauri, que viabilizasse junto a Márcia a prioridade do atendimento de João Vilson; que não sabia desse caso e ficou sabendo através da reportagem do Fantástico, onde foi entrevistado; que não conhecia pessoalmente o Sr. João Vilson, que foi conhecer no dia da audiência anterior a essa; que ficou sabendo da conversa de Amauri e João Vilson, após esses acontecimentos da denúncia e reportagem; que não tinha conhecimento que a Márcia teria determinado a Juliana (estagiária do CISGAP), que modificasse o posicionamento de João Vilson no sistema; que não procurou falar com o Amauri sobre o atendimento dessas pessoas; que as pessoas sempre procuram o vereador para várias situações, mas o que sempre fez e orientou as pessoas que trabalhavam com o interrogado, era tratar bem as pessoas e encaminhar ao setores competentes para atendimento; que após vir a público esses fatos procurou conversar com os seus assessores; que em relação ao João Vilson o Amauri lhe disse que certa vez esse cidadão o ligou e queria ver a possibilidade de pagar uma cirurgia para ele; que o Amauri falou que iria verificar a possibilidade, mas não foi atrás e nem conhecia o Sr. João Vilson; que vários desses atendimentos que figuram como se o interrogado, o vereador Márcio e Celso tivessem furado a fila do SUS, pode ser em decorrência desses mutirões, por que em vários bairros ocorriam mutirões, onde eram atendidas de 500 até 800 pessoas; que conversavam com pessoas que informavam que estavam aguardando procedimento, consulta, exame há anos; que acredita que a informação de certa forma era truncada, pois eles nunca sabiam quando iriam ser atendidas; que como já dito algumas vezes foi até o CISGAP para entender o funcionamento para poder orientar as pessoas, mas providências legislativas não foram feitas; que não tinha conhecimento do sistema FASTMEDIC; que em nenhum momento

Referências

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