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Geração de Séries Auto-Similares Gaussianas via Wavelets para Uso em Simulações de Tráfego

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Academic year: 2021

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Gerac¸˜ao de S´eries Auto-Similares Gaussianas via

Wavelets para Uso em Simulac¸˜oes de Tr´afego

F. L. de Mello, A. B. de Lima, M. Lipas, Membro, IEEE, e J. R. de A. Amazonas

Resumo— Medidas mostraram que o tr´afego das redes possui propriedades fractais, tais como auto-similaridade e mem´oria longa (ou dependˆencia de longa durac¸˜ao). A mem´oria longa ´e caracterizada pela existˆencia de um p ´olo na origem da func¸˜ao densidade espectral (formato 1/fα, 0 < α < 1). Tamb´em foi constatado que o tr´afego pode apresentar dependˆencia de curta durac¸˜ao em algumas escalas temporais. A utilizac¸˜ao de um gerador de tr´afego agregado “realista”, que sintetize s´eries temporais fractais, ´e fundamental para a validac¸ ˜ao de algoritmos de controle de tr´afego. Neste trabalho, a s´ıntese de realizac¸˜oes aproximadas de um tipo de processo aleat´orio auto-similar denominado Ru´ıdo Gaussiano Fracion ´ario ´e feita via transformada wavelet. O m´etodo proposto tamb´em ´e capaz de sintetizar s´eries Gaussianas com espectros mais gen´ericos do que

1/fα, ou seja, s´eries que tamb´em apresentam dependˆencia de curta durac¸˜ao. A gerac¸˜ao ´e feita em dois est´agios. O primeiro gera uma realizac¸˜ao aproximada do Ru´ıdo Gaussiano Fracion´ario via Transformada Wavelet Discreta. O segundo introduz dependˆencia de curta durac¸˜ao por meio de de uma filtragem IIR (Infinite Impulse Response) da sa´ıda do primeiro est´agio. Efetuou-se uma caracterizac¸˜ao detalhada das s´eries resultantes, utilizando-se nas an´alises momentos estat´ısticos de2, 3a¯e4a¯ordens, al´em de testes

estat´ısticos espec´ıficos para s´eries auto-similares. Verificou-se que o estimador de Whittle do parˆametro de HurstH ´e mais robusto do que o do m´etodo do periodograma em s´eries que apresentam, simultaneamente, dependˆencia de curta e de longa durac¸˜ao.

Palavras-chave— Auto-similaridade, dependˆencia de longa durac¸˜ao, dependˆencia de curta durac¸˜ao, mem´oria longa, tr´afego, wavelets.

I. INTRODUC¸ ˜AO

A

T ´E o in´ıcio da d´ecada de 1990, pensava-se que o

tr´afego das redes1 de pacotes poderia ser modelado pelo

processo aleat´orio de Poisson [1], [2]. Entretanto, medidas em redes locais [3] e de grande ´area [4] mostraram que o teletr´afego possui propriedades fractais, tais como mem´oria longa (Long Range Dependence - LRD) ou persistˆencia e auto-similaridade. A mem´oria longa implica a existˆencia de um p´olo na origem da Densidade Espectral de Potˆencia (DEP). Um objeto matem´atico (conjunto, medida etc.) ´e auto-similar quando apresenta auto-similaridades estruturais em todas (ou pelo menos em uma faixa dinˆamica extensa) as escalas de observac¸˜ao. No caso do teletr´afego, a alternˆancia de per´ıodos de surto e de suavidade (impulsividade ou burstiness) e a

Manuscrito recebido em 30/3/2006 e revisado em 25/5/2006.

Fernando Lemos de Mello, Alexandre Barbosa de Lima, Marcelo Lipas e Jos´e Roberto de Almeida Amazonas s˜ao membros do Laborat´orio de Comunicac¸ ˜oes e Sinais do Departamento de Engenharia de Telecomunicac¸ ˜oes e Controle da Escola Polit´ecnica da Universidade de S˜ao Paulo (LCS-PTC-EPUSP). e-mails:{mello,ablima,lipas,jra}@lcs.poli.usp.br

1Entenda-se “tr´afego” como a s´erie temporal de chegadas de pacotes em um n´o da rede.

LRD s˜ao mantidas em v´arias escalas de tempo, na faixa de ms a min ou h (a auto-similaridade ocorre em um sentido estat´ıstico).

A mem´oria longa pode levar a maiores taxas de perda de pacotes do que as que s˜ao previstas pela teoria cl´assica das filas [3], [5]. S´eries de mem´oria longa tamb´em foram observadas nas ´areas de Climatologia e Hidrologia (d´ecada de 1950) e, mais recentemente, em s´eries de dados econˆomicos e finan-ceiros (d´ecada de 1980) e s´eries de imagens de ressonˆancia magn´etica funcional do c´erebro humano (d´ecada de 1990) [6], [7].

Os artigos [3] e [4] mostraram que n˜ao ´e razo´avel supor que s´eries de teletr´afego possam ser geradas por modelos ARMA (Autoregressive Moving Average) ou Markovianos, cujas autocorrelac¸˜oes decaem exponencialmente para zero com o aumento do lag [8], [9]. Na literatura, os processos LRD

s˜ao tamb´em conhecidos como processos com espectro 1/fα,

0 < α < 1.

Mais recentemente, o estudo emp´ırico de Riedi e V´ehel [10] (vide tamb´em Feldmann et al. [11] e Gilbert et al. [12]) mostrou que o tr´afego TCP/IP ´e um multifractal aleat´orio em escalas refinadas de tempo (at´e centenas de ms) e assintoti-camente auto-similar de segunda ordem em escalas temporais de maior agregac¸˜ao (segundos, minutos etc.). Dito de forma simples, o tr´afego pode ser um multifractal em escalas “mais r´apidas” porque o seu grau de impulsividade, que ´e caracteri-zado pelo parˆametro de Hurst H (conforme ser´a visto na sec¸˜ao II), varia aleatoriamente no tempo.

A implementac¸˜ao de mecanismos preventivos de controle de tr´afego, tais como o Controle de Admiss˜ao de Conex˜oes (CAC) [13] e Controle Dinˆamico de QoS (Quality of

Ser-vice) [14], ´e essencial para o bom funcionamento de uma

rede multisservic¸o. Sem controle, a demanda irrestrita pelos recursos compartilhados (buffers, banda e processadores) pode degradar seriamente o desempenho da rede. O controle do tr´afego ´e necess´ario para proteger a QoS percebida pelos usu´arios e para assegurar a eficiente utilizac¸˜ao dos recursos da rede. Os testes de validac¸˜ao dos algoritmos de controle de tr´afego devem ser realizados com um tr´afego agregado “realista” e bem definido. Deve-se ter a possibilidade de se variar as propriedades do tr´afego utilizado nas simulac¸˜oes.

A transformada wavelet ´e indicada para a an´alise e a s´ıntese

de sinais 1/fα[7], [15], [16] porque:

1) os coeficientes wavelet de um processo 1/fαs˜ao

aproxi-madamente n˜ao correlacionados no plano tempo-escala. Portanto, a modelagem e o processamento desses sinais naquele dom´ınio podem ser realizado de maneira efi-ciente. Mais precisamente, pode-se afirmar que n˜ao h´a

(2)

correlac¸˜ao entre coeficientes wavelet de uma mesma escala e que a correlac¸˜ao entre escalas diferentes ´e fraca (neste caso, a correlac¸˜ao ´e maior entre escalas adjacentes [17]).

2) ´e o m´etodo mais eficiente do ponto de vista computa-cional. A complexidade (em termos de operac¸˜oes de adic¸˜ao e multiplicac¸˜ao) associada `a gerac¸˜ao de uma realizac¸˜ao de M amostras ´e O(M ). M´etodos baseados na FFT (Fast Fourier Transform) [18], [19] possuem complexidade O(M log M ). A t´ecnica de gerac¸˜ao no dom´ınio do tempo de Hosking [20], baseada nas

re-curs˜oes de Levinson-Durbin, requer O(M2) operac¸˜oes.

3) oferece a possibilidade de s´ıntese de tr´afego n˜ao-gaussiano.

4) a noc¸˜ao de escala temporal ´e intr´ınseca `a definic¸˜ao da transformada.

Davies e Harte [21] introduziram na literatura estat´ıstica o m´etodo DHM (Davies and Harte Method) de gerac¸˜ao de realizac¸˜oes de processos estacion´arios gaussianos de m´edia nula. O m´etodo assume que a seq¨uˆencia de autocovariˆancia ´e conhecida, como ´e o caso para o Ru´ıdo gaussiano Fracion´ario (Fractional Gaussian Noise - FGN) [22] e para o Ru´ıdo Branco Fracion´ario (Fractionally Differenced Process - FD) [23], [24]. O m´etodo ´e baseado na FFT. Percival [18] publicou outro m´etodo baseado na FFT, denominado Gaussian

Spec-tral Synthesis Method (GSMM). Paxson [19] tamb´em propˆos

um m´etodo de gerac¸˜ao de realizac¸˜oes aproximadas do FGN baseado na FFT, por´em sua estrat´egia foi baseada no artigo de Flandrin [25]. Paxson demonstrou que o seu m´etodo gera s´eries estatisticamente indistingu´ıveis de realizac¸˜oes FGN. Note que os trˆes m´etodos acima compartilham a caracter´ıstica de utilizarem o m´etodo da FFT para gerac¸˜ao de s´eries tem-porais, apresentando, portanto, complexidade O(M log M ), superior `a complexidade do m´etodo proposto nesse trabalho.

De acordo com [26], a energia (variˆancia) dos coeficientes da transformada wavelet do FGN decai exponencialmente com

o aumento da resoluc¸˜ao temporal2. B¨ackar [27] implementou

um gerador de tr´afego fractal baseado nessa propriedade da transformada wavelet de processos LRD, tendo conseguido sintetizar realizac¸˜oes auto-similares gaussianas e do modelo

Wavelet Multifractal (Multifractal Wavelet Model - MWM)

[28]. B¨ackar sugere ter implementado realizac¸˜oes aproximadas do FGN. Esta afirmac¸˜ao n˜ao ´e correta tecnicamente, pois, conforme ser´a explicado na sec¸˜ao III, n˜ao h´a uma prescric¸˜ao no dom´ınio tempo-escala que garanta que a DEP da s´erie gerada seja a do FGN. N˜ao obstante, reconhece-se o fato de que as DEPs obtidas s˜ao bastante similares `as do FGN, podendo-se afirmar, do ponto de vista pr´atico, que as s´eries simulam o FGN.

Entretanto, sabe-se que traces reais de tr´afego tamb´em podem apresentar dependˆencia de curta durac¸˜ao (Short Range

Dependence - SRD) ou mem´oria curta em escalas temporais

“mais r´apidas” (por exemplo, em bins de 10 ms), o que significa dizer que uma parte n˜ao desprez´ıvel da energia do

2Assume-se que as escalas de tempo s˜ao di´adicas. Portanto, aumenta-se a resoluc¸˜ao temporal dividindo-se a escala por um fator de 2, conforme ser´a visto na sec¸˜ao III-A.

sinal pode estar localizada nas regi˜oes de m´edias e altas freq¨uˆencias do espectro [3], [19], [29]. Portanto, o formato

da DEP de teletr´afego pode ser mais gen´erico do que 1/fα.

Os algoritmos de controle de tr´afego tamb´em devem levar em conta a caracter´ıstica SRD do tr´afego; portanto, h´a necessidade de se incorporar SRD ao tr´afego simulado [19]. Observe-se que o gerador proposto por B¨ackar [27] n˜ao pode simular (conforme ser´a explicado no sec¸˜ao III-B) s´eries temporais com estrutura de correlac¸˜ao mista, isto ´e, s´eries que apresentam, simultaneamente, as caracter´ısticas LRD e SRD.

Ma et al. [17] desenvolveram os seguintes modelos gaus-sianos de tr´afego no dom´ınio wavelet, que capturam as carac-ter´ısticas LRD e SRD de um trace de treinamento:

1) general Markov model (modelo Markoviano gene-ralizado), que captura a SRD intra e inter-escalas. 2) independent wavelet model (modelo wavelet

indepen-dente), em que os coeficientes wavelet, em uma deter-minada escala, s˜ao modelados como vari´aveis aleat´orias gaussianas independentes e identicamente distribu´ıdas (i.i.d.). Esse modelo assume que n˜ao h´a correlac¸˜ao entre escalas.

3) low-order Markov wavelet model (modelo wavelet Markoviano de ordem baixa), que captura a correlac¸˜ao entre escalas adjacentes.

A seq¨uˆencia de autocorrelac¸˜ao amostral foi adotada como m´etrica de desempenho dos modelos. Os experimentos de Ma

et al. mostraram que o independent wavelet model (que ´e o

modelo mais simples) ´e capaz de caracterizar as propriedades

LRD e SRD de s´eries Gaussianas3 e que o desempenho

de modelos wavelet Markovianos de ordem baixa ´e apenas marginalmente superior. A utilizac¸˜ao dos modelos wavelet de Ma et al. em geradores de tr´afego possui as seguintes desvantagens:

1) falta de flexibilidade. O algoritmo de gerac¸˜ao de tr´afego n˜ao usa o parˆametro de Hurst H como parˆametro de entrada (na pr´atica, deseja-se que um gerador de tr´afego auto-similar possa simular uma s´erie com um dado valor de H).

2) os modelos wavelet Markoviano e Markoviano gene-ralizado n˜ao s˜ao atraentes do ponto de vista estat´ıstico (h´a dependˆencia intra e inter-escalas).

10estágio: IDWT 20estágio: Filtro IIR Sérieyk Gaussiana LRD Sériexk Gaussiana LRD e SRD

Fig. 1. Diagrama do gerador de s´eries Gaussianas auto-similares LRD e SRD em dois blocos.

Este artigo apresenta um gerador wavelet de s´eries auto-similares Gaussianas com estrutura de correlac¸˜ao mista, que ´e implementado em dois est´agios (vide Fig. 1). O primeiro ´e

3A id´eia b´asica do m´etodo ´e a modelagem da variˆancia dos coeficientes

wavelet (vide curvas do log2 da variˆancia dos coeficientes wavelet versus escala de tempoj associadas a alguns modelos param´etricos LRD e SRD em [17]).

(3)

similar ao gerador implementado por B¨ackar e simula um sinal

gaussiano 1/fα a partir da IDWT (Inverse Discrete Wavelet

Transform - Transformada Wavelet Discreta Inversa) de uma

matriz de coeficientes, que ´e gerada assumindo-se que: a) a progress˜ao da variˆancia dos coeficientes wavelet ´e exponen-cial, b) os coeficientes wavelet intra-escala s˜ao i.i.d. e c) n˜ao h´a correlac¸˜ao entre escalas. Os resultados mostram que as DEPs das s´eries simuladas s˜ao bastante similares com as DEPs de

processos 1/fα, tais como o FGN, o PPL (Pure Power Law)

[7] e o Ru´ıdo Branco Fracion´ario [23], [24]4. O segundo

est´agio introduz a SRD via filtragem IIR (Infinite Impulse

Response) da sa´ıda do primeiro est´agio. O esquema proposto

possui as seguintes vantagens: 1) flexibilidade, pois podem-se simular s´eries com parˆametros de Hurst especificados a

priori e com um n´ıvel de SRD arbitr´ario (vide sec¸˜ao III-B)

e 2) eficiˆencia estat´ıstica, porque os coeficientes wavelet s˜ao processos do tipo ru´ıdo branco gaussiano.

Efetuou-se uma an´alise estat´ıstica das s´eries geradas por meio da estimac¸˜ao de DEPs e de seq¨uˆencias de autocorrelac¸˜ao parcial (momentos de segunda ordem), e dos momentos de terceira e de quarta ordens. Tamb´em avaliou-se o desempenho dos estimadores do parˆametro de auto-similaridade pelos m´etodos de Whittle [6] e do periodograma [30] para as s´eries que apresentam dependˆencia de curta e de longa durac¸˜ao. O restante do artigo est´a organizado como descrito abaixo.

A sec¸˜ao II apresenta o FGN, que foi o primeiro modelo auto-similar proposto na literatura e que, at´e hoje, ´e um

dos processos 1/fα mais relevantes. A sec¸˜ao III apresenta

o m´etodo de gerac¸˜ao de realizac¸˜oes auto-similares Gaussianas via IDWT e filtragem IIR. A sec¸˜ao IV apresenta a an´alise es-tat´ıstica das s´eries geradas. Tamb´em avaliou-se o desempenho de dois estimadores do parˆametro H. Finalmente, a sec¸˜ao V apresenta as conclus˜oes e sugest˜oes para trabalhos futuros.

II. RU´IDO GAUSSIANOFRACIONARIO´

Considere um espac¸o de probabilidade de referˆencia (Ω, , P), em que Ω denota o espac¸o amostral de um

expe-rimento aleat´orioH,  ´e uma ´algebra de Borel [31, p´ag. 23]

de eventos definidos em Ω e P, P :  → R, ´e uma medida

de probabilidade [32, p´ag. 11].

Definic¸˜ao 1 (Processo Estoc ´astico): seja X um

mento de Ω num espac¸o de func¸˜oes temporais. Esse mapea-mento ´e um processo estoc´astico (ou aleat´orio) se, para cada instante de tempo t, o mapeamento ´e uma vari´avel aleat´oria,

ou seja, um evento{ζ : X(t, ζ) ≤ x} ⊂  para qualquer x e

−∞ < t < ∞, em que ζ denota um resultado aleat´orio de H [32, p´ag. 402].

No restante deste artigo, adota-se a notac¸˜ao X(t) (ou Xt)

para um processo estoc´astico X(t, ζ). Desta forma, n˜ao ser´a realizada distinc¸˜ao de notac¸˜ao entre processos estoc´asticos e vari´aveis aleat´orias.

A m´edia μ(t) de X(t) ´e dada por [31, p´ag. 288]:

μ(t) = E{X(t)} =



−∞xf (x; t) dx , (1)

4O Ru´ıdo Branco Fracion´ario ´e um caso particular do modelo ARFIMA(p, d, q), ou seja, corresponde a um ARFIMA(1, d, 0).

em que f (x; t) ´e a func¸˜ao densidade de probabilidade de

primeira ordem de X(t). A autocorrelac¸˜ao RX(t1, t2) de X(t)

´e definida como [31, p´ag. 288]:

RX(t1, t2) = E{X(t1)X(t2)} = =  −∞  −∞x1x2f (x1, x2 ; t1, t2) dx1dx2, (2)

em que f (x1, x2; t1, t2) corresponde `a func¸˜ao densidade de

segunda ordem de X(t). A autocovariˆancia γX(t1, t2) de X(t)

´e dada pela relac¸˜ao

γX(t1, t2) = RX(t1, t2) − μ(t1)μ(t2) . (3)

Definic¸˜ao 2 (Processo Estacion ´ario em Sentido Amplo):

X(t) ´e estacion´ario em sentido amplo quando [33, p´ag. 171], [34, p´ag. 26],

1) E{X(t)} = μ, ∀ t,

2) γX{t + m, t} = γX(m), ∀ t, m5.

Definic¸˜ao 3 (Processo H-ss): X(t), t ∈ R, ´e auto-similar

com parˆametro 0 < H < 1, ou seja, ´e H-ss (self-similar with

parameter H) se, para qualquer a > 0,

X(t)= ad −HX(at), (4)

em que = denota igualdade entre as distribuic¸˜oes finito-d

dimensionais.

Note-se que, segundo a definic¸˜ao 3, X(t) n˜ao pode ser

estacion´ario devido ao fator a−H (excetuando-se o caso em

que X(t) ´e degenerado, isto ´e, X(t) = 0 , t≥ 0) [6].

Definic¸˜ao 4 (Processo Estacion ´ario de Mem ´oria Longa):

um processo estacion´ario Yt, t∈ Z, possui mem´oria longa, ou

LRD, se existem constantes α e CP, satisfazendo 0 < α < 1

e CP > 0, tais que [7, p´ag. 279]

lim

f →0

PY(f)

CP|f|−α

= 1 , (5)

em que PY(f) denota a DEP de Yte f representa a freq¨uˆencia

normalizada (−1/2 ≤ f ≤ 1/2), em ciclos/amostra.

Portanto, a DEP de processos LRD tende a infinito na freq¨uˆencia zero. Observe que a definic¸˜ao 4 ´e assint´otica, pois o formato da DEP em freq¨uˆencias afastadas da origem n˜ao ´e especificado.

Uma definic¸˜ao alternativa pode ser dada no dom´ınio do

tempo, em termos da autocorrelac¸˜ao RY(m). Yt´e um processo

do tipo 1/fα se a sua autocorrelac¸˜ao RY(m), para valores

suficientemente grandes do lag m, decresce segundo uma func¸˜ao potˆencia (isto ´e, apresenta um decaimento lento para zero, do tipo hiperb´olico):

lim

m→∞

RY(m)

CRm−(1−α) = 1 , (6)

em que CR > 0. Por raz˜oes hist´oricas, ´e mais comum

caracterizar-se a mem´oria longa pelo parˆametro H de Hurst:

H = α + 1

2 ∈ (0, 5 ; 1) . (7)

Quanto maior o valor de H, maior ´e o grau de mem´oria longa do processo.

(4)

Um processo H-ss ´e LRD se 1/2 < H < 1. O processo Movimento Browniano (de tempo cont´ınuo) [22] satisfaz a definic¸˜ao 3, sendo auto-similar com H = 1/2 (mas n˜ao ´e LRD). Se o processo de incrementos Y (t) de X(t) (Y (t) =

X(t)− X(t − 1)) ´e estacion´ario, ent˜ao X(t) ´e denominado

H-sssi (H self-similar with stationary increments - auto-similar com incrementos estacion´arios).

Definic¸˜ao 5 (Auto-Similaridade Exata de Segunda Ordem):

seja o processo estacion´ario de incrementos Yt, t∈ Z. Ent˜ao,

Yt ´e um processo exatamente auto-similar de segunda ordem

com parˆametro de Hurst H (1/2 < H < 1) se,

γY(m) =

σY2

2 (|m + 1|2H− 2|m|2H+ |m − 1|2H),

m = . . . ,−1, 0, 1, . . . (8)

Observe-se que auto-similaridade de segunda ordem implica o comportamento LRD, pois 1/2 < H < 1.

O processo estacion´ario FGN Yt, proposto por Mandelbrot

e van Ness em 1968 [22], corresponde `a primeira diferenc¸a (´e o processo de incrementos) de um processo auto-similar

Xt denominado movimento Browniano fracion´ario de tempo

discreto (discrete fractional Brownian motion - DFBM) [6],

Yt= Xt− BXt= Xt− Xt−1= ∇Xt, (9)

em que B denota o operador atraso unit´ario e∇ = (1 − B) ´e

o operador diferenc¸a. A DEP do DFBM ´e dada pela f´ormula [7, p´ag. 280] PX(f) = σY2CH ∞  j=−∞ 1 |f + j|2H+1, (10)

em que σY2 ´e a potˆencia do FGN, CH = Γ(2H+1) sin (πH)2H+1 e

0 < H < 1. De acordo com (10), a DEP do DFBM possui um p´olo na origem, pois

PX(f) ∝ |f|1−2H, f → 0 . (11)

O DFBM ´e um processo integrado de ordem 1 (portanto ´e n˜ao estacion´ario), porque a sua primeira diferenc¸a, o FGN, ´e

estacion´aria. Como Yt= ∇Xt, o FGN e o DFBM est˜ao

rela-cionados pela func¸˜ao de transferˆencia (na vari´avel complexa z)

H(z) = Y (z)

X(z) = 1 − z

−1. (12)

A resposta em freq¨uˆencia ´e dada por

H(f ) = H(z)|z=ej2πf = 1 − e−j2πf. (13)

Como a relac¸˜ao entrada/sa´ıda em termos das DEPs ´e igual a [32, p´ag. 351]

PY(f) = |H(f)|2PX(f) , (14)

em que|H(f)|2 ´e dado por,

|H(f)|2= G(f) = 4 sin2(πf) , (15)

ent˜ao,

PY(f) = 4 sin2(πf)PX(f) . (16)

Assim, (10) e (16) mostram que a DEP do FGN ´e

caracte-rizada por somente dois parˆametros: σY2 e H (respons´avel pela

forma do espectro). Al´em disso, ´e importante se ter em mente que o FGN ´e completamente especificado pela sua m´edia e pela sua DEP, pois ´e gaussiano.

Em [19], ´e mostrado que (16) pode ser reescrita na forma:

PY(f) = A(f, H)[|2πf|−2H−1+ B(f, H)] , (17)

em que A(f, H) = 2 sin (πH)Γ(2H + 1)(1− cos (2πf)) e

B(f, H) =∞j=1[(2πj + 2πf)−2H−1+ (2πj − 2πf)−2H−1].

Para pequenos valores de f tem-se que PY(f) ∝ |f|1−2H .

Constata-se que o FGN apresenta seq¨uˆencia de autoco-variˆancia de acordo com (8), portanto trata-se de um processo exatamente auto-similar de segunda ordem quando 1/2 < H < 1. Para H = 1/2 , o FGN reduz-se a um ru´ıdo branco gaussiano. Quando 0 < H < 1/2, o processo ´e SRD.

A Fig. 2 apresenta os gr´aficos das DEPs de um modelo

AR(4) Xt = 2, 7607Xt−1− 3, 8106Xt−2+ 2, 6535Xt−3−

0, 9238Xt−4+ wt (SRD), em que wt ´e uma seq¨uˆencia de

inovac¸˜ao (ru´ıdo branco de potˆencia σ2W), e dos processos 1/fα

FGN(H = 0, 9) e FD(d = 0, 4). Uma vez que (17) da DEP do FGN envolve uma somat´oria infinita, a sua DEP foi desenhada com base na aproximac¸˜ao fornecida por Paxson em [19]. Os

trˆes processos tˆem a mesma potˆencia σ2. Note-se que a DEP

de um processo LRD tem um p´olo na origem e que as DEPs do FGN e do FD est˜ao superpostas na regi˜ao de freq¨uˆencias muito baixas. 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 DEPs de processos SRD e 1/f f Magnitude em dB FD(0,4) AR(4) FGN(0,9)

Fig. 2. DEPs de processos AR(4), FD(0, 4) e FGN(0, 9) de mesma potˆencia.

Processos de integrac¸˜ao fracion´aria como o FD tˆem, por caracter´ıstica, o parˆametro de mem´oria longa d, que est´a relacionada a H por (18),

d = H− 1/2 . (18)

III. S´INTESE DETRAFEGO VIA´ WAVELETS

A. Transformada Wavelet Discreta

Uma wavelet ´e uma func¸˜ao de suporte compacto (durac¸˜ao finita) com m´edia temporal nula. H´a decomposic¸˜oes wavelet em tempo cont´ınuo e em tempo discreto. Este sec¸˜ao introduz

(5)

uma das vers˜oes discretas, a DWT (Discrete Wavelet

Trans-form), que ´e a ferramenta b´asica para o estudo de s´eries

temporais via wavelets. O leitor interessado poder´a encontrar, em [15], [35], [36], descric¸˜oes aprofundadas da teoria wavelet. Bases ortonormais constru´ıdas a partir de func¸˜oes wavelet s˜ao utilizadas para descric¸˜ao de sinais no plano tempo-escala (ou tempo-freq¨uˆencia), de maneira an´aloga `a transformada janelada de Fourier. A transformada wavelet ´e uma soluc¸˜ao natural para a an´alise de s´eries temporais auto-similares,

porque a sua aplicac¸˜ao envolve “dilac¸˜oes”6 (expans˜oes) de

bandas espectrais. Portanto, a DWT possui resoluc¸˜ao temporal vari´avel (a transformada janelada de Fourier n˜ao possui esta funcionalidade). Al´em disso, os coeficientes da DWT de

um sinal 1/fα s˜ao praticamente n˜ao-correlacionados (intra e

inter-escalas) [7], [16]. Por esta raz˜ao, as wavelets tˆem sido amplamente empregadas na an´alise e na s´ıntese (simulac¸˜ao) de sinais fractais [37].

Seja uma seq¨uˆencia{Vj}, j ∈ Z, de subespac¸os sucessivos

de aproximac¸˜ao do espac¸o das func¸˜oes de quadrado integr´avel

L2(R) que satisfaz `as seguintes propriedades [15]:

1) . . . V2⊂ V1⊂ V0⊂ V−1 ⊂ V−2⊂ . . .;

2) j∈ZVj= {};

3) j∈ZVj= L2(R);

4) x(t)∈ Vj ⇔ x(2jt)∈ V0, j > 0;

5) Existe uma func¸˜ao φj(t) = 2−j/2φ0(2−jt) em Vj,

denominada func¸ ˜ao de escala, tal que o conjunto

{φj,k, k ∈ Z} ´e uma base ortonormal de Vj, com

φj,k(t) = 2−j/2φ0(2−jt− k) ∀j, k ∈ Z.

A obtenc¸˜ao da func¸˜ao de escala φ0(t) da propriedade 5

depende da fam´ılia wavelet escolhida (Haar, Daubechies etc.) O leitor interessado poder´a encontrar mais detalhes sobre o assunto em [15].

Se a projec¸˜ao sobre Vj de x(t) ´e representada pelos

coefi-cientes de escala uj,k = x(t), φj,k, ent˜ao as propriedades 1

e 3 garantem que limj→−∞kuj,kφj,k(t) = x(t), ∀ x ∈

L2(R). A propriedade 4 implica que o subespac¸o Vj ´e

uma vers˜ao em escala do subespac¸o V0 (multirresoluc¸˜ao). A

base ortonormal mencionada na propriedade 5 ´e obtida por

translac¸˜oes no tempo da func¸˜ao passa-baixas φj.

Considere a seq¨uˆencia de aproximac¸˜oes sucessivas de x,

aproxj(t) = xj(t) =



k

uj,kφj,k(t) . (19)

De acordo com a propriedade 1, tem-se que

xj(t) = xj+1(t) + Δxj+1(t), (20)

em que Δxj+1(t) (dito detalhe de xj(t)) pertence ao

subespac¸o Wj+1, correspondente ao complemento ortogonal

do subespac¸o Vj+17. O detalhe Δxj+1(t) ´e obtido pela

equac¸˜ao Δxj+1(t) =  k ψj+1,k(t) ψj+1,k(t), x(t) = dj+1(t) , (21)

6Dilations, em inglˆes. O termo “dilac¸ ˜ao” tem o significado de dilatac¸ ˜ao. 7Al´em disso,W

j+1est´a contido no subespac¸oVj.

em que ψj+1,k(t), x(t) = wj+1,k denotam os coeficientes

wavelet e{ψj+1,k(t)} ´e uma fam´ılia de func¸˜oes wavelets que

gera o subespac¸o Wj+1.

Na pr´atica, um sinal de tr´afego x pode ser capturado em v´arias escalas de tempo, resultando em um conjunto de s´eries

temporais {xj,k}, em que o ´ındice j = 0, 1, 2, . . . , J − 1

est´a associado `as escalas de interesse (j = 0 corresponde `a escala mais r´apida) e k ´e um ´ındice de tempo. A an´alise

de x comec¸a com a s´erie u0(k) = x0,k, φ0,k(t), k =

0, 1, . . . , M − 1. A seq¨uˆencia {u0(k)} ´e decomposta via

filtragem e subamostragem por um fator de 2 (downsampling)

em duas seq¨uˆencias: {u1(k)} e {d1(k)}, cada uma contendo

M/2 pontos. Este processo de filtragem e subamostragem ´e repetido v´arias vezes, obtendo-se as seq¨uˆencias

{{u0(k)}M,{u1(k)}M 2,{u2(k)}M4, . . . ,{uJ−1(k)}2J−1M } (22) e {{w1(k)}M 2,{w2(k)}M4 , . . . ,{wJ−1(k)}2J−1M } . (23)

A reconstruc¸˜ao ou s´ıntese de x ´e implementada via filtragem e sobreamostragem por um fator de 2 (upsampling) das

seq¨uˆencias (22) e (23). Ap´os J iterac¸˜oes, o sinal original x0,k

pode ser reconstru´ıdo por (24)

x0,k= aproxJ−1+ d1+ d2+ · · · + dJ−1. (24)

Diz-se que a func¸˜ao φ(t) determina uma an´alise de multirresoluc¸˜ao (MultiResolution Analysis - MRA) de x de acordo com (24), se a mesma obedece `as seguintes condic¸˜oes:

1) ortonormalidade intra-escala (propriedade 5)

φ(t − m), φ(t − n) = δm,n, (25)

em que δm,n´e o delta de Kronecker (δm,n= 1 se m =

n, δm,n= 0 para m = n). (25) imp˜oe uma condic¸˜ao de

ortonormalidade na escala j = 0. 2) m´edia unit´aria  −∞φ(t) dt = 1 . (26) 3) equac¸˜ao de dilac¸˜ao 1 √ 2φ( t 2) =  k hkφ(t− k) , (27)

em que um filtro hk de resposta impulsiva finita (FIR)

´e dado.

Demonstra-se que vale a relac¸˜ao [35] 1 √ 2ψ( t 2) =  k gkφ(t− k) , (28)

conhecida como equac¸˜ao wavelet.

Mallat [36] propˆos uma maneira eficiente de implementar a decomposic¸˜ao recursiva de (22) e (23) utilizando-se ban-cos de filtros. A MRA ´e ent˜ao implementada via banban-cos de filtros passa-baixas G(f ) e passa-altas H(f ) (em que

G(f ) = ∞k=−∞gke−j2πfk e H(f ) =∞k=−∞hke−j2πfk)

adequadamente posicionados para separac¸˜ao dos sinais de aproximac¸˜ao e de detalhe. Posteriormente ´e poss´ıvel recons-truir o sinal original pelo mesmo processo de filtragens, de

(6)

modo que os filtros de decomposic¸˜ao e de reconstruc¸˜ao for-mam um sistema conhecido como Quadrature Mirror Filters (QMF). O algoritmo de Mallat ´e conhecido como algoritmo da pirˆamide. Ressalta-se que a complexidade desse algoritmo ´e O(M ), ao passo que o c´alculo “direto” da IDWT (que envolve

multiplicac¸˜ao de matrizes) ´e O(M2) [7].

B. Gerac¸˜ao de S´eries Auto-Similares Gaussianas

Kaplan e Kuo [26] mostraram que os coeficientes da DWT (com a base de Haar) do FGN s˜ao pouco correlacionados (intra e inter-escalas) e que a variˆancia desses coeficientes decai exponencialmente com o refinamento da escala, isto ´e,

Var{Wj}

Var{Wj−1}

= 2α. (29)

A Eq. (29) afirma que o FGN ´e caracterizado pela linearidade

do diagrama logscale log2(Var{wj}) versus j dos coeficientes

da an´alise wavelet de suas realizac¸˜oes. Resultados similares tamb´em foram obtidos por Flandrin [25] [38] para o processo FBM de tempo cont´ınuo analisado por meio da transformada

wavelet de tempo cont´ınuo. Wornell [39] [40] demonstrou

que s´eries temporais com espectro “quase” 1/fα podem ser

geradas a partir da IDWT de uma matriz de coeficientes

wavelet n˜ao-correlacionados.

Como (29) garante que o espectro de uma s´erie yt gerada

via algoritmo da pirˆamide seja aproximadamemte 1/fα para

f → 0, ent˜ao yt pode ser modelada como um processo de

integrac¸˜ao fracion´aria FD(d) [30, p´ag. 266]:

(1 − B)d(y

t− μ) = wt, (30)

em que μ denota a m´edia de yt, d ´e o parˆametro fracion´ario

(0 < d < 0, 5 para que ytseja estacion´ario e LRD) e wt ´e um

ru´ıdo branco gaussiano de m´edia nula e potˆencia σ2.

De acordo com Brockwell e Davis [9, p´ag. 349], uma s´erie

xt com estrutura de correlac¸˜ao mista pode ser obtida por

meio da filtragem linear da s´erie yt de (30), ou seja, xt pode

ser interpretada como a sa´ıda de um filtro (processo) linear

ARMA(p, q), cuja entrada ´e yt:

xt+ a1xt−1+ . . . + apxt−p= b0yt+ b1yt−1+ . . . + bqyt−q.

(31) A func¸˜ao de transferˆencia associada `a equac¸˜ao de diferenc¸as (31) ´e dada por

H(z) = B(z) A(z) = b0+ b1z−1+ . . . + bqz−q 1 + a1z−1+ . . . + apz−p , (32) ou H(z) = b0 q k=1(1 − ckz−1) p k=1(1 − dkz−1) . (33)

O filtro digital (33) ´e causal e est´avel se os p p´olos z = dk de

H(z) est˜ao dentro do c´ırculo de raio unit´ario, isto ´e, se|dk| <

1. Portanto, (30) e (31) sugerem que s´eries auto-similares que sejam simultaneamente LRD e SRD podem ser simuladas por meio de um gerador com dois est´agios, como ilustrado na

Fig. 1, em que o primeiro bloco produz a realizac¸˜ao yt(com

espectro 1/fα) via IDWT e a sa´ıda do segundo bloco, o qual

introduz SRD em yt, ´e a s´erie de interesse xt. Neste trabalho, o

segundo est´agio foi implementado por meio de um filtro IIR do

tipo H(z) = 1/A(z), o que garante a invertibilidade do filtro.

A s´erie xt ´e Gaussiana se as seq¨uˆencias dj,k s˜ao realizac¸˜oes

de ru´ıdos do tipo branco e gaussiano de m´edia nula. Observe-se que o gerador de tr´afego de B¨ackar s´o possui o primeiro est´agio.

B¨ackar sugere ter sintetizado “aproximac¸˜oes grosseiras” do FGN. Ressalta-se que o m´etodo de gerac¸˜ao via IDWT

n˜ao garante que o espectro de yt seja igual ao espectro do

FGN (f´ormula (17)), mas t˜ao somente que o comportamento

assint´otico seja o mesmo para f → 0. N˜ao obstante, a an´alise

espectral de v´arias realizac¸˜oes yt(conforme ser´a visto no sec¸˜ao

IV) mostra que a sa´ıda do primeiro est´agio simula, do ponto de vista pr´atico, os processos FGN e FD, conforme ilustrado pela Fig. 2. Essa figura mostra que as DEPs de processos FGN(H)

e FD(H − 1/2) (de mesma potˆencia) est˜ao superpostas nas

baixas freq¨uˆencias.

O procedimento de s´ıntese de uma s´erie xt de m´edia nula

e com M = 2J amostras adotado neste trabalho ´e o seguinte:

1) escolha o valor de H. Gere J − 1 seq¨uˆencias wavelet

{wj(k)} do tipo ru´ıdo branco gaussiano de m´edia nula

que obedec¸am `a condic¸˜ao (29), com Var{WJ−1(k)} =

1. O sinal de aproximac¸˜ao na escala mais lenta deve ser

nulo, ou seja, aproxJ−1(t) = 0.

2) escolha o filtro de escala passa-baixas G(f ) e o filtro

wavelet passa-altas H(f ) que ser˜ao utilizados pelo

al-goritmo da pirˆamide. Este trabalho utilizou os filtros de

Haar: {gk}k∈Z = {. . . , 0, g0 = √ 2 2 , g1 = √ 2 2 , 0, . . .} e {hk}k∈Z= {. . . , 0, h0= − √ 2 2 , h1= √ 2 2 , 0, . . .}.

3) projete um filtro digital causal, est´avel e invers´ıvel. As simulac¸˜oes deste artigo foram realizadas com o seguinte filtro passa-bandas:

H(f ) = 1

1 − 0, 3e−j2πf+ 0, 4e−j4πf . (34)

A Fig. 3 mostra a magnitude da resposta em freq¨uˆencia desse filtro.

4) gere o sinal ytpor meio da reconstruc¸˜ao piramidal.

5) filtre o sinal ytcom o filtro do passo (3) e obtenha uma

realizac¸˜ao xt.

Ressalta-se que o filtro IIR adotado (34) ´e, de certa maneira,

arbitr´ario. ´E v´alido indagar sobre o grau de SRD que deve estar

presente nas simulac¸˜oes de tr´afego. Entretanto, a resposta a essa pergunta n˜ao faz parte do escopo deste artigo. Por´em, note-se que a resposta em freq¨uˆencia adotada procura reforc¸ar

a DEP do ru´ıdo 1/fα nas m´edias freq¨uˆencias, conforme

sugerido, sob um ponto de vista qualitativo, pela DEP do AR(4) (Fig. 2).

IV. ANALISE´ ESTAT´ISTICA

A an´alise estat´ıstica das s´eries foi feita em duas partes: I) efetuou-se uma an´alise comparativa entre as s´eries geradas pelo m´etodo da FFT de Paxson e as do m´etodo wavelet; II) compararam-se as s´eries geradas pelo m´etodo wavelet antes e depois da filtragem. A utilizac¸˜ao do m´etodo de Paxson como

referˆencia ´e justificada pelo fato de que uma realizac¸˜ao xt

´e obtida a partir da transformada inversa discreta de Fourier de uma seq¨uˆencia de coeficientes X(n/M ) no dom´ınio da

(7)

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5

Freqüência Normalizada (×π rad/amostra)

Magnitude (dB)

Magnitude da Resposta em Freqüência dB

Fig. 3. Filtro IIR utilizado para enfatizar m´edias freq¨uˆencias.

freq¨uˆencia, 0 ≤ n ≤ M − 1, que tenha DEP igual `a do

FGN. Como a s´erie gerada xt tem a DEP do FGN (por

construc¸˜ao), ent˜ao garante-se que xt simule o FGN, o que

foi confirmado pela an´alise estat´ıstica apresentada no artigo

[19]8. As realizac¸˜oes foram geradas variando-se o parˆametro

H na faixa de 0, 5 a 1, 0 em passos de 0, 05, sendo que para cada valor do parˆametro H foram sintetizadas trˆes realizac¸˜oes (ou seja, 33 realizac¸˜oes por m´etodo).

As seguintes estat´ısticas foram utilizadas:

1) func¸˜ao de autocorrelac¸˜ao ρX(m) (ACF - Autocorrelation

Function);9

2) DEP PX(f);

3) assimetria A(Xt), que representa a concentrac¸˜ao dos

valores em um dos extremos da distribuic¸˜ao;

4) curtose K(Xt), que indica o grau de achatamento de

uma densidade de probabilidade com relac¸˜ao `a normal; 5) H, pelos m´etodos de Whittle e do periodograma; J B,

de Jarque e Bera [41], para teste de normalidade. O estimador da ACF ´e dado por

ˆ ρX,m= 1 M s2X M  t=m+1 (Xt− ˆμ)(Xt−m− ˆμ) , (35)

em que M ´e o n´umero de amostras, ˆμ ´e a m´edia amostral e

s2X ´e a variˆancia amostral. Note-se que−1 ≤ ρ ≤ 1.

O estimador ˆPX(f) da DEP ´e obtido pelo m´etodo

n˜ao-param´etrico10 do periodograma [42], com janelamento de

dados (data tapering, para reduc¸˜ao de vazamento de potˆencia)

8Paxson disponibilizou programas em linguagens S e C para gerac¸˜ao de s´eries FGN aproximadas. Este estudo utilizou o c´odigo escrito em S.

9Na literatura de engenharia, o termo func¸˜ao de autocorrelac¸ ˜ao est´a asso-ciado ao momentoRX(m). Na ´area estat´ıstica, a ACF ρX(m) corresponde a RX(m)

σ2 X .

10Os m´etodos param´etricos de an´alise espectral s˜ao baseados em modelos AR, MA e ARMA. Portanto n˜ao devem ser aplicados para estimac¸˜ao da DEP de um ru´ıdo 1/fα.

e suavizac¸˜ao (smoothing, para reduc¸˜ao da variabilidade de ˆ

PX(f)). O periodograma ´e calculado via11

ˆ

PX(f) = 1

M|X(f)|

2. (36)

A assimetria ´e um momento de 3a

¯ ordem e ´e dada por

A(Xt) = E (X t− μ)3 σ3 , (37)

em que μ ´e a m´edia e σ ´e o desvio-padr˜ao de Xt.

O estimador de assimetria ´e definido como ˆ A(Xt) = 1 M s3X M  t=1 (Xt− ˆμ)3. (38)

A curtose ´e um momento de 4a

¯ ordem e ´e definida como

K(Xt) = E (X t− μ)4 σ4 . (39)

O estimador da curtose ´e dado pela f´ormula ˆ K(Xt) = 1 M s4X M  t=1 (Xt− ˆμ)4. (40)

Observe-se que a distribuic¸˜ao Gaussiana possui A = 0 e K = 3.

O teste de Jarque-Bera ´e baseado nas medidas de assimetria e curtose. A estat´ıstica desse teste ´e definida como

J B = M 6 ˆ A2+( ˆK− 3) 2 4 . (41)

Sob a hip´otese nula (H0) de que os dados sejam normalmente

distribu´ıdos, espera-se que J B ∼ χ2(2) (chi-quadrada com

dois graus de liberdade).

O m´etodo de estimac¸˜ao do parˆametro H de Whittle [30] ´e baseado em uma estimac¸˜ao de m´axima verossimilhanc¸a no dom´ınio da freq¨uˆencia, assumindo-se que a s´erie seja

modelada por um processo FD(d)12. O m´etodo de estimac¸˜ao

de H pelo periodograma baseia-se no fato de que PX(f) ∝

f1−2H para freq¨uˆencias pr´oximas de zero.

Os testes de hip´otese foram avaliados com base na estat´ıstica

p-value [43]. Para um dado n´ıvel de significˆancia α , rejeita-se

H0se p≤ α, ao passo que aceita-se H0se p > α. Deste modo,

quanto menor for o valor do p-value maior ser´a a evidˆencia

emp´ırica de que H0 deve ser rejeitada em favor da hip´otese

alternativa H1.

A. Comparac¸˜ao entre as S´eries Geradas via FFT e Wavelets

O teste de Jarque-Bera rejeitou a normalidade de apenas 2 de 33 realizac¸˜oes geradas pelo m´etodo da FFT a um n´ıvel de significˆancia α = 1%. Para as s´eries geradas pelo m´etodo

wavelet, o teste rejeitou apenas uma das realizac¸˜oes com o

mesmo α. A Tabela I mostra as estimativas de assimetria e de curtose para as s´eries geradas via FFT e wavelets. Portanto,

(8)

TABELA I

ESTIMATIVAS DEASSIMETRIA ECURTOSE DAS SERIES GERADAS VIA´ FFT

Ewavelets. H Aˆ Kˆ FFT H → 0, 5 | ˆA| ≤ 0, 05 | ˆK − 3| ≤ 0, 1 H → 1, 0 | ˆA| ≤ 0, 2 | ˆK − 3| ≤ 0, 1 Wavelets H → 0, 5 | ˆA| ≤ 0, 05 | ˆK − 3| ≤ 0, 15 H → 1, 0 | ˆA| ≤ 0, 1 | ˆK − 3| ≤ 0, 15

os testes realizados indicam que as s´eries geradas pelos dois m´etodos tˆem distribuic¸˜ao aproximadamente Gaussiana.

As Figs. 4, 5, 6 e 7 mostram os gr´aficos de ACF e periodograma suavizado para s´eries simuladas via FFT e

wavelets com H = 0, 6 ; 0, 75 e 0, 9. Os periodogramas

Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Series : fGn.FFT.H.60 Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Series : fGn.FFT.H.75 Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Series : fGn.FFT.H.90

Fig. 4. Autocorrelac¸ ˜ao de algumas s´eries geradas pelo m´etodo da FFT.

mostram que as DEPs das s´eries com H = 0, 75 e 0, 9 de ambos os m´etodos tˆem p´olos na origem, ou seja, que

as s´eries s˜ao 1/fα. J´a para o caso das simulac¸˜oes com

H = 0, 6, observa-se que: a) a variabilidade do periodograma da s´erie gerada via wavelets ´e maior do que a variabilidade do periodograma da s´erie FFT; b) o periodograma da s´erie

wavelet n˜ao indica, de modo claro, se h´a ou n˜ao um p´olo

na origem. A comparac¸˜ao entre os gr´aficos de autocorrelac¸˜ao para H = 0, 75 e 0, 9 mostra que a taxa de decaimento da autocorrelac¸˜ao aumenta com H.

As Figs. 8 e 9 mostram as curvas de H (usado como

parˆametro de modelagem) versus ˆH estimado por meio do

11A definic¸ ˜ao foi dada sem incluir o janelamento e a suavizac¸˜ao, para melhor compreens˜ao da natureza essencial do estimador.

12O m´etodo de Whittle usa o periodograma.

frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 34 36 38 40 Series: fGn.FFT.H.60 Smoothed Periodogram frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 30 35 40 45 Series: fGn.FFT.H.75 Smoothed Periodogram frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 25 30 35 40 45 50 Series: fGn.FFT.H.90 Smoothed Periodogram

Fig. 5. Periodograma suavizado de algumas s´eries geradas pelo m´etodo da FFT.

m´etodo de Whittle [6] para os dois m´etodos de gerac¸˜ao. De acordo com Paxson [19], esse ´e um bom m´etodo de estimac¸˜ao de H para s´eries que apresentam LRD.

A Fig. 8 sugere que o m´etodo de gerac¸˜ao via FFT tende a gerar s´eries com H superior ao que ´e usado como entrada do modelo (vi´es positivo), enquanto a Fig. 9 sugere que o m´etodo

wavelet tende a produzir s´eries com H inferior ao da entrada

do modelo (vi´es negativo). A Fig. 8 sugere tamb´em que pode

haver saturac¸˜ao para valores de H ≥ 0, 95 quando se usa o

m´etodo da FFT.

B. Comparac¸˜ao entre as S´eries Geradas pelo M´etodo Wavelet com e sem Filtro IIR

O teste de Jarque-Bera rejeitou a normalidade de apenas trˆes s´eries a um n´ıvel de significˆancia α = 1%. A Tabela II mostra as medidas de assimetria e curtose. Portanto, os testes realizados indicam que as s´eries geradas continuam a apresentar distribuic¸˜ao aproximadamente Gaussiana (como esperado).

TABELA II

ESTIMATIVAS DEASSIMETRIA ECURTOSE DAS SERIES GERADAS VIA´

waveletsAPOS FILTRAGEM´ .

H Aˆ Kˆ

Wavelets H → 0, 5 | ˆA| ≤ 0, 06 | ˆK − 3| ≤ 0, 3 com filtro IIR H → 1, 0 | ˆA| ≤ 0, 06 | ˆK − 3| ≤ 0, 3

As Figs. 10 e 11 mostram os gr´aficos da autocorrelac¸˜ao e periodograma suavizado para s´eries simuladas com H =

(9)

Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Series : fGn.Haar.H.60 Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Series : fGn.Haar.H.75 Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Series : fGn.Haar.H.90

Fig. 6. Autocorrelac¸ ˜ao de algumas s´eries geradas via wavelets.

0, 6; 0, 75 e 0, 9, ap´os filtragem. O periodograma da s´erie gerada com H = 0, 6 n˜ao apresenta p´olo na origem. Por outro lado, o periodograma da s´erie sintetizada com H = 0, 9 mostra, de forma clara, que a s´erie ´e mista, isto ´e, h´a presenc¸a simultˆanea de LRD e SRD (para tal, deve-se comparar esse gr´afico com o periodograma para H = 0, 9 da Fig. 7). O periodograma da s´erie modelada com H = 0, 75 sugere uma situac¸˜ao de transic¸˜ao do comportamento SRD observado no gr´afico com H = 0, 6 para a caracter´ıstica mista da s´erie com H = 0, 9.

Diferentemente do procedimento usado nos dois conjuntos

anteriores de realizac¸˜oes, em que as curvas H versus

foram levantadas com base somente no m´etodo de Whittle, as

curvas H versus ˆH relativas `as s´eries filtradas foram obtidas

por dois m´etodos distintos, o de Whittle (Fig. 12) e o do periodograma (Fig. 13) com a finalidade de se avaliarem os desempenhos desses dois estimadores nesta nova situac¸˜ao, qual seja, presenc¸a simultˆanea de LRD e SRD.

A curva obtida pelo m´etodo de Whittle ´e similar `a do caso em que as s´eries foram geradas via wavelets, por´em sem filtragem. Por outro lado, a Fig. 13 mostra que o m´etodo do periodograma tende a subestimar o valor de H, apresen-tando maior variabilidade do que o estimador de Whittle. Sato [44] tamb´em observou a maior variˆancia do estimador via periodograma em sua pesquisa. De acordo com [42], o periodograma ´e um estimador que tem os seguintes problemas: inconsistˆencia, grande variˆancia e vi´es para M finito. Portanto, justifica-se o comportamento observado na Fig. 13.

frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 Series: fGn.Haar.H.60 Smoothed Periodogram frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 -14 -10 -8 -6 -4 Series: fGn.Haar.H.75 Smoothed Periodogram frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 -20 -15 -10 -5 Series: fGn.Haar.H.90 Smoothed Periodogram

Fig. 7. Periodograma suavizado de algumas s´eries geradas via wavelets.

V. CONCLUSAO˜

O presente trabalho reproduziu e comparou, com sucesso, os mecanimos de gerac¸˜ao de s´eries temporais apresentados nos trabalhos de Paxson e B¨ackar, que se mostraram eficientes

para s´ıntese de s´eries temporais 1/fα. Demonstrou-se que a

gerac¸˜ao de s´eries auto-similares via algoritmo da pirˆamide n˜ao garante que as realizac¸˜oes obtidas s˜ao FGN, mas apenas que

estas tˆem comportamento 1/fα (o que ´e suficiente quando

se quer gerar teletr´afego LRD). Ressalta-se que o trabalho de B¨ackar n˜ao se utilizou de testes estat´ısticos como o de Whittle ou do periodograma para comprovar que tais s´eries apresentam parˆametro H de acordo com o esperado, o que ´e complementado pelo procedimento de an´alise deste trabalho. Buscou-se, neste estudo, verificar as caracter´ıticas LRD e Gaussianas das s´eries geradas. Observou-se que o estimador do parˆametro H de Whittle ´e mais robusto do que o estimador pelo m´etodo do periodograma quando as s´eries s˜ao LRD (sa´ıda do primeiro est´agio) ou quando apresentam LRD e SRD (in-troduzida por um filtro passa-bandas) simultaneamente. Adi-cionalmente, constatou-se que uma escolha n˜ao cautelosa de um estimador para o parˆametro H pode levar a resultados com demasiada variabilidade, ou ainda vi´es. Tamb´em demonstrou-se que o m´etodo de dois est´agios proposto ´e bastante flex´ıvel e capaz de inserir dependˆencia de curta durac¸˜ao em realizac¸˜oes

de processos do tipo 1/fα.

Em trabalhos futuros, ser´a feita uma an´alise espectral de s´eries reais de teletr´afego (provenientes de diferentes redes de comunicac¸˜oes) com o objetivo de se investigar o n´ıvel de SRD presente nesses traces. Tamb´em ser´a avaliado o desempenho de v´arios estimadores do parˆametro de Hurst em s´eries com

(10)

H desejado H estimado 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 H estimado H ideal

Fig. 8. CurvaH versus ˆH para s´eries geradas via FFT.

H desejado H estimado 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 H estimado H ideal

Fig. 9. CurvaH versus ˆH para s´eries geradas via wavelets.

estrutura de correlac¸˜ao mista. Diante da relevˆancia do modelo de teletr´afego Multifractal Wavelet Model (MWM), pretende-se implementar espretende-se modelo, avaliar o efeito do est´agio de inserc¸˜ao de dependˆencia de curta durac¸˜ao sobre as realizac¸˜oes do modelo MWM e aplicar o mesmo procedimento de an´alise desenvolvido neste trabalho para avaliac¸˜ao dos resultados.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem `a Ericsson Telecomunicac¸˜oes por ter financiado a pesquisa do grupo no per´ıodo 2000-2002, por meio do contrato USP-08 LCS/FDTE/Ericsson (Projeto

Wire-less Multimedia Distributed Applications). Tamb´em somos

gratos ao prof. dr. Luiz Antonio Baccal´a (LCS-PTC-EPUSP),

Lag ACF 0 20 40 60 80 100 -0.2 0.2 0.6 1.0 Series : fGn.Haar.IIR2.H.60 Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.4 0.8 Series : fGn.Haar.IIR2.H.75 Lag ACF 0 20 40 60 80 100 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Series : fGn.Haar.IIR2.H.90

Fig. 10. Autocorrelac¸ ˜ao de s´eries filtradas.

por ter nos auxiliado com in´umeras cr´ıticas e sugest˜oes, princi-palmente na ´area de processamento de sinais via wavelets, e ao prof. dDr. Pedro Morettin (MAE-IME-USP), pelas discuss˜oes sobre a teoria de s´eries temporais.

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frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 -10 -6 -4 -2 0 Series: fGn.Haar.IIR2.H.60 Smoothed Periodogram frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 -18 -14 -10 -6 Series: fGn.Haar.IIR2.H.75 Smoothed Periodogram frequency spectrum 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 -25 -20 -15 -10 -5 Series: fGn.Haar.IIR2.H.90 Smoothed Periodogram

Fig. 11. Periodograma suavizado de s´eries filtradas.

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H desejado H estimado 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 H estimado H ideal

Fig. 12. CurvaH versus ˆH (m´etodo de Whittle) para s´eries filtradas.

H desejado H estimado 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 H estimado H ideal

Fig. 13. CurvaH versus ˆH (m´etodo do periodograma) para s´eries filtradas.

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Fernando Lemos de Mello recebeu o t´ıtulo de engenheiro eletricista (ˆenfase em telecomunicac¸ ˜oes) pela Escola Polit´ecnica da Universidade de S˜ao Paulo (EPUSP), Brasil, em 2002. Atua na seguinte ´area de pesquisa: s´ıntese de teletr´afego. Est´a cur-sando o mestrado em engenharia el´etrica na EPUSP.

Alexandre Barbosa de Lima recebeu os t´ıtulos de bacharel em ciˆencias navais (ˆenfase em eletrˆonica) pela Escola Naval, Brasil, em 1990, de engenheiro eletricista (ˆenfase em telecomunicac¸ ˜oes) pela Escola Polit´ecnica da Universidade de S˜ao Paulo (EPUSP), Brasil, em 1996, e de mestre em engenharia el´etrica (´area de concentrac¸ ˜ao sistemas eletrˆonicos) pela EPUSP em 2002. Atua nas seguintes ´areas de pesquisa: modelagem de teletr´afego, QoS em redes e processamento digital de sinais. Est´a cursando o doutorado em engenharia el´etrica na EPUSP.

Marcelo Lipas recebeu o t´ıtulo de engenheiro eletricista (ˆenfase em telecomunicac¸ ˜oes) pela Es-cola Polit´ecnica da Universidade de S˜ao Paulo (EPUSP), Brasil, em 2001. Atua nas seguintes ´areas de pesquisa: modelagem de teletr´afego e processa-mento digital de sinais. Est´a cursando o mestrado em engenharia el´etrica na EPUSP.

Jos´e Roberto de A. Amazonas recebeu o t´ıtulo de engenheiro eletricista pela Escola Polit´ecnica da Universidade de S˜ao Paulo (EPUSP), Brasil, em 1979, al´em dos t´ıtulos de mestre, doutor e livre-docente pela EPUSP, em 1983, 1988 e 1996, respec-tivamente.

´

E professor associado do Departamento de Enge-nharia de Telecomunicac¸ ˜oes e Controle da EPUSP, onde ´e respons´avel por pesquisa e ensino de comunicac¸ ˜oes ´opticas e redes de comunicac¸˜ao de alta velocidade. Esteve em diversos cargos em uni-versidades no Brasil e na Europa, e tamb´em liderou pesquisas em parceria com v´arias companhias brasileiras, europ´eias e norte-americanas.

Seus interesses s˜ao na ´area de comunicac¸ ˜oes ´opticas, redes cabeadas e sem-fio, qualidade de servic¸o (QoS) e ensino a distˆancia (EaD).

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