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PARECER CÍVEL 2/6468/2015 MANDADO DE SEGURANÇA ( )

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1 PARECER CÍVEL 2/6468/2015

MANDADO DE SEGURANÇA 202771-19.2015.8.090000 (201592027717)

IMPETRANTE MARCIO CAMARGO CAMPOS

IMPETRADO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

RELATOR DESEMBARGOR GILBERTO MARQUES

FILHO SUBPROCURADOR-GERAL

DE JUSTIÇA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS

SPIRIDON N. ANYFANTIS

MANDADO DE SEGURANÇA. POSSIBILIDADE

DE JULGAMENTO DE RECURSO

ADMINISTRATIVO PERANTE A CORTE

ESPECIAL. NÃO ESGOTAMENTO DAS TRÊS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. DISPOSIÇÃO LEGAL SOBRE LIMITE MÁXIMO DE TRÊS INSTÂNCIAS PARA TRÂMITE DE RECURSO ADMINSITRATIVO. RESPEITO AO PRINCÍPIO DA RECORRIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. I – A Diretoria de Recursos Humanos não possui legitimidade para emitir decisões, devendo seus atos decisórios ser relativos apenas aos atos normativos internos, não sendo considerada primeira instância recursal. II - A lei não estabelece um direito a três instâncias administrativas, mas, ao contrário, um limite. Manifestação do Ministério Público pela denegação da segurança.

Colenda Corte Especial

Eminente Desembargador Relator,

Cuida-se de mandado de segurança impetrado por Márcio Camargo Campos em face de ato, indigitado como ilegal, praticado pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, conforme os fatos e fundamentos a seguir alinhados.

O impetrante narrou que solicitara o tempo laborado no Poder Judiciário, em cargo anterior, para efeito de movimentação funcional no cargo que

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2 atualmente ocupa, mas que o Despacho n. 211/2015, da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás denegou a apreciação de seu recurso administrativo à Corte Especial daquele Tribunal, sob a argumentação de esgotamento das três esferas administrativas.

Pontuou, nesse diapasão, que a decisão acima narrada apresenta equívocos, uma vez que o “recurso administrativo pode tramitar, por no máximo, três esferas administrativas, e não o processo”, bem como que “a Corte Especial, se respeitada a inteligência da lei, é, na verdade, apenas a primeira instância recursal (visto que as decisões até então proferidas pela Diretoria de Recursos Humanos e pela Diretoria-Geral – cargos de confiança do presidente – e pela Presidência devem ser consideradas uma só, afinal a DRH e DG agiram por atribuição delegada)”.

Acrescentou, ainda, que “na pior das hipóteses, essa Corte é a terceira instância recursal, afinal quando o processo estava na Diretoria de Recursos Humanos não era um recurso Administrativo, mas sim um Processo Administrativo inicial”.

Enfatizou que a Diretoria de Recursos Humanos é parte da Diretoria de Geral e além de não ter instância administrativa, não possui legitimidade suficiente para proferir decisões dessa natureza, cabendo-lhe, exclusivamente, tão somente emitir relatórios a respeito da possível decisão a ser adotada pelas autoridades judicantes, nos moldes do art. 47, da Lei Estadual n. 13.800/2001.

Destacou que a Diretoria de Recursos Humano deveria ter se limitado a resumir a demanda e a formular a proposta de decisão para a autoridade competente – que, nos moldes legais, seria unicamente a Presidência e não a Diretoria Geral, uma vez que este é um órgão de confiança da Presidência.

Verberou que o regimento Interno do TJGO, utilizado como base para a decisão administrativa – a qual ensejara a impetração do presente remédio

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3 constitucional – prevê que é a Presidência quem possui legitimidade e competência privativa e exclusiva para proferir esse tipo de decisão nos moldes do art. 16, incisos XV e XXXVII, do RITJGO.

Requereu, nesse contexto, a concessão da segurança com o fito de que o recurso administrativo seja recebido e analisado pela Corte Especial.

Com a inicial, os documentos de fls. 20/82.

A autoridade apontada coatora prestou informações às fls. 91/98.

Autos com vista à Procuradoria-Geral de Justiça.

Sintetizada nesses termos a matéria posta, inicialmente constata-se que as partes são legítimas, tendo o remédio heroico sido manejado atempadamente.

No tangente ao mérito do presente remédio constitucional, embora o impetrante pretenda que seu Recurso Administrativo - manejado contra ato administrativo praticado pelo Presidente do TJGO seja enviado à Corte Especial, a fim de que esta atue como instância final - razão não lhe assiste.

Destaca-se que o impetrante, ocupante do cargo de Escrivão Judiciário da Comarca de Goiânia desde 13.01.2009, requereu, pela via administrativa, a movimentação na carreira funcional (classe e nível), contabilizando para tanto o tempo de efetivo exercício no cargo de Escrevente Judiciário da mesma unidade judiciária, no período de 11.05.2004 a 12.01.2009.

Tal pleito originou-se na Diretoria de Recursos Humanos, a qual apenas instrumetalizara o processo administrativo em sua fase inicial (fls. 33/35-v). Em razão de ausência de expressa previsão no Regimento Interno do Tribunal de

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4 Justiça do Estado de Goiás, a DRH não se configura nem como instância, tampouco como órgão autônomo.

Como destacou o Desembargador Jeová Sardinha de Moraes, no Mandado de Segurança n. 453753-87 (201494537532) – Corte Especial, TJGO, 13.05.2015 – o qual versara sobre a mesma matéria do presente remédio constitucional, a Diretoria de Recursos Humanos “não possui legitimidade para emitir decisões, devendo seus atos decisórios ser relativos apenas aos atos normativos internos, porquanto as decisões judiciais nos Tribunais devem ser proferidas por seus órgãos colegiados, com a garantia do duplo grau de jurisdição”.

Nesse diapasão, os autos do processo administrativo foram remetidos da DRH à Diretoria Geral, a qual, por sua vez, emitiu o Despacho n. 7113/2014 (fls. 51/52-v), esta sim, agindo como efetiva primeira instância recursal, face seu poder decisório.

Irresignado, o impetrante recorreu à Presidência do TJGO, a qual apreciara a matéria em sede recursal e atuara como segunda instância, nos estritos moldes do artigo 16, inciso XXXIV, do Regimento Interno do TJGO:

Art. 16. Ao Presidente do Tribunal de Justiça, como chefe do Poder Judiciário, a quem são conferidas as honras, a representação e a prioridade protocolar, nos termos da lei, compete:

XXXIV - decidir recursos contra ato do Diretor-Geral da Secretaria;

Conclui-se que houve o percurso, portanto, de duas instâncias administrativas, quais sejam, Diretoria Geral (primeira instância) e Presidência do Tribunal de Justiça (segunda instância), não havendo que se falar em instância recursal da Diretoria de Recursos Humanos.

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5 quantas instâncias foram percorridas por meio da interposição de recursos administrativos do impetrante, urge-se analisar a norma contida no artigo 57 da Lei Estadual n. 13.800/2001, in verbis:

Art. 57 – O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.

Ao regular o processo administrativo em âmbito estadual, a acima destacada lei estadual normatiza que o recurso administrativo tramitará, no máximo, por três esferas, ou seja, estabelece um limite máximo e não mínimo de graus de hierarquia a ser percorrido por recursos administrativos.

Apresentado o recurso em face de decisões administrativa por razões de mérito e ilegalidade, o mesmo poderá transitar por até três instâncias administrativas, e não, necessária e obrigatoriamente, por três instâncias.

O Ministro Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.491.569 - RS (2014/0279819-3), em 18/12/2014, enfatizou que a lei “não estabelece um direito a três instâncias administrativas, mas, ao contrário, um limite”.

Logo, não há que se falar em cerceamento ao princípio da irrecorribilidade, uma vez que foi oportunizado ao impetrante, nos moldes legais, recorrer às instâncias superiores para processamento e julgamento de seus recursos administrativos.

Cumpre destacar que, em que pese haja entendimento divergente da Corte Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás a respeito do tema, esta Procuradoria-Geral de Justiça coaduna com a lição de José dos Santos Carvalho Filho1 no sentido de que a lei limitou o percurso das irresignações

1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Processo Administrativo Federal. Comentários à Lei n. 9.784

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6 formalizadas por recursos administrativos nas três instâncias no máximo.

Em vista do exposto, esta Procuradoria-Geral de Justiça manifesta-se pela denegação da manifesta-segurança, em razão da ausência de ofensa à direito líquido e certo do impetrante.

Goiânia, 06 de agosto de 2015.

SPIRIDON N. ANYFANTIS

Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos Portaria n.º 1.492/2014 – DOMP 1224ª ed.

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