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PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS E MECÂNICAS DE COLMOS DOS BAMBUS PARA APLICAÇÃO EM CONSTRUÇÕES

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Academic year: 2021

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APLICAÇÃO EM CONSTRUÇÕES

KHOSROW GHAVAMI 1, ALBANISE B. MARINHO 2

RESUMO: Para o uso do bambu em grande escala, como material de engenharia economicamente

viável e com possível industrialização, faz-se necessário um estudo científico, analisando os processos de plantação, colheita, cura, tratamento e pós-tratamento, além de uma análise completa das propriedades físicas, mecânicas e microestruturais do colmo de diferentes espécies de bambu. Desde 1979, a PUC-Rio desenvolve um programa de pesquisa voltado principalmente para estabelecer as propriedades dos bambus existentes no Brasil e criar novos elementos estruturais, usando bambu na construção rural e civil. O presente trabalho teve como objetivo mapear as propriedades físicas e mecânicas de colmos e determinar o módulo de resistência e a tensão na superfície do colmo devido ao momento de flexão dos bambus das espécies Dendrocalamus giganteus, Guadua angustifolia, Guadua angustifólia, Guadua tagoara, Phyllostachys heterocycla pubescens (Mosó) e Phyllostachys bambusoides (Matake). Este estudo dará possibilidade de estabelecer critérios de dimensionamento e emprego de processos industriais viabilizando o uso do bambu. Os resultados apresentados permitirão selecionar dimensões requeridas, como diâmetro, espessura, distância internodal e as tensões de flexão, apresentadas por meio de figuras e derivadas de equações matemáticas.

PALAVRAS-CHAVE: bambu, propriedades geométricas, propriedades mecânicas.

GEOMETRICAL AND MECHANICAL PROPERTIES OF BAMBOO CULMS FOR CONSTRUCTION APPLICATION

SUMMARY: In order to use bamboo on a large scale as an economically and feasible engineering material, with a possible industrialization, it becomes necessary to scientifically study the plantation, harvesting, curing and treatment processes of bamboo. After this initial stage a complete statistical and a probabilistic analysis of the physical, mechanical and micro-structural properties of bamboo culms of different species should be carried out. Since 1979 the research programs at PUC-Rio were mainly concerned with the establishing the properties of the existing bamboo in Brazil and creating new structural elements using bamboo for civil and rural construction. The present work has as its main objective to establish the physical and mechanical properties of bamboo culms in addition to determine the second moment of inertia and the surface bending stresses of the entire bamboo. The bamboo species studied were Dendrocalamus giganteus, Guadua angustifolia, Guadua tagoara, Guadua angustifolia, Phyllostachys heterocycla pubescens (Mosó) and Phyllostachys bambusoides (Matake). The results will allow the selection of the required dimensions such as diameter, thickness, inter-nodal distances and the bending stresses through the presented figures and the derived mathematical equations.

KEYWORDS: bamboo, geometrical properties, mechanical properties.

1 Ph.D, Professor Titular, Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro - RJ, Fone: (0XX21) 3114.1188, R: 128, e-mail:

ghavami@civ.puc-rio.br

2 M.Sc., Pesquisador Assistente, Bolsista FAPERJ, Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro - RJ.

Recebido pelo Conselho Editorial em: 9-5-2002 Aprovado pelo Conselho Editorial em: 15-8-2003

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento e aplicação de materiais de baixo custo e reduzido consumo de energia na engenharia civil tem se tornado uma necessidade básica atual. Os materiais industrializados, também chamados convencionais, mobilizam vastos recursos financeiros, consomem muita energia e requerem um processo centralizado. Além disso, nas universidades de países em desenvolvimento, os programas de ensino seguem os dos países industrializados e, principalmente, ensinam e pesquisam materiais industrializados como aço e concreto. Em conseqüência disso, entre outros efeitos, atividades são suprimidas em áreas rurais ou mesmo em cidades de pequeno porte, causando o desemprego e déficit habitacional e, além disso, materiais não renováveis são desperdiçados, causando permanente poluição. Nesse sentido, torna-se evidente que os materiais ecológicos satisfazem alguns requerimentos fundamentais, tais como: minimização do consumo de energia, conservação dos recursos naturais, redução da poluição e manutenção de um ambiente saudável (GHAVAMI, 2001).

Visando a minimizar o problema da habitação no Brasil, especialmente em regiões rurais, em cidades de pequeno porte e em países em desenvolvimento, desde 1979, o Departamento de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) vem desenvolvendo um programa de pesquisa utilizando materiais naturais locais, como bambu, fibras vegetais, terra crua e solo-fibra, na produção de novos elementos estruturais para a construção civil, como lajes, vigas e colunas de concreto, substituindo o aço, placas corrugadas fabricadas de compósitos de pasta de cimento reforçado com polpa de bambu, placas de argamassa de cimento e blocos de solo reforçados com fibras de coco e sisal, e elementos de concreto armado com bambu (GHAVAMI & CULZONI, 1987; GHAVAMI & HOMBEECK, 1981; GHAVAMI & RODRIGUES, 2000 e GHAVAMI, 2001).

Num estudo sistemático sobre bambu, faz-se necessário estudar sua microestrutura que, em geral, pode ser encarada como um material compósito constituído de fibras longas e alinhadas de celulose imersas em matriz de lignina. Em estudos realizados sobre a microscopia do bambu, GHAVAMI & CULZONI (1987), LIESE (1992), AMADA (1996), GHAVAMI & RODRIGUES

(2000) e GHAVAMI et al. (2000) observaram que os feixes de fibras são mais concentrados à medida que se situam mais próximos da parte externa, de forma que o bambu possa resistir às cargas de vento, que é a maior solicitação durante a vida desse material na natureza. Na Figura 1, apresenta-se a variação da fração volumétrica das fibras ao longo da espessura do colmo do bambu Phyllostachys heterocycla pubescens (Mosó) que está sendo estudado na PUC-Rio.

FIGURA 1. Variação da fração volumétrica das fibras na espessura do colmo do bambu Phyllostachys heterocycla pubescens (Mosó).

Baseados nos resultados obtidos nas pesquisas sobre bambu, durante as duas últimas décadas em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, foi possível criar as primeiras normas para tal utilização. Sabendo-se que o conhecimento das normas é importante não apenas para o uso seguro, mas também

Célula parenquimosas

Feixes vasculares

Feixes de fibras

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usou os resultados dessas pesquisas mundiais e propôs normas para a determinação das propriedades físicas e mecânicas dos bambus. As normas propostas foram analisadas pelo ICBO- International Conference of Building Officials e publicadas no relatório AC 162: Acceptance Criteria for Structural Bamboo, em março de 2000 (ICBO, 2000), as quais permitem a aplicação do bambu na construção, nos Estados Unidos da América.

Este trabalho teve como objetivo mapear as propriedades físicas de colmos e determinar a tensão na superfície dos mesmos devido ao momento de flexão dos bambus das seguintes espécies: Dendrocalamus giganteus, Guadua angustifolia, Guadua tagoara, Phyllostachys heterocycla pubescens (Mosó) e Phyllostachys bambusoides (Matake), de modo a permitir aos engenheiros civil e agrícola e arquitetos, ou usuário do bambu, escolher com facilidade os bambus já analisados com as dimensões necessárias para seus projetos.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Estruturas e Materiais do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio. Foram utilizados colmos dos bambus: Dendrocalamus giganteus, proveniente de um bambuzal localizado às margens do rio Rainha, que atravessa o Câmpus da PUC-Rio; Phyllostachys heterocycla pubescens (Mosó) e Phyllostachys bambusoides (Matake), oriundos de Presidente Prudente - SP, Guadua angustifolia, proveniente do Jardim Botânico - RJ e Guadua angustifolia e Guadua tagoara, oriundos de Guarulhos - SP. Todos os bambus foram cortados com idade média de três anos. A determinação das propriedades físicas foi feita por meio das normas propostas pelo INBAR (1999) e avaliadas pelo ICBO (2000).

O comprimento dos entrenós dos bambus (l) estudados foi medido com relação às coordenadas, definidas na Figura 2a. O diâmetro externo (D) de cada entrenó foi determinado a partir dos valores medidos do perímetro. Para determinar a espessura da parede (t), perfuraram-se três furos com diâmetro de 5 mm em cada entrenó, com uma furadeira elétrica, como pode ser visto na Figura 2b, fazendo-se as medições por meio de um medidor de espessura desenvolvido para esse fim (Figura 2c).

Z M=M max l entrenó nó n =1 n =2 n =3 n =4 n =5 z = 0 L M = 0 vento P Z r t φ d φD M

(a) Eixo de coordenadas (b) Furos ao longo do bambu (c) Medidor de espessura FIGURA 2. Configuração (a), posições dos furos (b) e aparelho para medições da espessura da parede

do colmo do bambu (c).

A partir dos valores obtidos dos diâmetro externo (D), espessura da parede (t) e comprimento internodial (l) para os respectivos números de entrenós (n), determinaram-se o momento fletor médio (Mm) devido ao carregamento da carga de vento, o módulo de resistência da seção (Zm) e a tensão

Furos para medição da espessura da parede do bambu

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adimensional na superfície do colmo (σ ) devida ao momento de flexão para os bambus das espécies b

citadas.

O momento fletor médio devido ao carregamento da carga de vento é dado por:

max m M M M = (1) em que,

M - momento fletor calculado para cada trecho do entrenó, dado pela eq.(2), e Mmax - momento na base, ou seja, em z = 0.

2 ) z L ( 2 p M= − (2) em que, p - carga de vento;

L - comprimento total do colmo, e

Z - altura do ponto de referência (base) até o ponto desejado (Figura 2a).

O módulo de resistência Zm de uma seção oca cilíndrica adimensional do bambu é definido por:

max , m m med m Z Z Z Z = = (3) em que,

Zm - dado pela eq.(4), e

Zm,max - o módulo máximo da seção em z = 0

(

)

[

]

D t 2 D D 32 Z 4 4 m = π − − (4)

A partir dos valores do momento fletor médio (Mm) e do módulo de resistência da seção (Zm), pode-se determinar a tensão de flexão adimensional na superfície do colmo devido ao momento de flexão por meio da eq.(5). O valor de σ será normalizado por meio da eq.(6): b

m m Z M = σ (5) max b σ σ = σ (6) RESULTADOS E DISCUSSÃO

As curvas que representam o comportamento do comprimento do entrenó do colmo de bambu das espécies Dendrocalamus giganteus, Phyllostachys heterocycla pubescens (Mosó), Phyllostachys bambusoides (Matake), Guadua angustifolia e Guadua tagoara são apresentadas na Figura 3. Observa-se um comportamento bem definido, ou seja, na parte basal, os comprimentos internodiais são menores, na parte central do colmo atingiram o valor máximo e, na parte superior, decrescem. Esse comportamento ocorre em todas as espécies de bambu estudadas, nas quais, o comprimento internodial atinge seu valor máximo sempre na parte intermediária do colmo; nas extremidades dos mesmos, os comprimentos decresceram.

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0 100 200 300 400 500 600 0 10 20 30 40 50 60 70 Número de entrenós C om p. in te rn od ia l ( m m )

FIGURA 3. Comprimento internodial em função do número de entrenós ao longo do colmo do bambu. As relações entre diâmetro externo e espessura da parede com o número de entrenós do bambu estão apresentadas nas Figuras 4 e 5, respectivamente. O diâmetro externo apresenta um comportamento quase linear, com os valores diminuindo da base para o topo (Figura 4). Já a espessura da parede (t), Figura 5, apresenta grande variação ao longo do colmo e entre as espécies estudadas, sendo a variação mais acentuada para os bambus Guadua tagoara, Guadua angustifolia e Phyllostachys bambusoides (Matake). Essa variação pode ter sido provocada pela baixa sensibilidade do aparelho de medição, que é de 0,1 cm e que ainda precisa ser aperfeiçoado. O bambu Guadua angustifolia do Jardim Botânico (JB) apresenta maior diâmetro externo, ou seja, 13,5 cm. Os bambus Guadua tagoara e Guadua angustifolia do Jardim Botânico-RJ apresentaram espessura média da parede de 0,15 cm e 0,12 cm, respectivamente. GHAVAMI & TOLEDO FILHO (1992) estudaram várias espécies de bambu no Rio de Janeiro e na Paraíba, dentre as quais, o bambu Dendrocalamus giganteus. Para os bambus do Rio de Janeiro, os autores obtiveram valores médios de diâmetro, comprimento internodial e espessura da parede na parte intermediária do colmo de 11 cm, 54 cm e 0,9 cm, respectivamente. Para a mesma espécie de bambu proveniente da Paraíba, foram obtidos diâmetro de 12 cm, comprimento internodial de 56 cm, e espessura da parede de 0,11 cm. AMADA et al. (1996), ao estudarem as propriedades físicas do bambu Mosó (Phyllostachys edulis Riv) do Japão, obtiveram resultados semelhantes ao bambu Mosó (Phyllostachys heterocycla pubescens), cultivado em São Paulo.

A partir das Figuras 3; 4 e 5 observa-se que ocorrem diferenças entre colmos da mesma espécie, porém desenvolvidos em locais diferentes. Exemplo disso é o Guadua angustifolia de São Paulo e o mesmo plantado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, os quais apresentam diferenças de valores no comprimento internodial, espessura da parede e diâmetro externo. Essa diferença pode ocorrer em função da variação de clima, vegetação e relevo em ambos os Estados onde essas espécies são cultivadas.

Baseados nos dados obtidos, fez-se uma análise de regressão do comportamento normal da distribuição da espessura da parede e do diâmetro externo, em função do comprimento ao longo do colmo do bambu, definindo-se uma equação matemática para determinar o diâmetro externo (D) e a espessura da parede (t) em função da posição (z), ao longo do colmo para cada espécie de bambu estudada. A partir das equações matemáticas, para um comprimento de 600 cm de qualquer das espécies de bambu estudadas, obteve-se a espessura da parede entre 0,11 e 0,14 cm, e o diâmetro externo entre 8,5 e 11,5 cm. As equações estão apresentadas nas Tabelas 1 e 2, e as curvas do diâmetro

Matake

∗∗∗∗ Mosó G. angustifolia (SP)

♦D. giganteus G. tagoara

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externo e da espessura em função do comprimento do colmo, com suas respectivas linhas de tendência, podem ser vistas nas Figuras 6 e 7, respectivamente.

0 30 60 90 120 150 1 11 21 31 41 51 61 71 Número de entrenós D iâ m et ro E xt er no (m m ) 0 5 10 15 20 25 30 1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 Número de entrenós E sp es su ra d a pa re de (m m )

FIGURA 4. Diâmetro externo em função do número FIGURA 5. Espessura da parede em função do número de entrenós ao longo do colmo dos bambus. de entrenós ao longo do colmo dos bambus.

TABELA 1. Equações que determinam a espessura da parede em função do comprimento do colmo.

Espécie de Bambu Equação da Espessura t = f(z)

Phyllostachys heterocycla pubescens-Mosó t=0,0092z3+0,297z2 3,607z+22,75 Phyllostachys bambusoides-Matake t=0,0014z3+0,056z2 1,341z+17,44

Dendrocalamus giganteus t=3×105z3+0,013z2 0,872z+15,303

Guadua angustifolia (SP) t = 3,832 ln(z) + 16,475

Guadua angustifolia (JB) t=15,93z−0,2257

Guadua tagoara t=0,0002z3 +0,030z2 1,348z+22,96

TABELA 2. Equações que determinam o diâmetro externo em função do comprimento do colmo.

Espécie de Bambu Equação do Diâmetro D = f(z)

Phyllostachys heterocycla pubescens-Mosó D=0,0475z2 5,061z+118,95 Phyllostachys bambusoides-Matake D=0,193z2 1,072z+114,4 Dendrocalamus giganteus D = −0,019z3 + 0,169z2 - 3,176z + 130,19 Guadua angustifolia (SP) D=0,0004z4 +0,041z31,308z2+7,425z+87,63 Guadua angustifolia (JB) D=0,0654z2 4,596z142,62 Guadua tagoara D=0,137z2 1,944z+108,96 G. tagoara Dend. giganteus Matake ∆∆∆∆ G. angustifolia (JB) G. angustifolia (SP) ∗∗∗∗ Mosó G. tagoara Dend. giganteus Matake ∆∆∆∆ G. angustifolia (JB) G. angustifolia (SP) ∗∗∗∗ Mosó

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0 5 10 15 20 25 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Comprimento do colmo:L(m) E sp es su ra d a pa re de :t (m m ) 0 5 10 15 20 25 30 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Comprimento do colmo: L (m) E sp es su ra d a pa re de : t (m m )

(a) Espessuras das paredes medidas (b) Análise de regressão da espessura da parede

FIGURA 6. Espessura das paredes em função dos comprimentos dos colmos dos bambus estudados.

0 30 60 90 120 150 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Comprimento do colmo: L (m) D iâ m et ro E xt er no : D (m m ) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Comprimento do colmo: L (m) D iâ m et ro E xt er no : D (m m )

(a) Diâmetros externos medidos (b) Análise de regressão dos diâmetros externos

FIGURA 7. Diâmetros externos em função dos comprimentos dos colmos dos bambus estudados. As curvas referentes ao momento fletor (M ), módulo de resistência (m Z ) e as tensões de m

flexão (σ ), ao longo dos colmos dos bambus estudados, estão apresentadas na Figura 8. Os valores b deMm e Z são parâmetros importantes de resistência a serem utilizados para o dimensionamento de m

estruturas em bambu; M independe da espécie de bambu, pois relaciona a altura total com os m

entrenós ao longo do colmo; Z relaciona as características geométricas do bambu, diferenciando m

quanto à espécie e quanto ao local cultivado; σ representa a variação da tensão de flexão ao longo do b

colmo. A partir desse valor, pode-se definir a variação da resistência ao longo do colmo do bambu à flexão.

Os resultados mostram que as curvas do momento fletor (M ) apresentam comportamento m

semelhante para todas as espécies de bambu estudadas. Como o módulo de resistência (Z ) é função m

do diâmetro e espessura, a representação gráfica variou para cada bambu. Já a curva da tensão de flexão (σ ), que é a relação entre o momento e o módulo, apresentou comportamento diferente para b

cada espécie de bambu.

G. tagoara Dend. giganteus Matake ∆∆∆∆ G. angustifolia (JB) G. angustifolia (SP) ∗∗∗∗ Mosó G. tagoara Dend. giganteus Matake G. angustifolia (JB) G. angustifolia (SP) Mosó ο G. tagoara Dend. giganteus Matake ∆∆∆∆ G. angustifolia (JB) G. angustifolia (SP) ∗∗∗∗ Mosó G. tagoara Dend. giganteus Matake G. angustifolia (JB) G. angustifolia (SP) Mosó

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0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Comprimento do colmo: z (m) 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Comprimento do colmo:z(m)

(a) Phyllostachys heterocycla pubescens (b) Phyllostachys bambusoides

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 4 8 12 16 20 Comprimento do colmo:z(m) 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Comprimento do colmo:z(m)

(c ) Guadua angustifolia (JB) (d) Guadua angustifolia (SP) 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Comprimento do colmo: z(m) 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Comprimento do colmo:z (m)

(e) Guadua tagoara (f) Dendrocalamus giganteus

FIGURA 8. Módulo de resistência (Ζm), momento fletor (Μm) e tensão de flexão (σ) não dimensional ao longo dos colmos dos bambus estudados.

σb , Μ , Ζm σb Μ Ζm σb , Μ , Ζm σb Μ Ζm σb , Μ , Ζm σb Μ Ζm σb , Μ , Ζm σb Μ Ζm σb , Μ , Ζm σb Μ Ζm σ b , Μ , Ζm σb Μ Ζm

(9)

Na Tabela 3, são apresentados os valores adimensionais aproximados do momento fletor (M ), m

do módulo de resistência (Z ) e da tensão de flexão (m σ ), nas posições da base, intermediário e topo, b

correspondendo às alturas aproximadas de 2; 7 e 12 m para os bambus analisados. Resultados aproximados foram obtidos por AMADA et al. (1996) ao estudarem o comportamento do bambu Phyllostachys edulis Riv. (Mosó) com idade média de dois anos no Japão. Para os comprimentos de colmos (z) de 2; 7 e 12 m, os autores obtiveram valores adimensionais de momento fletor de 0,70; 0,22 e 0,02, módulo de resistência de 0,61; 0,20 e 0,02 e tensão de flexão de 0,94; 0,80 e 0,48, respectivamente. Os resultados indicam que, apesar de cultivados em países diferentes e com idade entre dois e três anos, o bambu mantém características mecânicas bem próximas. Da Tabela 3, observa-se também como varia o bambu Guadua angustifolia plantado no Estado de São Paulo e no Estado do Rio de Janeiro; isto ocorre em função da fertilidade do solo, clima, topografia e idade de corte dos colmos.

TABELA 3. Momento fletor, módulo de resistência e tensão de flexão adimensionais em três comprimentos ao longo do colmo (z), em função das espécies de bambu.

Momento Fletor (Mm) Módulo de Resistência (Zm) Tensão de Flexão (σb) Espécie z(m) 2 7 12 2 7 12 2 7 12 Phyllostachys h. pubescens 0,76 0,30 0,06 0,44 0,20 0,05 0,91 0,82 0,68 Phyllostachys edulis Riv (AMADA, 1996) 0,70 0,22 0,02 0,61 0,20 0,02 0,94 0,80 0,48 Phyllostachys bambusoides 0,82 0,44 0,17 0,71 0,41 0,15 0,86 0,79 0,86 G. angustifolia - SP 0,82 0,44 0,02 0,73 0,24 0,10 0,83 0,53 0,15 G. angustifolia - JB 0,82 0,58 0,18 0,65 0,47 0,13 0,68 0,67 0,75 G. tagoara 0,78 0,29 0,04 0,78 0,46 0,20 0,90 0,60 0,22 D. giganteus 0,78 0,31 0,04 0,70 0,45 0,18 0,99 0,62 0,21 CONCLUSÕES

Os bambus têm um gradiente de estrutura hierárquica no diâmetro do colmo, espessura da parede e comprimento internodial.

O diâmetro externo e a espessura da parede decrescem uniformemente e quase linearmente ao longo do comprimento do colmo.

Para todos os bambus estudados, o comprimento internodial atinge seu valor máximo próximo do ponto médio do comprimento total. O bambu Dendrocalamus giganteus apresenta maior comprimento internodial, maior diâmetro e maior altura total do que os bambus Guadua angustifolia e Guadua tagoara.

O momento fletor independe da espécie de bambu, enquanto o módulo de resistência é função do diâmetro e da espessura da parede, variando de acordo com a espécie.

O momento fletor, o módulo de resistência e a tensão de flexão obtidos para o bambu Mosó, de São Paulo e do Japão, apresentaram valores muito próximos, indicando que, apesar de serem cultivados em países diferentes, o bambu mantém as mesmas características de rigidez.

Os resultados obtidos darão subsídios para engenheiros projetarem estruturas de bambu com confiabilidade.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos colegas que contribuíram para realização dos ensaios, especialmente Conrado de Souza Rodrigues, Sergio Luís Vanderley e João Paulo. Agradecem também à FAPERJ, CAPES e CNPq, pelo apoio financeiro dado à pesquisa, e à direção do Jardim Botânico - RJ, por permitir a coleta dos bambus do Parque.

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