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DIREITO PROCESSUAL PENAL TEORIA E EXERCÍCIOS Aula 01 Noções Introdutórias Prof. Pedro Ivo. Aula 01

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Aula 01

Direito Processual Penal Militar Noções Introdutórias

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 2 Futuros Aprovados,

Hoje começaremos a conversar sobre o Direito Processual Penal Militar. Para quem já estudou o Direito Processual Penal, perceberá que há diversos conceitos bem parecidos e um paralelismo é sempre produtivo e eficiente.

Para quem nunca estudou, tudo será apresentado na medida certa para sua PROVA e, consequentemente, para sua aprovação.

Vamos começar a explorar esta disciplina.

Bons estudos!

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AULA 00 - INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL MILITAR E

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

1.1 O PROCESSO PENAL MILITAR

A Carta Magna dispõe em seu art. 1º, parágrafo único, que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou, diretamente, nos termos desta Constituição”.

Do texto constitucional retira-se claramente que o Estado é o titular de um poder que deve ser exercido em prol da sociedade. Ocorre, contudo, que tal poder não é ilimitado e, os limites, são impostos pelas normas legais, pelo Direito.

Neste contexto é que surge o processo, meio através do qual o Estado poderá exercer o seu poder jurisdicional de forma adequada, proporcional e razoável aos anseios da sociedade.

A partir de agora começaremos a tratar do processo, mais especificamente do Processo Penal Militar e, para que você compreenda corretamente este importante ramo jurídico, é importantíssimo aprender, antes de tudo, qual o seu conceito.

1.1.1 CONCEITO

Podemos dizer que o Direito Processual Penal Militar é o conjunto de normas e princípios que vai tornar possível a aplicação do Direito Penal Militar, pelo Estado, no caso concreto. Desta forma, o Processo Penal Militar definirá a atuação do Estado-Juiz na sua relação com o autor e réu, os três principais sujeitos processuais.

O fim específico do Processo Penal Militar é o de obter a certeza positiva ou negativa, acerca da violação da lei penal militar, mediante a intervenção judicial. Pode-se afirmar, portanto que o Processo Penal Militar tem um duplo fim:

 FIM ESSENCIAL  Estabelecido em prol do interesse social empenhado na punição dos que cometeram crimes militares.

(4)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 4  FIM CORRELATIVO  Estabelecido em prol da tutela do interesse

privado e social concernente às garantias individuais, principalmente a da liberdade.

Para deixar ainda mais claro, imaginemos um mecânico de automóveis e as peças do carro. Em grau de equivalência, teríamos a seguinte relação:

PEÇAS DO CARRO  DIREITO PENAL MILITAR;

MECÂNICO  ESTADO;

PROCESSO DE COLOCAÇÃO DAS PEÇAS PELO MECÂNICO NOS VEÍCULOS PROCESSO PENAL;

1.1.2 FONTES DO PROCESSO PENAL MILITAR Sobre o tema, dispõe o CPPM da seguinte forma:

Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe fôr estritamente aplicável.

Divergência de normas

ESTADO-JUIZ

RÉU AUTOR

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 5 § 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.

Aplicação subsidiária

§ 2º Aplicam-se, subsidiàriamente, as normas dêste Código aos processos regulados em leis especiais.

Antes de adentrarmos nos dispositivos legais, façamos uma análise doutrinária da questão.

Fonte, em sentido usual, é o lugar de onde provém algo. Desta forma, podemos conceituar as fontes do processo penal militar como o ponto de partida das normas, princípios e preceitos que norteiam este ramo jurídico. Dentre os diversos doutrinadores, a classificação que você precisa ter conhecimento é a que divide as fontes em formais e materiais. Vamos conhecê-la:

1 - FONTES MATERIAIS  Quando falamos em fontes materiais, estamos tratando de quem será responsável pela edição de normas específicas sobre o Processo Penal Militar no nosso País.

Para encontramos esta resposta, devemos recorrer à Constituição Federal que, em seu art. 22, I, dispõe:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (grifo nosso)

Desta forma, caro (a) aluno (a), podemos afirmar que a única fonte material do Direito Processual Penal é a UNIÃO, correto???

ERRADO!!! Excepcionalmente, lei estadual (ou distrital) poderá tratar sobre questões específicas de Processo Penal, desde que permitido pela União por meio de lei complementar. Observe o disposto no art. 22, parágrafo único, da Carta Magna:

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 6 Art. 22

[...]

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

2 - FONTES FORMAIS  No que diz respeito às chamadas fontes formais, diferentemente do que vimos anteriormente, estamos tratando da forma como as normas jurídicas são exteriorizadas.

No Direito brasileiro temos como principal fonte formal a lei, que recebe a denominação de fonte imediata.

Dentro desta classificação, podemos abranger a Constituição Federal, a legislação infraconstitucional, os tratados, convenções e regras de Direito Internacional e as súmulas vinculantes. Estas últimas estão incluídas no art. 103-A da Carta Magna nos seguintes termos:

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

Com relação aos tratados ou convenções, o parágrafo 1º, do art. 1º, do CPPM é claro ao afirmar a prevalência deles sobre a lei militar. Segundo o mencionado dispositivo legal, nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.

A principal característica da fonte formal imediata é o fato de ela vincular a atuação do Estado, ou seja, se uma lei diz que o Juiz deve agir de uma maneira “X”, obrigatoriamente terá que assim fazer.

Além da fonte IMEDIATA, também existem fontes MEDIATAS que, embora não vinculem a atuação do Estado, servem de importante direcionamento na atuação Estatal. São elas:

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 7 OS USOS E COSTUMES MILITARES  O costume, que no direito

processual penal militar é denominado “praxe forense”, é a regra de conduta praticada de modo geral, constante e uniforme (elemento interno), com a consciência de sua obrigatoriedade (elemento externo).

O costume encontra previsão expressa no CPPM que assim leciona: Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:

a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar; b) pela jurisprudência;

c) pelos usos e costumes militares;

d) pelos princípios gerais de Direito; e) pela analogia.

Fala-se em costume secundum legem (de acordo com a lei), extra legem (na ausência de lei) e contra legem (contra a lei). O último, segundo o direito moderno, é proibido.

OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO  São regras que embora não estejam escritas, mostram-se presentes e informam o ordenamento jurídico

A ANALOGIA  A analogia é uma forma de auto integração da lei. Na lacuna involuntária desta, aplica-se ao fato não regulado expressamente um dispositivo que disciplina hipótese semelhante. No entender de Bettiol consiste na extensão de uma norma jurídica de um caso previsto a um caso não previsto com fundamento na semelhança entre os dois casos, porque o princípio informador da norma que deve ser estendida abraça em si também o caso não expressamente nem implicitamente previsto.

A DOUTRINA  É a manifestação de opinião dos renomados juristas e estudiosos do direito. Apesar de não ser expressa, encontra amparo segundo a jurisprudência.

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 8 A JURISPRUDÊNCIA  Decisões reiteradas a respeito de um mesmo

assunto.

Alguns doutrinadores tratam de outras fontes, mas para você, que fará uma PROVA de concurso, são essas as fontes que são de conhecimento necessário. Podemos resumir o exposto da seguinte forma:

1.1.3 SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS

1.1.3.1 SISTEMA INQUISITÓRIO

Os sistemas inquisitórios têm seu surgimento em Roma e na Europa medieval. Foram adotados pelos regimes monárquicos e encontraram guarida no direito canônico. Tais modelos foram adotados por quase todas as nações europeias durante os séculos XVI, XVII, XVIII.

FONTES

FORMAIS MATERIAIS

REGRA: UNIÃO

EXCEÇÃO

ESTADOS (DELEGAÇAO POR LC)

MEDIATAS IMEDIATAS 1 - CF/88 2 - LEGISLAÇAO INFRACONSTITUCIONAL 3 – TRATADOS, REGRAS E CONVENÇOES DE DIREITO INTERNACIONAL 4 – SÚMULAS VINCULANTES 1 – USOS E COSTUMES 2 – PCP. GERAIS DO DIREITO 3 – ANALOGIA 4 – DOUTRINA 5 - JURISPRUDÊNCIA

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 9 Esses sistemas encontram apoio em Estados Totalitários, onde ocorrem supressões da liberdade e garantias individuais dos cidadãos. Verifica-se, também, demasiada violência Estatal em face dos indivíduos, sendo essa a grande característica que se pode apontar na aplicação do Direito Penal.

Percebe-se, também, uma evidente inclinação do modelo em buscar, preferencialmente, A CONDENAÇÃO COMO FIM SATISFATÓRIO DO PROCESSO CRIMINAL.

Dentre as características desses modelos, pode-se dizer que a principal é o acúmulo, pelo mesmo órgão, das funções de acusar, defender e julgar.

Outra característica, na verdade uma consequência da primeira, é que a colheita de provas é feita pelo próprio juiz.

Verifica-se ainda que o réu, aqui, é tratado como objeto das investigações e não como sujeito de direitos. Sua culpa é presumida e, no mais das vezes, responde ao processo recluso.

O processo é sigiloso, sendo que em algumas oportunidades, são negadas as informações até mesmo ao acusado.

Como o próprio órgão julgador é o responsável também pelas funções de acusação e defesa, compromete-se a imparcialidade que se espera de todo julgamento. Entende-se que ao realizar a acusação, o julgador já está, de certa forma, apresentando um juízo de valor quanto à questão.

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 10 1. AS TRÊS FUNÇÕES (ACUSAR, DEFENDER E JULGAR)

CONCENTRAM-SE NAS MÃOS DE UMA SÓ PESSOA, INICIANDO O JUIZ, EX OFFICIO, A ACUSAÇÃO, QUEBRANDO, ASSIM, SUA IMPARCIALIDADE;

2. O PROCESSO É REGIDO PELO SIGILO, DE FORMA SECRETA, LONGE DOS OLHOS DO POVO;

3. NÃO HÁ CONTRADITÓRIO NEM AMPLA DEFESA, POIS O ACUSADO É MERO OBJETO DO PROCESSO E NÃO SUJEITO DE DIREITOS, NÃO SE LHE CONFERINDO NENHUMA GARANTIA;

4. O SISTEMA DE PROVAS É O DA PROVA TARIFADA OU PROVA LEGAL E, CONSEQUENTEMENTE, A CONFISSÃO É A RAINHA DAS PROVAS.

Pode-se perceber, pelas suas características, que esses sistemas estão em desacordo com os princípios constitucionais de um Estado Democrático de Direito, que primam pela proteção aos direitos e garantias individuais, resguardando a liberdade do cidadão como um dos bens jurídicos de maior valor e merecedor de especial proteção.

1.1.3.2 SISTEMA ACUSATÓRIO

É O SISTEMA ADOTADO NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO

O que caracteriza o processo acusatório é a rígida separação entre a função de julgar, acusar e defender, a imparcialidade, a ampla defesa, o contraditório e, em decorrência, a paridade entre a acusação e a defesa, a publicidade e a oralidade dos atos processuais, entre outros.

Luigi Ferrajoli enfatiza que se pode chamar acusatório "todo sistema processual que configura o juiz como um sujeito passivo rigidamente separado das partes e o processo como iniciativa da acusação, a quem compete provar o alegado, garantindo-se o contraditório (...) podemos, ao contrário, chamar inquisitório o processo em que o juiz procede de ofício na busca de provas, atuando em segredo e por escrito, com exclusão de qualquer contraditório ou limitação deste.”

Ainda, seguindo a lição de Rangel as principais características desse sistema são as seguintes:

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 11 1. HÁ A SEPARAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES DE ACUSAR, JULGAR E

DEFENDER, COM TRÊS PERSONAGENS DISTINTOS: AUTOR, JUIZ E RÉU; 2. O PROCESSO É REGIDO PELO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS

PROCESSUAIS, ADMITINDO-SE, COMO EXCEÇÃO, O SIGILO NA PRÁTICA DE DETERMINADOS ATOS

3. OS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA INFORMAM TODO O PROCESSO. O RÉU É SUJEITO DE DIREITOS, GOZANDO DE TODAS AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS QUE LHE SÃO OUTORGADAS; 4. O SISTEMA DE PROVAS ADOTADO É O DO LIVRE CONVENCIMENTO, OU

SEJA, A SENTENÇA DEVE SER MOTIVADA COM BASE NAS PROVAS CARREADAS PARA OS AUTOS. O JUIZ ESTÁ LIVRE NA SUA APRECIAÇÃO, PORÉM NÃO PODE SE AFASTAR DO QUE CONSTA NO PROCESSO;

5. IMPARCIALIDADE DO ÓRGÃO JULGADOR, POIS O JUIZ ESTÁ DISTANTE DO CONFLITO DE INTERESSES INSTAURADO ENTRE AS PARTES, MANTENDO SEU EQUILÍBRIO, PORÉM DIRIGINDO O PROCESSO ADOTANDO AS PROVIDENCIAS NECESSÁRIAS À INSTRUÇÃO DO FEITO,

INDEFERINDO AS DILIGÊNCIAS INÚTEIS OU MERAMENTE

PROTELATÓRIAS.

Na verdade, o que se observa nesse sistema é a limitação do poder estatal de intervenção na vida do indivíduo, que no caso do direito penal militar se revela pela forma de intervenção do estado mais gravosa, retirando-lhe a liberdade.

A Constituição Federal assegura o sistema acusatório no processo penal, haja vista que:

 As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais incumbem às polícias civis e à polícia federal, e inclusive à militar, no que diz respeito aos crimes militares (CF/88 - art. 144 e §§);

 Estabelece o contraditório e a ampla defesa, com o meio e recursos a ela inerentes – (CF/88 - art. 5o, inciso LV);

 A ação penal pública é promovida, privativamente, pelo Ministério Público – art. 129, I, embora seja assegurado ao ofendido o direito à ação penal privada subsidiária da pública – (CF/88 - art. 5o, LIX);

 A função de julgar cabe a juízes constitucionalmente investidos – (CF/88 - art. 5o, LIII e 92);

 Assevera a motivação das decisões judiciais – art. 93, IX, e a publicidade dos atos processuais, podendo a lei restringi-la apenas quando a defesa da intimidade ou o interesse público o exigirem – (CF/88 - art. 5o, LX).

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 12 1.1.3.3 SISTEMA MISTO

Abrange duas fases processuais distintas: A primeira é inquisitiva, na qual ocorre uma investigação preliminar. A outra é a do julgamento, na qual se aplica todos os conceitos e princípios do sistema acusatório. Cabe ressaltar que, embora não seja um tema pacífico, a doutrina majoritária entende que o inquérito policial militar, apesar de inquisitivo, não integra o processo penal propriamente dito e, portanto, não há que se falar em aplicabilidade do sistema misto no Brasil.

1.2 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

O Direito Processual Penal Militar é regido por uma série de princípios e o conhecimento destes é de suma importância para a correta compreensão deste ramo jurídico.

No Processo Penal Militar brasileiro, os princípios representam os postulados fundamentais da política processual penal do Estado e, como refletem as características de determinado momento histórico, sofrem oscilações de acordo com as alterações do regime político.

Como se vive sob a égide de um regime democrático, os princípios que regem o Processo Penal Militar devem estar em consonância com a liberdade individual, valor tido como absoluto pela Carta Magna de 1988.

Os inúmeros princípios que norteiam o Processo Penal Militar brasileiro encontram-se determinados tanto pela Constituição Federal quanto pelo Código de Processo Penal Militar e serão agora tratados com suas principais características.

1.2.1 PRINCÍPIO DA VERDADE REAL

No processo penal, o Juiz tem a obrigação de colher o maior número de provas possíveis a fim de determinar efetivamente como ocorreu o fato concreto.

Segundo o STJ: “A busca pela verdade real constitui princípio que rege o Direito Processual Penal. A produção de provas, porque constitui garantia

(13)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 13 constitucional, pode ser determinada, inclusive pelo Juiz, de ofício, quando julgar necessário”.

Desta forma, para ficar bem claro, imaginemos a seguinte situação:

Tício mata Mévio e, durante o processo penal, o pai de Tício assume a culpa do feito, exigindo, assim, que seu filho seja liberado. Será que o Juiz é obrigado a aceitar o que está sendo dito?

A resposta é negativa, pois, como já dissemos, caberá ao judiciário, através da colheita de informações, objetivar a verdade REAL e decidir através da livre apreciação das provas.

Contudo, este princípio não é absoluto, pois há determinadas situações que constituem ressalvas à verdade real, como, por exemplo, as provas obtidas por meios ilícitos, as limitações ao depoimento de algumas testemunhas que têm conhecimento do fato em virtude da profissão, ofício, função ou ministério e a impossibilidade de apresentação de provas que não tiverem sido juntadas aos autos com antecedência mínima de três dias (veremos estes temas nas próximas aulas).

Diante do exposto, se em um processo penal é apresentado ao Juiz uma interceptação telefônica ilegal, na qual o réu diz “EU MATEI” e, concomitantemente, o depoimento de um padre, o qual tem o dever de silêncio em razão do ofício, que diz que no mesmo dia do homicídio o réu se confessou e contou tudo, nada disso servirá como prova.

Ainda dentro do mesmo processo, imaginemos que, como nos filmes, no momento em que o Juiz ia proferir a decisão apareceu um cinegrafista amador com imagens do momento do homicídio para apresentar. Isso servirá como prova?

A resposta é negativa (impossibilidade de apresentação de provas que não tiverem sido juntadas aos autos com antecedência mínima de três dias) e a autoridade judicial terá que se basear somente nos autos, pois, neste caso, ”o que não está nos autos, não está no mundo”.

1.2.2 PRINCÍPIO DA INICIATIVA DAS PARTES

O princípio da iniciativa das partes é assinalado pelos axiomas latinos nemo judex sine actore e ne procedat judex ex officio (estas expressões aparecem em prova, atenção a elas), ou seja, não há juiz sem autor, ou o juiz não pode dar início ao processo de ofício sem a provocação da parte interessada.

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 14 O CPPM prevê expressamente o aludido princípio quando, por intermédio do art. 29, dispõe que a ação penal pública deve ser promovida pelo Ministério Público Militar, através da denúncia.

Art. 29. A ação penal é pública e sòmente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público Militar.

1.2.3 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

Prevê a Constituição Federal que: Art. 5º

[...]

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Consoante o texto constitucional, existe uma presunção de inocência do acusado da prática de uma infração penal até que haja uma sentença condenatória irrecorrível que o declare culpado, ou seja, é assegurado a todo e qualquer indivíduo um prévio estado de inocência, que só pode ser afastado se houver prova plena do cometimento de um delito.

Nos termos dos ensinamentos trazidos pelo jurista Antônio Magalhães GOMES FILHO, o princípio em estudo não se limita a uma garantia política do estado de inocência dos cidadãos, devendo também ser analisado sob o enfoque técnico jurídico como regra de julgamento a ser adotada sempre que houver dúvida sobre fato relevante para a decisão do processo, quando a presunção de inocência confunde-se com o princípio in dubio pro reo (na dúvida, em favor do réu).

Ademais, a mencionada norma deve orientar o tratamento do acusado ao longo de todo o processo, impedindo que ele seja equiparado ao culpado. É importante ressaltar que este princípio não impede medidas coercitivas previstas em lei como, por exemplo, a prisão temporária e provisória. Entenderemos melhor isto quando tratarmos sobre as formas de prisão.

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 15 1.2.4 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

Dispõe a Carta Magna:

Art. 5º [...]

LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos

acusados em geral são assegurados o

contraditório e ampla

defesa

, com os meios e recursos a ela inerentes; (grifo nosso).

Trataremos primeiramente do contraditório, que nada mais é do que o direito que detêm as partes de terem conhecimento de todas as provas que a elas são imputadas para contradizê-las, contestá-las, enfim, preparar uma defesa.

Assim, não existe no processo penal prova secreta e muito menos aquele “salvador da pátria”, constantemente visto nos filmes, que aguarda o último segundo do julgamento para apresentar a prova que resolve tudo e prende o assassino...ESSE TIPO DE PROVA NA SUA PROVA NÃO EXISTE...SÓ MESMO EM HOLLYWOOD.

A ampla defesa encontra correlação com o princípio do contraditório e é o dever que assiste ao Estado de facultar ao acusado a possibilidade de efetuar a mais completa defesa quanto à imputação que lhe foi realizada. 1.2.5 PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS

Este princípio está firmado no art. 5º, da Constituição Federal, nos seguintes termos:

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 16 Observe que o art. 297 do CPPM, não discorre sobre o tema exatamente da mesma forma, mas é pacífico o entendimento de que a norma constitucional impera e deve ser aplicada:

Art 295. É admissível, nos têrmos dêste Código, qualquer espécie de prova, desde que não atente contra a moral, a saúde ou a segurança individual ou coletiva, ou contra a hierarquia ou a disciplina militares.

Cabe, por fim, ressaltar que a jurisprudência majoritária tem admitido o uso de prova ilícita quando esta é o único meio do réu comprovar sua inocência. Entenderemos melhor este tópico quadro tratarmos especificamente das provas.

1.2.6 PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE

Segundo este princípio, a pretensão punitiva do Estado deve se fazer valer por órgãos públicos, ou seja, a autoridade militar, no caso do inquérito, e o Ministério Público Militar, no caso da ação penal pública.

1.2.7 PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE

A autoridade militar e o Ministério Público Militar, regra geral, tomando conhecimento da possível ocorrência de um delito, deverão agir ex officio (daí o nome princípio da oficiosidade), não aguardando qualquer provocação. 1.2.8 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

Vivemos em um Estado Democrático de Direito e, assim, a lei define um devido processo para que uma penalização possa ser aplicada a um indivíduo. A fim de evitar qualquer fuga por parte do Estado dos ritos procedimentais estabelecidos no nosso ordenamento jurídico, o texto constitucional nos traz:

FUI EU!!!

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 17 Art. 5º

[...]

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Pode-se conceituar o princípio em estudo, de acordo com a lição do doutrinador Marcos Alexandre Coelho ZILLI, como sendo uma garantia constitucional, atualmente incorporada no campo dos direitos e garantias fundamentais, que visa assegurar às partes interessadas o estabelecimento e o respeito a um processo judicial instituído em lei e conduzido por um juiz natural, sendo que este deve ser dotado de independência e imparcialidade, resguardando-se o contraditório, a ampla defesa, a publicidade dos atos e a motivação das decisões ali proferidas.

1.2.9 PRINCÍPIO DO “FAVOR REI”

Também conhecido como princípio do in dubio pro reo, o princípio do favor rei decorre do princípio da presunção de inocência anteriormente estudado. Baseia-se na predominância do direito de liberdade do acusado, quando colocado em confronto com o direito de punir do Estado, ou seja, na dúvida, sempre prevalece o interesse do réu.

O mencionado princípio deve orientar, inclusive, as regras de interpretação, de forma que, diante da existência de duas interpretações antagônicas, deve-se escolher aquela que se apresenta mais favorável ao acusado.

No processo penal, para que seja proferida uma sentença condenatória, é necessário que haja prova da existência de todos os elementos objetivos e subjetivos da norma penal e também da inexistência de qualquer elemento capaz de excluir a culpabilidade e a pena.

1.2.10 PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ

Quando da determinação de um Juiz para um processo, a atuação deste deve ser completamente imparcial, ou seja, desprovida de qualquer interesse pessoal.

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 18 Imaginemos um julgamento em que o Juiz decidirá pela prisão ou não de sua mãe e sua esposa... Ou de sua sogra (ai complica...)... Será que podemos garantir que ele será completamente neutro?

Realmente é difícil responder a esta pergunta e, exatamente por isso, o nosso ordenamento jurídico trouxe hipóteses em que, obrigatoriamente, o Juiz deverá alegar sua impossibilidade de realizar o julgamento e outras situações em que as partes poderão solicitar a mudança da autoridade julgadora.

São as hipóteses de impedimentos e suspeições presentes nos arts. 37 e 38 do Código de Processo Penal Militar. Veremos mais detalhadamente este tema ao tratarmos dos sujeitos processuais.

1.2.11 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE

A adoção desse princípio proíbe a paralisação injustificada da investigação policial ou seu arquivamento pela autoridade militar. Também não permite que o Ministério Público Militar desista da ação.

Como garantia do aludido princípio, a lei processual penal traz diversos dispositivos, como, por exemplo, a determinação dos prazos para a conclusão do inquérito policial militar e, ainda, a proibição da autoridade militar de formular pedido de arquivamento. Observe o texto legal:

Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito, embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.

1.2.12 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL Consagrado pela CF/88, em seu art. 5º, LIII, o princípio do Juiz natural estabelece que ninguém será sentenciado senão pela autoridade competente, representando a garantia de um órgão julgador técnico e isento, com competência estabelecida na própria Constituição e nas leis de organização judiciária de cada Estado.

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 19 Juiz natural é, assim, aquele previamente conhecido, segundo regras objetivas de competência estabelecidas anteriormente à infração penal, investido de garantias que lhe assegurem absoluta independência e imparcialidade.

Decorre desse princípio a proibição de criação de juízos ou tribunais de exceção, insculpida no art. 5º, XXXVII, que impõe a declaração de nulidade de qualquer ato judicial emanado de um juízo ou tribunal que houver sido instituído após a prática de determinados fatos criminosos, especificamente para processar e julgar determinadas pessoas.

Faz-se necessário esclarecer que a proibição da constituição de tribunais de exceção não significa impedimento à criação de justiça especializada ou de vara especializada, já que, nesse caso, apenas são reservados a determinados órgãos, inseridos na estrutura judiciária fixada na própria Constituição, o julgamento de matérias específicas.

No mesmo sentido, o princípio do Promotor natural também encontra amparo no art. 5º, LIII, da CF/88, ao determinar que ninguém será processado senão por autoridade competente.

O mencionado dispositivo deve ser interpretado em consonância com o art. 127 e 129 da Carta Magna, ou seja, ninguém poderá ser processado criminalmente senão pelo órgão do Ministério Público, dotado de amplas garantias pessoais e institucionais de absoluta independência e liberdade de convicção e com atribuições previamente fixadas e conhecidas.

A garantia do promotor natural consagra a independência do órgão de acusação pública. Representa, ainda, uma garantia de ordem individual, já que limita a possibilidade de persecuções criminais pré-determinadas ou a escolha de promotores específicos para a atuação em certas ações penais. 1.2.13 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O princípio constitucional da publicidade, como já tratamos, é característica fundamental do sistema processual acusatório.

Mirabete coloca que a publicidade:

"Trata-se de garantia para obstar arbitrariedades e violências contra o acusado e benéfica para a própria Justiça, que, em público, estará mais livre de eventuais pressões, realizando seus fins com mais transparência.

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 20 Esse princípio da publicidade inclui os direitos de assistência, pelo público em geral, dos atos processuais, a narração dos atos processuais e a reprodução dos seus termos pelos meios de comunicação e a consulta dos autos e obtenção de cópias, extratos e certidões de quaisquer deles”

1.2.14 PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

O princípio do duplo grau de jurisdição visa assegurar ao litigante vencido, total ou parcialmente, o direito de submeter a matéria decidida a uma nova apreciação jurisdicional, no mesmo processo, desde que atendidos determinados pressupostos específicos, previstos em lei.

Todo ato decisório do juiz que possa prejudicar um direito ou um interesse da parte deve ser recorrível, como meio de evitar ou emendar os erros e falhas que são inerentes aos julgamentos humanos; e, também, como atenção ao sentimento de inconformismo contra julgamento único, que é natural em todo indivíduo.

A doutrina diverge em considerar o duplo grau de jurisdição como um princípio de processo inserido na Constituição Federal, já que inexiste a sua previsão expressa no texto constitucional.

Todavia, a doutrina majoritária acredita que o duplo grau de jurisdição é um princípio processual constitucional. Os doutrinadores fundamentam este posicionamento na competência recursal estabelecida na Constituição Federal.

Observe alguns exemplos desta previsão implícita do duplo grau de jurisdição inserido na Carta Magna:

Art. 5º[...]

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:[...]

II - julgar, em recurso ordinário:

(21)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 21 Diante disso, apesar de não constar de forma expressa na Constituição Federal, pode-se dizer que o duplo grau de jurisdição ou garantia de reexame das decisões proferidas pelo Poder Judiciário, pode ser incluído no estudo acerca dos princípios de processo penal inseridos no texto constitucional.

Por fim, vamos resumir os princípios apresentados:

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DA VERDADE REAL

CABERÁ AO JUDICIÁRIO, ATRAVÉS DA COLHEITA DE INFORMAÇÕES, ATINGIR A VERDADE REAL E DECIDIR ATRAVÉS DA LIVRE APRECIAÇÃO DAS PROVAS.

DA INICIATIVA DAS PARTES

O JUIZ NÃO PODE DAR INÍCIO AO

PROCESSO DE OFÍCIO, SEM A

PROVOCAÇÃO DA PARTE INTERESSADA.

DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

NINGUÉM SERÁ CONSIDERADO CULPADO ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA.

DO CONTRADITÓRIO

TER CONHECIMENTO DE TODAS AS PROVAS PARA EXERCER O DIREITO DE CONTRADIZÊ-LAS.

DA AMPLA DEFESA POSSIBILIDADE DE APRESENTAR TODO

TIPO (LÍCITO) DE PROVAS PARA PROVAR O QUE AFIRMA.

DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS

SÃO INADMISSÍVEIS, DEVENDO SER DESENTRANHADAS DO PROCESSO, AS PROVAS ILÍCITAS, ASSIM ENTENDIDAS AS OBTIDAS EM VIOLAÇÃO A NORMAS CONSTITUCIONAIS OU LEGAIS.

DA OFICIALIDADE

A PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO DEVE SE FAZER VALER POR ÓRGÃOS

(22)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 22 PÚBLICOS.

DA OFICIOSIDADE

A AUTORIDADE MILITAR E O MINISTÉRIO

PÚBLICO MILITAR, REGRA GERAL,

TOMANDO CONHECIMENTO DA POSSÍVEL OCORRÊNCIA DE UM DELITO, DEVERÃO AGIR EX OFFICIO.

DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

NINGUÉM SERÁ PRIVADO DA LIBERDADE OU DE SEUS BENS SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL.

DO “FAVOR REI”

IN DUBIO PRO REO – OU SEJA – NA

DÚVIDA ENTRE PRIVILEGIAR A

PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO OU O RÉU, PREVALECE ESTE ÚLTIMO.

DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ

A ATUAÇÃO DO JUIZ DEVE SER

COMPLETAMENTE IMPARCIAL, OU SEJA, DESPROVIDA DE QUALQUER INTERESSE PESSOAL. (HIPÓTESES DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTOS).

DA INDISPONIBILIDADE

ASSIM COMO O MP NÃO PODE DEIXAR DE OFERECER A DENÚNCIA QUANDO DA EXISTÊNCIA DE CRIME QUE SE APURA

MEDIANTE AÇÃO PENAL PÚBLICA,

TAMBÉM NÃO PODE DESISTIR DELA APÓS

TÊ-LA INTERPOSTO. TAL PRECEITO

TAMBÉM É APLICADO À AUTORIDADE MILITAR NA FASE DO INQUÉRITO.

DO JUIZ NATURAL E DO

NINGUÉM SERÁ PROCESSADO NEM

SENTENCIADO SENÃO PELA AUTORIDADE COMPETENTE.

PROMOTOR NATURAL

PUBLICIDADE OS ATOS PROCESSUAIS DEVEM SER

PÚBLICOS

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO O LITIGANTE VENCIDO, TOTAL OU PARCIALMENTE, TEM O DIREITO DE SUBMETER A MATÉRIA DECIDIDA A UMA

(23)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 23 NOVA APRECIAÇÃO JURISDICIO-NAL

1.3 LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR NO TEMPO E NO

ESPAÇO

A norma processual penal possui uma eficácia (aptidão para produzir efeitos) que não é absoluta, encontrando limitação em determinados fatores, tais como: 1 – FATORES DE ORDEM ESPACIAL  Impõem à norma a produção de seus efeitos em determinados lugares e em outros não.

2 – FATORES DE ORDEM TEMPORAL  Impõem à norma a produção de seus efeitos em determinados períodos de tempo.

Diante do exposto, vamos analisar cada um destes fatores no processo penal brasileiro.

1.3.1 LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO Dispõe o Código de Processo Penal:

Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as normas dêste Código:

Tempo de paz

I - em tempo de paz:

a) em todo o território nacional;

b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira; c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da fôrça militar brasileira, ou em ligação com esta, de fôrça militar estrangeira no cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial;

(24)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 24 d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente;

e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;

Tempo de guerra

II - em tempo de guerra:

a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;

b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de fôrça militar brasileira, ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;

c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

O CPPM traz para o processo penal o princípio da

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segundo o qual a lei processual penal militar aplica-se a todas as infrações cometidas em território brasileiro.

O legislador fez questão de tratar da aplicabilidade diferenciada em tempo de paz ou de guerra. Perceba que, na verdade, as hipóteses cabíveis para a aplicabilidade da lei penal no espaço em tempos de guerra é a mesma da aplicabilidade em tempo de paz, ampliada dos seguintes casos:

b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de fôrça militar brasileira, ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;

c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

Este tema é questão bem comum em provas e, assim, é importante que você conheça a literalidade do art. 4º. Não há necessidade de grandes aprofundamentos, mas há que se conhecer o texto legal.

(25)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 25 1.3.2 LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

Este tema encontra-se definido no CPPM da seguinte forma:

Art. 5º As normas dêste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Antes de compreendermos a abrangência do referido artigo, precisamos entender alguns conceitos. Vamos a eles:

 ATIVIDADE  Período situado entre a entrada em vigor e a revogação de uma lei durante o qual ela está produzindo efeitos.

 EXTRATIVIDADE  É a incidência de uma lei fora do seu período de vigência. Cabe ressaltar que se atinge atos anteriores à sua entrada em vigor atribuímos o nome RETROATIVIDADE. Diferentemente, caso produza efeitos após sua revogação, damos o nome de ULTRATIVIDADE.

(26)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 26 Entendidos os conceitos, podemos iniciar a análise do art. 5º, segundo o qual, conforme vimos, “a lei processual aplicar-se-á DESDE LOGO, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”.

Quando lemos este artigo, fica claro que o legislador adotou o princípio da aplicação imediata das normas processuais, aplicando aos fatos a lei que estiver em vigor no dia em que ele foi praticado (tempus regit actum).

Assim, pergunto:

Se a lei processual penal militar é mais benéfica para o réu, ela vai retroagir???

Se você respondeu “SIM, claro, isso está na Constituição”, a resposta estááááá....INCORRETA!!! O que encontramos na Carta Magna é:

Art. 5º [...]

XL - a lei

penal

não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; (grifo

nosso).

Perceba que a CF/88 fala da retroação da lei penal e não da processual penal.

A retroatividade existe, no entanto, sob outro aspecto. As normas processuais penais serão aplicadas aos processos em andamento, ainda que o fato tenha ocorrido antes de sua entrada em vigor e mesmo que seja em prejuízo do réu.

Podemos exemplificar esta situação da seguinte forma: Tício praticou um crime hediondo e, na data do fato havia a possibilidade de concessão de fiança e liberdade provisória. Após alguns meses, durante o processo penal de Tício, veio lei estabelecer que para crimes hediondos não será possível os dois institutos anteriormente citados.

Conforme dito, a nova lei atingirá o processo de Tício, mesmo sendo em prejuízo do réu... ou seja... no caso de questões em prova que exijam o conhecimento da aplicação da lei processual penal no tempo em processos que estejam em andamento, se ela prejudica o Réu, AZAR o dele!!!

(27)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 27 Assim, as consequências para o ordenamento jurídico da regra instituída pelo Art. 2º são:

 OS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DA LEI REVOGADA NÃO ESTARÃO INVALIDADOS EM VIRTUDE DO ADVENTO DE NOVA LEI, AINDA QUE IMPORTE ESTA EM BENEFÍCIO AO ACUSADO.

 A NOVA NORMA PROCESSUAL TERÁ APLICAÇÃO IMEDIATA, NÃO IMPORTANDO, ABSOLUTAMENTE, SE O FATO OBJETO DO PROCESSO CRIMINAL FOI PRATICADO ANTES OU DEPOIS DE SUA VIGÊNCIA

Observe o esquema:

Para finalizar a aplicabilidade da lei processual militar no tempo, cabe ressaltar que o art. 5º ressalva do regramento geral o art. 711, do CPPM que dispõe:

Art. 711. Nos processos pendentes na data da entrada em vigor dêste Código, observar-se-á o seguinte:

a) aplicar-se-ão à prisão provisória as disposições que forem mais favoráveis ao indiciado ou acusado;

NORMA 01

NORMA 02 (APLICAÇÃO)

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(28)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 28 b) o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não estatuir prazo menor do que o fixado neste Código;

c) se a produção da prova testemunhal tiver sido iniciada, o interrogatório do acusado far-se-á de acôrdo com as normas da lei anterior;

d) as perícias já iniciadas, bem como os recursos já interpostos, continuarão a reger-se pela lei anterior.

1.4 INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

De acordo com Alberto Marques: “... a interpretação é a operação intelectual que determina o sentido e o alcance da norma jurídica. Determinar o alcance da norma significa determinar a que casos ela se aplica. Determinar o sentido da norma significa apurar qual a solução que a norma preconiza para o caso em exame”.

O tema interpretação é tratado pelo Código de Processo Penal nos seguintes termos:

Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os têrmos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.

Interpretação extensiva ou restritiva

§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando fôr manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua intenção.

Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal

§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:

a) cercear a defesa pessoal do acusado;

b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;

(29)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 29 c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

Vamos agora desmembrar o Art. 3º e entendê-lo:

 INTERPRETAÇÃO LITERAL  Busca o sentido do texto normativo, com base nas regras comuns da língua, de modo a se extrair dos sentidos oferecidos pela linguagem ordinária os sentidos imediatos das palavras empregadas pelo legislador.

 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA  Ocorre quando o intérprete percebe que a letra escrita da lei ficou aquém de sua vontade, ou seja, a lei disse menos do que queria e a interpretação vai ampliar seu significado.

 INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA  A interpretação restritiva ocorre toda vez que se limita o sentido da norma, mesmo havendo amplitude da sua expressão literal, através do uso de considerações teleológicas e axiológicas.

A interpretação restritiva, portanto, leva em consideração o critério da mens legis (vontade da lei), levando em consideração a norma jurídica como algo independente da vontade do legislador, assumindo significado próprio, uma vez expressado

(30)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 30 a) cercear a defesa pessoal do acusado;

b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;

c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

Seguindo-se o preceituado no caput (prevalência da interpretação literal), busca-se proibir outras espécies, em particular a extensiva e a restritiva, quando se ingressar no cenário do cerceamento de defesa pessoal do acusado; quando redundar em modificação negativa do andamento processual; quando prejudicar a imputação formulada pelo órgão acusatório sem permitir a instrução processual.

A primeira hipótese é positiva, sem dúvida, encontrando se em plena harmonia com o princípio constitucional da ampla defesa. Aliás, nem seria necessário constar em lei que qualquer modalidade de interpretação da lei ordinária, conduzindo à supressão do direito de defesa é indevida.

A segunda tem por finalidade garantir o predomínio das regras procedimentais, que ditam o curso do processo, evitando-se a interpretação tendente a criar métodos próprios, por juízos e cortes, para dar andamento ao feito. Concebendo-se o dispositivo nesse prisma, também é de ser considerada hipótese positiva.

A terceira deve ser focalizada no sentido de que o processo penal não comporta julgamento antecipado da lide, cortando-se a instrução e colheita da prova, de plano, ao descaracterizar a imputação acusatória. Acolhendo-se esse ponto de vista, cuida-se de garantia ao devido processo legal.

Por enquanto é “só”! Até breve!

Abraços e bons estudos, Pedro Ivo

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 31

“Sonhar é preciso, agir na direção da realização de

um sonho é fundamental.”

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www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 32 P

PRRIINNCCIIPPAAIISSAARRTTIIGGOOSSTTRRAATTAADDOOSS NNAAAAUULLAA

CAPÍTULO ÚNICO

DA LEI DE PROCESSO PENAL MILITAR E DA SUA APLICAÇÃO Fontes de Direito Judiciário Militar

Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe fôr estritamente aplicável.

Divergência de normas

§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas. Aplicação subsidiária

§ 2º Aplicam-se, subsidiàriamente, as normas dêste Código aos processos regulados em leis especiais.

Interpretação literal

Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os têrmos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.

Interpretação extensiva ou restritiva

§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando fôr manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua intenção.

Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal

§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando: a) cercear a defesa pessoal do acusado;

b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;

c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

(33)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 33 Suprimento dos casos omissos

Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:

a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar;

b) pela jurisprudência;

c) pelos usos e costumes militares; d) pelos princípios gerais de Direito; e) pela analogia.

Aplicação no espaço e no tempo

Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as normas dêste Código:

Tempo de paz

I - em tempo de paz:

a) em todo o território nacional;

b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;

c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da fôrça militar brasileira, ou em ligação com esta, de fôrça militar estrangeira no cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial;

d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente;

e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;

Tempo de guerra

(34)

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Pedro Ivo 34 a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;

b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de fôrça militar brasileira, ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações; c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

Aplicação intertemporal

Art. 5º As normas dêste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

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