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A perversa indústria farmacêutica

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Academic year: 2021

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A perversa indústria farmacêutica

Minha estranha loucura é procurar entender este mundo, transforma-lo e não ser, por isso, compreendido pelas pessoas.

A toda poderosa indústria farmacêutica adquiriu, ao longo do

desenvolvimento do capitalismo, uma força e uma importância incalculáveis para a sociedade mundial.

Seu poder, tanto político quanto econômico, é avassalador, pois sua atividade esta ligada a uma das necessidades básicas dos seres humanos, a saúde, ou seja, a superação das doenças e dos males que afetam as pessoas. Os laboratórios farmacêuticos, cujas matrizes estão nos Estados Unidos e na Europa, tentam garantir seus lucros a todo custo, e ai vale qualquer artifício no sentido de preservá-los, os quais são gigantescos, de qualquer forma.

A produção de medicamentos se tornou um negocio como outro qualquer, como produzir sapatos, automóveis e outros bens de consumo. O que prevalece é a busca de lucros cada vez maiores, não importando que para isso ela tenha de subornar, colocar centenas de lobistas no Congresso de seus países, deixar de fabricar determinados medicamentos que não são rentáveis, não investirem quase nada em Pesquisa e Desenvolvimento de novos remédios, pois isto requer anos de pesquisa e muitas vezes levam ao fracasso, ou seja, os investimentos numa nova droga – medicamento – podem levar a nada. As empresas utilizam este ultimo fato para alegarem ter altos custos para a produção de medicamentos que salvam vidas, e ai mora uma grande jogada destas indústrias: elas recebem elevados subsídios dos governos e, além disso, usam para justificar os altos preços dos seus medicamentos alegando que atuam na Pesquisa e Desenvolvimento de

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novos remédios. Mas, na verdade, elas aplicam enormes recursos financeiros em marketing e em maquiar os antigos medicamentos, em patrocinar congressos e conferencias médicas, em “visitas” aos consultórios médicos e na distribuição de amostras grátis.

Quem já não viu os representantes dos laboratórios, muito bem vestidos, muito bem treinados e muito bem afeiçoados, que constantemente estão às portas dos consultórios médicos e clinicas médicas passando “informação” sobre algum “novo” medicamento?

A médica norte-americana Márcia Angell esclarece as artimanhas e as atividades que este setor – farmacêutico – realiza, notadamente nos Estados Unidos, e que se alastra para todo o planeta. Segundo Angell “... tornamos-nos uma sociedade hipermedicada. Os médicos infelizmente foram muito bem treinados pela indústria farmacêutica, e o que aprenderam foi a pegar o bloco de receituário. Acrescente-se a isso o fato de que a maioria dos médicos está muito pressionada em termos de tempo, em decorrência das exigências das administradoras de planos de saúde, e podem pegar aquele bloco com grande rapidez. Os pacientes também aprenderam muito com os anúncios da indústria farmacêutica. Eles aprenderam que, a não ser que saiam do consultório médico com uma prescrição, o médico não está fazendo um bom trabalho. O resultado é que gente demais acaba por tomar medicamentos quando pode haver modos melhores de lidar com seus problemas. Mais serio é o fato de que muitos de nós estamos tomando muitos medicamentos ao mesmo tempo – freqüentemente cinco, talvez dez, ou até mais. Essa prática é denominada “polimedicação” e traz consigo riscos reais. O problema é que muito poucos medicamentos têm apenas um efeito. Além do efeito desejado, há outros. Alguns são efeitos colaterais que os médicos conhecem, mas pode haver outros dos quais não tenham conhecimento. Quando vários medicamentos são tomados de uma vez, esses outros efeitos se somam. Pode haver também a interação

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medicamentosa, na qual um medicamento bloqueia a ação de outro ou retarda seu metabolismo, de modo que sua ação e seus efeitos colaterais são aumentados.”

Não que não haja bons medicamentos para a nossa saúde, para que tenhamos uma vida mais longa e de melhor qualidade. Mas os medicamentos devem ser receitados com cuidado e os médicos, ao prescreve-los, devem estar bem a par das pesquisas e informações verdadeiras e que estas estejam ao alcance de todos os profissionais, pois as indústrias farmacêuticas nem sempre passam todas as informações aos médicos, omitindo propositadamente elementos essenciais para que estes realizem seus procedimentos médicos com segurança e qualidade para seus pacientes.

A máquina de fazer dinheiro dos laboratórios farmacêuticos esta baseada em informações falsas, em subornos e propinas que se alastram em todos os setores médicos.

Muitas vezes, apenas com dietas e exercícios se obtém melhores resultados que com os medicamentos.

Outro fato abominável é que a indústria farmacêutica utiliza, para manter seus enormes lucros, as patentes. Ou seja, patentear um medicamento, mesmo que maquiado, apenas modificando a dosagem e mudando a cor das pílulas é garantia para que esses tenham a patente prorrogada e mesmo aumentada por vários anos mais.

Os medicamentos maquiados, ou melhor, medicamentos de imitação, vem sendo uma grande “jogada” no intuito de manter as patentes e seus elevados lucros.

Outra frente de luta pelos lucros mantida pelos grandes laboratórios é a produção dos genéricos. Estes são mais um potencial e efetivo problema para eles, pois são mais baratos e tem o mesmo efeito dos medicamentos de marca.

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Nos Estados Unidos, os grandes centros de Pesquisa e Desenvolvimento de novos medicamentos estão nas Universidades dos grandes centros médicos acadêmicos, que tem contribuído para o aparecimento da grande maioria dos novos medicamentos e que são mantidos pelo governo. A indústria farmacêutica tem procurado, sistematicamente, se relacionar e se associar a esses centros, patrocinando com generosos recursos financeiros as pesquisas realizadas por estes cientistas. Os medicamentos comercializados quase sempre provêm de pesquisas financiadas com recursos públicos e executadas por Universidades, como disse, e pelas pequenas empresas de biotecnologia. Os grandes laboratórios agem em nível global, ou seja, procuram adquirir de terceiros, incluindo os pequenos laboratórios espalhados pelo mundo, qualquer pesquisa que exista e que, segundo suas avaliações, tenha indícios de ser promissora. Uma dentre várias necessidades da indústria farmacêutica é desenvolver medicamentos para clientes que podem pagar os preços estabelecidos por ela. Os laboratórios estavam, há tempos, voltados para pesquisar, para desenvolver medicamentos para tratar doenças. Atualmente, eles anunciam “doenças” que se encaixam nos medicamentos que produzem. Isto pode parecer paradoxal e mesmo perverso, mas é até onde tem chegado essa indústria.

Quem já se deu ao “trabalho” de ler uma bula de remédio já notou que, na sua grande maioria, determinado medicamento é indicado para vários tipos de doenças. Esta é outra forma dos grandes laboratórios burlarem a lei de patentes e, ao mesmo tempo, aumentar seus lucros, pois o tal remédio serve para inúmeros males. E isso tudo com o olhar complacente das autoridades e órgãos públicos!

Quando um grande laboratório anuncia a criação de um novo medicamento, com grande potencial de consumo, logo suas ações na bolsa de valores sobem vertiginosamente, pois os lucros presumidos nesse novo

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medicamento são muito grandes e são lucros garantidos não só para os laboratórios como para seus investidores/acionistas.

A indústria farmacêutica manipula resultados de pesquisas científicas e não realiza todos os procedimentos necessários para colocar o medicamento no mercado, com segurança para a população. A necessidade de auferir lucros, o mais rápido possível, é o que importa!

Nos dias de hoje, pode-se patentear, a bem dizer, qualquer coisa, e as indústrias farmacêuticas aproveitam e incluem novos usos, novas formas de dosagem e combinações de medicamentos antigos, chegando ao cúmulo de mudar, como já foi dito, até a cor das pílulas.

A indústria farmacêutica não tem interesse em desenvolver medicamentos para tratar doenças tropicais, tais como, a malária, a doença do sono ou a esquistossomose - doenças comuns nos países em desenvolvimento e do terceiro mundo - pois, nesses países, a população é muito pobre e não poderia pagar por eles. Por outro lado, ela investe, com abundância, em medicamentos para reduzir o colesterol, tratar transtornos emocionais, febre do feno ou azia.

Precisamos, com urgência, tomar providencias contra estes gigantes da indústria farmacêutica que insistem em distorcer pesquisas, em aumentar seus lucros, custe o que custar, em manter através das patentes o monopólio de produção e comercialização dos seus medicamentos e de aumentar seus preços a níveis estratosféricos. Sem que as autoridades e a população mundial não tomem medidas duras contra a ganância dos laboratórios farmacêuticos e seus comportamentos, o que nos espera, além do que já estamos vivendo, é um verdadeiro inferno dantesco.

Ari de Oliveira Zenha Economista

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