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Clipping SCA. Data de Criação: 02/12/2019. Criado por: Biblioteca. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido

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Data de Criação: 02/12/2019

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido

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Sumário das

Matérias:

Autodeclaração regularizará terra, diz Incra

Valor ––02 de dezembro...01

CNJ debate ação de juízes na rede social

Valor ––02 de dezembro...05

Por Congonhas, SP avalia cobrança bilionária à União

Valor ––02 de dezembro...08

Os desafios da “abertura da economia” brasileira

Valor ––02 de dezembro...10

O problema dos bilionários

Valor ––02 de dezembro...13

Estudo mostra que país tem de investir R$ 125 bi por ano

Valor ––02 de dezembro...16

STF libera processo de cassação em SP da inscrição estatual de Manguinhos

Valor ––02 de dezembro...18

Venda de companhia regional gera ‘apagão’ aéreo no AM

Valor ––02 de dezembro...20

Empresas em recuperação judicial temem fechar acordos com a PGFN

Valor ––02 de dezembro...22

TST considera válido leilão de venda do hotel Maksoud Plaza

Valor ––02 de dezembro...25

‘Endowment’ e a cultura da filantropia

Valor ––02 de dezembro...27

Teles e fabricantes já consideram leilão do 5G adiado para 2021

(3)

Com cassinos, vamos triplicar o número de turistas estrangeiros, diz presidente da Embratur

Folha ––02 de dezembro...33

Você sabe o que as empresas fazem com os seus dados?

Globo ––02 de dezembro...36

Cabe à Justiça Federal julgar ação de indenização contra estatal, decide STJ

Conjur ––02 de dezembro...40

Segunda Seção do STJ aprova súmula sobre abuso em cláusula de contrato bancário

Conjur ––02 de dezembro...42

STJ aprova súmula sobre transferência de detentos em presídios Federais sem consulta a advogados

Migalhas ––02 de dezembro...43

Autorização para emissora de TV usar música em programa não dá direito a incluí-la em CD

Migalhas ––02 de dezembro...44

TJSP: condomínio não pode impedir locatários temporários de usar áreas comuns

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Página,

segunda-feira 02 de dezembro de 2019.

Autodeclaração regularizará

terra, diz Incra

O novo presidente do Incra, Geraldo Melo Filho, defende a

“autodeclaração” dos

proprietários rurais como estratégia de regularização de terras no Brasil

Por Cristiano Zaia e Rafael Walendorff — De Brasília

O novo presidente do Incra, Geraldo Melo Filho, defende a “autodeclaração” dos proprietários rurais como estratégia de regularização de terras no Brasil. O governo baixará medida provisória, em breve, fixando as regras desse tipo de procedimento.

Em entrevista ao Valor, Melo Filho revelou que o Incra dispensará, na maioria dos casos, a fiscalização in loco, exigida atualmente para comprovação dos dados fornecidos por quem reivindica títulos de propriedade. A ideia é que as terras só sejam visitadas em casos de denúncia, conflito fundiário ou suspeita de fraude. Melo Filho contou que a criação de assentamentos agrários não é uma prioridade de sua gestão.

01

‘Prioridade é acelerar

regularização fundiária’

Proposta vai agilizar entrega de títulos, afirma novo presidente do Incra

Por Cristiano Zaia e Rafael Walendorff — De Brasília

Geraldo Melo Filho, presidente do Incra: medida provisória da autodeclaração de terras vai contribuir para ajudar no controle do desmatamento — Foto: Dênio Simões/Valor À frente do cargo há pouco mais de um mês, o novo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Geraldo Melo Filho, defende a autodeclaração de terras como estratégia mais ágil para destravar a regularização fundiária no país e reduzir a crise da escalada de desmatamentos na Amazônia, que ainda ecoa no governo.

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Em entrevista ao Valor, Melo Filho admite que com o novo modelo autodeclaratório, a ser proposto em medida provisória que está no forno para ser publicada e já anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro, o órgão deve dispensar, na maioria dos casos, a fiscalização in loco que acontece hoje para comprovar os dados fornecidos por quem reivindica o título, e também aposta no georreferenciamento para evitar fraudes nesse processo. Ele ainda refuta críticas levantadas até dentro do próprio governo de que a nova lei em gestação vá enfraquecer o controle sobre a titulação de terras.

A ideia é que o Incra só visite propriedades rurais em casos de denúncia, de conflitos fundiários ou cruzamento de dados que indiquem possível fraude, a exemplo do modelo de declaração do Imposto de Renda difundido pela Receita. E, com isso, acelere a entrega de títulos de terras - o passivo somente de assentamentos à espera de titulação é de 900 mil.

“A autodeclaração é essencial para o

processo [de regularização]. É

obrigatória para todos, na lei. O que vamos incluir na MP são mais

responsabilidades sobre isso e

obrigações de checagem pelo Incra, que há cinco anos atrás não tinha condições de checar”, afirma. “A pessoa é responsável pelo o que assina e eu inclusive consigo cancelar um título se o que ela declarou está errado. Mas o Incra sozinho não tem perna para fazer isso e temos previsão de parceria com os institutos estaduais”, ressaltou. Melo Filho, que tem o nome e o sobrenome do pai, senador e ex-governador do Rio Grande do Norte, explica ainda que a MP que o governo prepara vai se valer de uma integração

02 em curso de bases de dados internos do Incra e do cruzamento de sistemas de outros órgãos como Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e também do Cadastro Ambiental Rural (CAR), do Serviço Florestal Brasileiro (SFB). “As informações vão ser muito mais checadas. O que está sendo pedido de informação que vou conseguir checar hoje eu não consigo, hoje tenho que ir lá ou pedir a terceiros”, conta. “Com esse volume de informação, 700 milhões de hectares georreferenciados, a chance de algum conflito com terra indígena não vai ter, mas conflito de fronteira vai ter vistoria”, afirma.

A demanda por dar vazão ao passivo de regularização fundiária no país ganhou tom de urgência no governo após grande pressão de governadores da Amazônia Legal, com o argumento de que a falta de titulação dificulta muito o combate ao desmatamento na região,

que somou 9.762 quilômetros

quadrados de floresta destruídos e cresceu 29,5%, entre agosto do ano passado e julho de 2019, de acordo com dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Segundo dados compilados pelo Incra, aliás, 23% dessa área total desmatada ocorreu em assentamentos rurais. Enquanto que 37% dos assentamentos localizados região da Amazônia Legal, o equivalente a 3 mil propriedades

assentadas, registraram algum

desmatamento, que pode ser legal ou ilegal, lembra Melo.

“O problema é localizado. O

desmatamento está onde quem não tem CAR. As pessoas não regularizaram e não sei de quem é a posse”, destacou o

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presidente do Incra. “A MP vai contribuir para ajudar no controle do desmatamento. Onde não tem controle a lei não chega. O que a regularização permite é isso.”

Egresso do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e mais recentemente na Casa Civil, onde assessorou o ministro Onyx Lorenzoni, Geraldo Melo Filho, que é pecuarista e ligado ao setor de agronegócios, assumiu o Incra há 40 dias após a saída tumultuada do general Jesus Corrêa, demitido após pressão de ruralistas que alegavam justamente suposta lentidão nos processos de titulação de terras. A troca no comando do órgão foi advogada principalmente por Luiz Antônio Nabhan Garcia, secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, onde o Incra está alocado neste governo. Nabhan é um dos principais defensores do sistema de autodeclaração.

O novo presidente do Incra nega, entretanto, um eventual conflito de interesse por ser do setor agropecuário e cuidar da gestão de terras públicas e cadastros de imóveis rurais no Brasil. Mas reconhece não ser um especialista em reforma agrária, e que assumiu o posto com o desafio de destravar a gestão no órgão, alvo de críticas de aparelhamento político nos Estados. “Meu alinhamento é com o que está escrito na lei. Se a lei disser que não posso titular área acima de 2,5 mil hectares, pode vir o mais ruralista do Brasil que não vai ser titulado. Assim como espero que quem sentou antes de mim aqui não tenha feito nada de errado pela eventual vinculação com movimentos sociais. É questão de seguir a lei”, assinala.

03 Em linha com o discurso de Bolsonaro e de Nabhan, o novo presidente do órgão reforça que novos assentamentos de reforma agrária não são prioridade de sua gestão e aposta na velha receita de estimular a produção agropecuária nos assentamentos, por meio de assistência técnica e políticas públicas integradas. “O Brasil tem pronta uma nova fronteira agropecuária para trabalhar: os assentamentos. São 88 milhões de hectares. O Brasil produz grãos em 50 milhões de hectares. Então, temos um potencial gigantesco de produção que pode mudar a realidade da vida dessas pessoas e dos municípios em que estão inseridos”, aposta. Ele lembra que são 9.437 assentamentos espalhados pelo país.

Melo Filho também culpa o orçamento apertado do órgão, de R$ 330 milhões,

que não ficou imune de

contingenciamentos neste ano, mas foi recomposto recentemente com o alívio fiscal dado pelo governo. “Onde houver demanda e critério legal, não há problema de se fazer assentamento. Em especial se o Incra já tiver as áreas,

porque hoje existe dificuldade

orçamentária.” Ele diz que o “dinheiro é pouco” e que dará mais atenção para cuidar dos já assentados, em vez de “colocar mais gente nesse grupo que, na prática, nos últimos 20 anos não foi bem atendido”.

Ele ainda avalia que pode ser útil a proposta de criação de uma “GLO do campo”, para aplicação da Garantia de Lei e da Ordem em casos de reintegração de posse. A medida permite o uso de tropas das Forças Armadas no cumprimento de decisões judiciais que ordenem a retirada de invasores de imóveis rurais e foi defendida por Jair Bolsonaro. Um

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projeto de lei ainda deve ser enviado ao Congresso para tratar do tema.

Segundo Melo Filho, houve diminuição dos casos de conflitos agrários e do número de invasões de terra esse ano - ainda sem dados oficiais -, mas a GLO pode resolver um passivo de áreas ocupadas há mais tempo. “Hoje, em relação às invasões, não estamos tendo esse problema, o nível de conflitos está pequeno. Mas temos um passivo de áreas que precisam ser desocupadas. Se tiver GLO, se houver conflito e se for necessário, facilita”, pontua.

https://valor.globo.com/impresso/noticia/2019/12/02 /autodeclaracao-regularizara-terra-diz-incra.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Pagina,

segunda-feira 02 de dezembro de 2019.

CNJ debate ação de juízes na

rede social

Texto impõe limites e proíbe os juízes de adiantar o teor de decisões e despachar com advogados ou outras partes do processo via plataformas digitais e aplicativos

Por Isadora Peron — De Brasília

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) retoma amanhã a discussão de uma resolução para regulamentar o uso de redes sociais por magistrados. O texto impõe limites e proíbe os juízes de adiantar o teor de decisões e despachar com advogados ou outras partes do processo via plataformas digitais e aplicativos.

A resolução começou a ser debatida em junho, em meio ao vazamento de mensagens trocadas entre o juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, como Deltan Dallagnol. Até agora, o texto já possui dois votos favoráveis no CNJ, mas a discussão foi adiada após pressão de entidades que representam a categoria. No início, elas foram contra qualquer regulamentação, mas depois decidiram apresentar sugestões ao texto elaborado pelo conselho.

05

CNJ retoma discussão para

impor limites a juízes nas

redes sociais

A resolução começou a ser debatida em meio ao vazamento de mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato

Por Isadora Peron — De Brasília

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) retoma amanhã a discussão de uma resolução para regulamentar o uso de redes sociais por magistrados. O texto impõe limites e proíbe os juízes de adiantarem o teor de decisões judiciais e despacharem com advogados ou outras partes do processo por meio de plataformas digitais e aplicativos. A resolução começou a ser debatida no fim de junho, em meio ao vazamento de mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, como Deltan Dallagnol. O conteúdo foi publicado pelo site “The Intercept Brasil”, colocando em xeque a imparcialidade de Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública.

Até agora, o texto já possui dois votos favoráveis no CNJ, mas a discussão foi adiada após pressão das principais entidades que representam a categoria. Em um primeiro momento, elas se

posicionaram contra qualquer

regulamentação, mas, diante da

sinalização do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, ministro Dias Toffoli, de que seguiria com os planos de aprovar a norma, as associações decidiram apresentar

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sugestões ao texto elaborado pelo conselho.

A expectativa, diz o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Fernando Mendes, é que parte das modificações seja acatada pelos conselheiros. A tendência, no entanto, é que não seja construído um texto consensual e que o debate fique polarizado entre a ala que defende a imposição de restrições e aquela que considera a regulamentação uma interferência na liberdade de expressão. Pelo texto do CNJ, fica vedado aos

magistrados publicar qualquer

conteúdo na internet que possa “prejudicar o conceito da sociedade em

relação à independência, à

imparcialidade, à integridade e à idoneidade do magistrado ou que possam afetar a confiança do público no Poder Judiciário”.

A norma também recomenda “evitar

manifestações que busquem

autopromoção ou que evidenciem superexposição, populismo judiciário ou anseio de corresponder à opinião pública”.

A resolução determina ainda que o juiz evite “embates ou discussões”, inclusive com a imprensa, e que não responda a eventuais ataques recebidos nas redes sociais. Caso o magistrado seja vítima de ofensas, a recomendação é que ele procure apoio institucional.

O texto também proíbe o juiz de compartilhar conteúdo ou se manifestar sobre a veracidade de uma informação publicada, para evitar a propagação de notícias falsas (“fake news”). Em outro ponto, diz que o juiz não deve criticar decisões de integrantes do Judiciário na internet.

06 Também proíbe o magistrado de emitir “opinião que demonstre engajamento em atividade político-partidária ou manifestar-se em apoio ou crítica

públicos a candidato, lideranças

políticas ou partidos políticos”.

Para a Ajufe, alterações de redação na resolução poderiam tornar a proposta “mais harmônica” com o que diz a Constituição e a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman).

Uma das críticas da entidade é que a definição de “mídias sociais” feita pela resolução é “muito abrangente”, já que

inclui aplicativos destinados à

comunicação privada, como WhatsApp e Telegram. “Restringir o uso dessas

ferramentas no âmbito de

comunicações particulares poderia

potencialmente restringir de maneira excessiva, e por isso injustificada, a

intimidade e privacidade dos

magistrados”, diz nota técnica

produzida pela Ajufe.

A presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Noemia Porto, também demonstra preocupação com a medida. Para ela, o texto tem conceitos “muito abertos”, o que pode levar a um excesso de punição. “O que vai acabar acontecendo? Pode ter juiz que se sinta o tempo todo amedrontado. Os dias de hoje não contemplam mais aquele juiz encastelado, que só fala nos autos. Isso não quer dizer que se pode tolerar excessos, os excessos devem ser punidos”, diz.

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Para ela, as corregedorias já possuem instrumentos para punir os juízes e não seria necessária uma nova norma para garantir a aplicação de penas para quem cometer excessos.

https://valor.globo.com/impresso/noticia/2019/12/02 /cnj-debate-acao-de-juizes-na-rede-social.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, segunda-feira 02 de

dezembro de 2019.

Por Congonhas, SP avalia

cobrança bilionária à União

Autarquia levanta ‘esqueleto’ sobre a titularidade do aeroporto e aponta dívida da Infraero

Por Daniel Rittner — De Brasília

Antônio Claret, do Daesp: cobrança de Congonhas vem sendo tratada com cuidado político por governo João Doria — Foto: Ruy Baron/Valor

Um esqueleto de 1980 pode complicar os planos do governo federal de

privatização do aeroporto de

Congonhas (SP) e até resultar em indenização bilionária ao Estado de São Paulo. A existência do passivo foi revelada na semana passada, em audiência pública na Assembleia Legislativa, durante depoimento de executivos do Daesp, responsável pela gestão de 22 terminais de pequeno e médio porte no interior paulista.

08

Congonhas esteve sob controle da autarquia de 1936, quando foi inaugurado, a 1980. No fim daquele ano, um convênio celebrado pelo então governador Paulo Maluf com a União transferiu a administração do aeroporto para a Infraero. O convênio tinha duração inicial de 15 anos, mas recebeu diversos termos aditivos e sua vigência se estende até 2023.

Conforme relatos feitos pelo Daesp a deputados estaduais da Comissão de

Transportes e Comunicações, o

convênio determinava que 35% dos valores recolhidos pela Infraero em tarifas de pouso e permanência fossem repassados a São Paulo - o que teria de fato ocorrido até 1996. Dali em diante, os repasses foram interrompidos unilateralmente, disse na audiência o procurador-chefe do Daesp, Jorge Miguel. “Hoje a dívida [corrigida] seria de uns R$ 700 milhões, R$ 800 milhões, talvez R$ 1 bilhão.”

Além disso, Miguel questiona a própria titularidade de Congonhas, bem como de Viracopos (Campinas), que foi concedido à iniciativa privada em 2012. Segundo ele, são bens de propriedade do Estado, que só passaram a ser geridos pela União mediante convênio. O procurador alega que um processo de concessão deveria necessariamente ter passado pela Assembleia Legislativa de São Paulo. “Desconfio, sem precisão matemática, que Congonhas valha em torno de R$ 15 bilhões.”

O Daesp é comandado por Antônio Claret, que foi presidente da Infraero de 2016 a 2018 (governo Michel Temer) e afirmou nunca ter ouvido sobre essa controvérsia à frente da estatal. No depoimento à comissão, Claret disse ter

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encontrado um cenário financeiro tão delicado na autarquia paulista que precisou sair “catando cavaco” e “abrindo gavetas” para ver como angariar recursos. Foi quando, segundo ele, descobriu o esqueleto.

O caso foi explicado ao governador João Doria (PSDB) e agora está sob avaliação da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). “O governador, quando tomou conhecimento disso, pediu que fosse encaminhado dessa forma”, disse Claret.

O Valor pediu à Secretaria Estadual de Logística e Transportes mais detalhes sobre o assunto, mas sua assessoria limitou-se a responder apenas que “a questão abordada sobre Congonhas está sob análise jurídica e técnica”.

A estatal federal contestou, em nota enviada à reportagem, a interpretação dada pelo Daesp: “A Infraero opera o aeroporto de Congonhas, assim como os demais terminais aeroportuários, sob coordenação da Secretaria Nacional de

Aviação Civil, com lastro na

Constituição Federal, que é o

documento que norteia a relação de

exploração da infraestrutura de

aeroportos no país”.

Pelo planejamento do Ministério da Infraestrutura, Congonhas encabeça um lote da última rodada de concessões de aeroportos, prevista para ocorrer só em 2022. Trata-se, hoje, do terminal mais lucrativo entre os 44 ainda sob administração da Infraero.

A próxima rodada terá 22 aeroportos em três blocos diferentes - puxados por Manaus (bloco norte), Goiânia (bloco central) e Curitiba (bloco sul). Congonhas e Santos Dumont (RJ), consideradas as duas joias da coroa,

09 ficam por último justamente porque são os mais superavitários de todo o sistema e fundamentais para manter as contas da Infraero em dia até que a privatização da rede seja concluída. Uma fonte do governo paulista afirmou

reservadamente ao Valor que a

discussão sobre Congonhas está na PGE, mas tem ainda poucas chances de prosperar.

De acordo com essa fonte, além de ser um debate juridicamente polêmico, precisa ser tratado com extremo cuidado político. Isso porque Doria, que já emerge como potencial adversário do presidente Jair Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto em 2022, depende de boa sintonia com o governo federal para resolver uma série de questões relativas à infraestrutura. São os casos, por exemplo, do Trem Intercidades (ligando São Paulo a Campinas) e da eventual desativação do Campo de Marte. Doria também tem interesse em um reequilíbrio econômico do contrato do aeroporto de Guarulhos, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para a construção de um “people mover” entre a estação da CPTM em seus arredores e os três terminais de passageiros.

A ponte de R$ 2,9 bilhões entre Santos e Guarujá, por um ajuste em concessão detida pela Ecorodovias, é outro projeto defendido por Doria. Já avançou e depende agora de um sinal verde da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que é federal, para realmente sair do papel.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2019/12/02/p or-congonhas-sp-avalia-cobranca-bilionaria-a-uniao.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Oopinião, segunda-feira 02

de dezembro de 2019.

Os desafios da “abertura da

economia” brasileira

Processo de industrialização não conseguiu até hoje firmar postura de eficiência competitiva capaz de dispensar assistência

Por Carlos Von Doellinger

— Foto: Skeeze / Pixabay

A economia brasileira permanece como uma das mais “fechadas” do mundo, nomeadamente, mas não só, em termos comerciais.

Pesquisa recente do Banco Mundial, envolvendo 188 nações de todo o mundo, mostrou que nossa economia só é mais “aberta“ ao exterior que Nigéria e Sudão. Medindo-se o “grau de abertura” pela métrica mais consagrada (soma das exportações e importações de bens e serviços dividido pelo PIB), chega-se ao percentual de 22%,

10

enquanto que a média mundial é de 45,19% (2017).

Processo de industrialização não conseguiu até hoje firmar postura de eficiência competitiva

Pior que isso, parece mesmo que regredimos. Apenas como ilustração: em 1948, segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil detinha 2% das exportações mundiais, mais que China (0,9%) e México (0,8%). Em, 2017 o Brasil encolheu sua fatia para 1,3%, enquanto China foi para 13,2% e México 2,4%.

Mas porque afinal permanecemos assim tão ‘fechados” ao resto do mundo? Ao permanecer nesse “status quo” de uma “autarquia econômica”

estamos renunciando a muito

benefícios da integração com as demais economias, ficamos ausentes das cadeias produtivas internacionais, sem incentivos a aumentos da produtividade impulsionados pela maior concorrência,

estagnados e acomodados na

incorporação de novas tecnologias e inovações.

A razão principal dessa letargia deve-se em grande medida a políticas públicas inadequadas, de corte marcadamente protecionista. Os níveis de proteção tarifária, e também “não tarifária”, às

atividade produtivas nacionais,

especialmente na indústria de

transformação e em parte do setor de serviços, estão entre os mais elevados do mundo. Isso tem sido demonstrado, por décadas, por muitos estudos e

pesquisas de organizações

(14)

É verdade que em diversos momentos históricos recentes houve reações a este estado de coisas, com a implementação de liberalização tarifária. Isso ocorreu, por exemplo, em 1966/67, em 1990/92, e mesmo mais recentemente, ao final dos anos 90. Mas, infelizmente, sempre foram em grande parte revertidas por fatores conjunturais e/ou pressões de grupos de interesse.

Atualmente, já quase duas décadas em

pleno século XXI, continuamos

defasados do mundo, apesar dos esforços recentes do Governo em perseguir uma agenda de liberalização comercial e tecnológica.

Estudos recentes utilizando técnicas modernas de medir o grau de proteção à economia brasileira mostram com

mais dramaticidade ainda essa

distorção.

Trata-se da metodologia de avaliação do

protecionismo pela chamada

“assistência tarifária aos setores

econômicos”. Ou ainda, o chamado “ Índice de Assistência Efetiva aos setores produtivos.

Esse indicador é calculado como uma proporção do valor adicionado de cada setor, a partir do chamado “valor adicionado de livre comércio”, que ocorreria se não houvesse incidência do

protecionismo tarifário sobre os

produtos finais e insumos.

O cálculo desse indicador parte do consagrado conceito de proteção efetiva formulado pioneiramente em meados dos anos 60, mas é mais amplo e compreensivo ao incluir não apenas as tarifas nominais de produtos e insumos, através dos coeficientes técnicos da matriz de insumo-produto, como também as influências de variáveis

11 como o valor bruto da ´produção, as exportações, as importações e o consumo intermediário.

Essa metodologia tem como referência trabalhos pioneiros na década de 70

desenvolvidos na Austrália, pela

Industries Assistence Commission, que

são publicados anualmente pelo

governo australiano, e seguidos por diversos países.

Trata-se na verdade de estimativas do quanto a sociedade “transfere” a cada setor de atividade- algo como uma “mais valia”,- através do sobrepreço pago pelo produto vendido no mercado interno em função do protecionismo.

Nesse sentido, trabalho recente,

aplicando a referida metodologia, foi desenvolvido pela equipe da diretoria de Estudos Internacionais do IPEA para a economia brasileira, em início de novembro de 2019 e lançado a público no final de novembro.

Detalhes técnicos à parte, que não caberiam nesse breve artigo, ressalta-se que o conceito de “assistência efetiva” depende não apenas das tarifas

protecionistas e dos coeficientes

técnicos, como também

fundamentalmente de dois elementos fundamentais, a saber, (i) do peso que as exportações nas vendas de cada setor.; como a parcela exportada da produção não recebe assistência via tarifas, o indicador será tanto maior como menor for a participação das exportações em relação ao valor da produção; e (ii) do valor adicionado, que sendo o denominador do indicador de assistência, será tanto maior quanto menor for o valor adicionado em proporção do valor da produção.

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Os resultados dessas medidas encerram lições interessantes e curiosas. Se por um lado a tarifa média nominal das importações ficou estável nos últimos anos, em torno de 13,5% (ou seja, nenhum movimento premeditado de liberalização comercial), registraram-se muitas variações nas razões valor adicionado/valor bruto da produção e exportações/valor bruto da produção, o que tem afetado sobremaneira a tal

“assistência efetiva aos setores

econômicos”.

Por exemplo, entre 2010 e 2014 houve compensação entre os efeitos, do que

resultou relativa estabilidade na

“assistência” Já entre 2015 e 2016 houve movimento no sentido de redução do indicador. Tudo isso sem alteração nas tarifas nominais de importação.

O que mais chama atenção, no entanto, são os valores em moeda constante dessas transferências, e as diferenças entre os setores. Medida em valores, o total real em 2016, por exemplo, foi de 148,9 bilhões, valor equivalente a 2,2% do PIB. A indústria de transformação

apropriou-se de quase toda a

assistência efetiva, com 141,8 bilhões, ou seja 2,1% do PIB. E dentro da indústria, o valor mais elevado foi no ramo de “automóveis, caminhões e ônibus”. Talvez por isso a Austrália, que implantou essa metodologia, tenha decidido abandonar a produção de veículos há alguns anos atrás.

Os menores valores, e obviamente os menores percentuais de “assistência tarifária” foram registrados nos setores de agropecuária (apenas 2,6%, contra 25,7% na indústria automotiva) e extrativa em geral, nesse caso com proteção Negativa de -3,0%!

12 O Brasil possui sabidamente maiores vantagens comparativas de custo, e

portanto vantagens competitivas,

precisamente nesses setores que

recebem menos “assistência tarifária”. E em grande parte dos ramos da indústria de transformação, por outro lado, compensamos a incapacidade competitiva com mais “assistência”. O problema é que o processo de

industrialização no Brasil

implementado pela via da substituição de importações e sob a égide da “indústria nascente” não conseguiu até hoje firmar postura de eficiência

competitiva capaz de dispensar

“assistência”. Em algum momento teremos que refletir melhor sobre esse fato da vida econômica!

Carlos von Doellinger é economista e presidente do Ipea

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/os-desafios-da-abertura-da-economia-brasileira.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 02

de dezembro de 2019.

O problema dos bilionários

Segredo das grandes fortunas sem causa aparente é um crime que foi esquecido

Por Simon Johnson

O problema dos bilionários americanos está se agravando. Qualquer economia orientada pelo mercado, como a americana, cria oportunidades para novas fortunas, inclusive por meio da inovação. Mais inovação tende a ocorrer em lugares em que há um número menor de regras que tolham a criatividade empresarial. Parte dessa criatividade poderá criar processos e produtos na verdade prejudiciais ao bem-estar público. Infelizmente, no momento em que a necessidade de legislação ou de regulamentação se fizer sentir, os inovadores já terão seus bilhões - e poderão usar esse dinheiro para proteger seus interesses.

13

Esse problema dos bilionários não é novo. Em todas as épocas, desde os tempos do Império Romano, pelo menos, produzem versões dele toda vez em que alguma mudança radical da estrutura do mercado ou da geopolítica cria uma oportunidade para a formação acelerada de fortunas. Ao escrever na década de 1830, quando a Revolução Industrial ganhava força, Honoré de Balzac previu o receio social mais amplo: “O segredo das grandes fortunas sem causa aparente é um crime que foi esquecido, por ter sido cometido corretamente”. Ou, na paráfrase mais conhecida: por trás de toda grande fortuna há um grande crime.

Os grandes lucros decorrem das grandes ideias novas. É por isso que o financiamento do governo federal americano à ciência deveria ser concebido de forma a agregar participação estimulante aos empreendimentos que serão criados

Entre os exemplos históricos mais

conhecidos estão a Companhia

Britânica das Índias Orientais, os europeus que amealharam vastas fortunas com base no trabalho escravo africano nas Índias Ocidentais, e os proprietários de minas de carvão. Todos eles enriqueceram bem depressa e usaram então seu poder político para conseguir o que queriam, inclusive impunidade por abusos horrendos. Em seu pico, no século XIX, os interesses do setor ferroviário influenciaram muitos, ou talvez até a maioria, dos membros do Parlamento britânico. Os Estados Unidos tiveram por muito tempo uma linhagem especialmente resistente do problema dos bilionários.

(17)

Isso ocorreu, em parte, porque os fundadores dos Estados Unidos, em sua inocência pré-industrial, não puderam imaginar que o dinheiro se apoderaria da política tanto quanto se apoderou (ou isso ficou plenamente patente apenas algumas décadas depois). Além disso, os dirigentes americanos estavam há muito dispostos a permitir que a iniciativa privada assumisse novos projetos que, em outros países, caíam nas mãos do Estado.

Os correios alemães, por exemplo, montaram um dos mais amplos e eficientes sistemas telegráficos do mundo. Samuel Morse conclamou o Congresso americano a fazer o mesmo (ou melhor). Mas a comunicação telegráfica dos EUA foi, em vez disso, desenvolvida na esfera privada - tal como o sistema telefônico que se seguiu, como todo o ferro e o aço, toda a rede ferroviária e quase todos os

componentes dos primórdios da

economia industrial.

Quando o governo dos EUA

efetivamente se envolveu na atividade econômica, foi, na maioria das vezes, para abrir novas fronteiras - o que criou

mais oportunidades para os

empreendedores individuais e as empresas privadas.

Na esteira da Segunda Guerra Mundial, Vannevar Bush - um republicano que era ao mesmo tempo o principal assessor do presidente Franklin D.

Roosevelt - argumentou

inteligentemente que a ciência

representava a próxima fronteira, construindo assim um argumento político irresistível para que o governo agisse como catalisador.

14

Como Jonathan Gruber e eu

argumentamos recentemente em nosso livro “Jump-Starting America”, os investimentos estratégicos do governo federal americano em ciência básica no pós-guerra estimularam uma notável inovação no setor privado - incluindo ganhos de produtividade e aumentos

amplamente compartilhados dos

salários. Foram criadas enormes novas fortunas.

As consequências políticas do surto de crescimento do setor privado americano no pós-guerra se fizeram sentir no espaço de uma geração, e nem sempre foram positivas. A partir da década de 1960, os Estados Unidos vivenciaram um crescente sentimento anti-impostos,

uma forte pressão pela

desregulamentação (inclusive do setor financeiro), e injeções de volumes muito maiores de dinheiro corporativo na política por meio de todas as vias possíveis.

Nas décadas recentes, essa prática de “lobby” corporativo teve dois efeitos

principais. Primeiro, ao erguer

barreiras de ingresso aos setores existentes, protege os já estabelecidos e baixa suas alíquotas efetivas de imposto. Isso é uma perda análoga ao acréscimo de um peso morto - um puro entrave ao crescimento da economia que restringe as oportunidades para todos os que já não são oligarcas. Com a

corrosão das finanças públicas

americanas pela oligarquia, é corroída também a capacidade de financiar a infraestrutura de base, as melhorias da educação e o tipo de ciência revolucionária que trouxeram os EUA até este momento.

Alguns dos bilionários americanos são

louvados por suas iniciativas

(18)

deles adotam uma atitude egoísta em todas as suas operações comerciais - cavando fossos mais profundos a fim de proteger seus lucros ou simplesmente destruindo empresas de menor porte em qualquer oportunidade.

Há também um segundo efeito, mais sutil. Em alguns setores totalmente novos, principalmente na esfera digital, podia-se entrar pelo menos durante a fase inicial. Os empreendedores que montaram as primeiras empresas de internet não conseguiram erguer barreiras ao ingresso eficaz - o que originou o sucesso acelerado (e os bilhões a mais) de empresas mais recentes como o Facebook, a Amazon e o Uber.

Mas agora os acionistas controladores desses novos mastodontes operam, em boa medida, da mesma maneira que grandes magnatas como Andrew Carnegie, John D. Rockefeller e o J.P. Morgan original operaram no passado. Usam seu dinheiro para comprar influência e para opor resistência a qualquer tipo de limitação razoável a seu comportamento anticompetitivo e

contrário aos interesses dos

trabalhadores - mesmo que isso mine as instituições democráticas.

Sempre teremos bilionários. Até agora, a regulamentação e as alíquotas mais elevadas de taxação parecem atraentes hoje, mas, no futuro, será que elas se revelarão suficientes em um sistema político que permite que as pessoas gastem o quanto quiserem para obter o que quiserem (e para rechaçar tudo o que detestarem)? Chegou a hora de adotar uma nova postura, como propomos Gruber e eu.

15 Os grandes lucros decorrem das grandes ideias novas. É por isso que o financiamento do governo federal americano à ciência deveria ser

concebido de forma a agregar

participação estimulante aos

empreendimentos que serão criados. A

população merece muito mais

participação direta nesses lucros. E os bilionários deveriam ter de se virar com menos bilhões. (Tradução de Rachel Warszawski)

Simon Johnson, ex-economista-chefe do FMI, é professor da

Faculdade Sloan de

Administração do MIT e cofundador de um destacado blog de economia, The Baseline Scenario. Ele é coauthor, com Jonathan Gruber, de

“Jump-Starting America: How

Breakthrough Science Can Revive the Economic Growth and the American Dream”.

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/o-problema-dos-bilionarios.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 02

de dezembro de 2019.

Estudo mostra que país tem de

investir R$ 125 bi por ano

Projeção da Fiesp vale para o período de 2019 a 2030

Por Taís Hirata — De São Paulo

Frischtak, sócio da Inter.B Consultoria, vê avanços significativos no cenário macroeconômico e na iniciativa dos governos para formular novos projetos — Foto: Luciana Whitaker/Valor

O Brasil terá que elevar em 57,8% sua média anual de investimentos em obras de infraestrutura para sanar o déficit do país, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), obtido em primeira mão pelo Valor.

A projeção da entidade é que, entre 2019 e 2030, seja necessário aplicar R$ 125,4 bilhões por ano em construções de transportes, energia elétrica, óleo e gás, e telecomunicações.

16

No período anterior, de 2007 a 2018, a média anual havia sido bem menor, de R$ 79,5 bilhões. Nem mesmo se excluídos os anos de crise econômica o

patamar de investimento chega

próximo ao valor necessário para os próximos anos. Entre 2007 e 2014, a média anual foi de R$ 101,7 bilhões. O tamanho do salto que terá que ser dado já indica que não será fácil cumprir a meta. Neste ano, por exemplo, os valores já estão abaixo do necessário, segundo Carlos Eduardo Auricchio, diretor do departamento de construção da Fiesp.

No entanto, há razões para otimismo, diz ele. “Várias iniciativas positivas têm sido encaminhadas. Já batemos no fundo do poço, e a tendência agora é voltar a crescer. Teremos muitos projetos em 2020, as obras deverão ser retomadas no segundo semestre ou no início de 2021”, afirma.

A recuperação dos investimentos deverá passar por três pilares, avalia o especialista no setor Claudio Frischtak, sócio da Inter.B Consultoria. O primeiro deles é a melhora do cenário macroeconômico. O segundo é a iniciativa dos governos para formular novos projetos de qualidade. Nesses dois primeiros quesitos, o economista já enxerga avanços significativos.

(20)

Para ele, o principal obstáculo hoje é o terceiro pilar, dos avanços regulatórios

e legislativos. Esses processos

caminham mais lentamente,

principalmente pela dificuldade do governo de se articular com o

Congresso e aprovar reformas

importantes que poderão destravar investimentos, diz Frischtak.

Hoje, os segmentos com regulação mais frágil são os de saneamento, ferrovias e cabotagem, avalia Luis Felipe Valerim, professor da FGV e sócio do XVV Advogados. “São setores capazes de mudar a matriz de transporte, se resolvidos seus gargalos”, diz.

Nos últimos dias, o setor de ferrovias

teve uma definição regulatória

importante, com a aprovação da renovação antecipada da concessão da Malha Paulista, da Rumo, após anos de análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A ideia da renovação antecipada é prorrogar o prazo do contrato em troca de novos investimentos - que, no caso de ferrovias, são bilionários. “Agora, é preciso ver se essa liberação pelo TCU vai, de fato, destravar todas as demais renovações de concessões ferroviárias que estão no pipeline, como é esperado”, afirma.

De modo geral, Valerim vê uma melhora na segurança jurídica do setor, assim como na qualidade dos novos projetos que têm sido apresentados. “Estamos em um caminho positivo, mas em uma velocidade muito longe da demanda”, diz.

Para os especialistas, para além das parcerias privadas, a retomada dos investimentos públicos é importante, principalmente em segmentos com

17 atratividade mais complexa, como saneamento e mobilidade urbana. No entanto, há muito espaço para evolução por meio do capital privado, principalmente com o atual cenário de juros baixos e melhorias regulatórias, defende Auricchio, da Fiesp.

Para Frischtak, mais até do que ampliar os aportes públicos, é preciso garantir a qualidade no uso dos recursos. “O

histórico dos investimentos

governamentais é de governança muito frágil. Desde a etapa de planejamento, os estudos de viabilidade até a aprovação dos recursos”, diz.

“Hoje há um esforço para melhorar essa governança, principalmente no âmbito federal, após a Lava-Jato. É necessário melhorar essa governança para que não se jogue dinheiro no lixo.”

Um exemplo desse desperdício de recursos também foi quantificado pela Fiesp, que analisou os gastos do

Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC). Segundo o estudo, o governo federal gastou R$ 15,1 bilhões em obras que hoje estão paradas. Para terminá-las, seriam necessários R$ 16,9 bilhões. O cálculo se baseou no orçamento fiscal da União entre 2007 e 2018. “São recursos já gastos que, se não se tornarem operacionais, vão ter sido jogados no lixo”, diz Auricchio.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/12/0 2/estudo-mostra-que-pais-tem-de-investir-r-125-bi-por-ano.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 02

de dezembro de 2019.

STF libera processo de

cassação em SP da inscrição

estatual de Manguinhos

O ministro Dias Toffoli derrubou decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que havia impedido a cassação da inscrição Por Luísa Martins — De Brasília

O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou a continuidade do processo de cassação da inscrição estadual da Refinaria de Manguinhos (Refit) em São Paulo, diante de um valor bilionário devido pela empresa aos cofres do governo a título de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Na decisão, Toffoli derruba decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que havia impedido a cassação da inscrição, sob o argumento de que

isso inviabilizaria o plano de

recuperação judicial da refinaria. Segundo o ministro, a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP)

conseguiu demonstrar que a

manutenção da decisão comprometeria valores públicos sociais e econômicos. “Aparece significativa a perda de arrecadação do Estado com impactos negativos axiomáticos relativamente às

18

políticas públicas de atendimento à população”, escreveu o presidente do STF.

Para Toffoli, a polêmica na relação entre a refinaria e a Fazenda Pública de São Paulo impacta diretamente o poder de definição de prioridades políticas na gestão de recursos públicos do

Executivo e na programação

orçamentária aprovada pelo Poder Legislativo paulista - o que fere o regulamento do ICMS no Estado. A PGE-SP afirma que, só em débitos inscritos em dívida ativa, Manguinhos já deve R$ 2,7 bilhões ao Estado de São Paulo, o que enquadra a empresa como “verdadeira devedora contumaz”. A maior parte desse montante é relativa a ICMS declarado como substituição tributária - isto é, a refinaria, como

responsável pelo recolhimento

antecipado do imposto de toda a cadeia operacional, recebe o imposto mas não estaria repassando esses valores ao erário paulista.

“O dinheiro entrou no caixa da empresa e foi por ela apropriado, sem qualquer reversão aos seus credores. Atenuar essa situação, blindando a empresa com a teia de proteção, além de ilegal, é absolutamente imoral”, alegaram os procuradores do Estado.

Segundo eles, o valor sonegado, em poucos meses, seria capaz de pagar todos os credores concursais da recuperação judicial, enquanto a Fazenda do Estado vem financiando as atividades da refinaria “com grande prejuízo a toda sua população”.

(22)

Em parecer solicitado por Toffoli, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia se manifestado favoravelmente à continuidade da cassação.

Ela afirmou que a interrupção do processo de cassação da inscrição traria “risco de grave lesão à economia pública, uma vez que a redução na arrecadação do tributo gera importante impacto nas finanças públicas, além de injustificado embaraço na execução das políticas públicas".

A eventual cassação da inscrição estadual impede a refinaria de emitir documento fiscal em território paulista, mas não a continuidade das atividades comerciais da empresa. Isso porque Manguinhos tem sede no Rio de Janeiro - em São Paulo, está apenas inscrita como contribuinte na condição de substituta. A mudança estaria no modo de recolhimento do ICMS, que passaria a ser efetuado em cada operação, por meio da Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais (GNRE).

Em setembro, os advogados Marcos Joaquim e Luís Inácio Adams - este, ex-ministro da Advocacia-Geral da União (AGU) - afirmaram ao Valor que não

há ilegalidade na atuação de

Manguinhos, da qual são

representantes na Justiça.

Segundo os advogados, o Supremo Tribunal Federal tem precedente segundo o qual é constitucional a utilização de precatórios como forma de pagamento de um tributo - e que, em razão disso, a Refit não pode ser considerada devedora contumaz.

19 “A refinaria tem débitos fiscais vinculados a precatórios e, portanto, segue a definição do STF. A discussão desses débitos não representa qualquer risco à ordem pública para São Paulo. Na lista de maiores devedores usada pelo próprio Estado, a Refinaria não

representa nem 2% do total”,

apontaram, na ocasião.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/12/0 2/stf-libera-processo-de-cassacao-em-sp-da-inscricao-estatual-de-manguinhos.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 02

de dezembro de 2019.

Venda de companhia regional

gera ‘apagão’ aéreo no AM

Deputados do Estado questionam no Cade efeitos da aquisição da MAP pela Passaredo

Por Raphael Di Cunto e Murillo Camarotto — De Brasília

Deputados do Estado questionam no Cade efeitos da aquisição da MAP pela Passaredo e criticam atuação da Anac após divisão de ‘slots’ da Avianca em Congonhas — Foto: Divulgação

A transferência de aviões da MAP Linhas Aéreas para Congonhas e a interdição parcial de vários aeroportos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) colocaram o Amazonas em um apagão aéreo. Integrantes da bancada do Estado no Congresso apontam a aquisição da MAP pela Passaredo e medidas da Anac como grandes responsáveis pelo problema, que chegou até ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O órgão antitruste foi acionado na semana passada e ainda está avaliando os efeitos concorrenciais do negócio. Já

20

há, no entanto, uma avaliação preliminar apontando brechas que podem resultar no questionamento do negócio entre MAP e Passaredo.

Segundo relatos de parlamentares do Amazonas, a situação é problemática porque deixou regiões isoladas, com acesso apenas por via fluvial, já que não há estradas que atravessem a floresta. Em alguns trechos, o trajeto antes feito de avião em poucos minutos leva agora mais de 10 dias de barco entre um município e outro.

O apagão aéreo tem duas razões, segundo os deputados. O primeiro foi a interdição parcial de oito aeroportos do

interior. Em documento aos

parlamentares, a MAP disse que a Anac estava aplicando multas de R$ 500 mil por mês e ameaçando cassar seu certificado de operação por problemas nos aeroportos, que vão de falta de

equipamentos metereológicos à

ausência de cercas para impedir a entrada de animais nas pistas.

O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) diz que a legislação garante que os aeroportos da região amazônica operem com condições diferenciadas e que funcionavam assim há décadas. Em nota, a Anac afirma que não determinou o fechamento de nenhum aeroporto e que apenas limitou a operação até que as providências necessárias sejam tomadas.

Única empresa a atender várias cidades do Amazonas, a MAP recebeu em julho passado 12 slots (autorizações para pousos e decolagens) que pertenciam à Avianca Brasil no concorrido aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Logo

(24)

depois, a empresa foi vendida para a Passaredo - que tinha 14 slots.

A intenção da Passaredo era operar com seus próprios aviões os slots da MAP, mas a Anac exigiu que fossem utilizadas aeronaves da empresa adquirida e sinalizou multa de R$ 10 milhões. A MAP deslocou aeronaves que operavam rotas no Amazonas e no Pará para São Paulo e contratou a empresa Omni Táxi Aéreo para fazer os voos na região Norte. Dias depois, porém, a Omni teve a autorização para operar suspensa pela Anac e os voos foram cancelados. O deputado Sidney Leite (PSD-AM) acusa a MAP de pleitear os slots de Congonhas já com a intenção de ser vendida. A empresa recebeu os slots em 31 de julho e em 22 de agosto o negócio foi anunciado. “Isso é irregular. Levamos o problema para a Anac e eles lavaram as mãos”, afirmou.

O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), enviou ofício ao Cade questionando o negócio, “que deixou os principais municípios-polo do Amazonas sem transporte aéreo, seja para passageiros e, não raras as vezes, para emergências médicas”.

No Cade, ainda não há clareza sobre os aspecto anticompetitivo do negócio. Mesmo assim, foi levantada uma indagação sobre o fato de a Passaredo ter acordo de compartilhamento de voos (“code share”) com a Gol, o que pode ensejar questionamento sobre a concorrência em Congonhas.

Para o deputado Marcelo Ramos, há “algo a mais” por trás das medidas da Anac no Amazonas. “A Azul tem um lobby muito forte na Anac e queria os slots de Congonhas. Acredito que é

21 retaliação para cassar o registro da MAP e reabrir a divisão dos slots”, afirma. A Azul, que não se manifestou até o fechamento desta edição, recebeu 15 autorizações em Congonhas.

Os oito deputados federais do

Amazonas pediram audiência pública na Comissão de Integração Nacional da Câmara para tratar do problema do apagão. Procurada na sexta-feira, a Passaredo/MAP não respondeu.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2019/12/0 2/venda-de-companhia-regional-gera-apagao-aereo-no-am.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos,

segunda-feira 02 de dezembro de

2019.

Empresas em recuperação

judicial temem fechar acordos

com a PGFN

Contribuintes consideram insuficiente prazo de carência previsto em regulamento de MP Por Beatriz Olivon e Joice Bacelo — De Brasília

Advogado Rubens Lopes: nessas

condições, serão poucas as empresas em recuperação que conseguirão fechar acordos — Foto: Divulgação

Mesmo com os prazos e descontos atrativos da MP do Contribuinte Legal (Medida Provisória nº 899), empresas em recuperação judicial temem fechar acordos para o pagamento de dívidas com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Advogados que atuam na área afirmam que a carência oferecida por meio de regulamentação - de 180 dias para o início do pagamento - pode não ser suficiente para que elas

22

consigam cumprir o que for acertado, o que geraria risco de falência.

As negociações entre contribuintes e a PGFN começam nesta semana. O primeiro edital para a adesão daqueles que têm débitos de até R$ 15 milhões deve ser publicado entre amanhã e quinta-feira. Para valores maiores, já são permitidas as apresentações de propostas de acordos.

Essas transações foram regulamentadas na sexta-feira, por meio da Portaria nº 11.956 - editada mais de um mês depois da MP do Contribuinte Legal. A medida provisória é do dia 16 de outubro e prevê que, ao negociar com os contribuintes, a Fazenda possa oferecer descontos de até 50% em juros e multas e parcelar a dívida em até 84 vezes.

Micro e pequenas empresas e

companhias em recuperação judicial

têm direito a condições mais

vantajosas: cem parcelas e descontos de até 70%.

Só serão oferecidos os descontos, no entanto, para dívidas classificadas como de difícil recuperação ou irrecuperáveis. Existe uma portaria do Ministério da Economia, a nº 293, de 2017, que trata dessa questão. Leva-se em conta, para esse rating, a situação do devedor (se tem patrimônio e a capacidade financeira) e os dados da dívida.

A Portaria 11.956 trata especificamente da possibilidade de acordo para débitos inscritos na dívida ativa e disciplina os procedimentos, requisitos e condições necessárias para as transações. Na norma consta uma seção voltada às empresas em processo de recuperação judicial.

(26)

Companhias que estão nesta situação poderão apresentar proposta de acordo à PGFN até o momento estabelecido no artigo 57 da Lei nº 11.101, de 2005 - quando se junta aos autos da recuperação judicial o plano de pagamento aprovado em assembleia-geral de credores. Aquelas que estão em recuperação há mais tempo e já passaram do momento estabelecido na lei também poderão propor a transação, mas têm 60 dias contados da data da publicação da portaria para fazer isso. Para o advogado Ricardo Siqueira, as

condições são atrativas. Porém,

considera pequeno o prazo definido para aquelas que já têm o plano aprovado. “A solução para se ter mais prazo seria apresentar novo plano e convocar nova assembleia, incluindo, nas projeções financeiras, o pagamento de tributos nas novas condições”, diz ele, chamando a atenção, porém, que “em muitos casos isso pode ser inexequível”.

A principal crítica de advogados da área às regras para as transações, no entanto, diz respeito ao prazo que foi fixado para o início dos pagamentos. Depois de fechar o acordo, a companhia tem até 180 dias para começar a pagar. “A situação no primeiro ano de recuperação é difícil, as empresas não têm caixa. E nos primeiros seis meses, pior ainda, porque estão negociando com os credores”, diz um advogado que atua para companhias nesta situação. Rubens Lopes, do WFaria, também critica a regra e diz acreditar que, nessas condições, serão poucas as que conseguirão fechar acordo. “Eu tenho cinco clientes que não se adequariam

nem na melhor hipótese de

parcelamento e de descontos”, afirma. Só um deles, por exemplo, acumula

23 dívida tributária federal de R$ 300 milhões.

Uma das soluções, segundo o advogado, seria permitir o uso de prejuízo fiscal para o abater da dívida. Par ele, essa questão pode, inclusive, ser inserida no texto pelo Congresso Nacional - se a MP for convertida em lei. Pelo menos uma das emendas já apresentadas, do deputado Fred Costa (Patriota-MG), trata disso. O parlamentar propõe incluir no texto a possibilidade de uso de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL.

O projeto de lei que pretende reformar a Lei de Recuperação Judicial e Falência (nº 11.101, de 2005), em tramitação na Câmara dos Deputados, também prevê medida semelhante. O texto está em vias de ser concluído. Em razão disso, poderia ser mais vantajoso às empresas em recuperação judicial, segundo advogados, esperar uma definição.

Já na PGFN o entendimento é de que o prazo seria suficiente. “Utilizamos a mesma quantidade de dias que é usada para a suspensão das execuções”, diz um procurador, em referência aos 180

dias que constam na Lei de

Recuperação Judicial. Durante esse período, que começa a ser contabilizado no início do processo de recuperação, todas as ações de cobrança são suspensas.

Esse procurador afirma ainda que “o cerco estaria se fechando” contra as

empresas em recuperação. Em

julgamento recente, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, sinalizou que poderia mudar o

entendimento que dispensa as

empresas de apresentarem certidão fiscal (REsp nº 1187404).

(27)

Uma das novidades da portaria é a possibilidade de os contribuintes em geral - não só aqueles em recuperação - usarem precatórios federais, próprios e de terceiros, para abater da dívida. A medida, que não está na MP, é considerada positiva pelo mercado. Outros pontos que aparecem na regulamentação e não estão na MP, porém, não foram tão bem-recebidos. Felipe Salomon, do Levy e Salomão Advogados, cita que a norma vai além do que previu a MP. Salomon cita que entre as condições para o acordo, por

exemplo, estão a exigência de

regularidade com o FGTS e de não deixar débitos futuros serem inscritos na dívida ativa. https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2019/12/0 2/empresas-em-recuperacao-judicial-temem-fechar-acordos-com-a-pgfn.ghtml Retorne ao índice 24

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos,

segunda-feira 02 de dezembro de

2019.

TST considera válido leilão de

venda do hotel Maksoud Plaza

Família já recorreu da decisão no Judiciário

Por Beatriz Olivon — De Brasília

Julgamento na Subseção II do TST foi definido por maioria de votos — Foto: Divulgação/TST O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu pela validade do leilão que afastou a família Maksoud do comando do tradicional hotel, de mesmo nome, na capital paulista. Os ministros analisaram uma questão processual e mantiveram a decisão de 2012. A família já recorreu.

A venda foi realizada para o pagamento de dívidas trabalhistas no valor de R$ 13 milhões da Hidroservice Engenharia, que pertencia a Henry Maksoud, o fundador do hotel. O prédio foi

25

comprado pelos empresários Jussara e

Fernando Simões, irmãos e

proprietários do Grupo JSL, do segmento de logística, em leilão realizado em 2011.

A Hidroservice, porém, questionou a validade do leilão na Justiça por ter realizado depósito de R$ 13 milhões

para o pagamento das dívidas

trabalhistas. O pedido foi negado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, em 2012.

A empresa recorreu, no próprio tribunal, por meio de embargos de declaração - recurso usado para pedir esclarecimentos ou apontar omissões -, e obteve decisão para retomar o controle do hotel, hoje nas mãos de Henry Maksoud Neto.

Para tentar reverter a derrota, os empresários que arremataram o prédio entraram com uma ação rescisória (usada para questionar decisão de mérito da qual não cabe mais recurso). O Tribunal Regional de São Paulo aceitou a rescisória e desconstituiu a decisão anterior, afastando a família do controle.

Tanto a família quanto os empresários recorreram ao TST (RO - 19-39.2014.5.02.0000). Os empresários pediram a condenação em honorários advocatícios e a Hidroservice, a nulidade da decisão na rescisória. A empresa da família Maksoud alega que a decisão foi tomada por voto de qualidade - desempate feito pelo presidente -, o que seria ilegal, além de ter sido proferida com a ausência de um dos desembargadores.

(29)

O pedido foi negado no TST. Para os ministros da Subseção II da Seção Especializada em Dissídios Individuais da Corte, o voto de qualidade foi válido e dentro do que é previsto pelo regimento do TRT, assim como a ausência de um desembargador. O entendimento foi por maioria de votos. A Hidroservice apresentou embargos. Após a decisão, ainda poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota ao Valor, o hotel afirma que o resultado do leilão do prédio continuará suspenso por tempo indeterminado até apreciação de todos os recursos. Destaca que a questão se iniciou com uma dívida trabalhista de R$ 350 mil, que foi inteiramente quitada. Mas mesmo assim, acrescenta, foi realizado um leilão e o prédio do hotel foi arrematado por um quarto do seu valor. As atividades do hotel, de acordo com a nota, continuam normalmente e o negócio segue sendo desenvolvido pela atual administração. Por enquanto, a decisão do TST não afasta Henry Maksoud Neto do controle da operação. Para isso, é necessário que a Justiça determine a emissão na posse do arrematante. https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2019/12/0 2/tst-considera-valido-leilao-de-venda-do-hotel-maksoud-plaza.ghtml Retorne ao índice 26

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos

segunda-feira 02 de dezembro de

2019.

‘Endowment’ e a cultura da

filantropia

Embora louvável a iniciativa, importantes elementos deixaram de constar do conjunto de regras relacionadas aos fundos patrimoniais

Por Fernando Colucci, Camila Bacellar e Carolina Mascarenhas

A publicação da Lei nº 13.800/2019 representou um primeiro passo na materialização de um antigo desejo do terceiro setor brasileiro, representado pelas entidades sem fins lucrativos (fundações e associações civis) que desenvolvem programas de interesse público nas áreas de educação, ciência,

tecnologia, pesquisa e inovação,

cultura, saúde, meio ambiente,

assistência social, desporto, segurança pública e direitos humanos.

Resultado da conversão de Medida Provisória (MP) proposta pelo ex-presidente Michel Temer (851/2018), a Lei nº 13.800/2019, também conhecida como “Lei do Endowment”, instituiu regramento até então inédito para a

criação dos chamados fundos

patrimoniais (ou endowment funds),

27

cujo principal objetivo é o de incentivar e canalizar doações de pessoas físicas ou jurídicas para o terceiro setor com a

garantia de perenidade no

financiamento dos projetos que

atraíram as doações.

Embora louvável a iniciativa, importantes elementos deixaram de constar do conjunto de regras relacionadas aos fundos patrimoniais

Tal perenidade é assegurada pela definição de regras de governança, pela determinação de que os recursos

financeiros sejam investidos no

mercado financeiro com perfil de longo prazo e, especialmente, pela restrição para que apenas os rendimentos (ou, mais usualmente, parte deles) sejam destinados aos projetos de interesse público. Preserva-se o patrimônio original e criam-se mecanismos para sustentabilidade das entidades e dos projetos por elas promovidos.

A exposição de motivos da MP que deu origem à Lei nº 13.800/2019 justificou a medida nas dificuldades financeiras enfrentadas pelas instituições públicas na conservação do patrimônio público e

no investimento em pesquisa,

desenvolvimento e inovação, sendo inegável que o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro às vésperas da edição da MP em 2018 intensificou o senso de urgência do Governo Federal em relação ao tema.

Apesar do ineditismo da medida no Brasil, trata-se de instituto bastante maduro em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, os fundos

patrimoniais recebem anualmente

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