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Disciplina Engenharia e Sociedade

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Academic year: 2021

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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Engenharia

Curso de Graduação em Engenharia Civil

Disciplina Engenharia e Sociedade

Material de Apoio

Oitavo Período

EPD097 – TURMA E – Engenharia Civil Primeiro Semestre 2019

Prof. José Aravena-Reyes Departamento de Construção Civil

Unidade 4

Objetivos Pedagógicos Compreender as implicações do contexto

socioeconômico nas atividades da Engenharia.

Unidades Programáticas de

Conteúdos 1. Desenvolvimento Econômico. – 2. Inovação Tecnológica.

2. Inovação Tecnológica

Definições

A inovação é um termo que está intimamente associado à ideia do desenvolvimento. Para alguns autores como Joseph Schumpeter, a inovação é o motor do sistema capitalista, quer dizer, sem ela, o capitalismo desapareceria. Chamado o pai da inovação, Schumpeter defende a ideia de que é necessário destruir para construir o novo (destruição criativa). Nesse processo, o novo descarta o antigo e permite que a dinâmica econômica se mantenha ativa a partir da introdução de uma inovação.

Como tal, a inovação tecnológica é a que tem como origem a incorporação de produtos da tecnologia. Esta perspectiva domina o entendimento de inovação, passando por cima, inclusive, de conceitos como o de inovação social, que visa a transformação de processos sociais e organizacionais.

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Um dos aspectos mais relevantes da inovação não é somente a invenção senão a sua adoção (ou difusão). Uma inovação tem caráter mercadológico, pois trata-se em última instancia de associar a inovação aos processos produtivos do sistema capitalista.

A inovação obedece a um processo que envolve a adoção de um determinado objeto técnico por parte de usuários (adopters) iniciais, passando posteriormente pelo efeito manada, onde muitos usuários aderem ao uso do objeto inovador, para finalmente considerar os usuários tardios.

Em alguns cenários se entende que a inovação obedece a um modelo linear pesquisa-invenção-difusão, no qual o mais importante é fornecer uma dimensão de comercialização para as inovações criadas na simbiose Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Inovação e Engenho

A inovação tecnológica se justifica como um produto capaz de gerar uma dinâmica diferenciada e a Engenharia é uma das profissões que contribui para o surgimento desses objetos técnicos. Mas como Schumpeter diferencia invenção e inovação, aparentemente a Engenharia se deveria envolver tanto com a invenção quanto com a difusão, aspecto que parece estar fora das demandas formativas em Engenharia.

Se consideramos que o principal na inovação é a invenção, grande parte dos nossos esforços deveria estar orientado aos processos criativos, mas isso não é um dos objetivos do processo formativo. Geralmente o ingrediente criativo ou inventivo não é abordado na formação dos engenheiros, tornando-os menos preparados para os desafios que virão no futuro e de certa forma se trata exatamente de promover as respostas engenhosas às demandas de inovação.

Recentes correntes de pensamento distanciam a inovação da invenção pois consideram que toda invenção técnica é produto de uma condição social. Assim a inovação seria uma espécie de construtivismo social, na qual variáveis de ordem psicossocial e culturais permitem o surgimento de um determinado objeto técnico que é apropriado pela sociedade com inovação.

Evolução Tecnológica

Cada vez que observamos os processos produtivos, podemos visualizar uma espécie de evolução dos objetos técnicos, isto é, uma rota irreversível de acumulo de conhecimentos e técnicas às quais se lança mão para promover uma mudança ou melhoria. A inovação cria ou reforça rotas evolutivas através de dois processos bastante característicos: a adaptação e a invenção. A primeira aperfeiçoa um produto dando continuidade a uma linhagem de objetos técnicos. A segunda emerge como uma verdadeira criação, levando a evolução tecnologia por novos caminhos. Para vários

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autores a inovação tecnológica marca o caminho evolutivo do ser humano porque a sociedade evolui através da criação de novos objetos técnicos, sendo que grande parte dos processos inventivos se direcionam hoje para realizações do humana que estão muito além do humano como o conhecemos hoje. Para outros autores, a evolução tecnologia deveria ser uma evolução que dote aos objetos técnicos de autonomia de modo que a sua evolução seja um processo de naturalização e não necessariamente um processo de evolução do artificial. De certa forma se pode afirmar que tanto a evolução tecnológica quanto a evolução humana não possuem uma direção fixa, sendo a inovação o processo que define ou consolida linhas evolutivas, mas sem determinar seu destino ou comportamento final.

Propriedade Intelectual e Patentes

Um dos primeiros estudos sobre inventividade nos Estados Unidos relacionou a invenção ao registro formal do inventado com fins de regular seu uso: a patente é a figura que associa uma invenção com um autor e fornece uma estrutura formal para a difusão da invenção. Com isso se entende que os processos de inovação são efetivos na medida que as próprias invenções são comercializadas seguindo os procedimentos normativos estabelecidos.

No Brasil existe a chamada Lei da Inovação Tecnológica (10.973, de 2 de dezembro de 2004), regulamentada pelo decreto 9283 de 7 de fevereiro de 2018, através da qual se pretende estimular a criação de redes de inovação entre instituições de pesquisa (como as universidades) e o setor empresarial mediante medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.

Para resguardar os direitos dos sujeitos que produzem inovações, existe a lei de direitos autorais (Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998) que distingue diferentes tipos de direitos, mas que considera que a autoria gera pressuposto de propriedade do que foi criado, sendo sempre recomendável o registro da obra. A Lei 9.279 de 14 de maio de 1996, conhecida como a Lei da Propriedade Industrial ou de Patentes, descreve os tipos e mecanismos legais do registro dos produtos (por invenção ou por modelo de utilidade), porem existem diversas normativas que condicionam a pesquisa e o desenvolvimento por esses terem um alto impacto social. Pesquisas com seres humanos ou espécies naturais protegidas são alguns dos aspectos que devem ser considerados nos processos de inovação, fora toda a normativa internacional que envolve a produção e mercado de produtos tecnológicos.

Impacto social e econômico das Tecnologias Emergentes

Recentemente um leque de tecnologias, chamadas de emergentes, estão provocando uma grande polêmica pelos alcances sociais e econômicos que produzem. nanotecnologia, Inteligência Artificial e biotecnologia formam esse tripé e tanto cada

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uma separadamente como no seu conjunto levantam questões de ordem ético-moral em torno da possibilidade real de transformar o ser humano em algo que pode decretar o fim do humano como o conhecemos hoje. A melhor amostra deste tipo de efeito social e econômico está em torno do projeto transumanista, que visa superar as limitações do corpo biológico do homem, promovendo uma melhoria que visa aumentar o tempo de vida, elevar a inteligência a patamares nunca antes vistos e garantir o acesso a estados emocionais confortáveis.

No contexto industrial, tais tecnologias promovem um tipo de inovação chamada indústria 4.0, que visa um elevado nível de automação nos processos produtivos. Seu concorrente japonês, a chamada Sociedade 5.0, coloca no centro do processo o homem, argumentando que todo o processo inovador baseado nas tecnologias emergentes devem sempre objetivar o desenvolvimento humano (em contraposição à indústria 4.0 que só se refere ao processo produtivo como tal). Tanto uma como a outra se apresentam como utopias pós-humanas, ainda quando grandes negócios são realizados no caminho ao ideal estabelecido. Empresas que congelam corpos e outras que pretendem instalar um chip no cérebro para melhorar a performance humana já existem e realizam constantes pesquisas não somente para o puro e nobre avanço da ciência e a tecnologia, senão também em função dos novos negócios que surgiram nesse novo tempo.

Mudança Climática.

O entendimento de que a tecnologia e o social obedecem a domínios de estudos diferentes tem sido superada e atualmente se considera que estudos sobre tecnologia e sociedade podem ser realizados sob o mesmo solo epistemológico. Com isso, os fenômenos naturais são aceitos também como fenômenos culturais, isto é, produtos da ação humana.

De meados do século XVII a produção mundial vive crescentes ondas de melhorias de produtividade. A cada dia é fácil saber que o tipo de uso e comercio que o homem deseja desenvolver mediante a tecnologia obedece a uma nova leitura econômica: a economia libidinal, onde o desejo é capturado para os próprios fins do capitalismo. Assim, as pessoas são controladas politicamente sob a ação do desejo e não desenvolvem uma crítica dos efeitos da tecnologia sobre o planeta. Grande parte dos argumentos críticos a essa situação provêm de setores nada reacionários, como são, por exemplo, o grupo de estudiosos que consideram que a deterioração planetária começou na segunda guerra mundial e continua sem nenhum controle aumentando a grilagem de reservas planetárias. O deterioro planetário não representa um simples passo a condições planetárias mais hostis, senão um verdadeiro alerta à cega dinâmica de produção científica, geralmente dentro das universidades públicas e para a qual os professores têm elaboram formas de justificar tais ações. Porém, a condição produtiva própria da Engenharia não está ausente da responsabilidade de olhar criticamente para a forma de produção tecnológica contemporânea. As recentes informações citadas no relatório de biodiversidade alertam para um caminho sem retorno; para a possibilidade

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de um grande desajuste do natural em função do poder de transformação do homem. Entre emissão de gases de efeito estufa e a acidificação dos oceanos, as espécies irão se extinguindo num caminho sem volta que irá, mais cedo ou mais tarde, afetar as possibilidades reais de vida do homem no planeta.

Para começar na aula...

• Veja os seguinte vídeos: Introdução à Teoria Econômica O que é criatividade - Prof. Ilíada de

Castro: https://www.youtube.com/watch?v=4B4qo7ebBTY e o vídeo O que é inovação: estratégias empresariais e inovação aberta - Prof. Mario Sergio Salerno:

https://www.youtube.com/watch?v=GYxNLpTjVao

Recomendação para ir longe com o pensamento...

• Leia o texto DUPAS, G. O mito do Progresso (Revista Novos Estudos, CEBRAP, v. 1, n. 77, 2007) e comente com seus colegas sobre os efeitos da tecnologia no destino da humanidade.

Referências

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