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Graduanda em Geografia pela Universidade de São Paulo. Bolsista de iniciação científica da FUSP/BNDES. Contato:

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Academic year: 2021

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Implementação de bancos de dados georeferenciados das Viagens Filosóficas Portuguesas (1755-1808) e a criação de um material didático com o uso do

Google Earth.

Camila Franco 1 Ermelinda Moutinho Pataca 2 INTRODUÇÃO

O final do século XVIII teve grande importância para Portugal, com a clara intenção de intensificar a exploração colonial, visando explorar e investigar a natureza, de caráter predominantemente cientifico. As Viagens Filosóficas foram compostas por filósofos, matemáticos, desenhistas, engenheiros e naturalistas, que partiam às colônias e, também, pelo trabalho de magistrados, médicos, religiosos, ministros, governadores, vice-reis, naturalistas e desenhistas que, muitas vezes, ficavam no Reino e não realizavam viagens, mas trabalhavam na preparação (pré-campo), no financiamento e no trabalho com as coleções (pós-campo).

A construção da rede de informações em uma plataforma virtual permite o contato entre saberes distintos e a reformulação contínua e facilitada das análises realizadas. Assim, se viu necessário o georeferenciamento dos dados acerca do deslocamento e permanência dos viajantes entre Brasil e Portugal. Utilizaremos programas computacionais como instrumentos para a representação de dados espacialmente referenciados, podendo ser utilizados de maneira interdisciplinar, interligando aspectos sociais e naturais. Para isso, serão atribuídas informações em pontos específicos, coincidentes com os verdadeiros locais de visitas portuguesas, com ajuda do programa Google Earth, amplamente usado em diversos ramos da pesquisa. OBJETIVOS

1 Graduanda em Geografia pela Universidade de São Paulo. Bolsista de iniciação científica da

FUSP/BNDES. Contato: ca-milafranco@hotmail.com

2 Professora Doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Contato:

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O projeto idealizou a criação de material didático virtual, voltado para acesso público de estudantes, professores e quem desejar obter informações acerca das viagens filosóficas durante os anos de 1755-1808, período que compreende os últimos anos da colonização portuguesa. A necessidade da democratização dessas informações se dá pela escassez de materiais didáticos sobre esse importante período da historia do Brasil. Os viajantes como exploradores tinham como missão recolher e aprontar produtos das localidades que visitavam e também fazer observações filosóficas e políticas sobre todos os objetos da viagem.

Pretendemos reproduzir a mobilidade, a permanência, relações e experiências dos viajantes e naturalistas, através de mapas atuais que mostrem os locais que eles transitaram. O georreferenciamento, nesse caso, se faz extremamente importante, visando a valorização do lugar para os estudos em história natural, dentro do contexto em que se inseriam as viagens portuguesas na época.

METODOLOGIA

Elaboração de micronarrativas biográficas

Compreendemos que a avaliação geral sobre a dinâmica das viagens deve ser realizada de forma gradual, numa avaliação do processo de institucionalização das ciências em Portugal e no Brasil. O processo de institucionalização não se restringe apenas a criação de instituições científicas, mas ao desenvolvimento de práticas, técnicas e representações científicas que envolvem a formação e a consolidação da comunidade científica (FIGUEIRÔA, 1997).

Aprofundaremos a análise sobre as questões relativas às três fases distintas das viagens – o pré-campo, o campo e o pós-campo, assim como todo o material resultante do processo. Para tal, analisaremos as dimensões políticas e administrativas destacando as diretrizes e o comando das viagens; o perfil, a formação e a atuação dos personagens; o cotidiano e as práticas dos viajantes no gabinete e no campo; as dimensões geográficas e geológicas na definição dos percursos, os produtos

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investigados e, por fim, as representações resultantes destas viagens, que compreende imagens, textos e coleções.

Posteriormente criaremos micronarrativas biográficas sobre os viajantes envolvidos nas Viagens Filosóficas. No “Dicionário Biobibliográfico de Governadores, naturalistas, desenhistas e engenheiros envolvidos nas expedições científicas portuguesas”, anexo à tese de doutorado de Ermelinda Pataca (2006), já temos várias descrições sobre a vida dos viajantes, organizados em etiquetas (descritores). A construção dos verbetes será realizada em grupos sobre a atuação dos personagens envolvidos nas viagens, como mostra o esquema a seguir (Figura 1):

Figura 1. Esquema das micronarrativas. Fonte: Elaborado pelo autor.

Para atingirmos os objetivos de mapeamento das viagens filosóficas, selecionaremos alguns parâmetros de análise, construiremos quadros conceituais para cada temática, e ao final buscaremos possibilidades de articulações multidimensionais

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na busca de um entendimento geral sobre as viagens. As temáticas dos mapeamentos serão as seguintes:

Institucional – representação das situações física e simbólica dos viajantes na esfera de poder do mundo português, materializadas na filiação institucional. Criaremos quadros conceituais que mostrem as instituições envolvidas nas viagens e qual a importância política no período. Destacaremos aqui a formação dos viajantes e as relações entre os mestres e aprendizes em cada momento histórico;

Percursos das viagens – mapeamento dos locais por onde os viajantes passaram para compreensão do processo de mobilidade e fixidez dos naturalistas e de como isso influenciou a criação de referenciais, a implementação de novas instituições, o desenvolvimento de práticas, o estabelecimento de conexões entre diversas regiões do Império Português (Figura 2);

Redes de correspondência entre os naturalistas – compreender as relações entre os naturalistas no Mundo Português para avaliarmos sua atuação na dinâmica das viagens. Analisaremos especialmente a troca de correspondências entre os viajantes.

Figura 2 – Mapa da Nova Lusitânia, adaptado com as informações das viagens. Fonte: Elaborado pelo autor

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Durante as viagens, as descrições minuciosas das paisagens tinham o objetivo de dominação geográfica e serviam como “aparelhos discursivos mediante os quais os estados definem e representam o território” (PATACA, 2011, p. 5). A utilização de imagens de satélite atuais serve, a principio, para a compreensão de como, quando e por quê tal região foi explorada, quais foram as potencialidades já descobertas no período da colonização, como se configurou a expansão da mancha urbana e se os viajantes tiveram influência nesse processo.

Pouco estudado e explorado, o acervo iconográfico das Viagens Filosóficas serve principalmente como registro da natureza que os portugueses investigavam. A inserção dessas informações no meio digital possibilita a compreensão das estratégias políticas de exploração colonial através da apreensão dos produtos investigados em cada local.

As descrições geográficas escritas nos diários e textos da Viagem seriam complementares às observações zoológicas, botânicas e mineralógicas, assim como às coleções de história natural que deviam ser enviadas ao reino, pois na época a ciência já considerava uma associação entre a localização geográfica e a distribuição das espécies, conferindo a estes desenhos um caráter geográfico implícito. Portanto, as observações de história natural deviam sempre ser acompanhadas de descrições geográficas. (PATACA, 2001). Georreferenciamento das informações

A escolha do programa para o georreferenciamento dos dados se deu após uma extensa pesquisa sobre as possibilidades que cada um deles fornecia. Os programas pagos, como o ArcGis, foi considerado inicialmente, pela facilidade na execução e elaboração de informações através de sua plataforma. Porém, por não ser um programa de cunho “livre”, foi desconsiderado, pois a aquisição do mesmo seria inviável para o projeto. Assim, buscamos como alternativa o programa Google Earth™, um software

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gratuito de imagens de satélite de boa resolução para obter as coordenadas dos trajetos dos viajantes.

A possibilidade de utilizar o Google Earth™ para a finalidade de material didático se mostrou atraente devido à facilidade de acesso que os usuários de internet tem a essa plataforma. Possui interface simples, rápida e de fácil manipulação, e é considerado um programa promissor nos estudos de cartografia e outras áreas da ciência geográfica.

O Google Earth™ dispõe de ferramentas de edição de vetores em formatos de pontos, linhas e polígonos, permitindo o mapeamento de feições e representação cartográfica de elementos identificados através das imagens de satélite.” (LIMA, 2012)

Utilizando como base o Dicionário Biobibliográfico, estruturamos uma lista de localidades por onde os viajantes passaram e os produtos que eles obtiveram nesses locais. Com essas informações, o próximo passo foi inserir os locais, utilizando pontos e polígonos, que identificassem o mais próximo da região que os viajantes estiveram. Algumas localizações são mais precisas, mas muitas delas carecem de informações oficiais sobre os reais trajetos que foram percorridos.

Nesses pontos, inserimos as informações principais sobre a obra do viajante citado, dentro de uma tabela de atributos, disponível nas ferramentas do programa. Com isso, conseguimos aperfeiçoar essas informações, transformando os pontos e trajetos em objetos dinâmicos permitindo a apreensão espacial local e apresentam as peculiaridades que os viajantes encontraram ali (Figura 3).

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Figura 3 - Descrição das atividades do viajante, representada no Google Earth. Fonte: Elaborado pelo autor

RESULTADOS PRELIMINARES

A compreensão do conjunto de resultados das viagens filosóficas realizadas no Império Português no final do século XVIII ainda não foi suficientemente abordada na bibliografia. Tal apreensão deve ser realizada através de estratégias de visualização dos dados em várias escalas com as relações espaço-temporal, o desenvolvimento científico e a criação de representações artísticas das viagens. Para atingirmos tal objetivo, torna-se necessário um debate interdisciplinar envolvendo geógrafos, historiadores, linguistas e cientistas para o tratamento das informações em conjunto, esforço que estamos desenvolvendo na Faculdade de Educação no projeto em andamento para a criação de estratégias de visualização do conjunto das viagens.

O georreferenciamento das informações permite a compreensão do esforço português de exploração natural e geográfica em diversas escalas, do global ao local,

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revelando as relações entre os viajantes, assim como os resultados das viagens expressos na elaboração de textos, imagens e coleções. Os resultados alcançados até o momento permitem a visualização do conjunto das viagens que percorreram a América Portuguesa durante as administrações de D. Rodrigo de Souza Coutinho. Por outro lado, já é possível visualizarmos detalhes das biografias de viajantes expressos em suas percepções e experiências vivenciados em cada local.

O desenvolvimento de estratégias de divulgação dos resultados das viagens de forma interativa está ocorrendo de forma concomitante à análise dos dados. Os desafios apresentados até o momento são de criação de uma interface interativa e dinâmica que possibilitem a apreensão da complexidade de fatores envolvidos nas viagens.

BIBLIOGRAFIA

FIGUEIRÔA, Sílvia Fernanda de Mendonça. As ciências geológicas no Brasil: uma

história social e institucional, 1875-1934. São Paulo: HUCITEC, 1997.

GOOGLE EARTH. Imagens de Minas Gerais, Diamantina, MG. Disponível em: < http://www.googleearth.com.br/>. Acesso em: 20 de março de 2013.

LIMA, Raphael Nunes de Souza. Google Earth aplicado à pesquisa e ensino da geomorfologia. Revista de Ensino de Geografia, Uberlândia, v. 3, n. 5, p. 17-30, jul./dez. 2012.

PATACA, Ermelinda Moutinho. Arte, Ciência e Técnica na Viagem Philosophica de

Alexandre Rodrigues Ferreira: A confecção e utilização de imagens histórico-geográficas na Capitania do Grão-Pará, entre Setembro de 1783 a Outubro de 1784.

Dissertação (mestrado) – UNICAMP, São Paulo, 2001.

PATACA, Ermelinda Moutinho. Terra, água e ar nas Viagens Científicas Portuguesas (1755-1808). Tese (doutorado) – UNICAMP, São Paulo, 2006.

PATACA, Ermelinda Moutinho. Congruências entre cartografia e pintura no prospecto da Vila de Cametá (1784) de José Joaquim Freire. Anais do 1º Simpósio Brasileiro de

Referências

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