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10 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ÁGUA DE LASTRO Introdução

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10 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA ÁGUA DE LASTRO

10.1 Introdução

A navegação entre portos tem sido reconhecida como um dos principais mecanismo de

introdução de espécies exóticas desde seus primórdios. Organismos incrustantes são

transportados nos cascos das embarcações por longas distâncias, assim como através da

água utilizado para lastreamento das embarcações, o que potencializa os mecanismos de

dispersão das espécies globalmente. Estima-se que pelo menos 90% das espécies de

organismos transportados via água de lastro morrem durante a viagem, entretanto, as

que sobrevivem às condições dos tanques de lastro e adequam-se as consições

ambientais onde forem introduzidas, acabam tornando-se invasoras no novo ecossistema

(ENDRESEN et al. 2004; CARLTON 1985, CARLTON 1996; FERNANDES et al. 2007).

O lastreamento de tanques de navios é um procedimento usual na logística do

transportes de cargas por vía marítima, que busca balancear a embarcação em relação a

sua estrutura metálica, conferindo-lhe manobrabilidade e estabilidade, suprimindo

possíveis tensões na estrutura das embarcações. Em geral, os navios com pouca carga

são lastrados com águas das baías e estuários onde estão atracados ou fundeados e,

despejam esta água (deslastre) em um porto de destino mais adiante onde recebem

carga. Diversos estudos demonstram que muitas espécies de bactérias, plantas e

animais, podem sobreviver na água de lastro e nos sedimentos transportados pelos

navios, mesmo após longas viagens (CARLTON 1996; CARLTON 2001; DANULAT et al.

2002; ORENSANZ et al. 2002).

A proliferação de tais espécies tem causado danos ambientais, sócio-econômicos e à

saúde humana em todo o planeta, especialmente a partir da década de 1970 (IMO,

1997). Após sua introdução em um novo ambiente, as espécies invasoras ou exóticas,

podem causar impactos complexos em compartimentos distintos do ecossistema,

alterando as relações tróficas da cadeia alimentar, competindo com espécies nativas por

espaço, ou introduzindo substâncias tóxicas ou novas doenças, que afetam os

organismos residentes e as populações humanas (CARLTON & GELLER 1993; DASZAK et

al. 2000). Outro fator importante diz respeito à biodiversidade, com a introdução de

espécies altamente competitivas os nichos, antes ocupados por espécies locais, são

tomados pelas espécies invasoras (RUIZ et al. 1997).

(2)

O risco do estabelecimento de uma espécie invasora, introduzida em uma determinada

região, depende de diversos fatores como o tipo de atividade portuária, a intensidade da

movimentação de navios, as características ambientais da região, o grau de desequilíbrio

ambiental, entre outros que caracterizem o grau de risco. Por exemplo, portos

internacionais, caracteristicamente exportadores, estão sujeitos a receber grandes

volumes de água oriunda de ambientes distantes, potencializando a introdução de

espécies invasoras.

Como forma de tentar conter os potenciais impactos associados a problemática da

introdução de espécies exóticas via água de lastro, a Convenção Internacional sobre

Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de Navios (IMO, 2004), foi ratificada

pelo Congresso Nacional brasileiro, entretanto, ainda não se encontra integralmente em

vigor, havendo o pedido do Brasil para que a REGRA D-2, que dipõe sobre a Norma de

Desempenho de Água de Lastro, tenha mais tempo para entrar em vigor. Após entrar em

vigor, conforme Art 6º desta convenção, a pesquisa e o monitoramento da água de lastro

deverá ser aplicado em todos os portos do Brasil.

Como instrumentos para adoção de ações de controle sobre a gestão de água de lastro a

bordo dos navios que operam em águas jurisdicionais brasileiras, foi implementado o

sistema virtual do Porto Sem Papel – PSP, que substitui a obrigatoriedade de entrega

física do formulário de gestão de águas de lastro anteriormente estabelecido pela Norma

da Auoptridade Marítima - NORMAM 20.

Embora o sistema apresente uma fácil e prática interface de disponibilização de

informações, este ainda necessita alguns aprimoramentos de modo a obter uma maior

gama de informações relevantes aos procedimentos de lastreamento, como se existe

sistema de tratamento de água de lastro a bordo, qual o tipo, e a descrição da

movimentação de água de lastro por tanque e, assim, melhorar a qualidade de seus

dados.

Ao longo da execução deste programa de monitoramento, neste em porto como em

outros terminais, frequentemente são constatadas inconformidades quanto ao

preenchimento dos formulário, tais como: dados faltantantes, dados contraditórios

(formulários em que o navio declara estar sem lastro e, no mesmo formulário declara a

realização de deslastro no porto de destino); dados incorretos (como “quantidade de

lastro a bordo” declara possuir 21.000m³ e no campo “volume deslastrado no porto de

destino” declara ter deslastrado 23.000m³).

(3)

Dando continuidade ao Programa de Monitoramento da Água de Lastro do Porto de São

Francisco do Sul., executado em atendimento ao Termo de Referência do Edital de

Concorrência Nº 009/2016, apresenta-se o presente relatório, compreendendendo as

informações levantadas no período de setembro de 2019 a fevereiro de 2020.

10.2 Metodologia

10.2.1 Dados

Para a criação da base de dados utilizados para a elaboração deste programa de

monitoramento ambiental, foram utilizadas duas fontes distintas: Formulários sobre água

de lastro entregues eletronicamente através do sistema PSP (Porto Sem Papel), de agora

em diante denominados “formulários IMO”, e as planilhas com os quantitativos de carga

e descarga do Porto de São Francisco do Sul, ambos referentes ao período de setembro

de 2019 a fevereiro de 2020. Os dados das duas fontes foram cruzados e digitados em

planilha eletrônica, sendo somente considerados as informações sobre as embarcaçãoes

que possuíam correspondentes entre as duas fontes.

Os dados retirados dos formulários IMO foram os seguintes:

• Nome do navio;

• Classe da embarcação;

• Capacidade total de lastro;

• Total de lastro a bordo;

• Porto de origem;

• Porto de destino;

• Volume deslastrado (quando relatado);

• Origem da água de lastro (quando relatado);

• Troca oceânica (substituição do lastro originado do porto ou seu entorno por lastro

de origem oceânica).

Os dados retirados das planilhas de movimentação do Porto de São Francisco do Sul:

• Nome do navio e data de chegada (usados para o cruzamento com os dados

acima);

• Total de carga carregada;

• Total de carga descarregada.

(4)

10.2.2 Classes de Navios

Nos estudos de portos são consideradas as seguintes classes de embarcações:

Apoio Marítimo - são os navios tipo, rebocadores, dragas e rebocadores oceânicos.

Químicos – enquadrados como navios tanques (óleos vegetais, petróleo e derivados),

produtos químicos ou insumos a granel.

Graneleiro - transporte de grãos em geral, minérios e fertilizantes.

Roll On – Roll Off - classe de navio especializada em transporte de automóveis (carros,

caminhões, tratores e outros).

Container e Carga Geral – responsáveis pelo transporte de carga conteinerizadas, ou

carga geral (palets, ensacadas, unitárias, etc.).

Multipurpoise: são navios com capacidades mistas de carga geral e/ou frigorifica e

containers.

Frigorífico (reefer) - são especializados em cargas congeladas.

No caso específico do Porto de São Francisco do Sul, a classe de embarcação a ser

considerada será variada, visto a operação de diferentes tipologias de cargas neste

terminal, como carga geral e graneleiros.

10.2.3 Deslastro Relatado

Deslastro relatado é o volume de água deslatrada dos tanques de lastreamento declarado

no formulário da IMO. Esse dado, normalmente, não é preenchido nos formulários, por

esse motivo é necessário realizar o cálculo de deslastro estimado, no intuito de predizer

um volume aproximado de água a ser deslatrada em função da movimentação de carga

realizada, necessária para a manutenção da manobrabilidade e condições de segurança

plena da embarcação.

10.2.4 Cálculo de Deslastre Estimado

O método utilizado neste estudo é o Método de Cálculo de Deslastro/Lastro Caron, que

utiliza informações do volume de movimentação de cargas e tipologia de embarcação

operada (coeficiente) para determinazação do volume estimado de água lastreada ou

deslastreada.

(5)

O coeficiente de deslastro/lastro utilizado nos cálculo foi obtido pela média entre a

arqueação bruta da embarcação, conhecida por Gross Tonnage – GT

4

e a sua capacidade

total de lastro, que é todo o volume de lastro capaz de ser colocado a bordo. Essa

relação é bastante variável sendo encontrada na proporção de 1,40% (frigorífico-reefer)

até 61,19% (carga geral) dependendo do tamanho e tipo da embarcação. A literatura

não cita nenhuma relação entre as duas medidas de capacidade e ela foi obtida pelo

estudo dos dados do Porto de Itajaí e que foram confirmados pelo Eng. Naval Gert

Prange (comunicação oral) em seu estudo apresentado sobre o Porto de Paranaguá (1˚

Encontro de Gestão Ambiental Portuária realizado em Paranaguá com o patrocínio da

APPA - Administração do Porto de Paranaguá e Antonina – e calculado sobre a

movimentação final das exportações do porto).

No caso do presente estudo, foi utilizado como coeficiente uma relação de 30% (que

transformada em coeficiente assume o valor de 0,3). Isso se deve ao fato de que as

atracações no Porto de São Francisco do Sul são de diversos tipos de embarcações.

Segundo as informações obtidas ao longo da elaboração e amadurecimento do método,

essa porcentagem de lastro retido a bordo varia entre 5 a 10% no caso dos navios da

classe container e carga geral. Por esse motivo, mesmo encontrando uma relação de

38,35% entre arqueação bruta e capacidade total de lastro nos 176 navios analisados, foi

optado por um desconto de 8,35% da relação inicial como compensação pelo lastro que

permanece a bordo, isso resulta em um coeficiente de 0,3 de deslastro/lastro,

considerando que os outros 70% da carga carregada fossem equilibrados por alteração

do calado; no caso dos graneleiros e químicos, geralmente, a descarga é total portanto o

coeficiente usado é de 0,33, com a continuação dos estudos esse coeficiente pode sofrer

alterações pois, ainda é um processo em amadurecimento. Em estudos posteriores foi

preferível a utilização do coeficiente de 0,3 em todos os portos, esse será o coeficiente

utilizado para o Porto de São Francisco do Sul.

Não foi levado em consideração o calado das embarcações, para que isso ocorresse seria

necessário obter as curvas de toneladas por centímetro de imersão por faixa de calado,

informação exclusiva de cada embarcação (depende do projeto do navio), sendo um

dado que não se encontra prontamente disponível.

4

valor adimensional da capacidade total de uma embarcação nas superestruturas e sob o convés,

exceto alguns espaços como: duplos-fundos e outros tanques usados para lastro, passadiço, tombadilho e castelo de proa abertos, espaços de ar, casa do leme e praças do aparelho de

(6)

O cálculo do deslastro/lastro estimado foi baseado na equação:

DE = (CC – CD) x 0,3, onde:

DE = Deslastre estimado

CC = Carga carregada (embarque)

CD = Carga descarregada (desembarque)

0,3 = Coeficiente de deslastro/lastro

Quando o sinal do resultado for positivo, a operação é de deslastreamento (Figura 234),

caso seja negativo a operação é de lastreamento. O resultado é dado em toneladas, mas

pode ser considerado em métros cúbicos (m³) se considerarmos as propriedades físicas

da água doce (1m³ = 1 tonelada). Esse método baseia-se no tipo de operação que a

embarcação realiza no porto e a quantidade de carga movimentada, portanto, tende a

ser mais preciso do que o método utilizadp no programa internacional GloBallast, que

utiliza sempre a capacidade total de lastro que cada embarcação possui, desprezando o

movimento de carga realizado no momento da visita.

Figura 234. Navio em operação de deslastro.

10.2.5 Cálculo de Risco

O método utilizado neste trabalho é o Metodo Caron de Análise de Risco, conforme

descrito a seguir.

(7)

O cálculo do risco desenvolvido para este trabalho baseia-se em dois parâmetros: o

coeficiente de similaridade ambiental do porto de origem ou biorregião (GLOBALLAST,

2004) e o volume de lastro deslastrado por ano com mesma origem ou da mesma

biorregião (Convenção da IMO). Cada parâmetro recebe uma pontuação conforme a faixa

que se enquadra e o somatório dos pontos indica o nível de risco do porto ou biorregião

(Tabela 80 e Tabela 81), os níveis do risco também podem ser identificados pela cor.

As faixas de volume deslastrado por ano (Tabela 80) foram baseadas nas mesmas faixas

que a Convenção Internacional da IMO sobre Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de

Navios utiliza para definir as formas de gestão de água de lastro a serem adotadas pelos

navios, em seus Anexos Seção B regra B-3.

O método GloBallast de análise de risco encontra-se explicado em detalhes no trabalho

de Junqueira e Leal Neto (2003), onde apresentam a equação e cálculo de cada

coeficiente. O método GloBallast aplica um sistema com 5 faixas de risco, no presente

método, optou-se por um sistema mais simplificado com 3 faixas de risco (Tabela 81),

que são uma adaptação das faixas utilizadas pelo GloBallast.

Um terceiro parâmetro pode ser acrescentado como um item de segurança, fornecendo

uma compensação do risco apresentado por cada porto devido à presença de uma

espécie “alvo” presente na mesma biorregião. A espécie “alvo” pode ser determinada

pelo seu grau de nocividade e/ou pela sua capacidade de invadir ambientes com

similaridade compatível com o porto em estudo.

Tabela 80. Pontuação de cada parâmetro (coeficiente de similaridade e volume deslastrado por ano) por faixa de resultado.

FAIXAS DE ÍNDICE PONTOS FAIXAS DE VOLUME PONTOS

DE SIMILARIDADE

POR

DESLASTRADO

POR

AMBIENTAL

FAIXA

POR ANO

FAIXA

< 0,3

0,5

< 1.500 m³

0,5

0,3 A 0,6

1

1.500 A 5.000 m³

1

> 0,6

2

> 5.000 m³

2

Tabela 81. Nível de risco conforme pontuação total.

PONTOS TOTAIS

NÍVEL DO RISCO

DE 0,5 A 1,0

BAIXO

DE 1,5 A 2,0

MÉDIO

DE 2,5 A 4,0

ALTO

Os portos ou biorregiões de origem, que são o habitat natural ou que se encontram

invadidos por uma espécie “alvo” recebem automaticamente o nível de risco “Alto” (cor

(8)

vermelha), independente da sua pontuação de similaridade e volume deslastrado por

ano, no presente estudo não iremos utilizar esse recurso.

Os coeficientes de similaridade ambiental foram calculados pelo mesmo método utilizado

pelo Programa Globallast (GLOBALLAST 2004), o qual prevê a utilização de 34

parâmetros ambientais básicos para determinar tais coeficientes. Segundo Junqueira &

Leal Neto (2003) os parâmetros utilizados foram os seguintes:

Temperatura da água (

o

C)

Média durante o período chuvoso

Máxima durante o período chuvoso

Média durante o período seco

Mínima durante o período seco

Temperatura do ar (

o

C)

Média do dia durante o período chuvoso

Máxima do dia durante o período chuvoso

Média da noite durante o período seco

Mínima da noite durante o período seco

Salinidade (g/l; ppm)

Média durante o período chuvoso

Mínima do período chuvoso

Média durante o período seco

Máxima do período seco

Maré (m)

Variação média de sizígia

Variação média de quadratura

Precipitação total nos 6 meses mais secos (mm)

Precipitação total nos 6 meses mais chuvosos (mm)

Número de meses com 75% do total da precipitação anual (= duração do pico das

vazões)

Distância entre os berços e a foz de rio mais próxima (km)

Tamanho da bacia hidrográfica (km

2

)

Para fins de uniformização, considerou-se no Brasil a estação chuvosa entre os meses de

novembro à abril; e a estação seca de maio à outubro. Além desses parâmetros

ambientais, são utilizadas para fins de comparação de similaridade ambiental as

(9)

distâncias entre o porto e os hábitats marinhos próximos. As distâncias medidas nas

cartas náuticas da área do porto são categorizadas conforme a seguinte convenção:

<1 km

5

1-5 km

4

5-10 km

3

10-50 km

2

50-100 km ➔

1

>100 km

0

Tipos de hábitats:

Cais de paredes verticais

Píer de pilares de concreto

Quebra-mar / espigões

Píer de pilares de madeira (marinas antigas e píer de barcos de pesca)

Salina

Praia arenosa

Praia de seixos ou cascalho

Manguezal

Planície de maré (lamosa)

Costão rochoso

Fundo arenoso com conchas

Fundo lamoso-siltoso

Grama marinha

Infralitoral rochoso

Recife de coral

O coeficiente de similaridade pode alcançar o índice de 1,0 (similaridade máxima) até o

índice de 0,005 (similaridade mínima).

Somente 357 portos, dos mais de 6mil existentes no mundo, possuíam estes dados

disponíveis entre os anos de 2002 e 2004. Em alguns casos, quando não se tinha o índice

de similaridade para determinados portos, utilizou-se o índice disponível do porto mais

próximo e que estivessem na mesma biorregião (uma região pode possuir varias

biorregiões, ex: a região do Caribe está dividida em sete biorregiões de CAR I a CAR VII,

conforme utilizado no Programa GLOBALLAST).

(10)

Para o cálculo do índice foi utilizada a distância Euclidiana (distância geométrica entre os

pontos observados) normalizada, ou seja, os parâmetros foram transformados e

normalizados para remover as diferenças de escala específica de cada parâmetro e

torná-las comparáveis entre si. O cálculo não atribui pesos diferenciados aos parâmetros

ambientais, mas a predominância de variáveis relacionada à temperatura e salinidade da

água certamente aumentou sua importância em relação aos demais parâmetros

(FERNANDES et al. 2007).

O coeficiente de similaridade é um dos parâmetros com maior peso, na atualidade, nos

modelos de análises de risco utilizados. O maior problema é a pequena quantidade de

portos mundiais que possuem os parâmetros. Esse fato cria a necessidade de usar-se o

artifício de extrapolar os dados de um porto próximo e da mesma biorregião para o porto

que não tem os dados disponíveis. Esse procedimento nem sempre é possível, ou pode

gerar erros expressivos pelos seguintes motivos:

• Não existe porto com coeficiente de similaridade dentro da mesma biorregião, o

que obriga o uso de coeficiente de um porto da biorregião mais próxima.

• Mesmo que exista um porto da mesma biorregião, não é possível extrapolar o

coeficiente, pois os parâmetros são muito diferentes.

5

O coeficiente de similaridade, por ser um dos dados com grande peso nas avaliações de

risco, pode gerar um grande erro de interpretação, como exemplo: um porto doador de

água de lastro e um receptador, o coeficiente de similaridade entre eles é baixo o que

levaria a interpretar o dado como um lastro de menor risco, entretanto, as espécies da

biota do porto doador possuem um alto grau de competitividade e adaptabilidade o que

poderia ocasionar que o coeficiente de similaridade tivesse seu peso diminuído na

análise de risco podendo, inclusive, ter o valor nulo e o que realmente importaria seria o

grau de adaptabilidade das espécies.

O Porto de São Francisco do Sul não possui o seu coeficiente de similaridade, portanto,

será utilizado o coeficiente do Porto de Itajaí por ser o mais próximo e da mesma

biorregião.

10.2.6 Troca Oceânica

5 A exemplo, o porto de Tilbury que é um porto tipicamente fluvial (localiza-se no rio Tamisa próximo a Londres) e os portos ingleses, que possuem coeficiente, são todos costeiros ou marítimos.

(11)

A troca oceânica, segundo a Resolução A868(20) da IMO (BRASIL, 1998), é a troca de

lastro realizada a, pelo menos, 200 milhas de distância do ponto de terra mais próximo e

a uma profundidade mínima de 200m, em caso de não haver possibilidade da realização

da troca oceânica (condição climática ou de segurança), a troca deve ser realizada o mais

distante possível da terra e nunca a distância inferior a 50 milhas e profundidade de

200m.

A troca oceânica não é a solução final para o problema da bioinvasão, mas é um

procedimento que reduz em mais de 90% sua probabilidade de ocorrer (quando

executado corretamente), o problema é que aproximadamente 5% da água original

permanece nos tanques além dos cistos e células de resistência que permanecem no

sedimento (FERNANDES et al. 2007). Até o momento, a Troca Oceânica é a única medida

passível de aplicação nas embarcações, vários outros processos estão em estudos para

comprovar sua eficiência e viabilidade de implantação. Muitas embarcações já possuem

sistemas de tratamento do lastro, mas sua eficiência ainda esta sendo estudada.

Geralmente, o volume da troca oceânica era reduzido, pois os comandantes e armadores

alegavam problemas de segurança em sua execução. A operação de troca de lastro

realizada, conforme o Método Brasileiro de Diluição (SOBENA, 1999) não apresenta esses

riscos de segurança e sua implantação é rápida e barata, quando comparada a outros

métodos. No entanto os armadores alegam que não irão implantar um método que pode

vir a ser declarado inadequado e substituído por outro em um curto espaço de tempo,

não justificando o investimento.

Essa tendência mudou muito depois da entrada em vigor da NORMAM20, as declarações

de troca oceânica passaram dos 50% das atracações realizadas, apesar de que,

conforme estudos realizados em outros portos, a informação apresentada era

questionável.

Convencionou-se considerar como sem troca oceânica todo o navio que possuir mais de

25% dos seus tanques sem troca, exemplificando: um navio declara ter 26 tanques a

bordo e que 18 deles se encontram com lastro, destes 12 possuem troca oceânica e 6

não; para esse tipo de estudo ele é considerado como SEM TROCA OCEANICA.

(12)

A origem da água de lastro comumente é o dado com maior dificuldade de ser obtido.

Isso se deve, basicamente, ao fato de que nos formulários IMO é alegada a não

realização da operação de lastro/deslastro. Entretanto, visando a segurança operacional

e manobrabilidade da embarcação, se for necessário fazer a realização de

lastro/deslastro enquanto ocorre a movimentação de cargas, a mesma acaba não

constando nos formulários. Mesmo nos casos dos formulários IMO com deslastre

declarado, existem dúvidas estas dúvidas.

Já no caso do deslastro estimado, a origem do lastro foi considerada como a do último

porto visitado, que é o único dado que está disponível quando não são preenchidas as

origens do lastro por tanque. Esse artifício foi utilizado tanto no Programa internacional,

o GloBallast (GLOBALLAST, 2004), quanto para o estudo de referência no Porto de

Paranaguá (FERNANDES et al., 2007). Esse procedimento nos dá um porto de origem,

mas não garante que a água de lastro a bordo tenha a origem determinada. O navio da

classe container, de navegação de longo curso, pode ser considerado como portador de

água de várias origens em simulatâneo. Este tipo de embarcação possui certa rota e

opera em todos os portos que tenham mercadorias a serem transportadas dentro do seu

itinerário, isso significa que um único navio pode ter a bordo água de lastro com origem

nas mais diversas regiões do globo.

Os problemas de informações questionáveis, bem como de informações ausentes,

continuam sendo verificadas nos formulários digitais obtidos do PSP.

10.2.8 Amostragem de Lastro

Em cada coleta devem ser retiradas duas amostras, uma para análise zooplanctônica e

uma para análise fitoplanctônica. Com a elipse do tanque de lastro aberta, é inserida

uma bomba hidráulica submersível, marca RULE ®, modelo 500GPM, acoplada a um

cabo elétrico anti-chamas de 9m, conectado a uma bateria automotiva de 12v e 45A.

Para a coleta da amostra de fitoplâncton é acoplada na boca de saída da bomba

submersa uma garrafa filtradora (estrutura em PVC com uma “janela” coberta por rede

de malha de 20µ) e a bomba é acionada por 3min, perfazendo um volume de filtragem

de 90 litros da pagua no tanque; após isso a garrafa filtradora é “lavada” com um pisetti

(contendo água do próprio tanque amostrado) sobre um funil que leva o concentrado

para um frasco de amostragem de 200ml contendo formol a 2% para preservação da

amostra. Para a amostragem de zooplâncton, é repetido o mesmo processo sendo que a

(13)

garrafa filtradora possui rede de malha de 80µ, e a bomba é acionada por 10 min,

perfazendo um volume de filtragem de 300 litros, sendo que o frasco de amostra possui

formol a 4%. Também é coletado um frasco com 200ml da água do tanque para a

determinação da salinidade.

Para o Porto de São Francisco do Sul esta prevista a amostragem de uma (01)

embarcação por mês, ou seja, uma amostra de fitoplâncton e uma amostra de

zooplâncton, da mesma embarcação.

10.3 Resultados E Discussões

Esse relatório se refere a um período amostral de seis meses, apresentando as

informações levantadas entre setembro de 2019 a fevereiro de 2020 para o Porto de São

Francisco do Sul. O programa de água de lastro do Porto de São Francisco do Sul se

encontra completamente em vigor, osos dados utilizados correspondem a 115 atracações

dos 115 formulário recebidos no prazo abrangido por este programa.

10.3.1 Dados

Foram obtidos 115 formulários que, quando cruzados os dados com os dados de

carga/descarga do Porto de São Francisco do Sul, resultou que todos puderam ser

utilizados para a presente análise, ou seja, havia correspondencia entre dados de

movimentação de lastro e movimentação portuária Tabela 82.

Tabela 82. Análise dos formulários de água de lastro

FORMULÁRIOS

UNIDADES

%

TOTAL ANALISADO

115

100

TOTAL COM DESLASTRO

RELATADO

26

22,61

TOTAL COM DESLASTRO

ESTIMADO

43

37,39

TOTAL COM LASTRO ESTIMADO

72

62,61

A análise de movimentação de carga das atracações estudadas demonstra que o Porto de

São Francisco do Sul é um RECEPTADOR de água de lastro (Tabela 83) já que mais de

65% de sua movimentação é destinada a exportação. Ou seja, as embarcações operadas

neste terminal, em sua maioria, recebem cargas a serem destinadas para outros portos e

(14)

terminais e, desta forma, com o aumento do peso nas embarcações, assume-se que

estas embarcações expulsem água de seus tanques de lastro visando a garantia da

segurança operacional e manobrabilidade da embarcação.

Tabela 83. Movimentação de carga e descarga.

PORTO DE SÃO FRANCISCO

TONELADAS

%

IMPORTAÇÃO

1.281.988,18

34,70

EXPORTAÇÃO

2.412.217,71

65,30

TOTAL MOVIMENTAÇÃO

CARGA

3.694.205,89

100

A movimentação de carga acima refre-se somente as 115 atracações analisadas no

período de setembro de 2019 a fevereiro de 2020, não representando a movimentação

total do Complexo Portuário para o mesmo período.

10.3.2 Troca Oceanica

Depois da entrada em vigor da NORMAM20 (2006) o número de troca oceânica relatada

saltou de aproximadamente 10%, para mais de 60% das atracações realizadas. Estudos

realizados em outros portos (Itajaí, Navegantes e TCP) demonstram que 75 a 80%

desses relatos não se confirmam quando é realizada a análise de amostras de lastro. Os

resultados obtidos dos 115 formularios analisados encontra-se na Tabela 84.

Tabela 84.resultados da troca oceânica.

TROCA OCEÂNICA

UNIDADES

%

COM TROCA RELATADA

93

81

SEM TROCA RELATADA

22

19

TOTAL

115

100

No caso do Porto de São Francisco do Sul, há uma grande quantidade de atracações onde

a embarcação chegou com carga total e, portanto, sem lastro a bordo. Nesses casos foi

considerado como “com troca relatada”.

(15)

É o deslastro que se encontra declarado no formulário IMO, disponibilizados no sistema

Porto Sem Papel. Nos 115 formularios estudados, 26 deles declarou deslastro no Porto de

São Francisco do Sul. Na Tabela 82 verifica-se que os formulários com deslastre

declarados perfazem 22,61%.

Observa-se uma peculiaridade nas atracações de São Francisco do Sul, as embarcações

que operam neste terminal em sua grande maioria realiza uma única operação (carga ou

descarga), sendo um número muito reduzido delas que realiza as duas operações. Um

comparativo entre os volumes de deslatro/lastro estimado encontra-se na Tabela 85.

Tabela 85. Comparativo entre os volumes de lastro/deslastro.

DADOS ÁGUA DE LASTRO

VOLUME M³

%

DESALASTRO POTENCIAL

982.778,41

100

DESLASTRO RELATADO

390.336,12

39,72

DESLASTRO ESTIMADO

719.847,05

73,25

LASTRO ESTIMADO

380.778,19

38,75

10.3.4 Dados de Classe de Embarcações

Enquanto muitos portos ou terminais são especializados em um único tipo de carga, o

Porto de São Francisco do Sul se caracteriza por operar cargas váriadas, o que

percebe-se pela quantidade de claspercebe-ses de embarcações que atracam em suas dependências. Os

resultados encontram-se na Tabela 86.

Tabela 86. Dados de Classe de Embarcações.

CLASSE DE EMBARCAÇÃO

UNIDADES

%

CARGA GERAL

28

24,35

GRANELEIRO

85

73,91

QUIMICO

2

1,74

TOTAL

115

100

10.4 Análise do Nível de Risco

Conforme descrito no item metodologia, a análise de risco é realizada baseada em dados

de volumes de deslastro anuais, conforme o Método Caron de Análise de Risco. Esta

premissa tem por objetivo evitar a introdução de erros à análise em função da

extrapolação das informações para períodos futuros, diferentes aos analisados; assim

(16)

significativas quanto a influência da origem do lastro para a análise de risco do terminal,

fazendo com que a maioria das origens tenham um resultado de risco ALTO.

A exemplo conceitual, a operação de linhas temporalmente restritas (sazonais), ou que

tornam-se mais frequentes em um período do ano, quando extrapoladas ou reinseridas à

análise, resultam no entendimento de que estas linhas são frequentes ao longo de todo o

ano, em uma magnitude também ampliada e, desta forma, o possível risco desta origem

será potencializado na análise.

Outro fato que altera os dados a serem extrapolados é o destino e origem da carga, a

exemplo do que ocorre usualmente com terminais brasileiros de exportação de carnes

congeladas para a Russia, tendo como destino o Porto de São Petesburgo. Este porto,

devido as características climáticas rigorosas de inverno na região, permanece fechado

para desembarque durante 5 a 6 meses por ano, desta forma, se utilizados os dados de

meses onde houveram movimentação de lastro e extrapolarmos para um ano, teremos o

dobro da movimentação real do lastro de uma origem.

Assim, considerando que os resultados do Programa de Controle das Águas de Lastro no

âmbito do Plano Básico Ambiental – PBA do Porto de São Francisco do Sul, são realizadas

semestralmente, e que o Relatório Consolidado elaborado parao mês de agosto de 2019

apresentou as análises de risco referente ao período de setembro de 2018 a agosto de

2019, a atualização da análise de risco deverá ser apresentada no Relatório Consolidado

2020/2, que irá acrescentar à esta análise os dados gerados no perído entre março de

2020 a agosto de 2020, contemplando assim mais um ciclo anual (setembro de 2019 a

agosto de 2020).

Entretanto, para gerenciamento e análises de risco das origens de lastro das

embarcações que operam no terminal, deve ser considerada a última análise realizada

até a sua atualização de frequência anual, ou seja, deve ser utilizada para fins de gestão

a análise realizada para o período de setemebro de 2018 a agosto de 2019 (Tabela 87).

Tabela 87. Resultado da análise de risco de cada origem de lastro (setembro de 2018 a agosto de 2019).

DESLASTRO COEFICIENTE TOTAL NÍVEL

PORTO DE ORIGEM ESTIMADO PONTOS SIMILARIDADE PONTOS PONTOS DE RISCO

DURBAN - AFR. DO SUL

21.508,08 2 0,622 2 4,00 ALTO GANGAVARAN - INDIA 20.783,72 2 0,492 1 3,00 ALTO HALDIA - INDIA 40.519,82 2 0,492 1 3,00 ALTO

(17)

HOUSTON - USA 4.312,62 1 0,612 2 3,00 ALTO IMBITUBA 1.152,52 0,5 0,657 2 2,50 ALTO ITAGUAI - BR 39.055,96 2 0,572 1 3,00 ALTO KRISHNAPATNAM - INDIA 19.516,32 2 0,448 1 3,00 ALTO MARMUGÃO - INDIA 20.254,18 2 0,502 1 3,00 ALTO OCEANICA 995.006,91 2 0,005 0,5 2,50 ALTO PARANAGUÁ 19.657,10 2 0,657 2 4,00 ALTO

PORT ELIZABETH - AFR. SUL

39.907,46 2 0,489 1 3,00 ALTO

PORT KELANG - MALÁSIA

17.400,00 2 0,443 1 3,00 ALTO

PORT LOUIS - I. MAURICIO

21.780,00 2 0,622 2 4,00 ALTO PORTOCEL 4.111,82 1 0,630 2 3,00 ALTO PRAIA MOLE 40.482,40 2 0,505 1 3,00 ALTO

PUERTO MADRIN - ARGENTINA

7.649,81 2 0,624 2 4,00 ALTO RECIFE 2.254,52 1 0,448 1 2,00 MÉDIO RIO DE JANEIRO 20.539,67 2 0,608 2 4,00 ALTO RIO GRANDE 20.728,22 2 0,531 1 3,00 ALTO SANTOS 15.652,34 2 0,606 2 4,00 ALTO TIANJIN - CHINA 19.843,94 2 0,426 1 3,00 ALTO

UMM QASR - IRAQUE

19.725,85 2 0,288 0,5 2,50 ALTO VAZIO 165.799,58 2 ????? 2 4,00 ?????? VISHAKHAPATNAN - INDIA 19.085,98 2 0,440 1 3,00 ALTO XINSHA - CHINA 20.370,60 2 0,433 1 3,00 ALTO

Na tabela acima foi mantido como Origem do lastro a origem oceânica, com seu

respectivo nivel de risco, mas sem receber a cor devida pois, em teoria, não devem

apresentar nenhum risco de bioinvasão. Isso é correto em teoria, a origem Oceânica

apresenta serias duvidas como veremos no próximo item.

Também temos o caso da origem VAZIO, onde naquele momento o navio declarou que

não possuía lastro a bordo mas realizou operação de carga variando de 3 a 68 mil

toneladas, isso significa que, ou o navio delastrou antes da atracação (enquanto

aguardava a atracação na área de espera) ou o dado VAZIO no formulário esta incorreta

(havendo casos onde o navio entrega o mesmo formulário já entregue no porto anterior,

atualizando o campo dos dados do porto de chegada e data, não atualizando os dados de

(18)

lastro nos tanques). O grande volume de deslastro estimado tendo como origem Vazio

torna este dado muito preocupante, por esse motivo ele recebeu a cor

VERMELHA

.

A grande quantidade de origem com risco alto já era esperado, devido aos grande

volumes de deslastro estimado.

10.5 Análise das Amostras

Conforme descrito no item metodologia, a frequência de amostragem de água de lastro a

bordo das embarcações operadas no Porto de São Francisco do Sul foi estabelecida como

uma por mês, assim, considerando os seis meses avaliados, compreendidos entre

setembro de 2019 e fevereiro de 2020, esperava-se a realização de seis coletas.

Entretanto, devido a dificuldade em reiniciar as atividades junto aos operadores

portuários e Porto de São Francisco do Sul, o número de amostra não foi atingido, tendo

ocorrido a coleta de quatro (04) amostras para o período.

É importante salientar que, apesar de o Brasil ter ratificado a convenção da IMO, a

mesma não se encontra integralmente em vigor e, tampouco, existem meios legais que

estabeleçam a obrigatoriedade da colaboração das empresas para os programas de

gestão e controle das águas de lastro. Portanto, segundo as leis internacionais de que o

Brasil é signatário, o navio é um território estrangeiro pertencente a sua bandeira; nesse

momento toda coleta de amostra é entendida como uma cortesia do armador/operador

da embarcação e de seu capitão.

A Tabela 88 apresenta as coletas realizadas no período de setembro de 2019 a fevereiro

de 2020, onde constam: a data da coleta, a origem do lastro, a data da última operação

de lastro realizada no tanque amostrado e a salinidade da mesma.

Tabela 88. Dados das amostras realizadas.

AMOSTRA NAVIO DATA ORIGEM DATA SALINID.

#1/2019 BRAVERY 26/09/2019 OCEÂNICA 29/08/2018 39 #2/2019

#3/2019 CRYNSON ARK* 16/12/2019 OCEÂNICA 04/12/2019 39 #4/2019 PRABHU SHAKTI** 20/12/2019 INDIA 12/11/2019 28 #1/2020

(19)

As embarcações referene as amostras #3/2019 e #4/2019 relataram que o tanque

analisado passou por sistemas de tratamento de lastro. Ainda, a embarcação referente a

amostra #4/2019 foi a única declarada como costeira, se referenciando ao Porto de

Gangavaran, na India.

10.6 Considerações Finais

Considerando as movimentações de carga e os volumes de deslastro/lastro analisados

para o período de setembro de 2019 a fevereiro de 2020, podemos caracterizar o Porto

de São Francisco do Sul como um porto RECEPTADOR de lastro para este período de

análise.

A realização dos cálculos para análise de risco para este terminal considerou o coeficiente

de similaridade do Porto de Itajaí, visto que não existe essa informação para o Porto em

análise. O uso deste artifício, extrapaloção, é permitido tendo em vista que ambos os

portos encontram-se na mesma biorregião. Adicionado a isso, a operação de

embarcações multipropósitos no terminal foi considerada para a realização do Programa

de Monitroamento de Águas de Lastro, visto que o controle de lastro e deslastro de cada

embarcação é diferenciado em função do seu projeto construtivo, o que é ponderado na

análise de risco.

Conforme relatado, nota-se que em portos sul-americanos da costa Atlântica é

comumente observada a mesma tendência de que as origens, quase sempre, sejam

classificadas como de risco ALTO. Este fato deve-se principalmente a similaridade entre

os ambientes, que quase sempre apresentam parâmetros climáticos equivalentes ou que

se assemelham dentro da variabilidade de suas amplitudes, a exemplo da temperatura.

Essa semelhança, que justifica o nível de risco alto, atribui às potenciais espécies

exóticas um ambiente favorável para sua fixação, sendo, a partir disso, uma espécis

invasora ao novo ecossistema.

Desta forma, atenção especial deve ser dada a contribuição das origem classificadas

como de risco alto, devendo sempre manter o monitoramento microbiológico atuante

principalmente nestas embarcações.

Ainda, tendo em consideração de que a Convenção Internacional da IMO ainda não está

integralmente implementada no Brasil, o Porto de São Francisco do Sul desempenha um

papel fundamental no compromisso com a conservação ambiental, estando adiantado

(20)

frente a outros terminais brasileiros no âmbito do controle e gestão das águas de lastro

de embarcações que operam em território nacional.

Por fim, deve-se atentar que os problemas de informações questionáveis, bem como de

informações ausentes, continuam sendo verificadas nos formulários digitais obtidos do

PSP.

(21)

10.7 Subprograma de Monitoramento Biológico da água de lastro do Porto de

São Francisco do Sul/SC.

10.7.1 Introdução

No litoral de Santa Catarina encontram-se estabelecidos três portos públicos marítimos

(Itajaí, São Francisco do Sul, Imbituba), que juntos movimentam cerca de 20 milhoes de

toneladas em 2019 (ANTAQ, 2020). O Porto de São Francisco do Sul (PSFS) tem um

canal de acesso de 9,3 milhas de extensão, 150 metros de largura e 13 metros de

calado, com 5 berços de atracação, atendendo principalmente granéis sólidos, líquidos e

carga geral.

Para os navios navegarem com segurança, se faz necessário o preenchimento de seus

tanques de lastro com água, visando manter um calado apropriado para garantir a

estabilidade da embarcação durante sua viagem, assim quando o navio recebe carga

num porto, precisa descarregar parte ou toda sua água de lastro para compensar o peso

da carga. Deste modo, espécies contidas na água de lastro tomada a bordo em um

determinado local, podem ser descarregadas nas águas de uma outra região, causando

alterações na fauna e flora marinha (LEAL NETO, 2007).

A Organização Marítima Internacional (IMO), instituição responsável pela gestão e

controle do transporte marítimo no mundo, recomenda a troca oceânica da água de

lastro, sendo este procedimento o único atualmente disponível para reduzir o risco

epidemiológico e ambiental dos deslastramentos, uma vez que estas águas podem ter

organismos patogênicos e exóticos (SERAFIN & HENKES, 2013), no qual podem ter

consequências econômicas, industriais, ecológicas e à saúde humana (Pereira & Brinati,

2008 apud PEREIRA, 2012).

O presente monitoramento tem como objetivo realizar uma análise sobre os

procedimentos de lastro e deslastro realizados por navios que atracam no Porto de São

Francisco do Sul (SC) para, assim, verificar quali-quantitativamente a biota aquática (fito

e zooplâcton) presentes na água de lastro dos navios.

10.7.2 Metodologia

Foram amostrados e analisados quatro (04) navios aleatórios no Porto de São Francisco

do Sul/SC entre o período de setembro de 2019 a fevereiro de 2020 e, em cada tanque

(22)

de água de lastro, foram retiradas três amostras, uma para análise do zooplâncton, um

para análise fitoplâncton, e uma para análise de salinidade. Para a amostragem foi

utilizada uma bomba submersa da marca RULE

®

, modelo 500GPM, acoplada a um cabo

elétrico anti chamas de 9 m conectado a uma bateria automotiva de 12v e 45A, inserindo

na elipse do tanque de água de lastro.

Para a coleta da amostra de fitoplâncton, foi acoplada a boca de saída da bomba

submersa uma garrafa filtradora (garrafa plástica com uma “janela” coberta por rede de

malha de 20 µm) sendo a bomba acionada por cerca de 3 minutos, perfazendo 52 litros.

Após este procedimento, a garrafa filtradora é “lavada” com um pisetti (contendo água

do próprio tanque amostrado) sobre um funil que leva o concentrado para um frasco de

amostragem de 500 ml, contendo formol a 2% para preservação da amostra.

Para a amostragem de zooplâncton foi repetido o mesmo processo, sendo que a garrafa

filtradora possui rede de malha de 80 µm, onde a bomba é acionada por 10 minutos,

perfazendo um volume de 174 litros, tendo o frasco de amostra formol a 4%. Também

foi coletado um frasco com 500 ml da água do tanque para a determinação da salinidade.

A análise quantitativa do fitoplâncton foi realizada com base na contagem do número de

células por metro cúbico, sendo o volume total do frasco sedimentado e posteriormente

retirada uma alíquota da amostra sedimentada para realização da contagem.

A água de lastro das amostras de zooplâncton, foi analisada na integra, a fim de

quantificar e qualificar os organismos presentes na amostra. Utilizou o trabalho de

Björnberg (1981), para classificar os organismos ao menor nível taxonômico possível.

10.7.3 Resultados e Discussão

10.7.3.1

FITOPLÂNCTON

10.7.3.1.1

Ano 2019

Para as amostras analisadas para o segundo semestre de 2019, o navio Bravery

(26/09/2019) registrou a presença de duas classes, com 4 taxa, com baixas densidades,

no qual Coscinodiscus sp. registrou o maior valor com 2.692 cel/m³. Os navios CrimsoN

Ark (15/12/2020) e Prabhu Shakti (20/12/2020) não foram registrados organismos

(Tabela 89).

(23)

Tabela 89. Espécies de microalgas e densidade (cél/m³) para cada amostra de água de lastro coletadas em navios em operação no porto de São Francisco do Sul durante o ano de 2019.

20 µm 20 µm 20 µm

26/09/2019 15/12/2019 20/12/2019

BRAVERY CRIMSON ARK PRABHU SHAKTI

cel/m3 cel/m3 cel/m3

Classe Coscinodiscophyceae Coscinodiscus sp. 2.692 Classe Dinophyceae Neoceratium fusus 1.346 Neoceratium trichoceros 1.346 Phalacroma sp. 1.346 DENSIDADE TOTAL 6.731 0 0 Riqueza específica 4 0 0

10.7.3.1.2

Ano 2020

Para a primeira análise realizada no ano de 2020, navio Captain Diamontis (14/02/2020),

foram registrados a presença de Skeletonema sp., com 89.885 cel./m³ (Tabela 90), este

gênero ocorre em regiões costeiras e estuarinas.

Tabela 90. Espécies de microalgas e densidade (cél/m³) para cada amostra de água de lastro coletadas em navios em operação no porto de São Francisco do Sul durante o ano de 2020.

20 µm

14/02/2020

CAPTAIN DIAMONTIS

cel/m

3

Classe Coscinodiscophyceae

Skeletonema sp.

89.885

DENSIDADE TOTAL

89.885

Riqueza específica

1

10.7.3.2

ZOOPLÂNCTON

10.7.3.2.1

Ano 2019

Nas análises das amostras dos navios Bravery (26/09/2019), Crimson Ark (15/12/2020)

e Prabhu Shakti (20/12/2020) foram registradas a presença de Copepoda, porém com

baixas densidades, o gênero Acartia ocorreu no Bravery e Crimsom, a espécie Corycaeus

giebrechtino no Crimsom, e o gênero Oithona no Prabhu Slakti (Tabela 91). Estes taxa se

distribuem em regiões estuarinas e em áreas costeiras e oceânicas de Santa Catarina

(24)

Tabela 91. Espécies de zooplâncton (org./L) para cada amostra de água de lastro coletadas em navios em operação no porto de São Francisco do Sul durante o ano de 2019.

13/04/2019 28/04/2019 07/06/2019 30/07/2019 15/08/2019 APOLLON YASSA M. MEMMET BOLK PORTUGAL KARLOVASI NAIAS

org./L org./L org./L org./L org./L

Copepoda

Copepodito 0,02 0,01

Temora sp. 0,01

10.7.3.2.2

Ano 2020

Através de análises da comunidade do zooplâncton, de amostra de água de lastro do

navio Captain Diamontis, coletadas no dia 14/02/2020, foi registrado baixas densidades

de Copepodito e de Acartia sp., ambos com 0,011 org./L (Tabela 92)

Tabela 92. Espécies de zooplâncton (org./L) para cada amostra de água de lastro coletadas em navios em operação no porto de São Francisco do Sul durante o ano de 2020.

14/02/2020

CAPTAIN DIAMONTIS

org./L

Copepoda

Copepodito

0,011

Acartia sp.

0,011

10.7.4 Considerações

Nas análises de fitoplâncton não foram registrados organismos em nenhum navio, sendo

que, de modo geral, em regiões oceânicas é baixa a densidade desta comunidade. Já

para as análises de zooplâncton, apesar de ter encontrado diversos táxons e organismos

típicos de regiões costeiras (Copepoda e Cirripedia), as densidades registradas foram

baixas. Assim, levando em consideração os valores de salinidade, juntamente com as

análises da comunidade do plâncton, acredita-se que a troca de água de lastro ocorreu

em regiões mais oceânicas.

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