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MÁS OCLUSÕES X ALTERAÇÕES OROMIOFUNCIONAIS

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CEFAC

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA

MOTRICIDADE ORAL

MÁS OCLUSÕES

X

ALTERAÇÕES OROMIOFUNCIONAIS

RENATA VEIGA ANDERSEN CAVALCANTI

RIO DE JANEIRO

1999

(2)

CEFAC

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA

MOTRICIDADE ORAL

MÁS OCLUSÕES

X

ALTERAÇÕES OROMIOFUNCIONAIS

Monografia de conclusão do curso de especialização em Motricidade Oral Orientadora: Mirian Goldenberg

RENATA VEIGA ANDERSEN CAVALCANTI

RIO DE JANEIRO

1999

(3)

RESUMO

A proposta deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura, enfatizando a

importância da inter – relação entre a Fonoaudiologia e a Ortodontia.

Desta forma, procurou-se fornecer alguns conhecimentos básicos a respeito de

oclusão, para que posteriormente fossem classificadas as más oclusões e suas

possíveis etiologias. Os hábitos orais, mesmo sendo parte da etiologia, ganharam um

capítulo a parte, por se tratar de um assunto extenso.

Após estas discussões iniciais, foi possível correlacionar para cada má oclusão

alterações distintas da mastigação, deglutição, respiração e fonação. Desta forma foi

observado que as condutas, tanto por parte do fonoaudiólogo como do ortodontista

devem ser específicas para cada caso.

O objetivo deste trabalho foi mostrar aos profissionais da Fonoaudiologia e da

Ortodontia a importância de se estabelecer a relação entre forma e função no processo

de avaliação, para que se possa traçar um diagnóstico diferencial, cabendo a esses

profissionais analisarem as prioridades de tratamento: prioridades ortodônticas quando

a forma está interferindo na função; prioridades à mioterapia quando a função está

(4)

ABSTRACT

The proposition of this paper has been to carry out a revision of the literature,

emphasizing the importance of the interrelation between Speech Therapy and

Orthodontics.

Thus, it was sougth to provide some basic knowledge about occlusion, so that

subsequently bad occlusions and their possible etiologies might be classified. Oral

habits, even being a part of the etiology, have deserved a separate chapter, for being na

extensive subject.

After such initial discussions, it was possible to correlate distinct alterations of

mastication, deglution, respiration and phonation for each bad occlusion. This way, it

was noticed that the conducts, both on the part of the speech therapist and of the

orthodontist, should be specific for each case.

The objective of this paper has been to show the professionals of Speech

Therapy and of Orthodontics the importance of establishing a relationship between form

and function in the assessment process, in order to be able to establish a differential

diagnosis, whereby it is incumbent upon such professionals to analyze the treatment

priorities: orthodontic priorities when the form is interfering in the function; myotherapy

(5)

Dedico este trabalho aos meus avós,

Zenith e Roberto, que muito contribuiram

para a minha formação profissional e

pessoal.

“ ..., conhecimentos específicos e compreensão

do indivíduo com quem vamos trabalhar não se

excluem, mas se completam, e um não

sobrevive sem o outro. “

(6)

SUMÁRIO

Introdução I Oclusão

1.1 Fases da oclusão

1.2 Oclusão normal

1.3 As seis chaves de oclusão

II Classificação das más oclusões

2.1 Classificação de Angle

2.2 Classificação de Lischer

2.3 Classificação de Simon

2.4 Classificação das más posições dos grupos de dentes

2.5 Classificação das más oclusões de acordo com sua origem etiológica

2.6 Síndromes das más oclusões

III Etiologia

3.1 Fatores extrínsecos (gerais)

3.2 Fatores intrínsecos (locais)

IV Hábitos orais

4.1 Deglutição atípica

4.2 Respiração bucal

4.3 Sucção digital

4.4 Onicofagia e bruxismo

4.5 Sucção e mordida do lábio

(7)

V Alterações Oromiofuncionais

5.1 Avaliação das alterações oromiofuncionais

5.1.1 Postura corporal e postura de cabeça

5.1.2 Postura de repouso dos lábios e da língua

5.1.3 Descrição da face 5.1.4 Mastigação 5.1.5 Deglutição 5.1.6 Respiração 5.1.7 Fonação Considerações finais Referências Bibliográficas

(8)

INTRODUÇÃO

Hoje, muito mais do que no passado, dá-se maior importância ao trabalho em

conjunto entre estas duas áreas: a Fonoaudiologia e a Ortodontia.

Na Fonoaudiologia, o encaminhamento para a Ortodontia ocorre quando se

observa que o paciente apresenta alterações morfológicas capazes de impedir ou

limitar a restabilização das funções estomatognáticas.

A Ortodontia procura diagnosticar e encaminhar seus pacientes para uma

avaliação Fonoaudiológica, pois acredita-se que funções inadequadas possam interferir

tratamento ortodôntico.

Uma vez feita a avaliação, ter-se-á um diagnóstico diferencial, cabendo aos

profissionais envolvidos, analisar as prioridades de tratamento para cada caso.

Prioridades ortodônticas, quando o paciente não apresentar meio bucal favorável

para a reabilitação das funções, ou seja, a forma está interferindo na função; prioridade

à mioterapia, quando as funções estão interferindo na forma; e, em muitos casos, dá-se

prioridade ao tratamento conjunto.

Muitos questionam se é a forma que determina a função ou, se é a função que

determina a forma. No entanto, para o diagnóstico em conjunto, o mais apropriado não

é priorizar forma ou função, e sim, levar em consideração como elas se relacionam.

O interesse por este tema, surgiu a partir da aguçada curiosidade e do desejo de

aprofundamento acerca desta relação tão estreita entre forma e função.

Como fonoaudióloga atuante na área de motricidade oral, lido diretamente com

esta questão.

Muitas vezes, as falhas nas terapias mioterápicas estão ligadas ao

desconhecimento de áreas correlatas, como a Ortodontia. Da mesma forma, ocorrem

recidivas em alguns tratamentos ortodônticos, por desconhecimento da área

(9)

O que fonoaudiólogos sabem sobre oclusão? Tipos de má oclusão? Suas

causas? Qual a relação com as alterações oromiofuncionais? Muitos desses temas são

aprendidos em cursos, em graduações, mas sempre são apresentados de forma

isolada, não existindo uma relação entre eles.

O querer saber que tipos de más oclusões existem, suas causas, os hábitos

orais, as alterações oromiofuncionais que podem ser conseqüências ou, até, causas

das más oclusões e avaliar a importância do Fonoaudiólogo e do Ortodontista

realizarem um trabalho em conjunto, para não dicotomizar forma e função, motivou-me

a realizar esse trabalho.

Este é o objetivo principal do meu trabalho: estabelecer a relação entre forma e

função, e, para tal, descreverei os diversos tipos de más oclusões, suas etiologias e as

alterações oromiofuncionais que podem estar a elas relacionadas.

O trabalho foi baseado em livros e artigos de autores conceituados, sendo assim

uma pesquisa teórica.

Através dele espero alcançar uma meta que o norteie: dar uma pequena

contribuição aos colegas fonoaudiólogos e ortodontistas, e que sirva como incentivo

para que essas áreas se unam cada vez mais, trabalhando cada vez melhor e andando

(10)

I OCLUSÃO

Para diagnosticar as más oclusões é preciso ter uma visão da oclusão normal,

quer na dentadura decídua, quer na permanente.

Etimologicamente o vocábulo oclusão significa fechar para cima (“oc” = para

cima, “cludere” = fechar ). Segundo Moyers (1991), Hanson (1995) e Ferreira (1996), o

conceito original refere-se a uma ação executada, literalmente a uma aproximação

anatômica, a uma descrição de como se encontram os dentes quando em contato.

Modernamente, o conceito de oclusão dental evoluiu de uma concepção

puramente estática de contato entre os dentes a uma conceituação dinâmica, incluindo

dentes e estruturas vizinhas, com especial ênfase à dinâmica do aparelho mastigador.

1.1) Fases da oclusão

Dependendo da posição de contato ou afastamento dos dentes, da contração ou

relaxamento dos músculos mastigadores e da movimentação ou imobilização da

mandíbula, chega-se às diferentes fases da oclusão, recebendo, cada uma delas,

denominação própria, descritas por Ferreira (1996):

- Inoclusão fisiológica estática

Corresponde a uma posição fisiológica da mandíbula na qual ela está sem

movimentação e afastada de dois a três milímetros do maxilar, dependente da

contração muscular (tono muscular) necessária para resistir à ação da gravidade.

- Inoclusão dinâmica

Corresponde às várias posições da mandíbula em movimento, sem contudo

tomar contato dental. São numerosas e variadas estas posições, não apresentando o

caráter de constância da inoclusão fisiológica estática.

(11)

A posição oclusal, ou oclusão propriamente dita, se estabelece quando, a partir

da inoclusão, a mandíbula se move para colocar em contato os dentes de ambos os

maxilares, havendo, pois, contração muscular.

- Oclusão central

Partindo-se de uma inoclusão fisiológica estática, para uma posição de contato

dental, sem desvios laterais da linha mediana da mandíbula com respeito ao plano

sagital, obtém-se uma fase da oclusão dita oclusão central .

A oclusão central pode ser definida como a posição determinada pela máxima e

melhor intercuspidação dental, estando a mandíbula em atitude estática.

A partir da chamada relação central , definida como a posição mais retruída da

mandíbula, desde a qual pode-se efetuar, confortavelmente, todos os movimentos das

lateralidade e abertura da boca, obtém-se a oclusão central.

1.2) Oclusão normal

Oclusão dentária normal, segundo Lino (1994), pode ser definida como um

sistema morfo-funcional constituído pelos órgãos dentários em relação correta nos

aspectos proximais e antagônicos, em harmonia arquitetônica com os ossos basais da

face e do crânio e em equilíbrio com os órgãos e tecidos circundantes.

Por um sistema morfo-funcional, entende-se um conjunto de elementos

morfológicos que são os dentes, os ossos, os músculos, as inervações e as múltiplas

funções pertinentes. Quando se cita órgão dentário está entendido o dente, os

ligamentos e o osso alveolar. Em relação correta nos aspectos proximais, significa que

todos os dentes de um mesmo arco estão em contato perfeito com os elementos

vizinhos. Nos aspectos antagônicos, significa que os contatos funcionais na deglutição

e na mastigação ocorrem de forma perfeita. Em harmonia arquitetônica com os ossos

basais, quer dizer que os dentes exibem inclinações axiais perfeitas em relação às

respectivas bases apicais e para isto, as mesmas deverão estar bem relacionadas entre

si, bem como os demais ossos da face e por extensão com os do crânio, especialmente

(12)

que as posições adequadas dos órgãos componentes do aparelho mastigador são

observadas.

Lino (1994) destaca que estas condições de oclusão dentária normal devem ser

observadas na dentadura decídua e na permanente. Nas fases que antecedem a

dentadura decídua e a dentição mista, há uma indefinição da oclusão.

Aceita-se que a oclusão dentária normal é um caráter hereditário dominante.

Entretanto, são inúmeros os fatores que interferem como guias orientadores para

que a oclusão dentária se estabeleça corretamente. Pode-se dizer que para cada fator

positivo orientador há um negativo desorganizador, isto é, se em dado momento as

regras de normalidade não forem observadas, desvios poderão ocorrer.

Filosoficamente pode-se afirmar que se tudo ocorrer dentro de um plano

arquitetônico pré-concebido, o final será a oclusão ideal.

Ferreira (1996), parte da premissa de que “normal é o mais usual”, e observa

que a oclusão normal individual não coincide com a oclusão ideal. A oclusão ideal, no

homem, é hipotética.

A oclusão normal individual é definida por Ferreira (1996), como vinte e oito

dentes corretamente ordenados no arco e em harmonia com todas as forças estáticas e

dinâmicas que sobre eles atuam; ou antes, a oclusão normal é uma oclusão estável, sã

e esteticamente atrativa.

1.3) As seis chaves de oclusão

Na literatura encontram-se as seis chaves de oclusão propostas por Angle e

por Andrews, que são os fundamentos básicos de uma oclusão satisfatória do ponto de

vista estático e dinâmico. Constitui-se em um norte ou guia para se obter a oclusão

ideal.

As seis chaves, descritas por Moyers (1991), Lino (1994) e Ferreira (1996), são:

Chave 1 - Relação molar

Basicamente diz respeito à relação entre os primeiros molares permanentes. O

(13)

sulco mésio-vestibular do primeiro molar permanente inferior, mas com uma inclinação

tal, que as vertentes distais das cúspides disto-vestibular e disto-lingual estabelecem

contato com as vertentes mesiais das cúspides mésio-vestibular e mésio lingual do

segundo molar inferior.

Chave 2 - Angulação mésio - distal dos dentes

Para todos os dentes, os bordos cervicais ficam a distal do bordo oclusal com

variações individuais para cada dente.

Chave 3 - Inclinação vestíbulo - lingual dos dentes

Os incisivos exibem inclinação vestibular, os caninos são neutros sem inclinação

vestibular ou lingual e os posteriores, a partir dos primeiros pré-molares, exibem

progressivamente inclinações linguais.

Chave 4 - Áreas de contato interproximal rígidas

Devem existir contatos proximais entre todos os dentes. Progressivamente estes

pontos devem sofrer desgaste fisiológico, passando gradativamente a facetas.

Em virtude da disposição em arco dos dentes, eles se contatam através das

faces proximais. Deste modo, se estabelece uma relação entre a face distal de um

dente com a mesial do que lhe segue, fazendo exceção os incisivos, que se tocam

pelas faces mesiais, e os últimos molares, que têm suas faces distais livres. Devido aos

movimentos fisiológicos dos dentes, surgem áreas de contato, como verdadeiras

entidades anátomo-fisiopatológicas que garantem a integridade do periodonto.

Chave 5 - Ausência de rotações dentais

Na oclusão normal os dentes não exibem rotações, estando implantados de

forma a proporcionar a melhor intercuspidação. Em geral, no arco dentário parabólico,

as linhas que contém o maior diâmetro vestíbulo-lingual de todos os dentes convergem

para um ponto da linha mediana, com pequena variação.

Os dentes alinham-se em forma de arco superior e inferior, tocando seus

vizinhos através de seu ponto de contato. Em uma visão oclusal, os sulcos principais

(14)

curva, de modo a haver perfeito engrenamento dos dentes superiores e inferiores,

quando em oclusão central.

Chave 6 - Curva de Spee

Observa-se nos arcos dentais, quando vistos por vestibular, que as superfícies

oclusais não se adaptam a uma área plana e sim, ligeiramente curva-côncava nos

dentes inferiores e convexa nos superiores.

A curva de compensação, também conhecida como curva de Balkwill-Spee,

curva de Spee ou linha de Spee, corresponde à linha que une o ápice das cúspides

vestibulares dos dentes superiores, tendo seu ponto mais baixo (ponto inferior) em

correspondência com a cúspide mésio - vestibular do primeiro molar permanente. Em

virtude da direção dos eixos dentais ser praticamente perpendicular a um plano que

toca as bordas incisais e oclusais dos dentes decíduos, estes não formam curva de

(15)

II CLASSIFICAÇÃO DAS MÁS OCLUSÕES

Para Petrelli (1992), classificar significa distribuir em classes e nos grupos

respectivos de acordo com um método ou sistema de classificação.

O sistema de classificação é o agrupamento de certos sinais e sintomas das más

oclusões típicas, produzindo síndromes ou classes, cuja identificação e classificação

são úteis.

Segundo Moyers (1991) , as classificações são feitas por razões tradicionais,

para facilidade de referência, para fins de comparação e para facilitar a comunicação

pessoal.

2.1) Classificação de Angle

É a classificação mais utilizada das más oclusões, concordam Moyers (1991),

Petrelli (1992), Lino (1994), Hanson (1995) e Martins & Ferreira (1996).

Segundo os mesmos autores, Angle pressupôs que o 1º molar permanente

ocupava uma posição estável no esqueleto crânio facial e que as desarmonias

decorriam de alterações ântero-posteriores da arcada inferior em relação a ele.

Dividiu as más-oclusões em três categorias básicas que se distinguem da

oclusão normal:

CLASSE I : estão incluídas neste grupo as más oclusões onde há relação

ântero-posterior normal entre os arcos superior e inferior, evidenciada pela “chave molar”.

Angle, de acordo com os autores pesquisados, denominou chave molar a

oclusão correta entre os molares permanentes superior e inferior, na qual a cúspide

mésio - vestibular do 1º molar superior oclui no sulco mésio - vestibular do 1º molar

inferior.

CLASSE II : são classificados como Classe II de Angle as más oclusões nas quais o 1º

(16)

Sua característica determinante é que o sulco mésio - vestibular do 1º molar

permanente inferior encontra-se distalizado em relação à cúspide mésio - vestibular do

1º molar superior.

As más oclusões da Classe II foram separadas em duas divisões: a divisão 1ª e

a divisão 2ª .

CLASSE II DIVISÃO 1ª : são situadas nesta divisão, as más oclusões de Classe II com

inclinação vestibular dos incisivos superiores.

Em alguns casos, a relação molar de Classe II ocorre em apenas um dos lados,

o que denomina-se de subdivisão.

CLASSE II DIVISÃO 2ª : esta classe engloba as más oclusões que apresentam relação

molar de Classe II sem sobressaliência dos incisivos superiores, estando eles

lingualizados ou verticalizados.

Quando a má oclusão de Classe II divisão 2ª apresenta relação molar de Classe

II somente de um dos lados, usa-se o termo subdivisão.

CLASSE III : são classificadas como Classe III, as más oclusões nas quais o 1º molar

permanente inferior, e, portanto, seu sulco mésio-vestibular, encontra-se mesializado

em relação à cúspide mésio-vestibular do 1º molar permanente superior.

Caso apenas um dos lados esteja em Classe III, emprega-se o termo subdivisão.

Os autores também concordam que existem limitações na classificação de

Angle, e estas são: o fato que o 1º molar superior permanente não é estável no

esqueleto craniofacial, como provaram estudos cefalométricos posteriores; baseia-se

somente no posicionamento dos dentes, deixando de elucidar os aspectos ósseos e

musculares, e considera apenas as alterações no sentido ântero-posterior não citando

as verticais ou transversais.

No sentido de suprir as eventuais falhas da classificação de Angle, serão

(17)

2.2) Classificação de Lischer

Esta é descrita por Moyers (1991), Petrelli (1992), Lino (1994) e Martins &

Ferreira (1996).

A nomenclatura de Lischer para descrever as malposições dos dentes individuais

é de uso geral. Ela simplesmente acrescenta o sufixo “versão” a uma palavra, indicando

a direção proveniente da posição normal:

Mesioversão - mesial à posição normal.

Distoversão - distal à posição normal.

Linguoversão - lingual à posição normal.

Labioversão ou bucoversão - na direção do lábio ou da bochecha.

Infraversão - abaixo da linha de oclusão.

Supraversão - acima da linha de oclusão.

Axiversão - inclinada; a inclinação axial incorreta.

Torsiversão - girada em seu longo eixo.

Transversão - ordem errada no arco; transposição.

Perversão - indica a impactação do dente, em geral, por falta de espaço no arco.

Além da classificação individual, utiliza a da relação anormal entre a maxila e a

mandíbula. Classifica como:

- Neutroclusão

Quando a relação ântero-posterior da maxila e mandíbula está em posição considerada

normal. É o equivalente à Classe I de Angle.

- Distoclusão

Quando a mandíbula encontra-se em posição distal em relação à maxila. Equipara-se à

Classe II de Angle.

- Mesioclusão

(18)

2.3) Classificação de Simon

Descrita por Moyers (1991) e Martins & Ferreira (1996).

Os arcos dentais no Sistema de Simon estão relacionados a três planos

antropológicos baseados em pontos craniométricos. Os planos são: o Frankfurt, o

orbital e o sagital médio.

- Relações ântero-posteriores (plano orbital)

Quando o arco dental, ou parte dele, está colocado mais anteriormente que o

normal, em relação ao plano orbital, diz-se que está em protrusão. Quando o arco, ou

parte dele, está colocado mais posteriormente que o normal em relação ao plano

orbital, diz-se que está em retração.

- Relações médio-laterais (plano sagital médio)

Quando o arco dental, ou parte dele, está mais próximo do plano sagital médio

do que o normal, diz-se que está em contração. Quando o arco ou parte dele,

está mais distanciado do plano sagital do que o normal, diz-se que está em distração.

- Relações verticais (plano de Frankfurt)

Quando o arco dental, ou parte dele, está mais próximo do plano de Frankfurt do

que o normal, diz-se que está em atração. Quando o arco, ou parte dele, está mais

distante do plano de Frankfurt do que o normal, diz-se que está em abstração.

O sistema descrito tem grande importância clínica, pois orienta os dentes ou

arcos dentais em relação ao esqueleto craniofacial, dando uma visão tridimensional da

má oclusão.

2.4) Classificação das más posições dos grupos de dentes

Moyers (1991), classifica da seguinte forma:

- Variações verticais dos grupos de dentes

Sobremordida profunda é o termo empregado quando há sobreposição vertical

excessiva dos incisivos. É difícil definir exatamente o que é sobreposição excessiva,

mas, quando o tecido mole do palato está sendo atingido ou a saída das estruturas de

(19)

Mordida aberta é o termo aplicado quando há ausência localizada de oclusão,

enquanto os dentes restantes estão em oclusão. A mordida aberta é vista mais

freqüentemente na parte anterior da boca, embora mordidas abertas posteriores

também sejam encontradas.

- Variações transversais dos grupos de dentes

Mordida cruzada é o termo usado para indicar uma relação bucolingual

(labiolingual) anormal dos dentes. A mordida cruzada mais comum é aquela vista

quando as cúspides bucais de alguns dos dentes maxilares posteriores ocluem

lingualmente com as cúspides bucais dos dentes inferiores. Quando um ou mais dentes

superiores estão em mordida cruzada, na direção da linha média, denomina-se mordida

cruzada lingual. Quando as cúspides linguais dos dentes posteriores superiores ocluem

completa e vestibularmente com as cúspides bucais dos dentes inferiores, denomina-se

mordida cruzada bucal.

2.5) Classificação das más oclusões de acordo com sua origem etiológica

O autor, Robert Moyers (1991), reconhece que a grande maioria das

deformidades decorre de alterações tanto nos dentes quanto no osso e na musculatura,

mas procura através deste sistema destacar o principal fator causal.

- Má oclusão de origem dental

Cabem neste grupo as más oclusões cuja principal alteração está nos dentes e

osso alveolar. Moyers inclui aqui as más posições dentais individuais e as anomalias de

forma, tamanho e número de dentes.

- Má oclusão de origem muscular

Este grupo inclui todos os problemas de mau funcionamento da musculatura

dentofacial. Qualquer alteração persistente na sincronia normal dos movimentos

mandibulares ou nas contrações musculares podem resultar em crescimento distorcido

(20)

- Má oclusão de origem óssea

Esta categoria inclui problemas do crescimento, tamanho, forma ou proporções

anormais de qualquer um dos ossos do complexo craniofacial. Quando qualquer osso

da face se desenvolve de modo pervertido, lento, rápido ou, por outro lado, assíncrono,

a aberração pode refletir-se num problema ortodôntico.

Embora todos os três tecidos normalmente estejam envolvidos em todas as

deformidades dentofaciais, um é dominante - a região tissular primária etiológica. É esta

que domina inteiramente o plano de tratamento final e o prognóstico.

2.6) Síndromes das más oclusões

O termo síndrome da má oclusão é utilizado por Moyers (1991), porém, Petrelli

(1992) e Martins & Ferreira (1996) também descrevem aspectos e características

encontradas nas más oclusões de Classes I, II e III descritas por Angle.

Síndrome da Classe I

As más oclusões de Classe I (neutroclusão) são caracterizadas por relações

esquelética e molar normais. O perfil esquelético é reto e, portanto, o problema

freqüentemente é de origem dental.

Os problemas oclusais, que podem ocorrer isoladamente ou combinados, são

normalmente devidos à presença de falta de espaço no arco dental (apinhamento),

excessos de espaço no arco (diastemas), más posições dentais individuais, mordida

aberta, mordida profunda ou sobremordida, cruzamento de mordida ou até mesmo

protrusão dental simultânea dos dentes superiores e inferiores (biprotrusão).

Os lábios e a língua têm maior probabilidade de funcionar dentro da normalidade

do que nas Classes II e III.

Síndrome da Classe II

A Classe II (distoclusão, oclusão pós-normal) é a má oclusão severa mais

freqüentemente encontrada. Ela é caracterizada por uma dentição mandibular “distal”

(21)

movimento para frente do arco dental superior e por um processo alveolar ou pela

combinação dos fatores esqueléticos e dentais.

Na Classe II, Divisão 1ª a sobressaliência é excessiva e a mordida é

provavelmente profunda. O perfil retrognático e a excessiva sobressaliência exigem que

os músculos faciais e a língua se adaptem a padrões anormais de contração.

Tipicamente, existe uma hiperatividade do músculo mentoniano, o qual se contrai

fortemente para elevar o orbicular dos lábios e efetuar o selamento labial.

Podemos observar, associada à Classe II divisão 1ª, a presença de:

- Mordida profunda: já que o contato oclusal dos incisivos está alterado pela

sobressaliência, estes tendem a extruir, aprofundando a mordida.

- Mordida aberta: presente nos pacientes que possuem hábitos inadequados,

seja devido à interposição de lábio, língua, sucção digital ou de chupeta.

- Problemas de espaço: falta ou excesso de espaço no arco.

- Cruzamentos de mordida: nos casos com sobressaliência, a língua tende a se

projetar para anterior durante as funções de deglutição e fonação, mantendo-se

assentada no assoalho bucal (ao invés de tocar o palato duro) durante o repouso. Este

desequilíbrio favorece a lingualização dos pré-molares e molares superiores, podendo

gerar mordidas cruzadas.

- Más posições dentais individuais.

A Classe II , Divisão 2ª é caracterizada por distoclusão, mordida profunda,

labioversão dos incisivos laterais superiores, e uma função labial mais normal. A Classe

II, Divisão 2ª esquelética facial não é, em geral, tão dramaticamente retrognática como

a Classe II, Divisão 1ª.

Síndrome da Classe III

A Classe III (mesioclusão, oclusão pré-normal) é caracterizada por prognatismo

mandibular e/ou por deficiência maxilar, uma relação molar Classe III, e os incisivos

inferiores estão labiais aos incisivos superiores. Mais freqüentemente, é uma displasia

(22)

Os cruzamentos de mordida anterior ou posterior são mais freqüentes.

Eventualmente encontra-se problemas de espaço (falta ou excesso), mordidas abertas

(23)

III ETIOLOGIA

Etimologicamente o termo etilogia origina-se do grego AITIA = causa e do latim

LOGOS = estudo

Etiologia, portanto, é o estudo, a investigação e o diagnóstico das causas de um

fenômeno. Em Ortodontia refere-se às causas das anomalias da oclusão dental.

Para Mercadante (1996a), o conhecimento da etiologia da má oclusão é

fundamental no trabalho ortodôntico, pois na maioria das vezes há necessidade de se

eliminar as causas para se corrigir as má oclusões. O binômio causa-efeito é mais do

que verdadeiro em Ortodontia.

Para interpretar e explicar as possíveis causas da má oclusão, desde o início do

século, várias classificações têm sido apresentadas.

A classificação de Graber, segundo Mercadante (1996a), é o sistema de

classificação de maior aceitação hoje em dia, e divide os fatores etiológicos em

intrínsecos e extrínsecos.

3.1) Fatores extrínsecos (gerais)

São os fatores agindo à distância, muitas vezes durante a formação do indivíduo

e que portanto são dificilmente controláveis pelo ortodontista, com exceção dos hábitos

bucais. Nestes casos, a contenção deve ser mais prolongada, muitas vezes chegando a

ser eterna.

Hereditariedade

Existe um determinante genético definido que afeta a morfologia dentofacial,

embora possam ser modificados pelo ambiente pré-natal. O padrão de crescimento e

desenvolvimento possui um forte componente hereditário.

a) Influência racial hereditária - nas populações puras quase não são

encontradas más oclusões, enquanto que nas populações com grande mistura de raças

a freqüência das discrepâncias no tamanho dos maxilares e os transtornos oclusais são

(24)

se tornando menores, havendo maior freqüência de terceiros molares inclusos e

ausências congenitais de certos dentes.

b) Tipo facial hereditário:

Braquicefálico ou cabeças largas e redondas

Dolicocefálico ou cabeças longas

Mesocefálico - uma forma intermediária

Esses tipos estão intimamente relacionados à forma e tamanho dos arcos

dentais.

c) Influência hereditária no padrão do crescimento e desenvolvimento:

A conseqüência do padrão morfogenético final está sob a influência da herança.

Uma criança que tem erupção tardia, seus irmãos também o têm.

Moléstias ou deformidades congênitas

Assim como os fatores hereditários, as moléstias ou deformidades congênitas

têm forte relação genética.

a) Lábios leporinos ou fendas palatais.

São deformidades de origem congênita resultantes da falta de coalescência dos

segmentos que formam os lábios e o palato. Quando ocorrem fendas palatinas,

permitindo a comunicação da boca com as fossas nasais, os transtornos funcionais são

mais graves e o prognóstico mais sombrio. A sucção torna-se impossível e a deglutição

bastante dificultada, sendo freqüente o refluxo de líquidos pelo nariz. As fossas nasais,

por manterem uma comunicação direta com a boca, encontram-se freqüentemente

inflamadas, originando corizas crônicas.

Esta má formação portanto, causa distúrbios esqueléticos, funcionais e

psicológicos com desajuste total do arco dental, dificuldade de mastigação, gengivites,

periodontites, perdas precoces de dentes permanentes, etc.

b) Paralisia cerebral - falta de coordenação muscular atribuída a uma lesão

intracraniana. Causa distúrbios na função muscular ao mastigar, deglutir, respirar e

(25)

c) Torcicolo - é a atrofia do músculo esternocleidomastóideo. Como

conseqüência, ocorrem assimetrias faciais decorrentes de alterações no

desenvolvimento mandibular. Observa-se também acentuado desvio da linha média

dental, e o tratamento deve ser feito o mais precoce possível para evitar que a má

oclusão torne-se incorrigível.

d) Disostose cleidocraniana - é um defeito congênito e hereditário. Provoca

retrusão maxilar e protrusão da mandíbula com erupção tardia dos dentes permanentes

e grande freqüência de supranumerários.

e) Sífilis congênita - causa o aparecimento de dentes com formato anormal e mal

posicionados (dentes de Hutchinson).

Meio Ambiente

a) Influência pré-natal:

- posição intra-uterina do feto;

- fibromas uterinos: causam assimetrias do crânio e da face;

- dieta e metabolismo materno: ocasionam problemas no desenvolvimento;

- rubéola e uso de drogas: são responsáveis por anomalias congênitas, incluindo

a má oclusão.

b) Influência pós-natal:

- lesões traumáticas ao nascer;

- fratura do côndilo;

- tecido cicatricial por queimaduras;

- acidentes que provocam pressões indevidas sobre a dentição em

desenvolvimento;

- lesões no nascimento com anquilose condilar.

Ambiente metabólico e enfermidades predisponentes

A poliomielite, distrofia muscular, endocrinopatias principalmente da hipófise,

(26)

De um modo geral, as disfunções endócrinas levam à hipoplasia dos dentes,

retardamento ou aceleração do crescimento, distúrbios no fechamento das suturas, na

erupção e na reabsorção dos dentes decíduos. Nota-se, também, em algumas

endocrinopatias um aumento na sensibilidade dos tecidos periodontais e na gengiva.

O hipotireoidismo provoca o cretinismo, ocasionando arco dental diminuído e

língua grande (macroglossia).

Problemas dietéticos (deficiência nutricional)

Raquitismo (carência de vitamina D), escorbuto (carência de vitamina C), beribéri

(carência de tiamina), podem ocasionar alterações na seqüência de erupção, perda

prematura ou retenção prolongada dos decíduos, vias de erupção anormal e insanidade

dos tecidos bucais.

Hábitos e pressões anormais

A influência dos hábitos e pressões musculares anormais sobre os dentes e

tecidos circunvizinhos, estão relatados mais adiante com detalhes.

Postura

A postura corporal inadequada geralmente é acompanhada por um

posicionamento anormal da cabeça, podendo se refletir no crescimento anormal das

bases ósseas. Daí a importância da avaliação da postura nas diferentes formas de má

oclusão dental.

Acidentes e traumatismos

Acidentes com traumatismo, na região de incisivos decíduos, durante a infância,

podem afetar os germes do permanente causando desvios na erupção, rotação do

germe do permanente ou ainda dilacerações radiculares.

Dentes decíduos desvitalizados podem apresentar padrões de reabsorção

anormal, desviando o sucessor permanente ou ainda acelerando sua erupção devido à

perda óssea e o aumento da vascularização. Em casos mais graves, pode ocorrer a

(27)

3.2) Fatores intrínsecos

São fatores mais diretamente relacionados à cavidade bucal e perfeitamente

controláveis pelo dentista. Os fatores intrínsecos ou locais devem ser detectados e

eliminados, para que a correção seja mantida e não ocorram recidivas.

Anomalias de número

As anomalias de número, na sua grande maioria, são de origem hereditária,

porém também podem estar associadas às anomalias congênitas como lábio

-leporino ou patologias generalizadas, como displasia ecdotérmica e disostose

cleidocraniana.

a) Dentes supranumerários - Ocorrem com maior freqüência no maxilar superior,

sendo que o mais comum é o mesiodens, que se localiza na linha média entre os

incisivos centrais superiores. Os dentes supranumerários podem estar inclusos ou

erupcionados, têm formato diferente dos dentes normais (normalmente são cônicos) e

causam alterações nos arcos dentais como diastemas, desvios de erupção, impacções,

entre outros.

b) Ausências dentais

A falta congênita de alguns elementos dentais (oligodontia) ocorre com maior

freqüência do que a presença de supranumerários e normalmente são bilaterais. Sua

ordem de incidência é a seguinte: terceiros molares superiores e inferiores, incisivos

laterais superiores, segundo pré-molar inferior e incisivos inferiores. A anodontia pode

ser total ou parcial e ocorrer tanto na dentadura decídua como na dentadura

permanente.

Anomalia de tamanho

As anomalias de tamanho estão representadas pelo gigantismo (macrodente) ou

pelo nanismo (microdente) de todos ou de alguns elementos dentais. O aparecimento

desta anomalia também é determinado, principalmente, pela herança.

a) Macrodentes: são dentes maiores que o normal e os mais atingidos são os

incisivos centrais superiores e os molares.

(28)

- macrodontia generalizada verdadeira: extremamente rara, tem sido associada

ao gigantismo pituitário;

- macrodontia generalizada relativa: dentes de tamanho normal porém

implantados em maxilares pequenos;

- macrodontia localizada: aquela que envolve um único dente.

b) Microdentes: são dentes menores que o normal e os mais atingidos são os

incisivos laterais superiores e os terceiros molares. Da mesma forma que as

macrodontias, as microdontias se apresentam de três tipos:

- microdontia generalizada verdadeira;

- microdontia generalizada relativa;

- microdontia localizada.

Tanto a macrodontia como a microdontia modificam o comprimento do arco

dental, causando um distúrbio no engrenamento com o arco antagonista.

Anomalia de forma

As anomalias de forma estão intimamente relacionadas às anomalias de

tamanho. A mais comumente encontrada é a forma conóide que acomete os incisivos

laterais superiores e os terceiros molares , podem estar relacionadas à evolução da

espécie humana.

Além das formas conóides, também podemos citar : cúspides extras, geminação,

fusão, molares em forma de framboesa e dentes de Hutchinson (sífilis) .

Freios labiais e bridas mucosas

Os freios labiais com inserção baixa, normalmente causam diastemas entre os

incisivos centrais.

Sempre que se estiver diante de um diastema entre os incisivos centrais é

importante pesquisar qual a causa etiológica. Pode ser: freio labial, mesiodens, hábito,

fator hereditário ou, ainda, ausência de incisivos laterais.

Quando o freio labial é patológico, ao se levantar o lábio superior verifica-se uma

(29)

labial e não a uma simples frenectomia, que pode ter como conseqüência, a instalação

de um sorriso gengival .

Perda prematura de dentes decíduos

Ocasiona diminuição do perímetro do arco e conseqüentemente falta de espaço

para a erupção do permanente.

A perda prematura do segundo molar decíduo, além de causar mesialização do

primeiro molar permanente, provoca também a extrusão do antagonista e como

conseqüência, uma falta de espaço para erupção do permanente.

A perda prematura dos dentes anteriores propicia a instalação do hábito de

deglutição com interposição lingual anterior, queratinização do tecido gengival,

retardando a erupção do permanente. Pode também causar sérios problemas

psicológicos à criança, inibindo-a de sorrir .

Retenção prolongada de dentes decíduos

A retenção prolongada do dente decíduo é causada por:

a) falta de sincronia entre processo de rizólise e rizogênese;

b) rigidez do periodonto;

c) aniquilose do dente decíduo;

d) ausência do dente permanente correspondente.

Como conseqüência ocorrem desvios na erupção do dente permanente ou sua

erupção retardada, além de modificações no perímetro do arco.

Erupção tardia dos dentes permanentes

Causada pela presença de um dente supranumerário, raiz de um dente decíduo,

barreira de tecido fibroso ou óssea. Como conseqüência, pode ocorrer a dilaceração

radicular e perda do elemento dental, principalmente nos superiores anteriores.

Via de erupção anormal

Freqüentemente os dentes têm sua via de erupção anormal por falta de espaço

no arco dental. Por este motivo, os dentes que mais encontram dificuldades para a

(30)

e os segundos pré-molares inferiores que, ou ficam impactados ou erupcionam por

lingual.

As transposições dentais ocorrem com uma certa freqüência, sendo que os

fatores etiológicos desta anomalia são desconhecidos e atuam na ocasião da formação

embrionária dos seus germes.

Anquilose

Provocada por algum tipo de lesão que, pelo rompimento da membrana

periodontal, determina a formação de uma ponte óssea, unindo o cemento à lâmina

dura alveolar, retardando ou mesmo impedindo que o dente faça sua erupção. O dente

decíduo não erupciona e submerge no tecido ósseo, que continua crescendo. Com

isto, os permanentes vizinhos acabam adquirindo posições incorretas no arco, o

antagonista extrui e o dente subsequente não erupciona ou desvia sua erupção .

Cárie dental

Ocasiona perda do dente decíduo ou perda do ponto de contato, resultando em

encurtamento do arco. Como conseqüência, tem-se falta de espaço para erupção dos

permanentes, impacções dentais ou desvios na erupção dos mesmos.

Restaurações dentais inadequadas

Ocasiona diminuição ou aumento do perímetro do arco.

Na dentadura permanente, restaurações que não reconstroem o diâmetro

mésiodistal dos dentes, ocasionam normalmente desoclusão do segmento posterior, ao

passo que restaurações ou próteses com excesso de material, podem ocasionar

apinhamentos na região anterior.

Mercadante (1996a) conclui que todas as causas responsáveis pela instalação

das má oclusões, em última análise, têm origem em um dos seguintes fatores

etiológicos, ou da interrelação entre eles:

- Discrepâncias ósseas - entre maxila e mandíbula.

- Discrepâncias dentais - entre os tamanhos dos dentes e dos maxilares.

(31)

Moyers (1991) em seu estudo sobre etiologia da má-oclusão, analisa os

seguintes aspectos:

- A equação ortodôntica:

A equação ortodôntica de Dockrell é uma breve expressão do desenvolvimento

de todas as deformidades dentofaciais. Uma determinada causa original atua por certo

tempo sobre um local produzindo um resultado.

CAUSAS Ô atuam em Ô ÉPOCAS Ô sobre Ô TECIDOS Ô produzindo Ô RESULTADOS Algumas

predisponentes Algumas excitantes

pré-natal ou pós natal alguns primários alguns secundários podem ser os seguintes ou uma combinação destes 1- hereditariedade 2- causas de desenvolvimento de origem desconhecida 3- traumatismo 4- agentes físicos 5- hábitos 6- enfermidade 7- má-nutrição 1- contínua ou intermitente 2- podem atuar em diferentes níveis de idade 1- tecido neuromuscular 2- dente 3- osso e cartilagem 4 tecidos moles -excluindo músculos. 1- má função 2- maloclusão 3- displasia óssea

- Locais etiológicos primários:

a -Sistema neuromuscular

Desempenha sua principal função na etiologia da deformidade dentofacial pelos

efeitos das contrações reflexas no esqueleto ósseo e na dentição.

b - Osso

Visto que os ossos da face (particularmente a maxila e a mandíbula), servem

como base para as arcadas dentárias, as aberrações no seu crescimento podem alterar

as relações e funções oclusais. Muitas das mais sérias e mais importantes

más-oclusões são de origem esquelética.

c - Dentes

(32)

d - Partes Moles

Qualquer fator que atrapalhe ou altere apreciavelmente a fisiologia de alguma

parte do sistema mastigatório, pode vir a ser indicado como assunto etiológico de

importância.

- Tempo

O fator tempo no desenvolvimento da má-oclusão tem dois componentes: o

período durante o qual atua a causa e a idade em que é observada. Deve-se observar

que a duração do tempo atuante em uma causa nem sempre é contínua, na realidade,

podendo cessar e recorrer de forma intermitente. Do ponto de vista etiológico, o

componente idade se divide de um modo mais útil, em causas ativas pré-natais e

(33)

IV HÁBITOS ORAIS

Acredita-se que vale discutir sobre o que os hábitos orais, definidos como sendo

prováveis de determinar direta ou indiretamente desvios na morfologia dento-alveolar,

representam na rotina clínica.

Na opinião de Moresca e Feres (1992), os hábitos estão diretamente ligados a

funções que se dão por mecanismos reflexos, impulsos naturais presentes ao

nascimento e que se definem como padrão, com o crescimento e desenvolvimento do

indivíduo. Por isso, o consideram como um reflexo, estímulo apreendido, que traz

um certo prazer e/ou satisfação. Descobrir um hábito simplesmente, não tem significado

clínico se não se conhece sua origem, implicações e conseqüências.

Segundo Moyers (1991), todos os hábitos são padrões de contração muscular

aprendidos, de natureza muito complexa, alguns deles servindo como estímulo para o

crescimento normal dos maxilares, o que ocorre, por exemplo, na ação normal do lábio

e na correta mastigação. Já os hábitos anormais, podem interferir no padrão regular do

crescimento facial e devem ser diferenciados dos hábitos normais desejáveis, que são

uma parte da função buco-faríngea normal e conseqüentemente, exercem um papel

importante no crescimento crânio-facial e na fisiologia oclusal.

“Os padrões anormais habituais e deletérios de conduta muscular,

freqüentemente estão associados com o crescimento ósseo anormal, más posições

dentárias, distúrbios na respiração e na fala, perturbação no equilíbrio da musculatura

facial e problemas psicológicos.” (Tomé & outros, 1996)

Lino (1994) destaca que, em geral, os hábitos resultam da repetição de um ato

que em sua essência primordial, tem uma determinada finalidade.

O hábito se implanta por ser agradável e leva alguma satisfação ao indivíduo.

Assim, a tendência de se realizar um ato, no início tem participação consciente,

mas gradativamente, pela repetição se automatiza, aperfeiçoa-se e torna-se

inconsciente. Enquadram-se aí, bons hábitos, e também, os hábitos indesejáveis que

(34)

4.1) Deglutição Atípica

“A deglutição atípica consiste em contrações exageradas da musculatura

peribucal e projeção lingual sobre os dentes.” ( Ferreira, 1997).

Segundo Lino (1980), é toda deglutição que não coincida com os padrões de

normalidade.

Lino (1980) e Mercadante (1996b) identificam dois tipos: com pressão atípica de

lábio e com pressão atípica de língua. Contudo, concordam que, na realidade, ocorre é

a concomitância de ambos os tipos, na maioria dos pacientes.

- Deglutição com pressão atípica de lábio (interposição labial)

Ocorre em pacientes que, normalmente em repouso, os lábios não entram em

contato. Na ocasião da deglutição, o selamento da parte anterior da cavidade bucal

não é feito pelo simples contato do lábio superior com o inferior, mas através de uma

forte contração do lábio inferior interpondo-se entre os incisivos superiores e inferiores.

Os incisivos inferiores, portanto, vão se inclinando para lingual e apinhando, enquanto

os incisivos superiores vão vestibularizando-se. O lábio superior como não participa da

deglutição, torna-se cada vez mais hipotônico, dando um aspecto de lábio curto. O

lábio inferior, no entanto, pela sua grande participação, torna-se cada vez mais

hipertônico, assim como os músculos do mento. A perda do contato funcional anterior

favorece a extrusão dental, aumentando a sobressaliência e a sobremordida. O

deslocamento vestibular dos incisivos superiores rompe o ponto de contato entre

incisivos laterais e caninos, favorecendo a migração dos segmentos posteriores.

O quadro final é uma má-oclusão de Classe II, divisão 1ª com sobremordida

profunda.

- Deglutição com pressão atípica de língua

Em pacientes com este tipo de problema, no momento de deglutir, os dentes não

entram em contato. A língua se aloja entre os incisivos, podendo às vezes interpor entre

pré-molares e molares. Nota-se também contração dos lábios e das comissuras, o que

acarreta um estreitamento do arco à altura dos caninos e do músculo mentoniano. Os

(35)

As deglutições com pressão atípica de língua classificam-se em:

TIPO 1 - Não causam deformidade

Neste grupo, estão os indivíduos portadores de deglutição atípica, cuja rigidez de

estruturas de suporte e proteção não permitiram que houvesse desequilíbrios.

Contudo, os desarranjos poderão surgir com a instalação de processos patológicos que

abalem estruturas periodontais.

TIPO 2 - Com pressão lingual anterior

A língua, durante a deglutição, exerce pressão nos dentes anteriores por lingual

ou entre eles. As deformidades são:

- Mordida aberta anterior: a pressão é realizada na região anterior e a deglutição

é efetuada com os dentes desocluídos, ficando a língua numa posição como fosse ser

mordida. Como conseqüência, tem-se uma mordida aberta anterior.

- Mordida aberta e vestibuloversão: a língua além de se interpor entre os dentes

na região anterior, também exerce uma pressão anterior, fazendo com que os incisivos

superiores e/ou inferiores exibam uma severa inclinação vestibular (vestíbuloversão).

- Mordida aberta anterior, vestibuloversão e mordida cruzada posterior: o mesmo

quadro anterior, associado a uma mordida cruzada posterior uni ou bilateral à altura dos

molares, devido à quebra do equilíbrio muscular entre língua e músculos da bochecha.

TIPO 3 - Pressão lingual lateral

A pressão lingual é realizada na região lateral do arco, em nível de pré-molares,

sendo o apoio obtido entre esses dentes do arco superior e inferior. As deformidades

resultantes são:

- Mordida aberta lateral: a deglutição é realizada com depressão da mandíbula,

ficando a língua presa na região dos pré-molares. Ocorre mordida aberta lateral.

- Mordida aberta lateral e mordida cruzada: ocorre mordida aberta na região de

apoio, associada a uma mordida cruzada posterior do lado oposto, também devido a

uma quebra do equilíbrio muscular deste lado.

TIPO 4 - Pressão lingual anterior e lateral

(36)

- mordida aberta anterior e lateral;

- mordida aberta anterior e lateral com vestibuloversão;

- mordida aberta anterior e lateral com vestibuloversão e mordida cruzada

posterior.

Moyers (1991) , descreve os tipos incorretos de deglutição separando-os

conforme a etiologia, assim: a deglutição com interposição lingual simples, com a

interposição lingual complexa e deglutição infantil persistente.

A deglutição com interposição lingual simples vem acompanhada por uma

história de sucção prolongada seja digital, seja de chupeta. Existe uma mordida aberta

anterior bem definida, sendo que a língua tem em relação a essa mordida aberta um

papel secundário, ou seja, não é ela a causadora e sim a que perpetua, pois na fase

final da deglutição e quando em repouso invade esse espaço, o qual foi

criado por uma ação mecânica (sucção digital, chupeta ou mamadeira com uso

prolongado).

A deglutição com interposição lingual complexa apresenta como agente

etiológico a língua, a qual assume uma posição anterior, colocando-se por sobre os

dentes, tanto no repouso quanto durante a deglutição, causando assim uma

instabilidade oclusal, não mostrando limites definidos quando está presente uma

mordida aberta, seqüela essa nem sempre presente. Existe história de problemas

respiratórios crônicos, amígdalas e adenóides inflamadas, o que levariam a língua a

essa posição, como que se afastando da região dolorosa e permitindo mais espaço

para a passagem de ar.

Existem adultos, segundo Moyers (1991), que contatam apenas dentes

posteriores, e contraem fortemente a musculatura facial e projetam fortemente a língua

durante a deglutição. Este tipo de deglutição pode estar acompanhado de síndromes

que acometem o esqueleto crânio-facial com ou sem envolvimento do S.N.C. Pelo fato

de mostrarem alguns sinais típicos da deglutição infantil, diz-se apresentarem

(37)

4.2) Respiração Bucal

“A respiração oral destaca-se como hábito deletério por ser altamente

comprometedora na definição de formas e contornos dos arcos dentários, bem como de

todo processo nasomaxilar .“(Lino, 1992).

Ferreira (1997) descreve a respiração bucal como um hábito deletério que

representa uma disfunção respiratória.

A presença de algum obstáculo na cavidade nasal ou na região orofaríngea pode

impedir o fluxo aéreo normal, parcial ou totalmente. A respiração bucal pode persistir

como um hábito residual, mesmo após a liberação das vias aéreas.

A atresia da maxila com conseqüente palato ogival e mordida cruzada posterior,

são seqüelas da respiração bucal, pois o equilíbrio muscular normalmente efetuado

pela língua e bucinador está perturbado, devido à língua estar em posição mais baixa e

anterior, em uma tentativa de liberar espaço aéreo para a região oro-faríngea. A língua

assumindo uma posição mais anterior, fica por cima dos dentes no momento da

deglutição, impedindo que estes entrem em contato, permitindo assim, extrusão desses

elementos com a conseqüente instabilidade oclusal.

Enlow (1993) explica que existem mudanças na postura, necessárias para

respirar através da boca como, por exemplo: abaixamento da mandíbula,

posicionamento da língua para baixo e para frente, alongamento da cabeça para trás e

outros. Estas modificações conseqüentemente alteram a postura corporal como um

todo.

Quanto aos aspectos ortodônticos, o autor referido acredita que o tipo mais

freqüente de maloclusão associada à respiração oral é a chamada mordida aberta

esquelética ou síndrome da face longa.

Segundo Mercadante (1996b), o que ocorre portanto, é que durante a inspiração

e expiração, o ar só passa pela cavidade bucal, dando como conseqüência um

aumento da pressão aérea intrabucal. O palato portanto vai se modelando e

aprofundando, e ao mesmo tempo, como o ar não transita pela cavidade nasal, deixa

(38)

ao paciente. Nota-se também uma atresia transversa no maxilar superior, com

conseqüente mordida cruzada posterior bilateral óssea. Numa visão extrabucal, o

paciente possui “faces adenoideanas”, ou seja, rosto alongado e estreito, olhos caídos,

olheiras profundas, sulcos genianos marcados, lábios entreabertos, hipotônicos e

ressecados e sulco nasolabial profundo. Esses pacientes freqüentemente possuem

deglutição atípica e postura de língua e lábios incorretas.

4.3) Sucção Digital

“A sucção é uma função vital, característica dos mamíferos, a qual irá suprir não

somente as necessidades nutricionais (sucção nutritiva) do recém nascido como

também suas necessidades emocionais (sucção não nutritiva) e maturacionais, através

do envio ao S.N.C. de estímulos tais como o contato lábio-língua-seio materno.”

(Ferreira, 1997).

Ferreira (1997) alerta que, caso essa função primordial persista (sucção

prolongada), provavelmente irá provocar alterações no comportamento da musculatura

peribucal e deformidades dento-alveolares.

Moyers (1991) relata que esses hábitos desaparecem por volta dos três ou

quatro anos de vida.

Segundo Mercadante (1996b), não devemos confundir hábito de sucção anormal

com uma fase normal do desenvolvimento da criança, que é a fase bucal, onde sua

maior percepção e tato estão na boca.

Se a criança tem realmente o hábito de sucção, é porque tem necessidade

psico-emocional deste ato, pelo menos inicialmente. Os hábitos bucais estão intimamente

relacionados com o estado emocional da criança e ela o executa nos momentos de

angústia ou ansiedade.

Conforme Silva Filho & outros (1995), os hábitos de sucção digital ou de chupeta,

podem ser considerados deletérios, após os quatro anos de idade, pois levam a

(39)

Moyers (1991) lembra que o tipo de maloclusão que pode desenvolver-se em um

sugador digital, vai depender de diversas variáveis: a posição do dedo, as contrações

musculares orofaciais associadas, a posição da mandíbula durante a sucção, a

morfologia esquelética facial, a duração da sucção, e assim por diante. Uma mordida

aberta anterior é a maloclusão mais freqüente . A protração dos dentes anteriores

superiores, será observada, particularmente, se o polegar estiver sustentado para cima,

contra o palato . Pode-se desenvolver uma retração postural mandibular se o peso da

mão ou braço forçar continuamente a mandíbula a assumir uma posição retruída para a

prática do hábito. Concomitantemente, os incisivos inferiores podem estar inclinados

para lingual. Quando os incisivos superiores estiverem inclinados vestibularmente e

uma mordida aberta for desenvolvida, torna-se necessário que a língua seja projetada

para frente durante a deglutição, para promover um selamento anterior; deste modo, um

simples projetar de língua está necessariamente associado com o hábito de sucção

digital. Durante a sucção do polegar, as contrações da parede bucal produzem, em

alguns tipos de sucção, uma pressão negativa dentro da boca, resultando em um

estreitamento do arco maxilar. Com esse transtorno no sistema de forças dentro e ao

redor do complexo maxilar, é freqüentemente impossível para o assoalho nasal cair

verticalmente para sua esperada posição durante o crescimento. Desse modo, pode-se

encontrar nos sugadores do polegar um assoalho nasal estreito e uma abóbada

palatina profunda. O lábio superior torna-se hipotônico e o inferior, hiperativo, pois deve

ser elevado, por contrações do músculo orbicular, para uma posição entre os

incisivos mal posicionados durante a deglutição. Essas contrações anormais dos

músculos durante a sucção e deglutição estabilizam a deformação.

4.4) Onicofagia e Bruxismo

Para Tomé & outros (1996) a onicofagia e o bruxismo são os tipos mais comuns

de transferência da sucção digital.

O bruxismo será conseqüência da falta de coordenação neuromotora dos

(40)

outros hábitos ou movimentos viciosos como repetidas oclusões em forma de tiques

nervosos, projeção ou lateralização da mandíbula ou estalos da articulação

têmporo-mandibular.

Segundo Hanson (1995), quando o hábito de ranger os dentes, ou bruxismo,

ocorre por um longo período, produz um efeito danoso sobre as superfícies de

mastigação e trituração dos dentes.

Em relação à onicofagia, Lino (1992) relata que as conseqüências são mais

graves para as mãos do que para os arcos dentários, pois a pressão em si é de pouca

duração e realizada praticamente no sentido do longo eixo do dente.

Normalmente, está relacionado a graves distúrbios emocionais e não causa

problema de oclusão, uma vez que produz pressão só no longo eixo dos dentes.

(Mercadante, 1996b).

Tomé & outros (1996) descreve que as principais conseqüências desses hábitos,

além dos já citados, são os desgastes dentários, problemas periodontais, problemas de

ATM e distúrbios crânio-mandibulares entre outros.

4.5) Sucção e mordida do lábio

Segundo Moyers (1991), a sucção do lábio pode aparecer só ou pode vir

acompanhada de sucção do polegar. Em todos os casos é o lábio inferior que está

envolvido na sucção, apesar de serem também observados hábitos de mordida do

lábio superior. Quando o lábio inferior é constantemente mantido por baixo dos dentes

súpero-anteriores, o resultado é a vestibuloversão desses dentes, freqüentemente uma

mordida aberta e, às vezes, a linguoversão dos incisivos inferiores .

4.6) Hábitos de postura

Os hábitos de postura são aqueles determinados por um elemento externo como

mãos, que permanecem por longo tempo apoiando as estruturas ósseas da face,

(41)

Mercadante (1996b) acrescenta que as deformidades dos arcos podem ser

causadas também pelas pressões anormais de postura ao dormir ou sentar-se. O mais

comum é o hábito de apoiar o rosto sobre a mão ou descansar o rosto sobre o

antebraço durante o sono. O tipo de má oclusão causado por este hábito é, geralmente,

unilateral e localizado no arco superior.

O hábito de postura, portanto, resulta em uma mordida cruzada posterior

(42)

V ALTERAÇÕES OROMIOFUNCIONAIS

Segundo Moyers (1991), a análise da função neuromuscular é tão crucial para o

diagnóstico ortodôntico quanto o estudo dos dentes ou ossos.

“ Por isso, é necessário que todos os profissionais que de alguma maneira se

relacionam com esta área, os ortodontistas em particular, saibam identificar alterações

musculares e funcionais orofaciais. O tratamento destas alterações favorece a

estabilidade dos casos tratados ortodonticamente. A ele deu-se o nome de terapia

miofuncional e aqui no Brasil é realizada pelo fonoaudiólogo. Os objetivos deste

tratamento são, não só evitar recidivas oclusais após a retirada do aparelho, como

também favorecer o tratamento ortodôntico, retirando as forças musculares contrárias à

terapia.” ( Jabur, 1996)

Para avaliar as alterações oromiofuncionais, antes deve-se saber sobre as

posturas normais de repouso.

Segundo Padovan (1976) os dentes são mantidos em alinhamento pelo equilíbrio

de forças musculares antagônicas que, internamente estão representadas pela ação

dos músculos da língua e, externamente pelos músculos orbicular, mentoniano e

bucinador (periorais).

Para Jabur (1996), a ação modeladora destes músculos é exercida tanto em

repouso como em ação, ou seja, durante as funções. Portanto, a ação da musculatura

em repouso é ativa no equilíbrio ósseo.

Para mover os dentes são necessárias forças leves e contínuas. As pressões de

repouso da língua e lábios atuam desta forma e , portanto, podem influenciar na

posição dos dentes. Especialmente considerando que, com freqüência, fica-se mais

tempo com a musculatura em repouso do que em ação.

Padovan (1976) e Jabur (1996) concordam que a postura normal de repouso dos

lábios é fechada sem esforço.

Jabur (1996), acrescenta que a posição de repouso dos lábios superior e inferior

(43)

Conseqüentemente, é importante que os incisivos estejam alinhados e colocados

corretamente neste sentido, para possibilitar postura labial adequada. Outros quatro

fatores podem influenciar o comportamento labial: altura labial com relação ao processo

alveolar, força, comprimento e espessura dos lábios.

Encontra-se, na literatura, duas formas de definir a postura normal de repouso da

língua:

a) Toque de toda a porção anterior da língua na região da papila palatina; ela

está sempre elevada, conforme Altmann (1990).

b) O dorso da língua toca o palato de leve, enquanto a ponta normalmente está

em repouso na fossa lingual ou sulco dos incisivos superiores, segundo Moyers(1991).

Ocorre que a língua possui uma infinidade de movimentos. É muito versátil,

adaptando-se facilmente às irregularidades da cavidade bucal. Por isso, sua postura

geralmente está relacionada com as alterações presentes no meio bucal. A posição

normal da ponta da língua tem relação com a dimensão ântero-posterior e vertical da

cavidade oral, conforme Bianchini (1993).

Jabur (1996), ressalta a importância da interrelação forma e função. No entanto,

ainda não se chegou a uma conclusão exata do que é primário: forma ou função.

“O importante é não dicotomizar forma e função. Ambos devem ser avaliados

concomitantemente sem priorizações, de um sobre o outro. O avaliador deverá realizar

um esforço no sentido de tratar o problema na sua totalidade, permitindo

todas as possibilidades. É fundamental manter-se aberto à análise das interrelações

variadas entre a oclusão dental e as funções, pois forma e função estão intimamente

em relação.” ( Jabur, 1996)

5.1) Avaliação das alterações oromiofuncionais

A avaliação da musculatura oral deve ser precedida de uma anamnese.

Para Marchesan (1993), esse é o momento de maior importância. É nele que se

(44)

também se conhece alguns aspectos do problema em razão do qual procuraram o

profissional.

Segundo Jabur (1996), tem-se o objetivo maior de averiguar se o paciente é

portador de algum hábito bucal inadequado, pois sabe-se que eles podem interferir no

padrão regular de crescimento facial sendo por isso, a etiologia de muitas más

oclusões. Além do mais, a permanência do hábito inadequado impedirá a

automatização das posturas bucais corretas e afetará a fisiologia oral. Portanto,

identificar o hábito bucal inadequado é fundamental para assegurar a estabilidade da

correção ortodôntica.

Segundo Marchesan (1993), a entrevista e o exame não devem ser separados.

O exame, na verdade, começou já na entrevista. A simples observação do paciente

enquanto se coletam os dados com ele ou com seus pais, já fornece muitas

informações. Postura, maneira de falar e sua própria anatomia de um modo mais global

são os principais fatos observados durante esse tempo.

O exame clínico deve ser feito com o paciente sentado na cadeira, de modo que

sua coluna esteja ereta e sua cabeça bem colocada, de acordo com Jabur (1996).

5.1.1) Postura Corporal e Postura de Cabeça

“A postura é um reflexo da eficiência do corpo em manter as articulações em

relações tais, que requeiram o mínimo de energia para exercer as funções que lhe são

impostas.” (Moyers, 1991).

Segundo Jabur (1996), a postura de cabeça é importante de ser observada, pois

interfere no posicionamento da língua dentro da cavidade bucal.

“Um desvio de cabeça será, as vezes, suficiente para que a língua ocupe mais

um lado da cavidade bucal do que o outro.” (Marchesan, 1993).

Se não há equilíbrio adequado da cabeça sobre o tronco, pode haver incentivo

de crescimento anômalo das bases ósseas, descreve Jabur (1996).

(45)

Por isso, iniciar o exame pela postura e observação do eixo corporal pode evitar

erros na análise do caso e mesmo facilitar o entendimento, alerta Marchesan (1993).

Marchesan (1993) sugere olhar o indivíduo de frente, de costas e de lado com

bastante atenção, para observar quais são os desvios e as compensações realizadas.

Caso necessário, encaminhar para avaliação fisioterápica.

5.1.2) Postura de repouso dos lábios e da língua

De acordo com Jabur (1996), as pressões de repouso dos lábios e língua

interferem sobre os dentes e ossos; por isso, torna-se necessário incluir a sua avaliação

como parte do exame clínico.

Atualmente, há concordância em que não se pode avaliar da mesma forma

indivíduos com características de oclusão dental e forma esquelética diferentes.

Por isso, serão citadas as alterações musculares e funcionais mais freqüentes

em cada tipo de má oclusão.

Jabur descreve que os pacientes portadores de má oclusão Classe I geralmente

apresentam perfil esquelético reto, por isso, os lábios e a língua têm maiores

possibilidades de manterem suas posturas normais de repouso.

Nos pacientes portadores de má oclusão Classe II divisão 1ª, a postura dos

lábios e língua vai depender da existência ou não de discrepância entre as bases

ósseas. Quando há alteração óssea, as alterações labiais são freqüentes. Os lábios têm

dificuldade de se manterem fechados em função da distância existente entre eles,

resultante da discrepância óssea. Por isso, o lábio superior tende a se tornar

hipofuncionante e algumas vezes incompetente. O lábio inferior, por sua vez, pode se

tornar evertido e hipotônico. Marchesan (1994) acrescenta que a tonicidade dos lábios

fica alterada, em geral, com o superior hipertônico e o inferior hipo ou hipertônico,

dependendo se ele tem ou não ação durante a deglutição. Quando há uma hipotonia do

lábio inferior, o mentalis fica hipertenso para haver uma compensação.

No paciente com Classe II divisão 1ª esquelética, segundo Jabur (1996), a

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