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Dos Produtos Notáveis ao Cálculo de Volumes

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Academic year: 2021

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(1)

Dos Produtos Not´

aveis ao C´

alculo de Volumes

Ronaldo B. Assun¸c˜ao

Paulo C. Carri˜ao

Departamento de Matem´atica, Universidade Federal de Minas Gerais CEP 30123-970 — Belo Horizonte (MG), Brasil

ronaldo@mat.ufmg.br carrion@mat.ufmg.br III Bienal da SBM — Goiˆania, 6 a 10 de novembro de 2006

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 1

1 Somas de potˆencias inteiras dos n´umeros naturais 3

1.1 Soma dos n´umeros naturais . . . 3

1.2 Soma dos quadrados dos n´umeros naturais . . . 3

1.3 Soma dos cubos dos n´umeros naturais . . . 4

1.4 Nota¸c˜ao de somat´orio . . . 4

2 C´alculo de ´areas pelo m´etodo de exaust˜ao 5 2.1 Descri¸c˜ao do m´etodo de exaust˜ao . . . 5

2.2 C´alculo da ´area sob o gr´afico da reta . . . 5

2.3 C´alculo da ´area sob o gr´afico da par´abola . . . 7

2.4 C´alculo da ´area sob o gr´afico da par´abola c´ubica . . . 8

2.5 Propriedades gerais . . . 9

3 C´alculo de volumes pelo m´etodo de exaust˜ao 9 3.1 C´alculo do volume do cone . . . 9

3.2 C´alculo do volume do tronco de cone . . . 10

3.3 A f´ormula dos trˆes n´ıveis . . . 11

4 Aplica¸c˜oes 12 4.1 Esfera . . . 12

4.2 “Telhado” . . . 13

4.3 “Ponta de chave de fenda” . . . 13

4.4 Parabol´oide . . . 13

4.5 Exerc´ıcios . . . 13

Introdu¸c˜

ao

O c´alculo de volumes ´e um dos assuntos estudados na matem´atica desde a antiguidade at´e os dias atuais. Diversas f´ormulas foram descobertas ao longo dos anos para calcular volumes de diferentes s´olidos. O objetivo deste trabalho ´e apresentar uma f´ormula para

(2)

o c´alculo do volume de todos os s´olidos estudados no ensino m´edio e outros mais. ´E a chamada f´ormula dos trˆes n´ıveis, dada por

p x V = (b − a) 6 h S(a) + 4Sa + b 2  + S(b)i q y

em que S(x) representa a ´area da se¸c˜ao transversal do s´olido na posi¸c˜ao x (veja Teorema 1). ´

E importante ressaltar que S(x) deve ser um poliˆomio de grau no m´aximo 3 na vari´avel x. Uma vers˜ao dessa f´ormula para o c´alculo do volume do tronco de pirˆamide j´a era conhecida no Egito antigo, conforme atesta o Papiro de Moscou, datado de cerca de 1900 A. C.

x

x = a x = (a + b)/2

x = b

Para ilustrar a aplica¸c˜ao dessa f´ormula, apresentamos a cunha cil´ındrica. Este s´olido ´e obtido pela interse¸c˜ao de um cilindro circular reto com dois planos (um deles horizontal e o outro formando um ˆangulo α com o primeiro). Como ´e simples observar, as se¸c˜oes transversais verticais da cunha cilindrica s˜ao triˆangulos (aqui estamos supondo que os planos verticais interceptam ortogonalmente os dois planos que delimitam a cunha). A ´area do triˆangulo obtido por um plano vertical na posi¸c˜ao x ´e dada por S(x) = tan α

2 (r

2

− x2

), que ´e um polinˆomio de grau 2 na vari´avel x. Aplicando a f´ormula dos trˆes n´ıveis para x = ±r e x = 0 encontramos S(±r) = 0 e S(0) = r2

tan α/2. Portanto, o volume da cunha cil´ındrica vale V = 2r/6[0 + 4(r2

tan α/2) + 0] = 2r3 tan α/3. x y z S(x) = tan α 2 (r 2 − x2) V = 2 tan α 3 r 3 x y z xα r −r y =r2 − x2 z = tan α√r2 − x2

Na se¸c˜ao 1 apresentamos algumas f´ormulas para o c´alculo de somas de potˆencias dos n´umeros naturais. Essas f´ormulas, baseadas nos produtos not´aveis, ser˜ao ´uteis para o c´alculo da ´area sob o gr´afico de retas, de par´abolas e de par´abolas c´ubicas que s˜ao

(3)

descritas na se¸c˜ao 2. Na se¸c˜ao 3 apresentamos o c´alculo do volume do tronco de cone utilizando os produtos not´aveis e enunciamos a f´ormula dos trˆes n´ıveis. Para demonstr´a-la, usaremos o Princ´ıpio de Cavalieri e as id´eias desenvolvidas nas se¸c˜oes anteriores. Na se¸c˜ao 4 apresentamos algumas aplica¸c˜oes da f´ormula dos trˆes n´ıveis para o c´alculo de volumes da esfera, do “telhado” e da calota esf´erica e da “ponta de chave de fenda” e tamb´em propomos alguns exerc´ıcios para o leitor.

1

Somas de potˆ

encias inteiras dos n´

umeros naturais

1.1

Soma dos n´

umeros naturais

A partir da conhecida f´ormula (a + b)2

= a2

+ 2ab + b2

podemos determinar o valor de S1 ≡ 1 + 2 + 3 + · · · + n

da seguinte maneira. Escrevendo (k + 1)2

− k2

= 2k + 1 e usando propriedades aritm´eticas simples, podemos somar os lados esquerdos de todas as igualdades abaixo e igualar `a soma dos lados direitos correspondentes. Observamos agora que do lado esquerdo todos as parcelas se cancelam, exceto a primeira parcela da primeira linha e da ´ultima parcela da ´

ultima linha; tamb´em notamos que do lado direito obtemos 2S1+n pois temos exatamente

n linhas. Assim, 22 − 12 = 2 · 1 + 1 32 − 22 = 2 · 2 + 1 ... ... ... ... ... ... ... (n)2 − (n − 1)2 = 2 · (n − 1) + 1 (n + 1)2 − n2 = 2 · n + 1 (n + 1)2 − 12 = 2 · S1 + n.

Agora temos rela¸c˜ao (n + 1)2

− 1 = 2S1+ n, e portanto, p x S1 = n(n + 1) 2 . q y (1)

1.2

Soma dos quadrados dos n´

umeros naturais

Este mesmo tipo de racioc´ınio pode ser empregado para o c´alculo de S2 ≡ 1 2 + 22 + 32 + · · · + n2 .

De fato, a partir do produto not´avel (a + b)3

= a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3 temos a rela¸c˜ao (k + 1)3 − k3 = 3k2 + 3k + 1. Assim 23 − 13 = 3 · 12 + 3 · 1 + 1 33 − 23 = 3 · 22 + 3 · 2 + 1 ... ... ... ... ... ... ... ... ... (n)3 − (n − 1)3 = 3 · (n − 1)2 + 3 · (n − 1) + 1 (n + 1)3 − n3 = 3 · n2 + 3 · n + 1 (n + 1)3 − 13 = 3 · S2 + 3 · S1 + n.

(4)

Usando a f´ormula (1), obtemos facilmente a f´ormula p x S2 = n(n + 1)(2n + 1) 6 . q y (2)

1.3

Soma dos cubos dos n´

umeros naturais

Mais uma vez vamos usar as id´eias anteriores para calcular o valor de S3 ≡ 1 3 + 23 + 33 + · · · + n3 . A partir do produto not´avel (a + b)4

= a4 + 4a3 b + 6a2 b2 + 4ab3 + b4 temos a rela¸c˜ao (k + 1)4 − k4 = 4k3 + 6k2 + 4k + 1. Assim 24 − 14 = 4 · 13 + 6 · 1 + 4 · 1 + 1 34 − 24 = 4 · 23 + 6 · 2 + 4 · 2 + 1 ... ... ... ... ··· · · · ... ... ... ... ... (n)4 − (n − 1)4 = 4 · (n − 1)3 + 6 · (n − 1)2 + 4 · (n − 1) + 1 (n + 1)4 − n4 = 4 · n3 + 6 · n2 + 4 · n + 1 (n + 1)4 − 14 = 4 · S3 + 6 · S2 + 4 · S1 + n.

Usando as f´ormulas (1) e (2), obtemos facilmente a f´ormula

p x S3 = hn(n + 1) 2 i2 . q y (3) O leitor atento ter´a observado que S3 = S12, ou seja,

13 + 23 + 33 + · · · + n3 = (1 + 2 + 3 + · · · + n)2 .

1.4

Nota¸c˜

ao de somat´

orio

Usando a nota¸c˜ao de somat´orio, temos as seguintes f´ormulas. S1 = n X i=1 i = n(n + 1) 2 , S2 = n X i=1 i2 = n(n + 1)(2n + 1) 6 , S3 = n X i=1 i3 =hn(n + 1) 2 i2 ou S3 = n X i=1 i3 =h n X i=1 ii 2 . A f´ormula geral ´e a seguinte:

Sm = n X i=1 im = 1 m + 1 h (n + 1)m+1− 1 − n X i=1 (i + 1)m+1− im+1− (m + 1)imi, ou ent˜ao Sm = n−1 X i=1 im = 1 m + 1 m X k=0 m + 1 k  Bknm+1−k,

em que Bk s˜ao os chamados n´umeros de Bernoulli, dados por Bk = 0 se k ´e um n´umero

´ımpar diferente de 1, B0 = 1, B1 = −1/2, B2 = 1/6, B4 = −1/30, B6 = 1/42, B8 =

−1/30, B10 = 5/66, etc. Convidamos o leitor a visitar a seguinte p´agina da Internet e

(5)

2

alculo de ´

areas pelo m´

etodo de exaust˜

ao

2.1

Descri¸c˜

ao do m´

etodo de exaust˜

ao

Seja f : [a, b] → R uma fun¸c˜ao n˜ao negativa definida no intervalo fechado a 6 x 6 b. A ´area A da regi˜ao sombreada na figura pode ser avaliada da seguinte forma.

y = f (x)

x y

a b

Seja n ∈ N um n´umero natural qualquer; dividimos o intervalo [a, b] em n subintervalos iguais a ∆x = (b−a)/n. O valor ∆x ser´a a base de dois tipos de retˆangulos: os do primeiro tipo, representados de cinza claro, estar˜ao totalmente abaixo do gr´afico de y = f (x); os do segundo tipo, representado de cinza escuro na figura (e parcialmente encobertos pelos retˆangulos claros), conter˜ao totalmente o gr´afico de y = f (x). Em outros termos, constru´ımos duas classes de retˆangulos tais que os da primeira classe ficam inteiramente cobertos pelo gr´afico da fun¸c˜ao y = f (x) e os da segunda classe cobrem inteiramente o gr´afico da fun¸c˜ao. Denotando por bi a ´area de um retˆangulo gen´erico da primeira classe e

por ci a ´area de um retˆangulo gen´erico da segunda classe, temos as seguintes desigualdades:

n X i=1 bi 6A 6 n X i=1 ci. (4) y = f (x) x y a b y = f (x) x y a b

Quando o n´umero n de partes em que se divide o intervalo fechado a 6 x 6 b aumenta, a soma das ´areas dos retˆangulos claros aumenta, como se pode visualizar na figura; al´em disso, a soma das ´areas dos retˆangulos escuros diminui. Entretanto, nesse processo a ´area A sob o gr´afico da fun¸c˜ao permanece verificando as desigualdades (4). Podemos ent˜ao aproximar o valor exato da ´area A fazendo um n´umero cada vez maior de retˆangulos (claros, por falta; escuros, por excesso). Assim, se os valores

Bn = n X i=1 bi e Cn = n X i=1 ci

tornarem-se arbitrariamente pr´oximos um do outro quando o n´umero n cresce, ent˜ao esse valor comum dever´a ser igual `a ´area A.

2.2

alculo da ´

area sob o gr´

afico da reta

Consideremos nessa subse¸c˜ao o gr´afico da fun¸c˜ao f : [0, b] → R definida por y = f(x) = x. A ´area A requerida ´e a de um triˆangulo retˆangulo is´osceles de catetos iguais a b e vale A = b2

(6)

n ∈ N um n´umero natural qualquer; dividimos o intervalo fechado [0, b] em n subintervalos iguais a ∆x = b/n que formar˜ao as bases dos retˆangulos. ´E f´acil verificar que os n + 1 pontos usados para determinar os subintervalos devem ter coordenadas iguais a

x0 = 0 x1 = b/n x2 = 2b/n x3 = 3b/n · · · xn−1 = (n−1)b/n xn= nb/n = b. (5)

O retˆangulo gen´erico cinza claro (totalmente contido na regi˜ao sob o gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x) tem altura igual ao valor de f (xi−1) = xi−1pois a fun¸c˜ao ´e crescente e o menor

valor que atinge no subintervalo [xi−1, xi] ocorre na extremidade esquerda do subintervalo.

Assim,

bi = (∆x) · f(xi−1) = (∆x) · xi−1 = (b/n) · xi−1= (b/n) · (i − 1)b/n.

f (x) = x

x y

A soma das ´areas dos retˆangulos claros vale Bn = n X i=1 bi = n X i=1 b n  (i − 1)b n  = b n 2 n X i=1 (i − 1) =b 2 2 n(n − 1) n2 = b 2 2  1 − 1n = b 2 2 − b2 2n 

O retˆangulo gen´erico cinza escuro (que cont´em totalmente a regi˜ao sob o gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x) tem altura igual ao valor de f (xi) = xi pois a fun¸c˜ao ´e crescente e o maior

valor que atinge no subintervalo [xi−1, xi] ocorre na extremidade direita do subintervalo.

Assim,

ci = (∆x) · f(xi) = (∆x) · xi = (b/n) · xi = (b/n) · (ib)/n.

A soma das ´areas dos retˆangulos escuros vale Cn= n X i=1 ci = n X i=1 b n  ib n = b n 2 n X i=1 i = b n 2n(n + 1) 2 = b2 2 n(n + 1) n2 = b 2 2  1 + 1 n = b2 2 + b2 2n 

Claramente, temos as seguintes desigualdades: −b 2 2n 6A − b2 2 6 b2 2n.

(7)

Como o valor de b ´e arbitr´ario (por´em fixo) e j´a que o denominador da fra¸c˜ao b2

/2n torna-se arbitrariamente grande quando aumentamos o valor de n, resulta que b2

/2n fica menor do que qualquer valor previamente fixado (bastando para isso escolher um valor suficientemente grande para n). Ent˜ao a diferen¸ca entre o valor da ´area A e b2

/2 fica menor do que qualquer quantidade previamente fixada, por menor que seja. Isto s´o ´e verdade se os valores de A e b2

/2 forem iguais. Conclu´ımos ent˜ao que A = b2

/2.

2.3

alculo da ´

area sob o gr´

afico da par´

abola

Consideremos agora a fun¸c˜ao f : [0, b] → R definida por y = f(x) = x2

. Vamos calcular a ´area A usando novamente o processo descrito anteriormente. Para isso, seja n ∈ N um n´umero natural qualquer; dividimos o intervalo fechado [0, b] em n subintervalos iguais a ∆x = b/n que formar˜ao as bases dos retˆangulos. ´E f´acil verificar que os n + 1 pontos usados para determinar os subintervalos s˜ao os mesmos dados por (5).

O retˆangulo gen´erico cinza claro (totalmente contido na regi˜ao sob o gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x2

) tem altura igual ao valor de f (xi−1) = x2i−1 pois a fun¸c˜ao ´e crescente e,

por-tanto, o menor valor que atinge no subintervalo [xi−1, xi] ocorre na extremidade esquerda

do subintervalo. Assim,

bi = (∆x) · f(xi−1) = (∆x) · x2i−1 = (b/n) · xi−1= (b/n) · (i − 1)b/n

2 A soma das ´areas dos retˆangulos claros vale

Bn = n X i=1 bi = n X i=1 b n  (i − 1)b n 2 = b n 3 n X i=1 (i − 1)2 = b 3 6 (n − 1)n(2n − 1) n3 = b3 6  1 −n1 2 − n1 = b 3 3  1 −2n3 + 1 2n2  .

O retˆangulo gen´erico cinza escuro (que cont´em totalmente a regi˜ao sob o gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x2

) tem altura igual ao valor de f (xi) pois a fun¸c˜ao ´e crescente e, portanto, o menor

valor que atinge no subintervalo [xi−1, xi] ocorre na extremidade direita do subintervalo.

Assim,

ci = (∆x) · f(xi) = (∆x) · xi = (b/n)xi = (b/n)(ib)/n

A soma das ´areas dos retˆangulos escuros vale Cn= n X i=1 ci = n X i=1 b n  ib n 2 = b n 3 n X i=1 i2 = b 3 6  (n + 1)(2n + 1) n2 = b3 6  1 + 1 n  2 + 1 n  = b 3 3  1 + 3 2n + 1 2n2  . Claramente, temos as seguintes desigualdades:

b3 3  − 3 2n + 1 2n2  6A − b 3 3 6 b3 3  3 2n + 1 2n2  .

Como anteriormente, conclu´ımos que o valor exato da ´area ´e A = b3

(8)

f (x) = x2

x y

2.4

alculo da ´

area sob o gr´

afico da par´

abola c´

ubica

Consideremos agora a fun¸c˜ao f : [0, b] → R definida por y = f(x) = x3

. Mais uma vez, vamos calcular a ´area A usando o processo de passagem ao limite, conhecido como m´etodo da exaust˜ao. Para isso, seja n ∈ N um n´umero natural qualquer; dividimos o intervalo fechado [0, b] em n subintervalos iguais a ∆x = b/n que formar˜ao as bases dos retˆangulos. Novamente os n + 1 pontos usados para determinar os n subintervalos devem ter coordenadas dadas por (5). O retˆangulo gen´erico cinza claro (totalmente contido na regi˜ao sob o gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x3

) tem altura igual ao valor de f (xi−1) = x3i−1pois

a fun¸c˜ao ´e crescente e, portanto, o menor valor que atinge no subintervalo [xi−1, xi] ocorre

na extremidade esquerda do subintervalo. Assim,

bi = (∆x) · f(xi−1) = (∆x) · x3i−1 = (b/n) · xi−1= (b/n) · ((i − 1)b/n)3

A soma das ´areas dos retˆangulos claros vale Bn = n X i=1 bi = n X i=1 b n  (i − 1)b n 3 =b 4 4 (n − 1)2n2 n4 = b 4 4  1 − 1n 1 −n1= b 4 4  1 − 2n + 1 n2  .

O retˆangulo gen´erico cinza escuro (que cont´em totalmente a regi˜ao sob o gr´afico da fun¸c˜ao f (x) = x3

) tem altura igual ao valor de f (xi) = x3i pois a fun¸c˜ao ´e crescente e, portanto,

o menor valor que atinge no subintervalo [xi−1, xi] ocorre na extremidade direita do

su-bintervalo. Assim,

ci = (∆x) · f(xi) = (∆x) · xi = (b/n) · xi = (b/n) · ((ib)/n)3

A soma das ´areas dos retˆangulos escuros vale Cn= n X i=1 ci = n X i=1 b n  ib n 3 =b 4 4 n2(n + 1)2 n4 = b 4 4  1 + 1 n  1 + 1 n = b4 4  1 + 2 n + 1 n2  . Claramente, temos as seguintes desigualdades:

b4 4  − 2 n + 1 n2  6A − b 4 4 6 b4 4 2 n + 1 n2  .

(9)

Como anteriormente, conclu´ımos que o valor exato da ´area ´e A = b4 /4. f (x) = x3 x y

2.5

Propriedades gerais

Nesta subse¸c˜ao introduzimos a nota¸c˜ao Ib

a f (x) para representar a ´area sob o gr´afico

da fun¸c˜ao f : [a, b] → R definida no intervalo fechado [a, b]. Com base nos c´alculos apresentados nas subse¸c˜oes anteriores, temos as seguintes propriedades.

1. Ib a(1) = b − a. 2. Ib a(x) = b2 2 − a2 2 . 3. Ib a(x 2 ) = b 3 3 − a3 3 . 4. Ib a(x 3 ) = b 4 4 − a4 4 . 5. Ib a c · f(x) = c · Iab f (x). 6. Ib a f (x) + g(x) = Iab f (x) + Iab g(x). 7. Ib a(c0+ c1x + c2x2+ c3x3) = c0(b − a) + c1 2(b 2 − a2) + c2 3(b 3 − a3) + c3 4(b 4 − a4).

3

alculo de volumes pelo m´

etodo de exaust˜

ao

3.1

alculo do volume do cone

Seja f : [a, b] → R uma fun¸c˜ao definida no intervalo fechado [a, b]. Se girarmos a regi˜ao determinada sob o gr´afico da fun¸c˜ao em torno do eixo Ox, obtemos um s´olido denominado s´olido de revolu¸c˜ao. Usando a simetria dos s´olidos de revolu¸c˜ao em rela¸c˜ao ao eixo de rota¸c˜ao, podemos utilizar as t´ecnicas desenvolvidas na se¸c˜ao anterior para calcular seu volume.

x

f (x) = rx/h

Consideremos inicialmente o caso em que f : [a, h] → R ´e definida porf(x) = rx/h, em que r e h s˜ao n´umeros reais fixos (mas arbitr´arios), representando o raio da base do

(10)

cone e sua altura, respectivamente. Dividindo o intervalo [0, h] em n subintervalos iguais a ∆x = h/n e tra¸cando planos perpendiculares ao eixo Ox pelos pontos das subdivis˜oes, dados por x0 = 0, x1 = h n, x2 = 2h n , x3 = 3h n , · · · xn−1= (n − 1)h n , xn= nh n = h, obtemos n troncos de cone. Cada um deles pode ser aproximado (por falta e por excesso) por cilindros cujas espessuras valem ∆x e cujos raios variam conforme o gr´afico de f (x). Mais precisamente, aplicando a defini¸c˜ao de f (x) para x = xi = ih/n, obtemos o volume

dos cilindros por excesso (e deixamos o caso por falta para o leitor). Assim, ci = π × (raio) 2 × altura = πf(xi) 2 ∆x = πr 2 h n3 i 2 . A soma dos volumes de todos os cilindros da parti¸c˜ao vale

Cn= n X i=1 ci = n X i=0 πr 2 h n3 i 2 = πr 2 h n3 n X i=1 i2 = πr2 hn(n + 1)(2n + 1) 6n3 = πr 2 h 3  1 + 3 2n + 1 2n2  .

Conforme j´a salientamos, este valor n˜ao ´e exatamente igual ao volume do cone; entretanto, fazendo o n´umero n de subintervalos tender a infinito, obtemos aproxima¸c˜oes cada vez melhores (sempre por excesso, nesse caso).

Analogamente, fazendo as aproxima¸c˜oes por falta, podemos determinar o valor Bn = πr2 h 3  1 −2n3 + 1 2n2  .

Conforme fizemos anteriormente, temos as desigualdades πr2 h 3  − 3 2n + 1 2n2  6V − πr 2 h 3 6 πr2 h 3  3 2n + 1 2n2  .

Disso resulta que o volume do cone de altura h e raio da base r vale V = πr

2

h 3 .

3.2

alculo do volume do tronco de cone

O volume do tronco de cone obtido pela rota¸c˜ao do gr´afico da fun¸c˜ao f : [a, b] → R definida no intervalo fechado [a, b] por y = f (x) = x em torno do eixo Ox (em que 0 < a < b) pode ser calculado com o aux´ılio do volume do cone determinado anteriormente. Assim

Vtronco = πb 2 · b 3 − π a2 · a 3 = π 3 b 3 − a3). Usando o produto not´avel b3

− a3 = (b − a)(a2

+ ab + b2

), podemos reescrever o volume do tronco de cone como

Vtronco = π(b − a)3 (a2 + ab + b2 ) = π(b − a) 6 (2a 2 + 2ab + 2b2 ) = π(b − a) 6 (a 2 + a2 + 2ab + b2 + b2 ) = π(b − a) 6 h a2 + 4a 2 + 2ab + b2 4  + b2i = π(b − a) 6 h a2 + 4a + b 2 2 + b2i

(11)

Observamos agora que o fator que multiplica o n´umero 4 na ´ultima igualdade ´e exatamente a ´area do c´ırculo a meia altura no tronco de cone. Lembramos tamb´em que nesse caso as ´areas s˜ao polinˆomios de grau 2 da vari´avel x, isto ´e, S(x) = πx2

representa a ´area da se¸c˜ao do tronco de cone obtida pela interse¸c˜ao de um plano perpendicular ao eixo Ox passando pelo ponto de abscissa x. Assim, podemos escrever

Vtronco = b − a6 S(a) + 4S a + b

2  + S(b).

Um racioc´ınio an´alogo permite calcular o volume de pirˆamides, dado por V = Ah 3 , em que A ´e a ´area da base da pirˆamide e h sua altura, al´em de tronco de pirˆamides (que deixamos como exerc´ıcio).

3.3

A f´

ormula dos trˆ

es n´ıveis

Nesta subse¸c˜ao apresentamos o resultado principal deste texto. ´E a f´ormula dos trˆes n´ıveis, que permite calcular o volume de certos tipos de s´olidos, entre os quais aqueles que s˜ao estudados no ensino m´edio. Para enunciar o teorema, necessitamos de algumas defini¸c˜oes e nota¸c˜oes. Seja K um s´olido no espa¸co tridimensional. Denotamos por S(a) a ´area da se¸c˜ao transversal obtida interceptando o s´olido K por um plano perpendicular ao eixo x (plano esse que intercepta o pr´oprio eixo x na posi¸c˜ao x = a). A f´ormula dos trˆes n´ıveis permite calcular o volume do s´olido K usando as ´areas de trˆes se¸c˜oes adequadamente escolhidas.

Teorema 1 (F´ormula dos trˆes n´ıveis) Seja K um s´olido no espa¸co tridimensional. Se a ´areaS(x) de qualquer se¸c˜ao transversal do s´olido ´e um polinˆomio de grau no m´aximo 3, ent˜ao o volume do s´olido K entre os planos nas posi¸c˜oes x = a e x = b ´e dado pela f´ormula p x VK = (b − a) 6 h S(a) + 4Sa + b 2  + S(b)i. q y (6)

Para demonstrar o Teorema 1 usamos o Princ´ıpio de Cavalieri. Este princ´ıpio permite que o c´alculo do volume do s´olido K seja feito atrav´es do c´alculo das ´areas j´a estudadas. A propriedade 7 da se¸c˜ao 2.5 permite que tratemos separadamente os casos em que S(x) ´e um polinˆomio de grau zero, de grau 1, de grau 2 e finalmente de grau 3. Alguns desses casos s˜ao bem simples e deixados a cargo do leitor (confira o caso do volume do tronco de cone). Faremos a demonstra¸c˜ao apenas do caso em que S(x) = x3

. Antes, por´em, ´e instrutivo enunciar o princ´ıpio no qual a demonstra¸c˜ao se baseia.

(12)

Princ´ıpio de Cavalieri Se dois s´olidos est˜ao inclu´ıdos entre um par de planos paralelos e se s˜ao iguais as ´areas das se¸c˜oes transversais cortadas por planos paralelos ao par de planos que delimitam os s´olidos, ent˜ao os volumes dos dois s´olidos tamb´em s˜ao iguais.

x y

z

x y

z

Demonstrac¸˜ao da f´ormula dos trˆes n´ıveis. Usando os produtos not´aveis b4

−a4 = (b − a)(a3 + a2 b + ab2 + b3 ) e (a + b)3 = a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3 , temos Iab(x3 ) = b 4 4 − a4 4 = b − a 4 (a 3 + a2 b + ab2 + b3 ) = b − a 3 · 4 (3a 3 + 3a2 b + 3ab2 + 3b3 ) = b − a 6 · 1 2(2a 3 + a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3 + 2b3 ) = b − a 6  a3 +(a + b) 3 2 + b 3 = b − a 6  S(a) + 4S a + b 2  + S(b) 

4

Aplica¸c˜

oes

Nesta se¸c˜ao final apresentamos algumas aplica¸c˜oes da f´ormula dos trˆes n´ıveis para o c´alculo de volumes de alguns s´olidos.

4.1

Esfera

x y z x y z S(x) = π(r2 − x2 ) V = 4π 3 r 3 x y z x y z x r √ r2 − x2

(13)

4.2

“Telhado”

x y z S(w) = bw h2 a1h + w(a − a1)  V = bh 6 (2a + a1) x y z w h a a1 b

4.3

“Ponta de chave de fenda”

x y z S(x) = πabx/h V = πabh/2 x y z a −a b h

4.4

Parabol´

oide

x y z S(z) = πz V = πh 2 2 z √ z x y z

4.5

Exerc´ıcios

1. Calcule o volume da calota esf´erica de altura h (para uma esfera de raio r). 2. Calcule o volume do tronco de pirˆamide de altura h e ´areas das bases B1 e B2.

3. Calcule o volume do s´olido de revolu¸c˜ao obtido pela rota¸c˜ao da par´abola semi-c´ubica y = f (x) = x3/2 (para 0 6 x 6 b) em torno do eixo x.

Referˆ

encias

[1] M. Berger, Geometry II, Springer-Verlag, Universitext, Berlin 1987.

[2] H. Eves, An Introduction to the History of Mathematics, Saunders College Publishing 1983.

[3] E. L. Lima, Medida e Forma em Geometria, Cole¸c˜ao Professor de Matem´atica, SBM 1993.

[4] H. O. Midonick, The Treasury of Mathematics, Philosophical Library, New York 1965.

Referências

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